Alana - 9
Juro que eu não estava entendendo o motivo de tanta raiva da parte da Eliza, eu sabia que fui uma burra e errei ao ter ficado com o Micael e não ter percebido que minha amiga nutria sentimentos por ele, mas poxa, ela nunca me disse, como eu iria adivinhar? Ela estava me tratando super mal, e aquilo me deixava triste, o irmão dela, aquele tal de Théo foi um grosso comigo! Cara irritante!
Sério, quem ele pensava que era para falar daquele jeito comigo? Se ele tentar se meter comigo de novo, vai ver só, não vou deixar barato dessa vez não.
O Théo e a Eliza não se pareciam em nada, Eliza com seu cabelo loiro natural, branquinha, com os olhos azuis, diferia totalmente dele, um pouco moreno, cabelo preto, olhos castanhos escuros, até em personalidade, ela era mais tímida, doce, e incapaz de agir como o irmão, pelo menos era, agora ela está tão mudada.
E o Théo parecia impulsivo, grosso, rebelde e até meio vingativo. Irônico, vingativo como eu. Devia ser por isso que não nos demos bem de primeira. Mas isso não justificava ter me tratado daquela maneira tão grossa. Só de lembrar, dá vontade de voltar no tempo e enfiar minha mão na cara dele. Garoto abusado!
Antes de ir para o colégio, minha mãe e meu pai beijaram o meu rosto e disseram que me amavam muito, que eu era a maior alegria dos dois, sorri e os abracei, retribuindo todo o carinho que estavam me dando. Eles estavam extremamente felizes para o meu gosto e então comecei a desconfiar dessa repentina felicidade.
- Por que estão tão felizes assim? O que aconteceu? – perguntei, os dois se entreolharam e riram como crianças. Eu não estava entendendo nada, mas comecei a rir junto, pois estava muito engraçada a cena.
- Querida, você queria ter irmãos? – perguntou dona Cassie, com os olhos azuis brilhando mais que o normal.
- Ás vezes sim, ás vezes não, mas creio que não. Por quê?
Minha mãe e meu pai ficaram sérios de repente. – Como não Alana? Ter irmãos é a melhor coisa do mundo! – disse papai, contrariado.
- Não estou gostando do rumo dessa conversa – respondi nervosa, comecei a desconfiar que minha mãe pudesse estar grávida, esse tipo de conversa não era comum dentro de casa, a última vez que me perguntaram se eu queria ter irmãos, foi quando eu tinha 11 anos e eu gritei bem alto que não e ainda fiz pirraça. Ok! Eu sei que desse jeito pareço uma mimada, mas eu não queria de jeito nenhum um irmão ou uma irmã para ter que dividir a atenção com os meus pais, uma atenção que poderia ser só minha.
- Minha linda, acontece que seu pai e eu, sentimos falta de ter uma criança para cuidar e amar muito, assim como amamos você. Alana, você já está com 16 anos, já é uma moçinha, daqui a pouco vai se tornar uma adulta e vai ter outros planos, vai seguir um rumo que queira para sua vida, vai namorar, se casar e sair de casa, e seu pai e eu não queremos ficar sozinhos, entende? – falou dona Cassie, com cautela.
- Eu jamais vou deixar vocês dois sozinhos! Eu os amo muito, são meus pais, e eu não quero me casar tão cedo! E falta muito tempo ainda para eu me tornar uma adulta, e o lance sobre se sentirem sozinhos, é simples, tenho uma solução para isso: Adotem um animal! Cachorro, gato, papagaio, coelho, sei lá, adotem qualquer animal! Assim não vão se sentir tão sozinhos – disse eu e os dois riram de um jeito estranho.
- Alana... você não muda, sempre com essas ideias malucas e pensando apenas em você – disse mamãe, o que de fato me magoou.
- Adotem outra filha então, já que eu não sou suficiente para vocês dois, e tem mais, aproveitem e me expulsem de casa! Assim, a filha egoísta nunca mais vai atrapalhar os seus queridos planos! – disse eu, com raiva.
- Está entendendo errado querida, em momento algum dissemos que você não era suficiente, minha princesinha, você sabe que te amo muito, eu faço tudo por você, sempre fiz – disse papai, caminhando em minha direção.
- Você vai ter um irmãozinho ou irmãzinha – disse mamãe, caminhando até mim, os dois pegaram na minha mão, eu estava em choque.
- Vocês vão adotar? – perguntei confusa.
- Não minha linda, eu estou grávida – disse ela naturalmente. Era isso mesmo! Ela estava grávida! Como minha mãe podia fazer isso comigo? A essa altura do campeonato? Ter um irmão sendo que já estava com dezesseis anos! Agora, eu iria servir de babá também.
- Não vai falar nada Alana? – perguntou meu pai, Diego. Soltei minhas mãos das deles e me afastei um pouco.
- Foi planejado? – perguntei.
- Sim – respondeu mamãe.
- Ótimo! Parabéns. Estou feliz que vocês dois tenham conseguido mais um filho, espero de coração que esse novo filho possa preencher todo o amor que eu não soube preencher a vocês dois – falei, estava com raiva, nunca me senti tão egoísta na vida.
- Alana! Para com essa pirraça idiota, você já tem dezesseis anos! Não é mais uma criança! O que custa ficar feliz como qualquer garota no seu lugar ficaria, se soubesse que teria mais um irmão? – disse dona Cassie, brava, estava gritando comigo.
- Acontece que eu não sou qualquer garota mãe! E você já deveria saber disso! Sabe o que eu acho? Que vocês dois não foram suficientemente felizes comigo e por isso pensaram em arrumar outro! Para ver se assim a felicidade chegava! Se não me amam, por que me tiveram em? – gritei, Cassie bateu no meu rosto.
Era a primeira vez que ela me batia, olhei assustada e levei minha mão no lugar que ela havia me batido, ela ficou me olhando com os olhos arregalados, petrificada.
Meu pai foi até mim, para me acolher, eu saí correndo com minha mochila nas costas e escutei meu pai me chamando, fingi que não escutei e corri para bem longe. Eles nem ao menos tentaram correr atrás de mim, mais uma prova de que os dois não me amavam como eu sempre pensei que me amassem.
Fui a pé para o colégio, ainda assustada com o tapa e triste por tudo o que tinha acontecido dentro da minha casa.
Eu não odiava esse irmão, eu só não queria ter irmãos, será que era tão difícil de entenderem isso? Quando eu estava entrando na escola, alguém chegou por trás de mim e tampou meus olhos. Coloquei minhas mãos por cima das mãos dessa pessoa e senti perfeitamente o perfume e a textura da pele dele. Sim, era o Cole, eu tinha certeza.
- Cole, já sei que é você.
Ele tirou as mãos dos meus olhos e se colocou ao meu lado sorrindo.
– Como descobriu?
- Suas mãos e seu perfume, são inconfundíveis – disse eu, mas então me arrependi amargamente de ter dito isso. Ele me olhou sorrindo torto e super malicioso.
- E o meu corpo? Também é inconfundível? – perguntou, me olhando intensamente, senti meu rosto queimando por dentro.
- Não. O seu corpo não tinha nada de mais – disse eu, mentindo óbvio. As lembranças daquele dia ficavam se repetindo em minha memória em alguns momentos, o que é totalmente estranho para mim e quando isso acontece, eu logo afasto esses pensamentos obscenos da minha mente.
- Jura? Não parecia, você ficou olhando demais – disse ele, com um sorriso torto, se achando o pegador bonitão.
- É claro que olhei, pois me assustei tanto que fiquei em choque – zombei, ele riu.
- Sei... acredito – disse ele.
Revirei os olhos e bati de leve em seu braço. Sentei no refeitório, e ele foi ao bebedouro, fiquei sentada esperando por ele, e o sinal tocar, para entrarmos em sala.
Bela chegou até mim. – Oi, Alana. Preciso falar com você – disse ela.
- Mas eu não tenho nada para falar com você, Isabela.
- Bela.
- Isabela – desafiei e ela ficou morrendo de raiva, só faltava sair fumaça da cabeça dela, que nem nesses desenhos animados, comecei a rir, só de imaginar essa cena, seria hilário. Isabela saltadora de fumaça!
- Ok Alana, me chame como quiser, claro, só por agora. Tenho que falar com você – ela insistiu, e aquilo me assustou, para ela querer falar tanto comigo, mesmo com minhas provocações, significava que seria algo ruim.
- Sobre?
- A Eliza – respondeu ela.
- O que tem para falar a respeito da Eliza? Mentiras?
- Escute você mesma – disse ela e me entregou seu celular, apertou play e escutei a Eliza falando mal de mim para outra garota.
Juro que fiquei muito chateada e com muita raiva, como ela podia falar mal assim de mim? Justo a Eliza? Eu pensei que ela estivesse brava comigo apenas pelo lance do Micael, mas pelo o que escutei da gravação, ela me odiava bem antes.
Mas então, por que parecia ser tão sincera quando estava perto de mim? Eu acreditei na amizade dela, e até desisti do Micael por ela, em nome dessa amizade, em nome do enorme carinho que eu sentia por ela.
- Sai daqui Bela! Você é uma cobra venenosa – disse eu e entreguei o celular ridículo dela.
Ela riu de mim. – Isso é para você ver o quanto a Eliza é grata a você – ela debochou e saiu andando como uma patricinha malvada de filmes americanos.
Que ódio dessa garota! Como um ser como esse poderia ser irmã de um garoto como o Cole? Coitado dele... imagina se meu irmão ou irmã for como a Bela? Cruzes! Mas eu também estava morrendo de raiva da Eliza.
E como eu sempre fui muito vingativa fiz a pior besteira possível. Mas já estava feito e, aliás, eu nem deveria me sentir mal por isso, a Eliza bem que mereceu por ter me enganado e falado mal de mim.
Nem esperei pelo Cole, só fui em direção ao Micael, o próprio estava de pé, conversando com os seus colegas populares.
– Alana? – perguntou ele, surpreso por me ver caminhando até ele. Não respondi, apenas me aproximei mais dele e o beijei, sim, eu dei o maior beijão nele, na frente de todo o colégio, para quem quisesse ver. Claro que fiz isso para a Eliza ver.
Ele me puxou pela cintura, me fazendo ficar mais perto dele e segurou minha nuca, me beijando com vontade. Não lembro mais ou menos por quanto tempo o beijo durou, só sei que quando nos desprendemos, olhei ao redor, e todos olhavam para nós dois, inclusive a Eliza, e olhei desafiadoramente para ela, e, no entanto, ao invés dela vir e brigar comigo, ela saiu correndo em direção ao banheiro feminino.
Senti algo doer em mim nesse momento, só de imaginar a Eliza chorando por minha culpa, mas então me lembrei de tudo o que ela falou naquela gravação e tentei colocar na minha mente que eu não deveria sentir pena dela. Mas por que eu sentia? E por que eu estava me sentindo a pior amiga do mundo? Quer dizer, agora, ex- amiga.
Avistei o Cole sentado no lugar onde eu estava antes, me olhando com raiva? Parecia que ele estava com raiva, eu não iria aguentar perder ele também.
Olhei para o Micael, que estava me olhando totalmente confuso e fascinado.
– O que foi isso, Alana?
- Um beijo.
- Sim, eu percebi que foi um beijo, eu quero saber por que me beijou.
- Por que... eu gosto de você?
- É uma pergunta ou uma afirmação?
- Afirmação – disse eu, incerta da minha resposta.
- Isso significa que quer ficar comigo?
- Sim – respondi.
Ele sorriu. – Ótimo, eu sabia que você me perdoaria – disse ele, e me puxou para perto de si, em seguida me abraçou.
Fiquei abraçada a ele por um tempo, ainda pensando em tudo o que eu tinha acabado de fazer. Essa culpa dentro de mim era arrependimento? Eu não sabia, ele me deu mais um beijo e depois me afastei dele.
– Tenho que ir ao banheiro, depois nos falamos – disse eu.
Ele sorriu e assentiu com a cabeça, caminhei até o banheiro, o Cole não estava mais sentado no refeitório, ele tinha ido para outro lugar.
Entrei e vi a Eliza chorando em frente ao espelho. Aquilo doeu muito em mim, por que eu gostava tanto dela? Ela me olhou com fúria, seus olhos azuis estavam tristes e vermelhos, ela estava acabada e ao mesmo tempo com muita raiva no olhar, se virou para mim e limpou suas lágrimas.
– O que faz aqui sua idiota? Veio rir da minha cara? Beijar o garoto por quem eu sou apaixonada já não foi o suficiente? – ela gritou, fora de si. Nunca a vi dessa maneira. Era outra Eliza.
- Não Eliza! Eu não vim rir da sua cara! Eu não sou você – respondi em um tom elevado.
- O quê? Do que está falando?
- Não seja falsa, Eliza! Você não me engana mais – disse.
- Que bom! Pois você também não me engana mais! Você é mais falsa que a Bela!
- Não me compara com essa insuportável! Eu não sou como ela!
- É pior – disse ela.
- É guerra que você quer não é Eliza?
- Sim, é guerra, a partir de agora Alana, nós duas nunca mais seremos amigas, porque você virou a minha maior rival, e não pense que eu vou deixar o Micael de graça para você, porque eu não vou. Ele vai ser meu, custe o que custar, está entendendo?
- Nossa, a santinha se revelou! Faça o que quiser... o Micael nunca vai ficar com você, porque ele gosta é de mim – falei convencida.
- É o que vamos ver.
- É o que vamos ver então, Eliza – disse e saí do banheiro furiosa e ao mesmo tempo arrasada! O que estava acontecendo comigo? Agora, era definitivo, Eliza e eu jamais voltaríamos a ser o que éramos.
Dentro daquele banheiro, nos tornamos rivais, e nós duas com um mesmo objetivo:
O Micael. Mas e eu? Eu gostava dele a um ponto de declarar guerra a uma garota? Eu não sabia, mas algo dentro do meu coração me dizia que não, que eu estava fazendo aquilo, mais por vingança do que por qualquer sentimento afetivo.
Fui para a sala, faltavam poucos minutos para o sinal bater. Encontrei o Cole lá dentro, fumando. Corri até ele e tomei seu cigarro imediatamente.
- Está louco Cole? Eu já disse para você parar de fumar! Eu achei que você tivesse parado – disse eu, assustada em vê-lo acabar com a sua própria vida, com essas porcarias, cigarro é uma droga e usá-lo de mais, leva a morte, e eu não queria que o Cole morresse, eu não suportaria. Ele me olhou com reprovação e raiva.
- Quantas vezes vai ser preciso eu dizer, que eu não quero que você tome os meus cigarros?
- Sempre, todas as vezes que você quiser, porque eu nunca vou deixar você estragar a sua vida por causa de uns malditos cigarros, que levam a morte! – gritei.
- Para com isso Alana! Hoje em dia todo mundo fuma, eu não sou o único! Até parece que você se importa comigo – disse ele, sem paciência.
Fiquei de joelhos e apoiei meus braços em cima da mesa dele. – Cole, é claro que eu me importo com você, é por eu me importar com você, que te peço para não voltar a fumar mais, isso é só a primeira porta para o vício em outras drogas e fumar faz muito mal a saúde, causa a morte, eu não quero isso para você. O cigarro é muito perigoso, leva ao vício, causa câncer, e vai nos definhando aos poucos, quer ficar mais magro que já é? – disse, e ele riu.
– Você é uma figura novata, e eu gosto muito de você – disse ele, olhando diretamente em meus olhos.
- Promete então que vai parar de fumar?
- Não sei, mas vou tentar – disse ele. Suspirei. – Pelo menos já é um começo – disse, satisfeita. Eu ainda estava muito preocupada com ele.
- Por que beijou o Micael? – perguntou ele, de repente.
- Porque eu gosto dele – disse, eu queria que isso fosse verdade.
- Tem certeza? Você realmente está certa de que gosta dele?
- Sim, por quê?
- Nada, é que eu tinha esperanças com você, eu gosto de você bem mais do que um simples amigo deveria gostar. Eu pensei que você perceberia que também gosta de mim, que ficaria comigo, mas eu estava errado, você só tem olhos para aquele idiota – disse ele, seu rosto tinha dado lugar a uma tristeza, e seus olhos tinham perdido o brilho.
- Desculpa, desculpa, Cole – foi só o que eu consegui dizer, de repente a sala foi invadida pelos outros alunos e o sinal tocou. Levantei e me sentei atrás dele, fiquei triste e vazia a aula inteira.
Diário da Cassie
2007 – 10 anos de idade.
Lembro-me desse dia perfeitamente bem, como se tivesse acontecido ontem, tirando algumas coisas, foi até que engraçado.
Era sábado, e tínhamos planejado um passeio de bicicleta ao parque, todos juntos, cada um com sua bicicleta. Alana estava muito empolgada, ela sempre adorou andar de bicicleta, gostava de se sentir livre, sentir o vento batendo em seu rosto, e sempre que podíamos fazer um passeio assim, ela ficava com os olhos brilhando de tanta alegria.
Enquanto pedalávamos, lado a lado, bem... na verdade, nossa bonequinha estava passando a nossa frente.
Ela tinha muito mais ânimo, estávamos tranquilos, o dia estava agradável, e incrivelmente bonito, Alana pedalava com toda a sua vontade, quando repentinamente, uma criança que aparentava ter a idade de minha filha, surgiu na frente da Alana, e como minha filha estava muito perto, ela se assustou e tentou frear, nossa bonequinha até conseguiu parar a bicicleta antes de atropelar o menino, porém, com toda essa adrenalina, ela acabou se desequilibrando, e caiu com a bicicleta.
Imediatamente, paramos nossas bicicletas e saímos correndo em direção a nossa filha, que estava caída no chão. O menino estava de pé, assustado com toda a situação.
- Alana! Você se machucou? – perguntei, enquanto Diego tirava a bicicleta de cima do corpo dela.
- Mãe... tá doendo muito! – ela gritou, apontando para seu braço direito.
- Calma minha linda, vou te levantar – disse, e com a ajuda de Diego, a colocamos de pé, mas ela estava reclamando de muita dor no braço direito e quase não conseguia se manter de pé.
Claro que eu fiquei agoniada, estava me sentindo impotente, minha filha estava sentindo muita dor, e eu não conseguia ajudá-la.
- Qual é o nível de dor bonequinha? – perguntou Diego.
- 10, papai! Eu estou machucada, machuquei feio! – ela disse, e já estava quase chorando.
- Vamos ter que te levar ao médico, talvez você tenha quebrado o braço – ele falou preocupado.
-É papai, eu acho que eu quebrei o braço!
Voltamos para casa com as bicicletas e Alana choramingando por todo o caminho, guardamos as bicicletas em casa e a levamos de carro ao hospital, mamãe estava na cidade e foi conosco. Durante todo o caminho dentro daquele carro, Alana choramingou de dor, enquanto não soltava seu pai nem por um instante.
Ao conseguirmos que um médico a atendesse, enquanto ele a examinava, e mexia o no braço dela, o doutor fazia algumas perguntas a ela, se o braço doía muito, se ela conseguia mexer, coisas desse tipo.
Ele nos olhou e disse algo surpreendente. – Eu realmente não entendo o motivo de tanta dor, não a nada de errado com o braço da Alana. Não está deslocado e nem quebrado, está normal.
- Mas então...
- Ou a filha de vocês está mentindo ou aconteceu outra coisa que irá precisar de exames médicos para descobrir – ele falou.
- Eu quebrei o braço, engessa logo médico! – ela disse em um tom autoritário. E o doutor riu, assim como ele, Diego e eu, tínhamos acabado de descobrir o que a Alana havia aprontado.
- Para de mentir moçinha. Nós sabemos que o seu braço está ótimo e que está mentindo! Você nunca sentiu dor no braço, não da forma como alegou. A única coisa que você queria era engessar o seu braço, achou mesmo que o médico não iria descobrir? – perguntei, olhando firme para ela.
Ela olhava com culpa agora. – Desculpa mamãe, desculpa papai, e desculpa médico. É que eu nunca engessei o meu braço, e todas as minhas amigas da escola já engessaram, eu não queria ficar por fora, queria saber como é – ela disse.
- Inacreditável Alana... mentir por causa de uma besteira dessas – falei, envergonhada com a situação.
- Sinta-se com sorte Alana. Engessar o braço é horrível e desconfortável, você tem que se sentir alegre por nunca ter precisado disso – falou o médico.
- É... acho que você tem razão, desculpa.
- Está desculpada, criança. Espero que nunca quebre o braço – ele disse, sorrindo.
- Também esperamos isso doutor, e desculpa por isso – falei, com muita vergonha.
- Está tudo bem. Crianças são assim mesmo – ele respondeu, e saímos de lá.
Ao chegarmos na rua, olhei para a Alana, mostrando a ela que eu estava brava.
– O que deu na sua cabeça? Sinceramente... foi o cúmulo do absurdo Alana. Você me fez passar a maior vergonha lá dentro.
- Não seja tão rude com ela, Cassie. É uma criança ainda, e não fez por mal, você já aprendeu a lição, não é bonequinha?
- Aprendi papai! Eu prometo que nunca mais vou fazer nada desse tipo!
- Viu, Cassie, nossa filha sabe que foi errado o que fez.
Alana estava me olhando com uma carinha de que sabia de que tinha feito burrada e que precisava urgentemente de uma estratégia para reverter à situação, eu sabia, a conhecia bem, ela sempre tentava reverter a situação quando a coisa ficava feia para o seu lado.
Mas nem foi preciso ela reverter nada, eu comecei a rir do nada. – Ai Alana... você só apronta menina! Não faça mais isso, é errado.
- Me perdoou, então?
- Sim, mas se aprontar já sabe.
- Obrigada mamãe! Por que vocês dois, junto com a vovó não me levam a uma sorveteria?
- Você se acha merecedora de um sorvete? – perguntei.
- Eu acho que você é a minha mãe e que me ama muito, e por isso, irá comprar o meu sorvete – ela disse, essa garota era tão esperta, sabia do nosso amor por ela, e o usava para seu beneficio.
Diego riu. – Vamos levá-la, Cassie, temos que aproveitar enquanto ela é criança, daqui a pouco ela cresce, e não vai querer mais a nossa companhia.
- Quem disse papai? – ela perguntou.
- A adolescência disse bonequinha – ele respondeu, sorrindo. Claro que ela não entendeu nada, mas não perguntou mais sobre isso, tudo o que ela queria era seu sorvete.
Apesar do susto que levei achando que ela havia se machucado, da vergonha que passei, foi até que engraçado ela fingir dor apenas para engessar um braço, crianças são tão inocentes para algumas coisas.
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