Eliza - 18


Já estávamos morando juntos, todos nós na tal casa que os pais da Alana tinham. Segundo dia na casa nova, confesso que foi muito estranho no começo, pois, conviver com outras pessoas sem ser os meus pais e meu irmão Théo, era algo diferente para mim.

Ao acordar, reparei que meu celular tinha duas mensagens, uma do Micael e outra do Manuel! Abri e li primeiro a do Micael.

"Bom dia, princesa! Hoje darei uma festa na casa da fazenda dos meus pais, lembra? Íamos direto lá quando mais novos, quer ir também? O pessoal da nossa sala e alguns do colégio estarão lá, convide a Alana também, se quiser, e claro, a mala do Cole. Um beijo enorme e te espero hoje às 14:00 horas lá na fazenda. Te amo."

Uau... Tive que ler a mensagem do Micael de novo, para ver se era mesmo verdade o que acabei de ler. Teria uma festa hoje na fazenda dos pais dele e ele tinha me mandado uma mensagem, digamos que meio "fofa" me convidando. Fazia séculos que eu não ia lá, a última vez foi quando eu tinha doze anos. Guardo muitas lembranças boas daquele lugar. E era óbvio que eu iria, até porque Alana e ele nem estavam mais juntos, o que seria melhor ainda.

Respondi: "Claro que eu vou! E a Alana também vai, valeu por convidar o Cole, os dois com certeza vão se divertir, também te amo, Mica, beijos e até mais tarde."

Era hora de ler a mensagem do Manuel. "Bom dia, gatinha! Espero que esteja melhor e saiba que sempre estarei do seu lado para te apoiar e te beijar o quanto você quiser. Você é a dona do meu coração, mesmo que não queira assumir o posto que já é seu, te adoro de montão, magrela, linda ".

Não tive como evitar, e deixei escapar um sorriso ao ler a mensagem do Manuel, e me lembrei dos nossos beijos, foi tão perfeito e delicioso, não era certo eu ficar pensando assim no beijo que demos, sendo que eu queria o Micael. Eu não sabia mais o que estava acontecendo comigo, o Manuel chegou na minha vida de uma maneira tão repentina e naturalmente, foi estranho, mas bom. Gostei de conhecê-lo, ele era legal.

Respondi: "Obrigada por todo o seu apoio, nesse momento que foi tão difícil para mim, e para com essas declarações que me deixam com vergonha. Sei que você quer algo a mais comigo, mas você sabe que gosto do Micael... Desculpa, eu também gosto muito de você, sério, você já é bem importante na minha vida. Bom dia!"

Fui em direção à cozinha e encontrei Alana e o Théo sentados, se alimentando do café da manhã. Os dois estavam calados e se encarando. Era uma cena, até que engraçada, realmente eram irmãos, ela puxou o Théo no jeito destemido e até um pouco rebelde, os dois não colocavam o orgulho de parte, tão orgulhosos!

Me aproximei e puxei uma cadeira ao lado da Alana, Théo estava de frente para nós duas. Ainda era bem cedo, oito da manhã, e só nós três havíamos acordado, pelo visto.

— Bom dia, pessoal! — Disse, bem animada, sorrindo para os dois.

— Bom dia, Eliza! — Disse Alana, retribuindo com um sorriso enorme e beijou meu rosto.

— Que bom que você acordou. Agora o ambiente vai ficar animado e mais leve! — provocou ela, olhando diretamente para o Théo, o mesmo revirou os olhos e deu de ombros, fingindo não ligar para as provocações dela. Coisa que duvido, pois conheço muito bem o meu irmão e naquele momento, com certeza, ele estava se segurando para não revidar.

— Bom dia, irmãzinha linda! — Disse Théo, olhando para mim, ele saiu de sua cadeira e foi até mim, para beijar o meu rosto, ele estava tentando provocar a Alana, fazendo com que ela sentisse ciúmes dele preferir a mim que a ela, me senti encurralada e sem jeito, pois eu gostava dos dois, o Théo era o meu irmão, e a Alana, praticamente estava se tornando uma irmã para mim também, mesmo que não fossemos.

Alana fingiu não notar o comportamento dele, em relação a mim. Ela pegou a garrafa de café e derramou dentro de sua caneca.

— O café está uma delícia — disse ela.

— É? E quem fez? — Perguntei.

— Eu! Por isso está uma delícia — ela se gabou e sorriu.

— Convencida, o café está normal, nem está tão bom assim — falou Théo.

— Engraçado, você tomou duas vezes seguidas — disse Alana. Théo arqueou a sobrancelha e disfarçou que acabara de ser pego.

— Tomei porque não tinha mais nada e eu preciso de café, muito café na parte da manhã — mentiu.

— Ah, sim — debochou Alana, rindo.

Resolvi mudar o assunto. — Alana, hoje temos uma festa em uma fazenda para ir, você vai, não é? — Perguntei, torcendo para que ela fosse.

— Festa na fazenda? De quem, Eliza?

— Do Micael, ele nos convidou, e o melhor, convidou o Cole também!

— Sério? Posso levar o Cole?

— Claro! Você vai?

— Se o Cole for eu vou! — Disse ela, super animada.

— O Cole que eu conheço? — Perguntou Théo.

— É irmão, o Cole, meu amigo, irmão gêmeo da Bela... — expliquei.

— Está rolando algo entre vocês dois? — Ele perguntou, dessa vez se dirigindo a Alana. Ela olhou surpresa e respondeu.

— Não. Nós dois somos apenas amigos.

— Amigos... Sei — debochei.

— E quem disse que vocês duas vão a essa festa?

Nós duas o olhamos na mesma hora sem entendermos o que ele estava querendo dizer com isso. — Como é? — Perguntei.

— É isso aí, Eliza, nenhuma das duas vai a essa festa, porque eu não vou permitir — disse ele, se achando.

Mas fiquei com tanta raiva, quem ele estava achando que era? O meu pai? Os únicos que poderiam nos proibir de ir seriam os nossos pais e não ele! Fala sério, o Théo só tem dezoito anos, apenas dois anos mais velho que nós duas, nem é tanta diferença assim. Ele não iria estragar isso, eu pretendia ficar com o Micael na festa.

— E quem é você para nos impedir de ir a qualquer lugar? — Perguntei com raiva.

— Seu irmão, Eliza, e mesmo que eu não goste, sou irmão dessa aí também — disse ele, fazendo pouco caso da Alana, a mesma o encarou.

— Você não pode me proibir de nada, Théo, você mesmo disse que não era meu irmão, esqueceu? E sem contar que são os meus pais que vão dizer se posso ou não ir, e eu tenho certeza de que eles vão deixar. Olha, Théo, tudo o que quero, eu consigo, sempre foi assim e vai continuar sendo, meus pais sempre obedecem às minhas vontades — disse Alana, se sentindo confiante.

— E é por isso que você é tão mimada, mas fique sabendo Alana, que agora as coisas vão mudar, pois você tem mais dois pais, e todos têm que te autorizar. E se eu decidir inventar coisas, para que eles não deixem vocês duas ir, simplesmente, nenhuma das duas vai.

— Por que está fazendo isso, Théo? Poxa, você conhece o Micael desde sempre! Ele é gente boa, por que está nos proibindo? Falando essas coisas? — Perguntei exaltada.

— Porque sei muito bem o que vocês duas querem fazer nessa festa e sei bem que lá vão estar cheios de garotos com más intenções e um deles é o Micael e o Cole — disse ele.

— Você está com ciúmes de nós duas? — Perguntei.

— Não é ciúme, irmãzinha, é proteção, querendo ou não, sou o irmão de vocês e irmãos mais velhos têm que proteger as irmãs mais novas. E eu sei bem, que os dois vão tentar algo com as duas.

— Que machista — protestou Alana.

— Sou mesmo.

— Você não vai nos impedir de ir, nossos pais vão deixar, Théo — disse Alana, sorrindo de lado.

— Isso é o que vamos ver, Alana.

Nós duas olhamos uma para outra e então saímos correndo em direção ao quarto dos nossos pais. Eu iria para o quarto dos pais que me criaram e a Alana para os que a criaram.

Théo correu atrás de nós duas, mas não conseguiu nos pegar, antes que eu pudesse entrar no quarto deles. A porta se abriu na minha cara e dei de cara com a Celina e o André.

— Mãe, pai! — Gritei. Eles me olharam assustados.

— O que foi, Eliza? — Perguntaram juntos, Théo chegou por trás de mim.

— Não foi nada, mãe, é que a Eliza só queria te dar bom dia, não é?

— Não é isso, mãe! É o Théo! — disse eu, o acusando, ele me olhou nervoso.

— O que o seu irmão fez dessa vez? — Ela perguntou, olhando para ele.

— Mãe, pai. Eliza e Alana querem ir a uma festa hoje, lá na fazenda do Micael. Vocês vão permitir isso?

— Bom... Justo hoje, filha? Estávamos querendo sair todos juntos, no parque, fazer um piquenique em família, tínhamos até combinado com a Cassie e o Diego — falou mamãe. Théo riu.

— Mãe! Quero ir à festa e eu falei para o Micael que eu iria! — Resmunguei.

— Esquece, Eliza, falei que vocês não iriam.

— Cala a boca — disse eu, com raiva.

— Eliza, não fale assim com o seu irmão — repreendeu papai.

— Issoaí é o resultado da convivência com a Alana — disse Théo.

— Théo, não fale assim, Alana é a sua irmã também, é nossa filha, não quero você falando mal dela — disse mamãe, olhando brava para o Théo.

— Pai, mãe! Por favor, deixa a gente ir! Não é todo dia que tem uma festa na fazenda do Micael, e a gente pode fazer piquenique qualquer outro dia — pedi.

— Não deixa, pai! As duas só querem ir para poderem ficar com eles.

— Eles, quem Théo? — Perguntou papai.

— A Eliza quer ficar com o Micael e a Alana parece que está a fim do Cole.

— Eu não conheço esse Cole — disse papai.

— Aquele que vinha visitar a Eliza de vez em quando, o irmão gêmeo da Bela.

— Aquele? Alana e ele? — Papai perguntou.

— É o que parece, pai — respondeu Théo.

— Vocês duas não vão — disse papai.

— O quê? Pai! Qual o problema?

— Eu não vou deixar minhas duas filhas em uma festa no meio do mato sozinhas com dois caras — disse ele.

— Mas e se os pais da Alana permitirem que ela vá? Você não vai poder proibir ela de ir — falei.

— Eles não vão deixar — falou papai.

— Mãe! — Apelei para mamãe.

— Desculpa, filha, eu não posso fazer nada, quem sabe outro dia...

— Eu te odeio, Théo! Você vai me pagar! — Gritei e saí de perto deles, escutei meus pais me chamando, mas fingi que não escutei e saí apressada para o meu quarto. Que agora era o meu quarto e o da Alana, nós duas estávamos dormindo no mesmo quarto. Segundos depois, ela entrou com cara de derrotada.

— Eles não deixaram, Eliza! Que ódio... Falaram que iríamos fazer um piquenique hoje, programa de família — disse ela, se sentando ao meu lado.

— A Celina e o André também não deixaram eu ir, disseram o mesmo e, para piorar, o Théo colocou minhocas na cabeça dele, dizendo que nós duas iríamos ficar com os dois, e meu pai ficou super enciumado e falou que não deixaria nenhuma de nós duas ir — contei.

— Por que os homens têm que ser tão machistas? — Ela perguntou a mim.

— Não sei. Mas o Théo me paga — disse. Alana riu de repente. A olhei sem entender.

— Do que está rindo?

— Tenho uma ideia.

— Que ideia?

— Você quer ir ou não nessa festa Eliza? — Perguntou ela, me olhando.

— Quero muito, mas não vamos poder ir.

— Vamos sim!

— Como? — Perguntei confusa.

— Vamos fugir, é isso.

— Mas, como vamos chegar à fazenda dele? É muito longe.

— Vamos de ônibus, não dá?

— Claro que dá, mas é que... É meio perigoso, fugir... Eu nunca fugi antes Alana, eles vão nos matar quando descobrir o que fizemos.

— Deixa de ser medrosa, Eliza, e daí? Eles vão descobrir de qualquer jeito, contanto que seja quando estivermos bem longe daqui, está ótimo— disse ela com naturalidade.

— Não sei não.

— Eliza, pensa no Micael.

— Tudo bem! Vamos fugir — disse eu, concordando e então rimos juntas, começamos a arrumar nossas mochilas, e deixamos tudo arrumado e escondido.

Saímos do quarto e fomos para outro cômodo da casa, especificamente para a sala, assistir TV. Estavam todos lá reunidos, e a Raquel estava sentada ao lado do Théo.

— Meninas, que bom que chegaram! Ainda estão com raiva por não irem à festa? — Perguntou Diego, meu pai biológico.

— Claro que não, Diego! Entendemos que a família é muito mais importante que uma festa na fazenda — disse eu. Ele pareceu contente com a minha resposta e sorriu.

— Nossa! Mas como você é diferente da Alana, é uma pena que ela não pense assim. Alana praticamente faltou jogar na minha cara que eu não mando nela, pois não sou seu pai biológico, acredita Eliza? — Disse Diego, olhando agora para Alana.

— Sério, Alana?

— Desculpa ta? Eu estava com raiva! Eu não falei por mal — Alana se defendeu.

— Mas me magoou, Alana.

— Desculpa pai, você sabe que eu te amo, então não exagera vai.

— Pessoal, por que não assistimos a um filme agora? —Perguntou Cassie, mudando o assunto.

—Boa ideia! — Respondi, nervosa.

— Então venha cá, filha e me ajude a escolher um filme bom! — Disse ela, me chamando, me senti estranha, sendo chamada de filha por outra mulher, mas eu sabia que teria que me acostumar, pois ela era a minha mãe.

Obedeci e fui até ela e ficamos procurando um filme, até que chegamos á conclusão e escolhemos ver Carrie – A estranha, estrelado pela diva Chloë Grace.

Amo todos os filmes que ela faz, sou fã dessa garota, o mais legal é que ela tem a mesma idade que eu, dezesseis anos! E também faz aniversário em fevereiro, assim como eu. Théo protestou e disse que esse filme nem dava medo, mas eu não liguei. Nos sentamos e assistimos.

No meio do filme Alana comentou. — Essa Chloë é muito diva mesmo! Atua super bem para a idade dela.

—Eu também acho! Adoro os filmes que ela faz — comentei.

— Ela é muito talentosa — disse Alana e então ficamos quietas, assistindo.

A manhã correu bem, assistimos ao filme, almoçamos e depois iríamos ao piquenique, bem, os nossos pais achavam que iríamos. Fomos para o nosso quarto e começamos a nos arrumar. Já estava praticamente quase na hora da festa, chegaríamos atrasadas, mas pelo menos, iríamos.

— Como vamos sair de casa sem que eles nos veja, Alana?

— Simples, vamos pela janela.

— O quê?

—Nem é tão alta Eliza, é só a gente pular, vamos cair com as mãos e os pés no chão, não vai acontecer nada.

— Está louca, Alana? Não é muito alto, mas se cairmos de mau jeito, podemos até quebrar algum osso.

— Isso não vai acontecer, olha, pulamos juntas, tudo bem?

— Morro de medo de altura, Alana.

— Eu também, mas eu prefiro ir a festa do que ficar aqui.

— Nossos pais vão se decepcionar...

— Quer desistir?

—Não.

— Então vamos, de preferência agora! — Disse ela, me puxando pela mão. Jogamos nossas mochilas na calçada da rua, e nos posicionamos sentadas na janela, as pessoas na rua nos olhavam, Alana deu um tchauzinho para elas, e eu ri. — No três em — disse ela.

Um... dois... três! — Dissemos juntas e pulamos no mesmo momento, caímos com as mãos e os pés no chão, assim como Alana tinha dito.

Nos levantamos e pegamos nossas mochilas, coloquei nas costas e rimos, então, fomos para o ponto de ônibus,tive uma ideia, já que o Cole iria, e já tinha sido avisado pela Alana, hoje mais cedo, eu resolvi ligar para ele. — O que vai fazer, Eliza?

—Ligar para o Cole e pedir para que ele nos leve de carro, quer dizer, o pai dele.

— Nossa, é mesmo! Eu nem tinha pensado nessa possibilidade — disse ela, rindo.

Liguei, ele concordou lógico, o que o Cole não fazia pela Alana? Minutos depois, o carro do pai dele apareceu e parou de frente para nós duas. O pai dele estava dirigindo e Cole estava no banco da frente ao lado do pai, agradecemos pelo favor ao pai dele, e ele disse: Não precisa agradecer garotas, vocês tem que é mais se divertir mesmo.

Sorrimos e nos sentamos no banco de trás. Ele nos deixou em frente à fazenda e agradecemos novamente. — Se divirtam! E tenham juízo! Principalmente você Cole — disse o pai dele, Cole corou.

— Ok pai, pode deixar — disse, envergonhado e então, entramos na fazenda.

— Eu não queria estar aqui, só vim por você, Alana — disse ele.

— Para de bobeira, Cole, o Micael te convidou, ele não guarda rancor, e você deveria fazer o mesmo — disse Alana.

— Vou tentar.

A festa estava lotada, tinham muitas pessoas, geral da escola estava lá, então, me lembrei da Bela. — Cole, e a sua irmã? Ela não vem?

— Já está aí, há muito tempo, aquela lá não perde uma oportunidade — ele respondeu.

— Entendi...

Muitos estavam se divertindo na piscina, a festa estava bem animada e a música rolava alta, o legal era que, como a fazenda ficava afastada da cidade, não existiam moradores por perto para reclamar do volume da música, os moradores mais próximos ficavam bem mais a frente da fazenda. Eu não tinha visto o Micael por ali. — Eliza, vamos mergulhar na piscina? — Perguntou Alana.

— Agora não, vou procurar o Micael primeiro, ok? Depois eu entro e encontro vocês dois — respondi, eles assentiram e me separei dos dois, para ir á procura do Micael.

Eu conhecia aquela fazenda de cor e salteado e sabia mais ou menos onde ele estaria, o lugar favorito dele, era ficar sentado de baixo de uma árvore que tinha ao lado da casa, pensei que talvez, ele estivesse por ali. Acertei, ele estava mesmo ali, só que de pé.

— Oi — falei, me aproximando.

— Eliza! Achei que não viria mais — disse ele, indo até mim.

— Eu não furaria — disse sorrindo, ele sorriu e me puxou para um abraço. Meu coração acelerou ao sentir o corpo dele colado ao meu. E fiquei com muita vontade de beijá-lo, mais me contive. Afastamos-nos lentamente, e ele pegou na minha mão. — Alana e o Cole vieram?

— Sim, os dois devem estar na piscina agora.

— Espero que os dois se entendam.

— Eu também, só ela que não percebe que gosta dele.

— Pois é, Eliza...

— Sim? — Perguntei. Ele parecia estar nervoso.

— Eu...

— Aconteceu alguma coisa, Mica?

— Precisamos conversar.

— Sobre?

— Vem comigo — disse ele, e me puxou, andamos de mãos dadas e nos afastamos da festa, para entrarmos na parte mais afastada da fazenda, que parecia uma floresta. — Para onde estamos indo? — Quis saber, curiosa.

—Não se lembra? Vivíamos vindo aqui, quando pequenos, Eliza.

— O Lago? — Perguntei, sem acreditar.

— Sim! Vamos nadar um pouco no lago? — Perguntou ele.

— Claro! —Disse sorrindo, quando chegamos, paramos de frente para o lago, estava mais lindo do que nunca, quanto tempo sem ir ali.

—Continua lindo — falei olhando ao redor.

—Sim, continua lindo — repetiu ele.

—Vamos?

— Claro — disse ele.

Tirei minha blusa e minha saia, fiquei descalça e eu já estava de biquíni. Meu biquíni era azul claro. Ele ficou de sunga, tentei não reparar muito no corpo dele, mais era meio que inevitável, mas disfarcei. Ele sorriu ao me olhar.

— Biquíni azul — disse ele.

— Sim, por quê?

—É sua cor favorita.

— É sim, não se esqueceu.

— Claro que não, você vivia vestindo roupa azul quando criança, era fascinada por azul, impossível esquecer — disse ele e rimos.

— Bom, dizem por aí que azul é a cor mais quente, será verdade?

— Não sei... Mas estou começando a achar que sim — ele respondeu e então entramos no lago no mesmo instante.

Mergulhamos fundo primeiro e depois voltamos á superfície, ficamos parados, um de frente para o outro, nos olhando intensamente.

— Sobre o que quer conversar comigo Mica? — Perguntei. Ele passou a mão sobre o cabelo molhado.

— Depois a gente conversa sobre isso, vamos aproveitar esse momento.

— Você que sabe — respondi.

De repente, Micael começou a jogar água em mim, no meu rosto, fiz o mesmo com ele e começamos uma pequena guerrinha de molhar um ao outro, riamos muito e gritávamos, teve um momento em que ele me segurou pelos ombros, me impedindo de continuar jogando água nele, ele estava perdendo.

Ele me olhou diferente, e seu olhar estava vidrado em mim, e eu permanecia imóvel, olhando para ele, sorri de nervoso. — O que foi, Micael?

Ele colocou uma mão em volta da minha cintura e me puxou para mais perto dele, nossos corpos ficaram colados um sobre o outro, no lago, ele levou os dedos até o meu lábio e o acariciou, me olhando atentamente.

Faltava só um pouquinho para que eu perdesse a razão, estávamos muito perto, e ele estava acariciando cada detalhe do meu lábio. O Micael meu amigo, jamais faria isso e se ele estava fazendo, era porque queria mais que amizade. Eu podia sentir que rolaria um beijo dentro de alguns segundos.

— Mica... — tentei dizer, até que ele me cortou.

—Você é linda, Eliza. Então, o lábio dele encostou-se ao meu e pela primeira vez, estávamos nos beijando.

Era o nosso primeiro beijo, o beijo que eu sonhei há tanto tempo, eu estava tão feliz e bamba, sim, eu estava bamba dentro daquele lago, era tanta emoção, que parecia que a qualquer momento eu iria desmaiar ali mesmo.

Era a primeira vez que a minha boca provava a dele. Eu sonhei tanto com esse dia, e estava acontecendo, de verdade! Não era um sonho, era bem real, ele segurou na minha nuca e apressou o ritmo do nosso beijo, que para lento e delicado, passou para rápido e feroz.

Mas eu não me importava, eu estava amando beijá-lo, sentir o gosto da boca dele pela primeira vez, o contato da nossa pele, o cheiro dele. Eu estava amando estar nos braços dele, sendo envolvida com vontade por ele, depois de algum tempo nos beijando, afastamos nossos lábios já sem fôlego.

Mas eu continuei envolvida nos braços dele. Sorrimos juntos.

—Eu te amo, Eliza, e já faz muito tempo, sei que pode não acreditar, mas é a verdade, te amo muito, tentei esconder, fugir dos meus sentimentos, pois, sempre tive medo de te machucar, de fazer você sofrer. Por isso que eu nunca quis ficar com você — disse ele, com a mão firme no meu rosto.

Eu estava surpresa, o garoto por quem sou loucamente apaixonada, também gostava de mim, mas nunca quis tentar nada, por medo de me fazer sofrer, eu não sabia se achava fofo ou triste. — Isso é verdade, Mica?

— Sim, minha linda. Não percebeu o quanto fiquei enciumado quando te vi beijando aquele Manuel?

— É mesmo, eu pensei que você estivesse apenas implicando com ele, por puros ciúmes de amigo e nada mais.

— Eliza, nenhum amigo sente ciúmes da amiga, se no caso esse "amigo" não morrer de paixões pela amiga, está me entendendo? Eu sempre morri de paixões por você, e ficou mais forte quando vi você se envolvendo com aquele cara. Desculpa se te fiz sofrer, quando fiquei com a Alana, é que eu fiquei com ela, para poder tentar te esquecer, mas não deu muito certo, sabe — disse ele, acariciando meu rosto bem de leve.

— Nossa... Eu não estou nem acreditando nisso.

— Pois acredite, é a verdade, você ainda sente o mesmo por mim?

— É claro que eu sinto — respondi sorrindo, eu estava muito feliz.

— Quer ser a minha namorada?

— É claro que eu quero Mica! — Gritei, sorrindo. Abraçamos-nos fortemente e voltamos a nos beijar, o segundo de muitos beijos que viriam por aí.

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