Eliza - 22
Quando acordei as 6:00 da manhã, cutuquei Alana para que ela pudesse acordar, afinal, se a deixasse dormir, ela nem iria na escola. Foi o que a Cassie me contou, e pediu para que todas as manhãs eu a acordasse.
Antes essa função era da Cassie, agora é minha. — Alana — chamei, enquanto a cutucava várias vezes. Ela se revirava na cama, mas não acordava.
— Alana — repeti, enfim, ela abriu os olhos.
— Eliza? Quantas horas? — Perguntou, ainda com muito sono, e esfregando os olhos.
— 6:00 da manhã.
— O quê? Por que me acordou tão cedo? — Perguntouela, se levantando furiosa da cama.
— Hoje tem aula.
— Sim, mas quando eu morava com os meus pais, a minha mãe me acordava 6:30!
— E como você conseguia se arrumar tão rápido? A escola é as 7:00 — argumentei, curiosa.
— Conseguindo, uai! Agora que você me acordou, vou levantar — disse ela, com mau-humor.
— Não precisa ficar tão nervosinha, deixa de ser mimada — impliquei. Ela revirou os olhos.
— Vou fingir que não escutei esse seu comentário desnecessário.
... ... ...
Vesti minha calça jeans, coloquei minha blusa de uniforme, calcei um tênis, penteei meu cabelo, deixando solto, como sempre fazia.
Olhei para Alana, e ela também já tinha se vestido, e estava com duas tranças embutidas lindas no cabelo. As duas tranças estavam para frente, eu ainda ficava impressionada em como ela conseguia fazer penteados tão lindos no cabelo, tão rápido e perfeitamente impecável. Eu não tinha essa habilidade, e olha que já tentei várias vezes, sempre saía alguma coisa errado.
— O seu cabelo está lindo. Como você consegue?
— Obrigada, não sei, minha mãe me ensinava quando eu era criança, e com o tempo fui aperfeiçoando melhor, até conseguir fazer várias coisas legais no cabelo — explicou, sorrindo com a lembrança.
— Nossa, é perfeito.
— Você deveria mudar um pouco o seu cabelo. Vive com ele solto, às vezes, é bom trançar, fazer coque, prender em rabo de cavalo, sabe lá, qualquer coisa — sugeriu.
— Eu não sei fazer esses penteados perfeitos, Alana.
— Posso fazer em você, é só pedir.
— Tudo bem, mas hoje não, deixa para uma próxima.
— Você que sabe — disse ela, caminhamos até a cozinha para tomar o café da manhã.
... ... ...
— Bom dia, família! — disse, e caminhei até a minha mãe, beijei no rosto dela, em seguida fui até o meu pai e beijei o rosto dele, depois fui até a Cassie para fazer o mesmo, e em seguida, fui até o Diego e também beijei o rosto dele, e claro, fiz o mesmo processo com o Théo. Todos me responderam o bom dia que eu havia dado.
— Alguém acordou de bom humor hoje — disse Cassie, sorrindo para mim.
— Ah, sim, acordei mesmo — concordei.
— Ela sempre acorda assim? — Perguntou Cassie para minha mãe Celina.
— Quase sempre, Cassie — respondeu mamãe, rindo.
Reparei que Alana se sentou sem nem ao menos cumprimentar o pessoal. Parecia que todos estavam esperando Alana dar bom dia, porque a olhavam.
Théo cutucou Alana, a mesma que comia tranquilamente, levantou a cabeça e nos olhou. — O que foi gente? — Perguntou ela.
— Que educação é essa, Alana? — Cassie a repreendeu.
— É isso... Me desculpem, família! É que eu não sou eu mesma a essa hora da manhã. Você já deveria saber disso, dona Cassie — disse ela, a mesma se levantou e caminhou primeiro até Cassie, dando bom dia e beijando no rosto dela, depois fez o mesmo processo com o Diego, a Celina, o André, e na hora que ela chegou perto do Théo, apenas o abraçou em volta do pescoço, super-rápido, dando bom dia.
Ele parecia esperar pelo beijo no rosto, quando viu que ela não daria, revirou os olhos, irritado. — Você fez isso para me irritar, não é? — Perguntou ele, enquanto Alana se sentava na cadeira.
— Claro que não, irmãozinho! Eu jamais faria isso — disse ela, rindo com gosto.
— Engraçadinha.
— Foi mal, Théo, eu fiz isso de propósito mesmo, só para te irritar, se é um beijinho no rosto que você quer, espera que eu já vou dar — disse ela, convencida.
Théo não se aguentou e acabou rindo também, ela foi até ele e beijo seu rosto. — Pronto irmãozinho!
— Como é lindo ver que vocês três estão se dando tão bem — disse Celina, olhando admirada para nós.
— E onde está o Wdi? — Perguntei.
— Dormindo na minha cama — respondeu Théo.
— Na sua cama? — Eu e Alana perguntamos juntas.
— Sim, dormiu comigo a noite inteira, vocês duas juntas devem ser tão chatas, que o pobre coitado do Wdi não deve ter aguentando e foi para o meu quarto — Théo debochou.
— Que absurdo, Théo. Aposto que você o pegou escondido, enquanto dormíamos! — Acusei-o.
— Até parece, Eliza. Apenas aceite que o Wdi gosta mais de mim, do que de vocês duas — disse ele e riu.
— O Wdi deve estar louco então — disse Alana. Nós duas rimos juntas.
Depois do café da manhã, nos levantamos, fui para o banheiro, fazer minha higiene pessoal, me maquiei um pouco e arrumei minha mochila azul, que havia ganhado do Micael ano passado.
Sim, eu adorei a mochila, ainda mais pelo fato de ser azul, a minha cor favorita, e ter sido um presente do Micael. Acabei rindo quando olhei para a mochila da Alana, nada contra o rosa, mas é que a mochila dela, além de ser rosa, era cheia de enfeites delicados e alguns chaveiros mais delicados ainda, era aquelas mochilas de patricinhas. E depois diz que não é uma.
— O que foi? — Ela perguntou.
— É que a sua mochila rosa é linda — respondi, era verdade, era linda mesmo, então eu não estava mentindo.
— Acha que eu não sei que estava rindo justamente porque minha mochila é mais delicada que a sua? Eliza, eu sei que a minha mochila é muito "feminina", e sei que estava rindo disso, mas quer saber, eu não ligo. Esse é o meu charme, não é?
— Claro, Alana, esse é o seu charme. Os opostos se atraem mesmo — comentei.
— De quem está falando agora?
— De você e o Cole. Vocês dois são super diferentes um do outro, você é toda delicada e... o Cole é todo marrento e na dele — falei de um jeito que não a ofendesse.
— É somos diferentes mesmo, mas eu o amo muito.
— Eu sei, vocês dois se amam. Isso é o que importa — concordei.
Resolvemos ir de ônibus para escola, na verdade, eu resolvi. Alana não queria ir de jeito nenhum, pedi para ela parar de ser fresca, ela ficou com raiva e ficou quieta.
Quando chegamos ao colégio, já estávamos nos falando de novo. Alana foi procurar por Cole e eu fiquei esperando o Micael chegar, a insuportável da Bela chegou para me atormentar. Essa não perdia tempo. — Eli! — Disse ela, toda cínica.
— Eliza — corrigi.
— Foi mal. Fiquei sabendo pelo Cole, na verdade, o escutei comentando com a nossa mãe, ele disse que você e a Alana foram trocadas na maternidade, que coisa louca não acha? — Perguntou ela, ironicamente.
— Pois é, Bela. Muito louco — disse, tentando não demonstrar irritação, pois era isso o que ela queria. Ela não desistiu.
— Deve ter sido horrível descobrir que você foi trocada com ela, e que você foi criada pelos pais biológicos da Alana, e que ela foi criada pelos seus pais biológicos, que horrível... Você perdeu a oportunidade de ter sido criada e amada por seus verdadeiros pais. Como se sente ao descobrir que a mulher e o homem que você sempre chamou e acreditou serem os seus pais, é nada mais e nada menos do que meros estranhos que não compartilham o seu sangue? — Perguntou ela.
Tudo o que ela disse me afetou bastante, pois mesmo que eu ame a Celina e o André como os meus pais, isso não significa que gostei de ter sido trocada na maternidade. Claro que se eu pudesse escolher, escolheria que nada disso tivesse acontecido e que eu tivesse sido criada com os meus pais biológicos, como deveria ser.
Às vezes, eu fico pensando, e imaginando como teria sido a minha vida se eu tivesse crescido ao lado da Cassie e do Diego, eu seria feliz? Eu seria mimada como Alana? Ou seria eu mesma? Exatamente como sou agora? Quem teria sido meus amigos? A única certeza que eu tinha, era que meu nome seria Alana, ao invés de Eliza. Mas quem seria eu? Um nome pode mudar a pessoa? Ou a pessoa é o que é independentemente do nome que recebe? Minha personalidade, meus gostos seriam os mesmos de agora? Muitas perguntas sem resposta. Muita confusão para minha cabeça. Eu não deveria pensar muito nisso, mas como não pensar, se a Bela acabou de fazer o favor de me lembrar? Suspirei fundo, antes de responder.
— O fato dos meus pais não terem o mesmo sangue que eu, não me afeta em nada, Isabela. Sim, é verdade que eu não tive a oportunidade de ter crescido com os meus pais biológicos, e isso é bem triste mesmo, mas o que importa, é que agora isso está acontecendo, então não tente destilar o seu veneno, pois ele não vai me atingir. Amo a Celina e o André e sei que amarei a Cassie e o Diego igualmente.
— Como sempre bondosa, você nunca vai poder amar igualmente a Cassie e o Diego, e eles também nunca vão poder te amar tanto, como amam a Alana, até porque, ela é a filha que cresceu com eles, a menina preferida, eles só conheceram ela como filha, e mesmo que digam o contrário, Alana vai ser sempre a filha favorita dos dois, e o mesmo vale para a Celina e o André, eles sempre vão preferir você ao invés da Alana — disse ela com maldade.
— Cala essa boca, sua mesquinha! Você me irrita cada vez mais. Para de falar o que não sabe, Isabela! — Gritei, alterada. Essa garota conseguia tirar qualquer um do sério.
Ela apenas riu de mim. — Essa é a Eliza que gosto, eu não curto muito a boazinha, é difícil, não é? Aceitar tudo isso, se eu estivesse no seu lugar, estaria péssima.
— Por que não fica quieta? Você é insuportável.
— Mudando o assunto, sobre o Micael, agora.
— O que foi?
— Se eu fosse você, não festejaria tão cedo, o Micael é muito para você, ele tem que ficar com quem está a altura dele e não com uma... Pobre coitada como você. Ele deveria estar louco quando aceitou ficar com você, deve ter sido pena.
— Para a sua informação, ele que se declarou para mim, e não há motivos para ele ter sentido pena, porque eu não sou você, Isabela. Você, sim, é digna de pena. Você sabe bem que se sente ameaçada por mim, não só por mim, mas como por Alana também, por que não admite que sente inveja de nós duas? Porque além de sermos bonitas, somos tudo o que você não é, temos caráter e somos felizes, você não tem caráter, não é feliz, é até bonita, mas do que adianta ser bonita se não presta? Você nunca vai conseguir ser feliz enquanto continuar tendo essas atitudes e esses pensamentos mesquinhos e maldosos — disse e saí de perto dela, deixando-a sozinha.
Procurei por Alana, mas não a encontrei, com certeza devia estar em algum lugar da escola com o Cole. Por isso não fiz questão de ir atrás dela, pois se eu fosse, os atrapalharia.
Micael ainda não havia chegado, ele sempre demorava mais, às vezes, até se atrasava. Fui até o pátio, andar um pouco enquanto o sinal não batia, e avistei o Manuel sorrindo e conversando com uma garota ruiva, assim como ele.
Fiquei observando — o, até que ele me viu e acenou sorrindo para mim, acenei de volta para ele, em seguida, ele se despediu da menina e veio caminhando até mim.
— Eliza. Está mais linda do que nunca. Aliás, mesmo que seja impossível, a cada dia você fica mais linda! — Disse ele, sorrindo, me fitando. Corei um pouco, pois senti meu rosto queimando por dentro.
— Você e seus exageros, Manuel, quem era a ruivinha? — Perguntei, afinal, não sei por que perguntei aquilo, nem era da minha conta, faria diferença se eu soubesse quem era ela? Definitivamente não.
— Minha prima Catarina. Por quê?
— Catarina?
— Sim, achou o nome estranho?
— É que eu nunca conheci uma garota chamada Catarina, apesar de o nome ser bastante conhecido — respondi, sem jeito.
— Mas você ainda não respondeu a minha pergunta, por que queria saber quem era ela?
— Curiosidade, oras, afinal, ela também é ruiva, assim como você. É sua prima da parte da família da sua mãe ou do seu pai?
— Da minha mãe, ela é filha da irmã da minha mãe. Praticamente todos da família da minha mãe são ruivos, já a família do meu pai, é normal, cabelo escuro — explicou ele.
— Então você puxou a sua mãe, pelo menos na cor do cabelo — concluí.
— Sim, você gosta de garotos ruivos? — Eleperguntou. Fiquei séria de repente e nervosa.
— Não tenho preferências, Manuel, mas é que tenho uma coisa para te contar...
— Que coisa? Percebeu que me adora e que não consegue me esquecer um segundo se quer? — Brincou ele. Antes que eu pudesse responder, fui pega de surpresa por Micael, que estava atrás de mim e respondeu por mim.
— Isso nunca vai acontecer Manuel, porque o único que ela adora aqui sou eu, o namorado dela — Micael disse, e já foi me beijando na frente do Manuel, não deixei o beijo durar muito, devido ao Manuel que se ainda estivesse na nossa frente, estaria arrasado. Ele não precisava ver isso. Micael fez de propósito, por puro ciúme. Virei-me para frente e ele ainda estava ali. Me senti culpada. — Eu ia te contar...
— Não precisa se explicar, eu entendi que você preferiu ele, sou um otário mesmo — Manuel falou e saiu, indo para longe.
— Por que fez isso Mica?
— Te beijar? Somos namorados, Eliza, não tem nada de errado nisso.
— Você não precisava me beijar na frente dele, fez de propósito, coitado.
— Coitado? Ele mereceu! Isso, sim, eu não esqueci aqueles beijos que vocês dois deram na época... — disse ele, demonstrando ciúmes.
— Mica, eu não gosto do Manuel, não do mesmo jeito que gosto de você. Pelo Manuel sinto carinho, amizade, por você é amor, paixão, é mais forte. Não tem motivos para sentir ciúmes e nem ficar inseguro, você também beijava a Alana com muita vontade, eu lembro e nem por isso tenho ciúmes dela com você. Você vai ter que aprender a confiar em mim, Micael — avisei, firme.
— Eu sei, princesa. E eu te entendo, eu me comportei mal e admito, me desculpa, não vou mais agir assim. É que quando olho para o Manuel, além de sentir raiva por ele já ter te beijado e te olhar com desejo, eu vejo nos olhos dele, o quanto ele te deseja, tem algo a mais, que me faz ter mais raiva dele.
— O quê? O que aconteceu entre vocês dois? — Perguntei.
— Uma vez, quando tínhamos catorze anos, ele se aproximou de mim no jogo de futebol e começamos a conversar, ficamos conversando por dias, eu já estava o considerando um amigo, mas teve um dia, que eu disse a ele que ficaria com uma menina na biblioteca da escola, porque lá era mais vazio e calmo, só ele sabia disso, e quando eu estava lá, ficando com a garota, a diretora do colégio, com a supervisora apareceu nos flagrando e disse haver sido comunicada por alguém, que estaríamos ali dentro. E o único que sabia era ele, era o Manuel. A diretora não contou quem foi, mas fui suspenso por uma semana inteira! Meus pais ficaram super bravos e me colocaram de castigo, e eu tirei satisfações com ele na época, o cabeça de beterraba negou tudo e falou que não havia sido ele, mas claro que não acreditei, e foi a partir desse dia que passei a ter raiva dele, nunca mais voltamos a nos falar, cortei todo e qualquer tipo de relação com ele, por isso que surtei quando vi justo ele beijando você, beijando a garota que eu gostava.
— Nossa Micael, que história... Mas tem certeza que foi ele? Você não contou para outra pessoa? O Manuel não parece ser do tipo que dedura e prejudica outros — disse, achando a história estranha.
— É claro que foi ele, não contei para mais ninguém, só para ele, você prefere acreditar em um rapaz que mal conhece, do que no seu namorado que foi seu melhor amigo por anos! — Ele reclamou, cruzando os braços com raiva.
— Eu não falei que não acredito em você! Eu só acho estranho que o Manuel tenha feito isso, mas se você diz que foi ele, eu não duvido de você, amor, talvez os dois foram enganados ou se isso aconteceu mesmo, deve ter sido sei lá, brincadeira de criança, afinal vocês só tinham catorze anos, ele pode ter mudado.
— Duvido Eliza, ele continua sendo o mesmo falso e traidor de sempre.
— Vamos parar de falar do Manuel? Estou com saudades dos seus beijos — disse e sorri. Micael sorriu maliciosamente e me puxou pela cintura. — Quer um beijo aqui na frente de todos? — Ele perguntou.
— Quero os seus beijos em qualquer lugar — respondi, o mesmo ficou com uma mão segurando minha nuca e me beijou com intensidade, um beijo caloroso que me fez arrepiar, um beijo que despertou a atenção dos alunos em volta, quando nos soltamos, reparamos que alguns alunos olhavam para nós dois. Será que não podia beijar em público na escola? Se toda vez que isso acontecer, eles olharem... Então, vão ficar olhando a todo o momento.
Não sei o que deu em mim, quando pensei nisso. — Você quer mesmo assistir às aulas hoje? — Perguntei para ele.
— Bom, querer eu não quero, mas temos que assistir.
— Não precisamos assistir, se você não quiser — falei, ele me olhou com as sobrancelhas arqueadas.
— É você mesmo, Eliza? O que você fez com a minha namorada? — Ele brincou, e riu.
— Bobo. É sério, vamos matar aula hoje, eu quero muito fazer alguma coisa com você, ir para algum lugar — dei a ideia.
— Continuo sem acreditar que você quer matar aula, para ficar mais tempo comigo.
— Eu não estou com vontade de assistir aula hoje.
— Tem certeza? Não vai se arrepender depois? — Ele me perguntou.
— Não. Se eu estiver com você, vai valer a pena — disse sorrindo.
— Para onde quer ir?
— Bom, já que não podemos desfilar por aí com os uniformes, pois alguém pode nos ver, por que não vamos para a sua casa? Pelo menos lá, ninguém vai nos pegar e estaremos sozinhos, já que sua mãe está trabalhando nesse horário.
— É uma ótima ideia meu amor, vamos para a minha casa então.
Sorri e saímos juntos da escola, foi uma sorte que a mulher que fica no portão não estivesse ali naquele momento, pudemos passar sem nenhum impedimento. Quando chegamos a casa dele, como de costume, ele trancou a porta da entrada. Acendi algumas luzes, e ele caminhou até as janelas para abrir.
Quando a luz do dia clareou a casa, apaguei as luzes que eu havia acendido. Eu conhecia a casa do Micael perfeitamente bem. Não era a primeira vez que eu ia lá, mas era a primeira vez que eu entrava como a namorada dele.
— O que quer fazer agora, linda?
— Vamos assistir a um filme... No seu quarto?
— Claro, vamos — disse ele, pegou na minha mão e caminhamos de mãos dadas até o quarto dele.
O quarto dele estava meio bagunçado, típico do Micael! Ele não mudava, mas eu sempre gostei de sua bagunça.
Ele colocou o filme no DVD. Ele comprou esse filme para mim, pois sabia que eu queria muito assistir, e como eu não achava, achou por mim.
Mal acreditei quando me mostrou. Agradeci e dei vários beijos nele, eu já tinha lido o livro e queria muito ver o filme, e como ele era o meu melhor amigo, claro que sabia disso.
Colocou para rodar no DVD, Gatos, Fios Dentais e Amassos. Tirei o meu calçado e deitei na cama agarradinha com ele para assistir ao filme. Quando terminamos de assistir, ficou nítido no meu rosto o quanto amei o filme. Tanto como amei o livro. Era perfeito.
— Se eu soubesse que ver esse filme, te faria tão feliz, teria o comprado muito antes — disse ele, acariciando o meu rosto.
— Obrigada, Mica! Eu amei, é o melhor filme de todos os tempos.
— Você diz isso porque adora o livro, mas estou feliz que tenha gostado tanto. É um filme realmente bom e muito divertido.
— Sim, muito.
Ficamos nos olhando por alguns segundos, até que nossos lábios se encostaram e iniciamos um beijo quente e gostoso, de repente, ele se afastou de mim e me abraçou, aproveitei para me aninhar a ele.
— Por que parou de me beijar? — Perguntei, já aninhada a ele.
— Não quero passar dos limites com você, Eliza. Você é muito importante para mim e não quero dar mancada.
— Você está falando sobre...
— É, sobre isso mesmo, não quero passar dos limites, começamos a namorar recentemente, ainda é muito cedo, mas tive que me afastar, porque eu não sabia se podia me controlar se continuasse te beijando daquele jeito.
— Entendi, você já fez com alguma garota? — Perguntei, ele nunca havia me contado sobre isso quando éramos amigos.
— Já, ano passado — respondeu, distante.
— Foi por amor? — Perguntei, me sentindo insegura.
— Não. Foi apenas por desejo, não teve amor.
— Quem foi a garota?
— Não vem ao caso agora, Eliza, isso vai te machucar, não acha?
— Você tem razão, é melhor que eu não saiba mesmo.
— Eu te amo Eliza, o que sinto por você, eu nunca senti por nenhuma garota antes e, com essa garota aí, na verdade, foi puro desejo, atração física. Com você é bem mais que desejo, é amor também, por isso quero ir com calma, quando isso for acontecer, vai ser naturalmente, tão naturalmente, que nós dois vamos querer — disse ele, enquanto acariciava meu cabelo.
— Eu sei, e eu te admiro mais por isso. Te amo, mica, isso tudo parece até um sonho...
— É a realidade, Eliza, uma realidade perfeita que eu não quero que termine nunca — disse ele. Segurei seu rosto com ternura e o beijei.
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