Capítulo Vinte e Três

Zack Whitlock:

O treinamento de Scott estava indo muito bem até que, de repente, ocorreu uma explosão e ele desabou no chão. Corri em sua direção o mais rápido que pude, enquanto Levi pegava o pequeno gatinho nos braços, que começou a se debater para escapar. Meu maior choque foi perceber que a explosão atingiria Scott em cheio, mas, surpreendentemente, o gatinho o protegeu a tempo.

Nesse momento, dois titãs surgiram no meu campo de visão, aumentando minha irritação. Estava prestes a deixar meu amado ao lado do irmão e enfrentar aqueles dois inimigos quando, de repente, eles avançaram. Estava pronto para o ataque quando Lidia, com sua espada em mãos, entrou na minha frente e avançou corajosamente contra os adversários.

As espadas dos titãs cortavam o ar com uma velocidade assombrosa, seus movimentos formavam uma coreografia letal, desviando-se dos golpes inimigos e respondendo com ataques precisos.

A cada choque de lâminas, faíscas crepitavam, iluminando brevemente a cena de combate. Os titãs, imponentes em sua estatura, tentavam utilizar sua força bruta, mas a astúcia e agilidade de Lídia eram suas principais aliadas, e ela atacava como uma verdadeira mestra das artes marciais.

O pequeno gatinho, que antes brincava ao nosso redor, permanecia atento à luta, sua pelagem brilhando ocasionalmente com lampejos mágicos. A atmosfera pulsava com a intensidade da batalha, como se a magia e a força física estivessem em um duelo constante, entrelaçando-se de maneira única.

Os sons metálicos das espadas se entrelaçando ecoavam no espaço, criando uma sinfonia de conflito. Cada golpe, cada esquiva, representava um teste de habilidade e resistência. Enquanto a luta se desenrolava, a incerteza pairava no ar, revelando que o desfecho da batalha ainda estava por ser decidido. o chão tremia com os impactos deles.

— Tem algo muito estranho acontecendo — Scott disse, e eu percebi que sua mão estava brilhando antes de ele pegar algo no ar. — Isso é magia.

— Claro que é — Levi afirmou.—  Estamos em outra dimensão que a nossa avó acabou de dizer que é lotada de magia.

— Não é o tipo de magia que eu e nossa avó costumamos usar — Scott respondeu, notando que seus olhos, ainda se recuperando da explosão, estavam focados em algo. — A energia mágica está fluindo pelo campo como uma corrente invisível, quase elétrica.

Antes que ele pudesse responder, algo foi arremessado sobre nossas cabeças, e me transformei rasgando minhas roupas, avançando contra o que quer que estivesse vindo em nossa direção. Percebi que se tratava de um monstro, seu corpo retorcido era uma mistura perturbadora de carne pútrida e escamas enegrecidas, como se tivesse emergido de um pesadelo sórdido. Seus olhos, brilhando com uma intensidade demoníaca, emitiam um fulgor vermelho que parecia perfurar a alma de qualquer pessoa corajosa o suficiente para encará-los.

As garras afiadas do monstro, curvadas como lâminas sombrias, estavam cobertas por uma substância viscosa e repugnante. Uma boca repleta de presas desiguais se abria para revelar uma língua bifurcada que sibilava ameaçadoramente. Seu rosto deformado era uma amalgama de características animais distorcidas, como se tivesse absorvido a essência de todas as criaturas horríveis.

A pele do monstro pulsava com uma energia maligna, e uma aura sombria o envolvia como um manto, emanando um cheiro fétido de decadência e desespero. Cada passo do monstro fazia o solo tremer, ecoando um som gutural que ressoava como um lamento das profundezas do inferno.

Este ser aberrante parecia uma manifestação viva de todos os medos mais sombrios da humanidade, uma entidade que desafiava a compreensão e desencadeava uma sensação de pavor visceral naqueles que tinham o infortúnio de encontrá-lo.

Avancei, mordendo sua pele e cortando seu corpo grotesco com determinação, buscando enfrentar a ameaça iminente.

À medida que avançava, senti a resistência da pele repugnante do monstro sob meus dentes. Cada mordida era seguida por um gosto amargo e nauseante, mas eu estava decidido a enfraquecer a criatura da melhor maneira possível. Enquanto isso, minhas lâminas cortavam através da carne distorcida do monstro, causando feridas profundas que exalavam um odor ainda mais intenso de decadência.

O monstro, por sua vez, reagia com grunhidos guturais e movimentos selvagens. Suas garras buscavam me atingir, mas eu me esquivava habilmente, aproveitando minha agilidade para evitar os ataques do abominável ser. Levi e Scott, percebendo a ameaça, juntaram-se à batalha, cada um usando suas habilidades únicas para enfrentar o monstro deformado.

Enquanto a luta se desenrolava, a energia mágica que Scott havia mencionado anteriormente tornou-se mais evidente. O monstro parecia ser uma manifestação de magia corrompida, alimentando-se da escuridão e da desordem ao seu redor. A batalha tornou-se uma dança caótica de habilidade e magia, onde cada movimento podia determinar o destino dos combatentes.

Lídia, aproveitando sua destreza com a espada, desferia golpes precisos nas partes mais vulneráveis do monstro, enquanto Scott canalizava sua magia para enfraquecer a criatura por dentro. Levi, por sua vez, utilizava sua força física para manter o monstro contido, impedindo-o de se mover livremente.

A atmosfera estava carregada de tensão, e o cheiro de batalha misturado com o odor fétido do monstro criava uma cena surreal. À medida que nossos esforços combinados começavam a surtir efeito, a criatura aberrante parecia enfraquecer, suas investidas tornando-se mais descoordenadas.

No entanto, o desfecho da batalha ainda permanecia incerto, pois o monstro, mesmo ferido, continuava a lutar com uma determinação assustadora. Cada momento daquele confronto desafiava nossos limites e colocava à prova nossa coragem diante de uma ameaça sobrenatural.

— Scott, o que está fazendo?! — Ouvi a pergunta de Levi enquanto me virava para ver o monstro. Antes que pudesse reagir, a criatura aproveitou a oportunidade e desferiu um golpe poderoso na minha lateral, fazendo-me gemer de dor. Mesmo assim, recuperei-me rapidamente e retaliei, atacando novamente com determinação.

Lídia continuava a desferir golpes precisos, visando as áreas mais vulneráveis da aberração, tentando enfraquecê-la ainda mais.

A batalha atingiu um ponto crítico, com cada movimento sendo crucial para a nossa sobrevivência. O monstro, enfraquecido pelos nossos ataques combinados, mostrava sinais de exaustão, mas sua ferocidade persistia. Cada golpe que desferíamos era respondido com uma resistência feroz, como se a criatura estivesse disposta a lutar até o último suspiro.

Apesar da dor persistente em minha lateral, continuei a atacar, determinado a derrotar aquela ameaça sobrenatural. A magia de Scott criava uma barreira protetora, enquanto as habilidades únicas de cada membro do grupo contribuíam para a estratégia de enfraquecimento do monstro.

Então, um brilho intenso iluminou o lugar, envolvendo o monstro em uma aura resplandecente. O ser distorcido parou abruptamente, começando a tremer loucamente, como se estivesse sendo consumido por uma força além de sua compreensão. Gradualmente, desfez-se diante de nossos olhos, transformando-se em uma poça de lodo negro e fétido.

Percebemos que o mesmo fenômeno estava ocorrendo com os titãs que Lidia enfrentava. O brilho mágico, que emanava de uma fonte até então desconhecida, agia como um purificador, dissipando a presença malévola que os monstruosos seres carregavam consigo. Um a um, os titãs foram subjugados pela luz e desintegraram-se em poças semelhantes, deixando para trás apenas o eco da batalha que havia se desenrolado.

O local, que antes estava imerso em caos e escuridão, começou a se acalmar à medida que a luz mágica se dissipava. Olhamos ao redor, ainda perplexos, tentando entender a natureza do evento que acabara de ocorrer. Scott, com a mão ainda emitindo um brilho suave, parecia tão surpreso quanto nós.

Ficamos ali, em meio aos vestígios da batalha, contemplando o resultado inesperado. A sensação de alívio se misturava à perplexidade diante do poder mágico que havia intervindo para pôr fim à ameaça dos titãs e do monstruoso ser. Restava-nos agora buscar respostas para entender a origem desse fenômeno e o que ele significava para o nosso mundo.

Scott acenou para mim e reparei que ele estava segurando alguns fios brilhantes, me aproximei.

— Usei magia contra magia — Scott respondeu com um sorriso triunfante. — Percebi que havia uma magia diferente neste lugar e notei que ela deixou uma brecha para ser destruída.

Lídia se aproximou com um sorriso orgulhoso na direção do neto. Seus olhos expressavam uma combinação de alegria e aprovação diante da sagacidade de Scott em identificar a vulnerabilidade na magia que permeava a ameaça.

Enquanto observávamos o sorriso compartilhado entre avó e neto, a compreensão de que a batalha havia sido vencida não apenas pela força bruta, mas pela astúcia e entendimento da magia, fortalecia nosso senso de união e determinação. Ainda havia mistérios a desvendar, mas, por ora, podíamos celebrar a vitória e a habilidade conjunta de nossa equipe em enfrentar adversidades sobrenaturais.

O lugar, antes envolto em trevas, começava a se transformar à medida que a luz mágica se dissipava completamente, revelando detalhes antes ocultos pela escuridão. Restava agora explorar as implicações dessa experiência mágica e traçar os próximos passos em nosso caminho, cientes de que a magia podia ser tanto um desafio quanto uma ferramenta poderosa quando compreendida e utilizada com sabedoria.

— Pelo visto, é magia de marionete e uma mistura com necromancia — Lídia disse calmamente. — Bom, sei muito bem quem deve ter sido.

— Mas por que deixou uma brecha? — Levi perguntou.

— Para ajudar e mostrar o que o inimigo pode fazer — Lídia disse a contragosto. — Eles descobriram pelo espião o que estava acontecendo aqui e queriam ver e usaram uma bruxa com esse tipo de magia para atacar.

— Precisamos agir rápido antes que o inimigo se reorganize e planeje outro ataque — Scott sugeriu, recuperando-se lentamente da intensidade da batalha.

Concordamos com a urgência da situação e começamos a traçar estratégias para nos prepararmos para um confronto iminente. Lídia, apesar da contrariedade, compartilhou seu conhecimento sobre a possível fonte dessa magia sinistra, enquanto Levi e Scott ofereceram suas habilidades únicas para fortalecer nossas defesas.

Decidimos unir forças e confrontar o inimigo de frente, impedindo que seus planos maquiavélicos se concretizassem. Ainda envoltos na aura mágica que dissipara as ameaças, partimos em busca do próximo desafio, cientes de que o verdadeiro teste estava apenas começando.

Assim, enquanto o lodo negro das criaturas derrotadas se dissipava ao vento, estávamos determinados a enfrentar as sombras que espreitavam em nosso horizonte, prontos para proteger nosso mundo da malevolência que ameaçava consumi-lo.

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Gostaram?

Até a próxima 😘

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