Capítulo Vinte e Sete
Zack Whitlock:
Com as garras expostas, avancei velozmente na direção de Lídia, cuja postura defensiva era evidenciada pela espada erguida. A tensão no ar era palpável, e no momento crucial, ela desferiu um golpe preciso, quase cortando minha lateral enquanto eu investia implacavelmente. O som metálico do contato ecoou no espaço, adicionando uma nota tensa à dança frenética entre ataque e defesa.
— Sua velocidade é boa! — Lídia falou, limpando o sangue do arranhão no braço, resultado das minhas garras. — Mas não o suficiente para me derrubar.
Rosnei, já que estou na minha forma de lobo, o que a fez rir ainda mais. Lídia posicionou sua espada para o ataque.
— Pode vir, lobinho — Lídia falou, e sua espada brilhou, transformando-se em uma lança. — Ao ataque!
Corri para atacá-la e pulei no ar, prestes a cortar seu rosto. A lança veio em minha direção, e joguei meu peso para a esquerda, mas Lídia conseguiu me atingir na pata traseira.
— Só isso! — Lídia falou. — Mostre toda a sua força de lobo Alfa!
Com a dor latejando na pata traseira, ergui-me rapidamente, respondendo ao desafio de Lídia. Meus olhos brilharam com intensidade, e liberei um uivo profundo, invocando a força de um lobo alfa. Minha pelagem se arrepiou, e uma aura poderosa envolveu meu corpo.
A investida seguinte foi impetuosa, atacando com ferocidade renovada. Garras afiadas cortavam o ar enquanto buscava revidar com vigor. A dança entre nós ganhava intensidade, uma batalha de forças selvagens e habilidades afiadas.
No calor da batalha, minha determinação se misturava com a ferocidade instintiva de um lobo alfa. Ignorando a dor na pata traseira, investi novamente, desta vez mais ágil e poderoso. Trocamos golpes rápidos e precisos, uma dança selvagem que desafiava os limites da resistência.
Lídia respondia com agilidade, sua lança transformando-se em uma extensão de sua vontade. Mesmo ferida, ela demonstrava destreza e astúcia, tornando a batalha uma verdadeira prova de habilidade.
A tensão no ar era palpável, e cada movimento era calculado. Eu buscava provar a força do lobo alfa, enquanto Lídia defendia com a coragem de quem enfrenta o desafio de frente. A batalha continuava, intensa e imprevisível, em meio aos rosnados e sons metálicos que ecoavam no espaço.
— Está sendo uma grande fracote — Lídia debochou.
Rosnei, mas antes que eu pudesse desferir outro ataque, a porta da sala de treinamento se abriu com tudo, e Gabriel passou com uma expressão de ódio na face.
— O que aconteceu? — Lídia perguntou ao filho.
— Venham os dois para a sala, e conto a vocês. Mas antes, tragam o meu porão de volta — Gabriel falou. — E vistam uma roupa, garoto.
Ele saiu, e Lídia foi atrás. Fui em direção ao canto onde coloquei minhas roupas, voltei à forma humana, e assim que vesti as roupas, saí da sala de treinamento, que se desfez com um brilho roxo, retornando a um porão mundano complementarmente comum e bastante sem-graça.
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Segui pelo corredor até a sala, onde Lídia já estava com a mesma expressão do filho, Jacob estava aflito, e Rol não sabia se ficava aflito ou se revoltava. Num canto afastado estavam dois homens e um bebê.
— Me digam o que aconteceu — pedi.
— O Scott foi sequestrado — Lídia falou de uma vez.
Ao ouvir essa palavra, senti-me prestes a atacar alguém. Rosnei e, acho que, liberei meus feromônios de alfa. Um dos homens se encolheu, e o outro homem o protegeu ficando à frente.
— Quem ousou fazer isso? — perguntou, e rosnei com as garras se alongando. — Vou matá-los.
— Eu ouvi vozes na minha cabeça, mas não estou ficando louco nem nada do tipo — Rol disse. — Um homem e uma mulher, falando que iriam levá-lo ao líder deles!
— Quem é o líder? — perguntei.
— Rol falou que eles sabiam que o Scott é o seu predestinado — Lídia informou. — Então o espião deve ter descoberto a agenda do Scott e ficou vários dias espiando até ver o momento em que o mesmo estaria sozinho, e deu o bote. Não só esperando tudo acabar em segundos.
— Então, por causa de que fiquei treinando por esses dias, eles aproveitaram para capturá-lo. — Falei e quis me socar por ter treinado nesses dias, só para não perder o costume e além de deixar Scott sozinho o tempo todo, sendo que quase estávamos sendo atacados por vários monstros ao passar dos dias. — Então, eles vão atacar a Alcateia e vão usar o Scott para me fazer ir contra a Alcateia.
— Vamos conseguir o Scott de volta — Lídia falou. — Tenho um plano, mas também seus pais me mandaram um papel assim que cheguei aqui na sala.
Lídia ergueu o papel, e levantei do sofá pegando a carta de sua mão. Não consegui acreditar no que li.
Ao ler a carta, meu coração pareceu congelar. As palavras impressas eram uma traição dolorosa, uma revelação que me atingiu como um soco no estômago. A traição não vinha apenas de tudo isso que estava acontecendo, mas de alguém próximo, alguém em quem confiávamos.
A sensação de traição escorria por minhas veias, misturada com raiva e incredulidade. Me sentia como se tivesse sido esfaqueado nas costas, uma ferida emocional profunda que ameaçava romper a confiança que ele depositara. O peso da situação parecia esmagador, me deixando em um estado de choque diante da revelação devastadora.
— Eloisa, é a espiã — falei e lembrei do que ouvi na faculdade.
Quanto maior a confiança em alguém, maior será a sua traição!
— Como ela pode ter traído a Alcateia que cuidou dela a vida toda — falei, cheio de ódio. — Ela vai sofrer a pena máxima, que é a morte! Mais antes, irei falar com ela.
— Enquanto isso, vou ver como está, vamos resgatar o Scott — Lídia falou. — Gabriel, antes de discutir, cuide do seu marido grávido. Confie em mim, irei trazer meu neto de volta.
Gabriel não falou nada, só abraçou Jacob, que choramingava.
— Irei avisar o Levi e o Spike, e infelizmente os irmãos So—Jeff também, para ver se eles podem ajudar — Rol falou e assenti. — Traga o meu amigo de volta.
Assenti, e a mão de Lídia brilhou na minha direção. Tudo ao meu redor desapareceu, e ao invés do interior da casa dos Prescott, estava na entrada da Alcateia.
Bem na entrada, fui correndo até o local onde os prisioneiros ficam, e vi que todos já sabiam da traição. Também estavam surpresos com o meu retorno.
Assim que cheguei na entrada da prisão, meu pai Sao estava ali com lágrimas nos olhos. Eloisa era como uma filha para ele.
— Pai, como você está? — perguntei, e meu pai nada disse, só apontou com a cabeça para uma cela no final do corredor.
— Seu pai está lá dentro com a Eloísa — Pai Sao falou. — Vá até lá, sei que quer saber disso tudo.
Ao entrar no local onde os prisioneiros estavam, a atmosfera pesada se tornou quase tangível. Os olhares de todos convergiram para mim, misturando-se com murmúrios abafados. Cada passo em direção às grades era acompanhado por uma dor que se intensificava dentro de mim.
Fui andando até a cela e meu pai Ridard estava ali com os braços cruzados, olhando para a pessoa que estava dentro da cela.
Fiquei ao lado dele e Eloisa levantou a cabeça no mesmo instante. Ao me lembrar de quando encontrar os olhos de Eloisa, a traidora, uma onda de sentimentos conflitantes se chocou em meu peito. A dor da traição, a raiva contida, a incredulidade diante daqueles olhos que já considerara confiáveis. Cada palavra proferida por ela reverberava como uma faca afiada, cortando profundamente a confiança que outrora existira.
A dor era palpável, como se meu coração estivesse sendo dilacerado em pedaços. A lealdade que compartilhamos na Alcateia agora se despedaçava, deixando para trás um vazio repleto de desconfiança e mágoa. Cada batida do coração ecoava a tristeza profunda que ameaçava me engolir.
— Olá, Zack — Eloisa falou. — Como estava com o Scott? Esqueça minha pergunta, ele foi sequestrado. Às vezes, me admiro que seus pais me contaram logo após você ter ido embora. — Ela disse calmamente.
— Por que fez isso? — Perguntei, sentindo a boca secar. — Por que trair a todos nós? Éramos sua família, você era minha irmã e melhor amiga.
— Será porque estou cansada dessa maneira que me tratam — Eloisa disse. — Não venha dizer que todos me respeitam. Sou a única beta nesse lugar; todos só fingem me respeitar porque fui criada pelos líderes. Dizem que fui como sua irmã, mas isso não significou nada para ninguém. Mas sabe o que me levou a isso? Vingança por Ridard ter matado meus pais, por ter ido contra ele querendo viver com os mundanos e cuidar de uma criança humana. Eu vi quando ele matou meus pais.
Olhei para o meu pai, que estava irritado.
— Ele é tão hipócrita que nem percebeu que o marido dele é um mestiço de lobo lúpus com uma caçadora — Eloisa falou com um tom carregado de desprezo. — É bem fácil fazer aquele idiota se abrir com as pessoas e contar toda a verdade de uma vez. Você é um péssimo marido, Ridard, fez com que ele escondesse durante anos a verdade sobre o mesmo e tudo.
Senti cheiro de sangue e vi que meu pai rasgou os braços dele com as unhas que cresceram.
— Não aguenta a verdade, essa sua ignorância que destruirá a Alcateia — Eloisa falou. — Por que não conta o que te aconteceu, o que fez com que você odiasse os mundanos. Encontrei o seu diário.
Ela riu quando meu pai rosnou.
— Que diário? — Perguntei.
— Sabe por que seu pai odeia os mundanos? Ele se apaixonou por um mundano e desenvolveu um romance com ele, entregando-se completamente ao mundano, quase como um cachorrinho com o rabinho entre as pernas — Eloisa disse e riu, divertida com a situação. — Mas conheceu seu pai Sao, que era o seu verdadeiro predestinado.
— Não ouse! — Meu pai rosnou, ameaçando abrir a cela, mas isso não abalou Eloisa em nenhum momento.
— Zack, sabe o que acontece quando matamos um predestinado? — Eloisa perguntou. — Se usar o feitiço certo, consegue se livrar da dor que sentiria. Seu pai, Ridard, planejou isso com o mundano que amava. E daí veio a batalha contra os caçadores que atacaram a Alcateia, matando milhões de lobos, junto com o líder anterior ao seu pai. O engraçado é que seu pai foi enganado direitinho pelo humano, acabou fazendo com que milhões perdessem a vida por seu egoísmo e ainda enganou o predestinado dele por anos. Mas eu descobri quando a alcatéia Wolflord me estendeu a chance de me vingar por tudo. — Sorriu amplamente. — Seu egoísmo e hipocrisia será o fim de tudo.
Olhei para o meu pai, que abaixou a cabeça, mas rosnava, suas garras cresceram, e o mesmo avançou contra Eloisa.
— Aceite, Ridard, você foi enganado por um simples mundano e isso fere seu preciso ego orgulhoso a cada dia que se lembra disso tudo e isso me alegra profundamente — Eloisa continuou e saiu da cela. — Isso destinou esta Alcateia ao seu fim, me lamento por não ver isso no final.
Eloisa riu como uma maníaca, depois sua risada desapareceu, e soube que meu pai, Ridard, a havia calado de uma vez por todas.
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Gostaram?
Até a próxima 😘
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