Alana - 7
Estava tudo dando errado para mim, tudo mesmo. Primeiro que por culpa do Micael eu perdi a minha única amiga que eu tinha na escola nova.
Segundo, ela achava que eu tinha feito de propósito, o que é mentira, eu nem sabia que ela gostava dele.
Terceiro, que eu fui usada pelo Micael, ele me enganou, talvez ele tenha saído comigo apenas para poder esquecer a Eliza.
E quarto, tem toda essa história com o Cole. Na hora da saída, o Micael correu até mim para poder se explicar.
– Alana! Espera, precisamos conversar – ele disse próximo a mim.
- Eu não quero ouvir nada que venha de você, seu mentiroso! – o acusei.
- Eu não sou mentiroso Alana, eu só tenho que te explicar o meu lado.
- Não tem necessidade, eu sei que você me usou para esquecer a Eliza e fazer ciúmes nela, mas por sua culpa, eu perdi a amizade dela. Está satisfeito?
- Essa nunca foi a minha intenção – ele responde com o olhar perdido.
- Jura? O que você achou que aconteceria se saísse com a amiga da garota que está a fim de você? Você achou mesmo que nós duas ficaríamos felizes ao descobrir isso? – ironizei, eu estava furiosa!
- Eu não saí com você para te usar, eu saí com você, porque realmente me interessei, e eu achei que saindo com você, a Eliza entenderia que ficar comigo é um erro, eu amo a Eliza, mas é um amor de amigo e eu não quero machucá-la, se eu ficasse com ela, eu sei que a machucaria, mas eu nunca imaginei que vocês duas fossem brigar por isso, na verdade, eu não imaginava que vocês duas estivessem se tornado tão amigas assim – ele explicou, seu olhar estava fixo em mim e parecia estar sendo sincero. Mas isso não diminuía a burrada que ele havia feito.
- Mesmo que você não tenha feito isso de propósito, você arruinou a nossa amizade e arruinou um futuro romance entre nós dois, estou me sentindo usada. E por que você não pode ficar com a Eliza por medo de machucá-la e comigo você não tem esse medo? – perguntei em um tom firme, ele me olhou e deu um sorriso torto.
- Você é forte, corajosa, confiante e despreocupada. A Eliza é frágil, meiga e inocente, vocês duas tem personalidades distintas e isso fica nítido de longe.
Ok, eu até concordava um pouco com ele, eu já havia percebido que a Eliza era sensível mesmo, e eu sou mais dura na queda, no entanto, quando eu desabo, eu me torno tão frágil como a Eliza, ou até mais.
Mas ele não deveria saber disso, eu sempre gostei de passar uma imagem de garota forte e decidida, dessas que não se importavam com muita coisa.
- Você tem razão, mesmo assim eu não quero ter mais nada com você – fui firme em minha decisão.
- Por quê?
- Acorda Micael! A Eliza é minha amiga e eu não posso e nem devo ficar com o cara que a minha amiga gosta! Isso seria desonesto, seria terrível! Esqueceu que já estive no lugar da Eliza? E eu entendo a raiva e o sofrimento que ela está passando agora, porque eu senti tudo isso quando peguei aquela vaca da minha ex melhor amiga com o meu ex- namorado. Eu não vou ficar na posição que aquela outra... exerceu com o Álvaro, e muito menos trair a Eliza, como a Bela fez. Está tudo terminado entre nós dois – disse e saí, o deixando para trás, segundos depois o Cole apareceu do meu lado batendo palmas.
- Parabéns, novata! Gostei de ver em – ele disse, me provocando como sempre.
- Não enche Cole, não estou com paciência agora – falei e prossegui andando, até que ele me puxou pelo braço, o que me fez parar.
- Do que adianta beijar aquele mané, se é de mim que você gosta? É o meu beijo que te faz suspirar – ele fala, e pude ver um sorriso malicioso se formando em seu rosto.
- É aí que você se engana querido Cole, eu gosto é do Micael, você foi apenas um... um casinho qualquer, nem fez diferença na minha vida, eu não quero nada com você, entenda isso. Apenas amizade, amizade serve? – falar todas essas coisas me doeu muito, mas foi necessário.
- Isso não é verdade, você não gosta do Micael, eu sei que você sente algo por mim Alana, o que te impede de admitir isso e ficar comigo? É a Bela? – ele insistiu, sua voz soou tão frágil, assim como ele parecia estar naquele momento, o que me deixou abalada, eu nunca vi o Cole assim, frágil e triste.
- Desculpa Cole, esquece tudo o que eu falei, eu gosto muito de você sim, mais aceita que eu só quero ser sua amiga, eu não quero me afastar de você – tentei amenizar minhas duras palavras e o abracei.
Ele me acolheu no abraço e me envolveu com perfeição, e no momento senti uma paz interior enorme. Eu não conseguia entender o motivo de eu gostar tanto dele.
- Viu novata. Você gosta de mim sim, só não admite – ele disse, e sorriu.
Dei um tapa de brincadeira em seu braço. - É Alana – corrigi. - Vai se achando... – completei, tentando não rir muito.
- Eu posso – ele provocou.
- Promete que vai sempre estar comigo? – perguntei, não sei o que deu em mim, nunca fui de perguntar coisas desse tipo, muito menos para um menino.
Ele arregalou os olhos, em uma expressão de surpresa. – Nossa, mas que avanço! Prometo novata, nunca vou te deixar. Nunca. Mesmo que você seja uma patricinha e mimada, eu prometo que não te deixarei – ele brincou em um tom divertido, e eu o empurrei de brincadeira.
- Eu não sou patricinha! – me defendi.
- Imagina... mimada que só você sabe ser! Ah, é... esqueci da Bela! Vocês duas empatam em – ele zombou.
- Já disse que não gosto quando me compara com a Bela, seu bobão! Esqueceu que é o irmão gêmeo dela é?
- E o que tem isso, novata?
- Se ela é patricinha e mimada, você também deve ter algo em comum, dizem que gêmeos sempre tem algo em comum, além da aparência – falei e ele riu.
- Não, definitivamente, Bela e eu não temos nada em comum, novata – respondeu, revirei o olho e fingi não ter escutado mais uma vez, o: "Novata".
Sorri. – Quero só ver – debochei e então ele pegou na minha mão, parei de andar para olhá-lo.
- O que foi Cole?
- Quer ir para a minha casa? – ele perguntou, fiquei surpresa com a proposta dele.
- Agora?
- Sim, está com medo de que eu te seduza é? – disse ele, irônico e rindo de mim, Cole definitivamente era um abusado, se ele pensava que podia me zoar desse jeito, estava muito enganado, não podia.
- Não me faça rir! Claro que não, eu só não entendo o que eu vou fazer na sua casa agora. Ele me olhou malicioso e riu.
- Fica tranquila novata, eu não vou fazer nada que você não queira se é isso o que te preocupa – ele falou, sem nenhuma vergonha na cara, fiquei um pouco tímida com o que ele disse, acho que ele percebeu, pois caiu na risada.
- Nossa novata. Pensei que você fosse mais liberal, tinha que ter visto a sua cara quando falei, ficou toda vermelha! – ele debochou de mim, passei a mão pelo meu cabelo e me recompus.
- A cada hora você supera mais o seu nível de idiotice Cole. A Bela não vai gostar de me ver lá.
- E você não quer provocá-la? – falou, me olhando com segundas intenções, pude notar, mas tentei ignorar e fingir que não percebi. Mas era verdade, eu adoraria provocar a Bela, nada melhor do que ir a casa dela, para tirá-la do sério.
- Eu aceito, mas com uma condição.
- Qual?
- Que você não vai tentar nada comigo, apenas amigos, tudo bem?
Ele riu e piscou o olho para mim. – Como preferir, novata.
- É Alana! – gritei.
Liguei para a minha mãe, avisando que eu iria almoçar na casa de um amigo, ela não gostou muito da ideia, mas deixou que eu fosse. A casa do Cole era bem espaçosa e bonita, quando ele entrou comigo pela porta, seu pai estava na sala, almoçando e se assustou ao ver uma garota ao lado do filho.
- Cole quem é essa garota tão linda? – o pai dele perguntou e sorriu para mim com educação, retribuí o sorriso e murmurei um "oi".
- Essa é a Alana, uma amiga minha – respondeu Cole, meio seco. Parecia que ele tinha problemas com o pai, como se não se dessem muito bem, eu já sabia da história das comparações entre ele e Bela, mas achei que fosse apenas um exagero.
- É um prazer te conhecer Alana, você é a primeira garota que meu filho trouxe aqui em casa, deve ser importante mesmo – o homem disse, com um sorriso bobo de lado, com certeza ele estava pensando que eu era uma ficante do filho, por que os pais de meninos sentem orgulho quando sabem que o filho está saindo ou namorando com uma garota em? Gostaria de saber...
- Pai, ela só é uma amiga.
- Sim, uma amiga linda, com todo o respeito Alana – disse o homem.
- Renato, deixe nosso filho em paz, assim ele vai ficar tímido – uma voz feminina ecoou.
Uma mulher alta, loira e muito bonita falou, dava para perceber que era a mãe do Cole e da Bela. Os dois se pareciam com a mesma, pude notar que Cole também herdou alguns traços do pai, mas uma grande maioria de sua mãe.
- Mãe... – disse Cole, envergonhado de verdade agora, então eu não aguentei e comecei a rir.
- Olá, o meu nome é Maria, sou a mãe do Cole, é um prazer te conhecer, qual o seu nome? – a mulher se apresentou muito simpática.
- Oi, eu sou a Alana, amiga do Cole – respondi sorrindo e a cumprimentei com um abraço e beijos no rosto.
- Você é muito linda, Alana – Maria falou, sorrindo e me olhou com admiração.
- Obrigada, a senhora também é muito bonita.
- Obrigada, mas você é mais. Quantos anos têm?
- 16.
- Amor! Ela tem a mesma idade dos nossos filhos – disse Maria, e seu marido sorriu, assentindo com a cabeça.
De repente, a sala foi ocupada pela presença da Bela, quando ela me viu, arregalou os olhos e deu um pequeno grito, na verdade, um grande grito. Me diverti vendo a reação dela. Todos a olharam assustados.
- O que foi Bela? – perguntou Renato, olhando assustado para a filha.
- O que essa garota ridícula está fazendo aqui na minha casa? – esbravejou ela, para o espanto de todos, menos para o meu e para o Cole, nós dois já esperávamos por essa reação nada acolhedora da Isabela.
- Isso são modos Isabela? Por que está tratando a amiga do seu irmão desse jeito? – repreendeu a mãe dela. Bela me olhou com fúria.
- Eu odeio essa garota! Tira ela agora da minha casa, pai! – ordenou a mimadinha, e ainda me comparavam com essa aí...
- Isabela! Isso não é jeito de tratar uma pessoa, ainda mais sendo ela amiga do seu irmão – repreendeu o pai e me segurei para não rir da cara de tacho que a garota fez.
- Até você pai? Vai ficar do lado dela? Tira ela agora daqui, Cole – Bela ordenou, se aproximando de nós dois.
Cole se aproximou da irmã. – Não se meta com a Alana, ela não vai sair daqui, esqueceu que essa também é a minha casa? Você vive trazendo as suas amiguinhas para cá, eu também posso trazer quem eu quiser – disse Cole com raiva.
Bela cruzou os braços furiosa. - Isso não vai ficar assim sua novata idiota! Você vai se arrepender por ter entrado no meu caminho – esbravejou e saiu que nem um furacão, para algum lugar da casa, provavelmente, o quarto dela.
Os pais de Cole me olharam envergonhados. – Desculpa o comportamento agressivo da nossa filha, não sabemos o que deu nela, ela não costuma ser assim – falou a mãe.
- Sem problemas, já estou acostumada, a Bela não gosta muito de mim – disse eu.
Falei isso de propósito, para que os pais dela ficassem sabendo, minha vingança contra a Bela a cada dia se tornaria mais divertida.
- O que ela tem contra você? – perguntou o pai.
- A Bela odeia qualquer garota que ameace o trono dela naquela escola pai, principalmente se a garota for linda, como a Alana. – disse Cole e eu o olhei na hora, ele me olhou de volta e sorriu de lado! Que safado. Seu pai nos olhou e riu, sua mãe estava preocupada, com certeza era com a filhinha.
- Bom, depois conversamos sobre a sua irmã – disse o pai dele.
- Vou levar a Alana para conhecer o meu quarto e depois descemos para almoçar – disse Cole, já pegando na minha mão.
- O quê? Vocês dois sozinhos no quarto? – disse sua mãe.
- O que é que tem? Somos amigos e só – argumentou Cole.
- Não tem nada de mais Maria, deixa os dois fazerem o que quiserem – disse Renato, em defesa do filho, Cole tentou sorrir em forma de agradecimento para o pai, mas o que saiu foi um sorriso forçado totalmente torto, como o Cole conseguia ficar bonito até sorrindo assim? Maria não argumentou, então, Cole me levou segurando em minha mão, até o quarto dele.
Ele trancou a porta para minha surpresa. – Abre a porta – ordenei.
Ele riu e se aproximou de mim, ficando com o rosto bem perto do meu, apenas alguns centímetros de distância nos separavam.
– Novata, eu não vou te beijar, se é isso pelo o que você teme. Eu tranco a porta do meu quarto sempre, ou você quer que a Bela venha aqui te encher a paciência? – disse ele, o que me convenceu mesmo eu não estando certa se isso era realmente certo.
- Ok, seu quarto é muito bonito – falei, olhando ao redor. O quarto dele era totalmente rock and roll. Pintado de cinza, cheio de pôsteres de bandas de rock, e com decorações bem estilo Cole. Tinha alguns livros também, espalhados pelo quarto, reparei em um caderno pequeno com a capa toda preta e peguei sem a permissão dele, quando eu estava começando a abrir, ele tomou da minha mão, imediatamente me virei para ele, assustada. – Quase me matou de susto idiota! – esbravejei.
- É o que merece por mexer nas coisas alheias. Quem disse que você podia pegar nas minhas coisas assim? – disse ele, todo agressivo e muito sério.
- Você é um grosso! Se não queria que alguém mexesse, deveria ter guardado melhor – revidei, ele ainda continuava sério.
- Aqui é o meu quarto, e eu não sabia que você iria mexer! E não estava jogado, estava guardado! Eu coloquei aí, porque quis – disse ele.
- Então não deveria reclamar, porque alguém pegou nesse seu diário bobo! – gritei, eu estava revoltada com a atitude agressiva dele de uma hora para outra, só por que eu peguei no diário dele? Aff! E quem escrevia um diário em pleno 2013 e no auge dos 16 anos? Só o Cole mesmo.
- Isso não é um diário.
- Aham... e eu não sou a Alana – brinquei.
- Olha aqui, é um diário mesmo, mas isso não te dá o direito de debochar e nem de pegar! E eu só o tenho, porque foi a minha mãe que me deu de presente no ano passado, então, tive que usá-lo, se não ela ficaria triste, e vê se não enche mais.
- Você é um idiota – disse e abaixei a cabeça, eu estava quase chorando, de verdade.
O jeito como ele falou comigo me deixou triste e fez com que eu me sentisse uma criminosa ou alguma coisa pior, não sei... só sabia que eu nunca havia lidado muito bem com pessoas me repreendendo, ainda mais gritando como o Cole estava fazendo, sempre que minha mãe ou meu pai gritava comigo, eu ficava com vontade de chorar, e ali estava eu.
Que cena ridícula! Uma garota sentada na cama de um garoto, chorando, porque o mesmo havia gritado com ela. Que patético! Patético até para mim mesma.
Ele percebeu, e se sentou ao meu lado imediatamente e pegou no meu rosto.
– Desculpa, eu não quis te fazer chorar, eu sou um grosso mesmo. Me perdoa, Alana, eu não imaginava que você fosse ficar assim, eu sou um completo idiota, assim como você mesma diz – ele falou e pude ver em seus olhos que estava sendo sincero, e que estava mais que arrependido.
Sorri de lado para ele. – Tudo bem, não tem problema, eu não sei por que fiquei assim também – disse envergonhada, ele limpou algumas lágrimas minhas que caíram.
- Porque você é mais sensível do que demonstra ser – disse ele, sorrindo de lado com aquele sorriso torto idiota que eu estava aprendendo a amar, cada dia mais. O que estava havendo comigo?
- Você que pensa – disse e me afastei dele, ele riu.
– Marrenta também.
- Oi?
- Nada, novata, nada.
Depois descemos para almoçar e quando terminamos, fui para o banheiro lavar minha boca, Bela tinha acabado de sair de lá e me olhou com fúria. Novidade! Ela segurou meu braço com força.
– Estou entendendo o seu joguinho Alana – disse ela. Me soltei dela.
– Não entendo o que está insinuando Isabela – provoquei.
- Bela! Garota... – ela me corrigiu e eu ri na cara dela.
- Isabela – continuei a provocação. Ela ficou com mais raiva, como eu estava me divertindo.
- Acha que eu não sei que você está usando o meu irmão para se vingar de mim? Está fazendo isso para me atingir, porque ele é o meu irmão, e você sabe que ficando com ele, estará me atingindo. Mas fique sabendo, que com o meu irmão gêmeo, você não vai ficar nunca! Porque eu jamais vou permitir.
- Nossa, estou impressionada com a sua inteligência, sabe de uma coisa, pense o que quiser querida, mas lembre de que o mundo não gira apenas ao seu redor, ok? O Cole é muito mais que um objeto de vingança para mim, ele é o meu amigo e gosto dele, e não vai ser você que vai me afastar dele – disse e entrei no banheiro, a empurrei para fora e tranquei a porta. Ela gritou do lado de fora. - Isso é o que vamos ver Alana!
Depois, voltei para o quarto do Cole e soltei um grito ao vê-lo apenas de toalha enrolado na cintura, seu cabelo loiro molhado estava um pouco mais escuro, era visível algumas mexas mais claras que outras.
Ele estava irresistível. Seu corpo magro sarado era perfeito. Tudo no Cole era bonito e eu não estava acreditando no que via, além de envergonhada, eu fiquei babando nele, e óbvio que ele percebeu, pois foi tirar sarro da minha cara.
Cole caminhou sorrindo até mim e quando chegou perto, ele pegou minha mão e levou sobre a barriga tanquinho dele, subindo para o peitoral perfeito. Sentir o corpo dele com a minha mão direita foi uma experiência inesquecível e totalmente calorosa que eu queria esquecer por completo, mas eu não conseguia por mais que tentasse.
- Gostou não é? Eu sei que você gosta muito de mim, Alana, mais do que demonstra – disse ele, ainda com minha mão sobre o peitoral dele. Foi então, que tirei minha mão dele e tentei me recompor.
- Claro que eu não gostei – menti, me virando de costas para ele.
- Claro que gostou! Eu vi como me olhava, não finja – disse ele, me abraçando por trás. Meu coração acelerou com o abraço que ele me deu, meu corpo se incendiou por dentro, comecei a sentir muito calor, e eu estava mais nervosa do que deveria.
Só de imaginar que por dentro daquela toalha azul, ele estava totalmente nu, já me dava calafrios.
- Me solta Cole! – gritei, o empurrando para longe de mim, foi quando me virei para frente e o vi totalmente nu, abaixado no chão, pegando sua toalha.
Eu nunca tinha visto um garoto nu, e o Cole foi o primeiro, não sabia descrever essa cena, foi chocante e incrivelmente belo, quer dizer, foi mais chocante do que belo, pois eu me assustei tanto com o que eu estava vendo, no entanto, eu estava olhando cada detalhe do corpo dele atentamente, ele não tinha se dado conta de que eu o estava vendo, foi quando ele levantou o olhar para mim e se assustou, se levantando sem a maldita toalha! Ele ficou sem reação, de pé, e de frente para mim, ainda nu.
– Cobre isso rápido, Cole! – gritei muito nervosa com a situação e então me virei novamente para trás.
- Já se vestiu? – perguntei, minha voz saiu falhando. Que mico!
- Sim, já coloquei uma bermuda, pode se virar – disse ele, com a voz mais tranquila do mundo, como se não tivesse acontecido nada. Virei-me envergonhada e o olhei, para minha surpresa, ele também estava envergonhado e nem conseguia me olhar direito.
O clima ficou estranho, pesado talvez. Ele foi o primeiro a quebrar o gelo.
- Bem, eu não queria que me visse nu desse jeito, não assim – disse ele, olhando dentro dos meus olhos, eu não estava acreditando que até em um momento como esse, ele brincava.
- Idiota. Eu nunca mais quero te ver nu de novo, está entendendo?
- Tem certeza? Você parecia estar bem atenta no meu... – dizia ele, até eu o cortar.
- Nem ouse completar essa frase Cole! Eu vou embora, não tenho mais cara para continuar aqui dentro do seu quarto com você – disse eu, pegando minha mochila.
- Tudo bem, Alana, nos vemos amanhã – disse ele sorrindo. SORRINDO! Ele devia fazer isso de propósito. Tudo para me irritar, não o respondi e saí do quarto dele apressada, ainda bem que a Maria não estava na sala, quando eu saí.
Diário da Cassie
(mãe da Alana)
2005 - 8 anos de idade.
Lembro-me de quando levei a Alana para sua aula de dança, quando no meio do caminho, ela viu o carrinho do picolé.
- Eu quero um picolé mamãe - disse ela.
- Agora não vai dar meu anjo, na hora da volta eu compro - falei.
E continuei a andar de mãos dadas com ela, até que minha amada filha, resolveu soltar a minha mão e parou de andar.
- Mas eu quero agora mamãe - ela insistiu.
- Agora não vai dar Alana. Estamos atrasadas para a sua aula de dança, agora para de drama e volte a andar - pedi com paciência.
- Eu não quero mais ir à aula de dança, quero o picolé - ela resolveu me desafiar pela primeira vez na vida, ela nunca tinha feito isso antes.
Caminhei até ela e peguei na mão dela com força. - Você não vai me desafiar, eu sou a sua mãe, e você é a minha filha, me deve respeito. Se eu digo não é não, para de fazer esse drama, não vai conseguir nada com isso, pelo o contrário, só a minha raiva. Onde já se viu? Que birra é essa? Se eu disse que vou comprar na volta, eu vou comprar e pronto. Mas com esse seu showzinho, você não merece picolé nenhum - disse, em um tom elevado, falei bem séria, para que ela entendesse que não podia falar daquela forma comigo.
Ela me olhou revoltada e bufou, mas não disse nada, a puxei e comecei a andar rápido, estávamos dois minutos atrasadas.
Quando chegamos, a turma já havia entrado na sala. - Chegou à menina mais linda que eu já vi nesse curso! - disse a secretária, a mesma que havia dito que Alana era bonita quando mais nova.
- Obrigada tia - respondeu Alana, sorrindo. Essa garota estava com mania de chamar todos os adultos de tios.
- Pode entrar amore.
Ela entrou sem se despedir de mim, suspirei e sentei. - Dia difícil? - perguntou ela.
- Alana é difícil - respondi e dei um sorriso fraco.
- Crianças são assim mesmo.
Crianças eram difíceis sim, mas a Alana era mais. Fiquei preocupada com o comportamento dela, ela foi mimada e mal educada, eu nunca pensei que um dia ela fosse fazer isso. Eu não a eduquei dessa forma, não mesmo. Será que o meu erro foi dar carinho de mais? Mimá-la de mais?
Enquanto sua aula acontecia, eu saí para resolver uns assuntos na rua, quando retornei, a aula havia terminado, e um monte de meninas estavam saindo da sala, Alana já tinha saído e estava de costas para mim, conversando com uma menina, que também fazia dança com ela.
Escutei o que estavam conversando. - Minha mãe disse que você deve ser adotada. - falou a menina.
- Eu não sou.
- Então por que você é tão diferente da sua mãe?
A menina não tinha me visto, nem fazia ideia de que eu estava atrás de Alana, ela estava tão entretida em colocar minhocas na cabeça da minha filha, que nem havia percebido a minha presença.
- Eu não sou diferente dela! Eu não sou adotada e ponto, sua mãe não sabe de nada! - gritou Alana, se exaltando.
Toquei no ombro da minha filha, a outra menina olhou assustada para mim, e saiu correndo.
Alana estava triste, era nítido em seu olhar. Peguei na mão dela e a levei até o carrinho do picolé mais próximo, assim que comprei um para ela, nos sentamos em um banco na praça.
Ela chupava seu picolé totalmente desanimada. - Está triste pelo o que aquela garotinha enxerida te falou? - perguntei.
- Eu sou mesmo adotada? - ela me perguntou, e eu senti uma dor no peito, como ela poderia duvidar? Eu era a sua mãe, e mesmo se não fosse, por que eu esconderia isso? Foi o que eu pensei naquele momento.
Mas ela era uma criança, e crianças acreditam em tudo... por isso, eu tinha que dar um desconto.
- Você não é adotada Alana. Eu engravidei e você veio de mim, tenho fotos enquanto eu estava grávida de você, você é a minha filha - quis acalmá-la.
Ela me olhou ainda desconfiada. - Então, por que a Luísa disse que eu era adotada?
- Porque a mãe da Luísa colocou minhocas na cabeça da filha, e a Luísa só repetiu o que a mãe disse. A mãe da Luísa só disse isso, porque acha que você não se parece comigo, e normalmente, quando um filho não se parece muito com os pais, as pessoas acham que são adotados - expliquei com calma.
- E por que eu não me pareço com você, mamãe? - ela perguntou. Alana era mesmo curiosa.
- Porque não são todos os filhos que puxam os seus pais, e você puxou traços da família do seu pai, e não a minha. Isso acontece, é mais normal do que imagina, ás vezes um filho pode se parecer muito com a mãe, outras vezes, muito com o pai, em outras, pode ser uma mistura dos dois, e tem quando puxam outros familiares mais distantes. Entendeu?
- Sim, entendi. A Luísa não deveria falar coisas que não sabe - disse ela, estava mais animada.
- Pois é. Eu concordo plenamente.
- Eu não quero mais fazer aulas de dança.
- Por qual motivo? - perguntei, sem entender. Alana adorava dançar, sempre ficava animada para ir às aulas.
- Não é a primeira vez que me dizem isso, tem outras meninas da minha sala que também ficam dizendo que sou adotada, elas também falam que eu não danço bem.
- Isso não é verdade, sua professora disse que você é a melhor aluna daquela turma, a que dança melhor - falei.
- Não me importo, eu não quero mais continuar fazendo as aulas.
Suspirei. - Eu posso te matricular em outro lugar então, já que você não se sente bem perto das meninas da sua turma.
- Não mamãe. Você não está entendendo, eu não quero fazer aulas de dança nunca mais. Não quero fazer aulas em nenhum outro lugar - disse ela com raiva.
- Mas você ama dançar.
- Mas dançar não me interessa mais, perdi o interesse no curso, e eu já aprendi um monte de coisas também.
- Mas se você continuasse poderia aprender bem mais - insisti.
- Mamãe, por favor, não me faça ter que voltar nessas aulas a força, eu não quero mais, se você me obrigar, eu vou pegar raiva da dança - ela falou, com a voz quase rouca.
Eu tinha certeza de que ela não queria fazer mais dança por causa daquelas meninas, mas eu não podia obrigá-la, se ela não queria mais, eu não podia fazer mais nada. E eu não queria de jeito nenhum que minha filha chegasse a odiar a dança, uma coisa que ela sempre gostou.
- Tudo bem filha, eu não vou te obrigar. Mas se algum dia você quiser voltar a fazer aulas de dança, me avise, eu pagaria com muito gosto.
- Obrigada mamãe. E desculpa por hoje mais cedo, eu não devia ter feito aquela birra por causa do picolé.
Sorri. - Fico feliz que tenha reconhecido o seu erro, eu te desculpo sim, eu te amo minha linda - disse, e a puxei para um abraço gostoso de mãe e filha.
- Eu também te amo mamãe, pra sempre - respondeu ela, com uma gargalhada contagiosa.
Cada vez que ela declarava o seu amor por mim, meu coração se derretia.
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