Capítulo Vinte e Um

Scott Prescott:

Beijar o Zack foi muito mais singular do que eu antecipava. Comento isso porque imaginei que seria algo mais intenso, talvez até selvagem, para combinar com o fato de ele ser um lobisomem. No entanto, descobri que a suavidade desse momento era extraordinariamente especial. Seus lábios eram gentis, mas transmitiam uma intensidade emocional que ecoava além do físico. Foi como desvendar camadas de complexidade e descobrir uma conexão que ultrapassava as expectativas convencionais.

Enquanto nos afastávamos, percebi um brilho nos olhos de Zack, uma expressão que revelava a profundidade de seus sentimentos. A atmosfera do quarto parecia carregada de uma nova compreensão, uma conexão que transcenderia as fronteiras entre a humanidade e a natureza selvagem.

Isso me fez sorrir na sua direção. Entre todos que já namorei, ele parecia o mais centrado, com uma maturidade que condiz com a idade dele. Meu gesto provocou uma expressão surpresa em seu rosto rosado.

— Isso foi.... — Ele começou, mas parou querendo pensar e com um olhar cheio de compreensão de como descrever essa cena.

Soltei uma risada ao perceber o quão fofo ele era e acabei fazendo carinho em sua cabeça. Ele se virou para mim com os olhos brilhantes, revelando uma expressão encantadora.

— Acho que precisamos redefinir algumas ideias, não é? Que tal a gente se beijar para me ajudar a encontrar a palavra certa? — Ele acrescentou com um sorriso brincalhão, e eu assenti, percebendo que cada passo dessa jornada entre nós seria uma descoberta, uma oportunidade para romper com expectativas e abraçar o que verdadeiramente éramos. O futuro se desdobrava diante de nós, cheio de possibilidades, e estávamos prontos para explorá-lo juntos.

Inclinamo-nos um para o outro, nossos lábios se encontraram em um beijo suave e promissor. Naquele momento, ficou claro que as palavras eram desnecessárias, pois encontramos uma linguagem própria que falava dos nossos sentimentos e da jornada que se estendia diante de nós. O futuro se tornou uma tela em branco, esperando para ser pintada com as cores vibrantes de nossa história compartilhada.

À medida que nossos lábios se tocavam, uma sensação de ternura e promessa envolveu o momento. O beijo, inicialmente brincalhão, tornou-se mais profundo, como se estivéssemos explorando não apenas nossos sentimentos, mas também as possibilidades de um romance que se desenhava em cada olhar trocado.

Quando nos separamos, nossos olhos ainda mantinham a chama do entendimento mútuo. O quarto estava carregado de uma atmosfera íntima, como se tivéssemos transcendido para um espaço onde apenas nós existíamos.

— Acho que encontramos a palavra certa... — sussurrou Scott, olhando-me com um brilho apaixonado nos olhos.

— Qual é? — perguntei, curioso para ouvir sua resposta.

Ele sorriu e, sem dizer uma palavra, aproximou-se novamente para um segundo beijo. Desta vez, foi como se estivéssemos selando uma promessa, comprometendo-nos a explorar cada capítulo do nosso romance recém-descoberto. O calor daquele momento nos envolveu, e eu sabia que a jornada que tínhamos pela frente seria repleta de amor, surpresas e alegrias compartilhadas. O futuro, agora, parecia ainda mais emocionante e promissor do que antes.

O gatinho, percebendo a mudança de atmosfera, pulou para longe e encontrou um cantinho confortável na sua própria cama. Deixei-o ali, respeitando seu desejo de um momento mais tranquilo.

Aproveitei a proximidade de Zack, sentindo o calor reconfortante que emanava dele. Nossos olhares se encontraram novamente, e um sorriso cúmplice surgiu entre nós. Em meio à calma e à intimidade do momento, percebemos que a jornada que começáramos estava apenas no início, mas estávamos prontos para explorar cada passo juntos.

No silêncio suave do quarto, com a presença serena do gato e a ternura compartilhada, abraçamos a promessa de um futuro cheio de amor, compreensão e aventuras a dois. E ali, entre suspiros e sorrisos, mergulhamos nas delícias do romance que florescia entre nós.

Passei toda a tarde ao lado de Zack, enviando uma mensagem para Levi da cafeteria, explicando que não estava me sentindo muito bem. E era verdade. Queria dar um tempo nas coisas, pelo menos por enquanto, preservando um pouco de tranquilidade neste intervalo. Quando avistei a lua cheia, decidi voltar para o meu quarto. Me despedi de Zack, e o gatinho acordou, olhando-me como se aguardasse a próxima ordem. Ainda não tinha certeza do que fazer com ele ou por que ele me encarava daquela maneira, como se estivesse à espera de instruções futuras.

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Naquela noite, experimentei um sonho extraordinariamente vívido. Tudo começou com as lembranças que guardava de momentos preciosos com minha mãe antes de sua partida.

Antes, eu considerava as lembranças como algo a ser deixado para trás, como bolsões de tempo congelados que poderiam ser revisitados apenas por seu valor sentimental, mais uma indulgência do que uma necessidade. Na última lembrança, tudo congelou e me vi caindo na escuridão. Bati contra o chão sólido e, ao me erguer, deparei-me diante de uma porta vermelha e brilhante como sangue. O que mais me assombrou foi que o portal parecia respirar contra si mesma, emanando uma aura de ódio palpável.

Permaneci ali, diante da porta pulsante, sentindo uma energia sinistra emanar dela. Cada respiração do portal parecia ecoar como um sussurro, criando arrepios na minha espinha. A atmosfera estava impregnada de uma presença sombria, como se a própria porta fosse um portal para um reino desconhecido e repleto de mistérios.

Ao tocar a maçaneta fria e brilhante, hesitei por um momento, mas uma força magnética parecia me puxar para dentro. Abri a porta, e uma escuridão profunda se estendeu diante de mim.

Ao adentrar, fui envolvido por sombras que pareciam ter vida própria. A passagem se estendia por corredores entrelaçados, onde murmúrios indistintos sussurravam segredos desconhecidos. Caminhei cautelosamente, guiado pela curiosidade e ao mesmo tempo envolto pela sensação de que algo observava cada passo meu.

Então, no final do corredor sombrio, uma figura indistinta se destacou. Uma presença enigmática, cujos olhos brilhavam com uma intensidade desconhecida. E, ao me aproximar, a figura sussurrou palavras enigmáticas, revelando que eu havia cruzado um limiar para um domínio onde o passado, o presente e o futuro se entrelaçavam em uma dança misteriosa.

A porta, agora, permanecia fechada atrás de mim, como se tivesse cumprido seu papel na abertura desse estranho caminho. E eu, em meio a sombras e segredos, estava destinado a descobrir os mistérios que se desdobrariam diante de mim nesse reino desconhecido.

Então, senti meu corpo pesar novamente, e me vi afundando, precipitando-me mais uma vez para o desconhecido das sombras.Imagens de corpos despedaçados e pessoas suplicando por misericórdia invadiram minha mente. No meio desse caos, destoava um homem que se deleitava com toda a carnificina, como se aquilo fosse um espetáculo especialmente para seu prazer mórbido. A visão era perturbadora, um espetáculo grotesco de crueldade. O homem, envolto em uma aura de satisfação doentia, observava impassível enquanto outros sofriam. Seus olhos faiscavam com uma perversidade insaciável, e sua risada ecoava como um sinistro eco pelas sombras.

Tentei afastar-me daquela cena aterrorizante, mas as sombras pareciam se fechar ao meu redor, aprisionando-me em meio àquela visão distorcida. Cada grito de agonia ressoava em meus ouvidos, como se o próprio ambiente estivesse impregnado de sofrimento.

Fui testemunha de horrores indescritíveis, preso em uma espiral de angústia e desespero. No entanto, mesmo imerso nesse pesadelo, uma chama de resistência ardeu dentro de mim. Uma determinação silenciosa que clamava por luz em meio à escuridão.

No turbilhão das sombras, busquei encontrar uma saída, um caminho para escapar dessa visão aterradora. Ainda que o homem cruel continuasse a se regozijar com o caos, eu estava decidido a resistir, a encontrar uma brecha para romper as correntes que aprisionavam minha mente nesse pesadelo sinistro.

Então, de repente, a atmosfera mudou drasticamente. O homem, que outrora se deleitava com a dor alheia, viu-se cercado por submundanos, lobos, vampiros, feiticeiros, bruxas e várias outras espécies. Um tumulto de forças sobrenaturais convergiu sobre ele, avançando implacavelmente. Titasas e muitas outras criaturas caíam enquanto avançavam, uma coalizão improvável unida por um propósito comum.

O homem, agora encurralado, viu seu reinado de terror desmoronar diante da fúria coletiva. O som de seus gritos desesperados ecoava pelas sombras, mesclando-se com o rugido de lobos, os sussurros de feiticeiros e a selvageria dos vampiros. A batalha nas sombras era intensa, uma dança caótica de destinos entrelaçados.

Finalmente, o homem cruel caiu, vencido pela justiça que ele tentara ignorar por tanto tempo. A visão da derrota dele marcou o fim daquela terrível visão, e gradualmente fui retirado desse pesadelo sombrio.

Então, as imagens de tempos de paz se desdobraram diante de mim. Contudo, quando percebi, do chão do mundo dos sonhos, uma mão emergiu e a risada do homem ressurgiu. Senti um aperto na garganta, como se algo tentasse sufocar-me com toda aquela perturbação.

A mão que emergiu do chão parecia pertencer à própria escuridão, como se buscasse arrastar-me de volta para o pesadelo que pensei ter superado. A risada do homem, penetrante e sinistra, ecoava ao meu redor, enchendo o ar de uma presença maligna.

Minha garganta apertava-se cada vez mais, como se as sombras quisessem calar não apenas minha voz, mas também minha vontade. Lutei contra a sensação de sufocamento, buscando desesperadamente uma maneira de escapar da influência sombria que tentava me envolver.

Foi então que, contra todas as probabilidades, a luz começou a brilhar. Uma luminosidade suave, inicialmente fraca, mas crescente. Era como se a esperança estivesse rompendo as sombras, desafiando a escuridão que tentava prevalecer.

Com um esforço final, afastei-me da mão sombria, da risada enlouquecedora. A luz intensificou-se, envolvendo-me completamente. O ambiente sombrio começou a desaparecer, dissipando-se como névoa ao sol da manhã.

Então, lentamente, abri os olhos na realidade, sentindo-me aliviado por ter escapado daquela visão angustiante. No entanto, o eco da risada e a sensação de sufocamento persistiam, deixando-me com uma inquietante sensação de que as sombras ainda estavam presentes, aguardando o momento certo para retornar.

Era isso que Melanie sempre via em todos esses anos, até a época de seu pacto? As visões eu sabia eram o passado do submundo, então o presente e, por último... o futuro.

Percebi que havia me transformado em minha forma de lobo, rasgado minhas cobertas e edredom. O gatinho me olhou com uma expressão simples, então ele brilhou, e senti uma calma reconfortante me envolver. Voltei a dormir, mergulhando novamente na tranquilidade do sono.

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Gostaram?

Até a próxima 😘

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