Capítulo Trinta e Quatro

Scott Prescott:

Olhei em descrença para a cena à minha frente, com André flutuando no ar, e minha avó achando a coisa mais adorável do mundo.

Meu pai, Jacob, estava olhando com calma, como se fosse algo bem comum. Até meu irmão estava do mesmo jeito.

Só havia ido ver como estavam as coisas com Zack, mesmo que tivesse que ver o seu marido, ou seja lá o que ambos são neste momento.

— Gente, ele vai acabar caindo — falei.

— Eu sei o que estou fazendo; seu pai adorava fazer esse tipo de brincadeira — minha avó disse. — Quem deixava ele cair era o seu avô; aquele homem era muito estabanado.

Isso não me acalmou um segundo sequer, ainda mais quando André quase estava batendo a cabeça no teto. A tensão no ar era palpável, e eu mal conseguia conter a minha preocupação.

— André, cuidado! — gritei, incapaz de manter a calma.

No entanto, antes que pudesse acontecer algo desastroso, André começou a descer suavemente, como se estivesse controlando sua descida. Suspirei aliviado, enquanto minha avó soltava uma risadinha, mostrando mais uma vez sua confiança na habilidade de André.

— Viu só? Não precisa se preocupar, querido. Ele leva jeito para essas coisas — comentou minha avó, com um sorriso de satisfação. — É melhor que o seu pai, esse garoto se quiser posso ensinar tudo que eu sei.

Enquanto todos ao redor continuavam a agir como se nada extraordinário tivesse acontecido, eu ainda tentava assimilar a ideia de que, aparentemente, voar era uma habilidade que fazia parte do cotidiano da minha família nos últimos tempos, mas chega ser um pouco loucura como minha avó estava agindo como se nada fosse impossível por ela ser quem ela é.

— Eu quero aprender — Andre disse e abraçou minha avó com força. — Quero ser um guerreiro.

O pedido repentino de André ecoou na sala, quebrando a tensão anterior. Ele se aproximou da minha avó e a abraçou com força, expressando um misto de entusiasmo e alegria. Todos ao redor sorriram diante da cena, enquanto minha avó acariciava carinhosamente os cabelos de André.

— Ah, meu querido, não sei se é algo que se aprende assim tão facilmente. posso ensinar o que eu sei, mas a magia de titã será um pouco impossível, mas quem sabe... — ela respondeu, sorrindo, mas com um brilho travesso nos olhos.

Meu pai, Jacob, que até então observava a situação com sua habitual calma, soltou uma risada discreta. Até meu irmão, que normalmente mantinha uma postura mais séria, pareceu interessado na ideia de André aprender magia de titã de alguma maneira.

Esse é o mesmo rapaz que surtou semanas atrás quando descobriu que era o predestinado de um draco, mas posso dizer que nesse instante Levi está abraçando tudo de braços abertos até demais.

— Você tem coragem, André. Pode ser que seja até uma pessoa formidável se deixar a Lídia treinar você — brincou meu irmão, fazendo reverência logo em seguida. — Saudamos o guerreiro André.

André, ainda abraçado à minha avó, olhou para mim com um sorriso determinado. Parecia decidido a tentar, mesmo que todos soubessem que a habilidade de um guerreiro não era algo que se ensinasse como uma matéria comum para uma criança, principalmente quando essa criança era um lobo e quisesses treinar com titãs, e ainda mais com a rainha dos titãs.

Meu pai, Gabriel, disse que os treinamentos são intensos demais, e isso me deixou apavorado só de ouvir as histórias de quando Lídia o treinava ao longo dos anos antes dele fugir. Ele compartilhou experiências que ecoavam como lendas, pintando um retrato vívido dos desafios que enfrentou sob o comando de Lídia. Cada história era repleta de intensidade, como se as palavras de meu pai trouxessem à vida os dias em que ele se submeteu aos treinamentos rigorosos da rainha.

Ao escutar esses relatos, uma sensação de apreensão se instalou em mim. Imaginar a dureza dos treinamentos, a pressão constante e a exigência de superar limites físicos e mentais deixou-me com um nó na garganta. Era difícil conceber como meu pai havia suportado tal intensidade.

Mas quando ela treinava com Zack ou comigo, minha avó era um pouco menos intensa do que meu pai disse. Talvez ela tenha mudado com o passar dos anos em que meu pai esteve longe. Mas no final de tudo André é apenas uma criança.

— Vamos lá, André! Quem sabe a gente possa descobrir um método de treino ou algo do tipo que não seja muito colossal para o seu tamanho — sugeri com um leve sorriso.

André olhou para mim com curiosidade, ainda mantendo aquele sorriso determinado no rosto. Minha avó, que estava observando a cena com interesse, assentiu com aprovação.

— Isso mesmo, querido! Às vezes, é preciso adaptar os métodos de treino para se adequar às características únicas de cada um. Vamos encontrar algo que funcione para você — encorajou minha avó, com um brilho de entusiasmo nos olhos.

Meu pai Gabriel, que até então estava à margem da situação, aproximou-se com um olhar intrigado.

— O que estão planejando? — perguntou.

— Estamos pensando em encontrar um método de treino mais adequado para o André, algo que leve em consideração as suas características de lobo, mas não do jeito titã — expliquei.

Meu pai assentiu compreensivamente, e junto com minha avó, começamos a elaborar ideias para um treinamento mais personalizado. Pelo que percebi, isso trouxe lembranças do passado dele, e isso acendeu uma chama nele para ir na direção oposta do que minha avó propunha. Ficamos vendo ambos discutindo com calma, e meu pai Jacob olhou para a cena, dando um biscoito para André, que observava tudo com curiosidade.

— Nunca vi seu pai em tal estado — Pai Jacob disse, mas notei que ele gostou dessa descoberta.

— Consigo até ver a intensidade de ambos para fazer com que o outro desista de contra-atacar no argumento — Meu irmão disse e tampou os olhos com força.

Realmente dava para ver a intensidade dos dois se expandindo, reconheci sendo magia em sua quantidade máxima. O brilho roxo do poder de Lídia e o dourado do meu pai competindo um com o outro em tal intensidade que fez com que saíssemos da sala na direção da cozinha, tão forte e brilhante.

Na cozinha, a intensidade da discussão entre Lídia e meu pai parecia ecoar, mas aqui a atmosfera era menos carregada. Minha avó aproveitou a pausa para preparar uma xícara de chá, demonstrando uma calma notável diante do tumulto mágico que se desenrolava na sala.

— Parece que as faíscas estão voando alto — Pai Jacob comentou, enquanto pegava alguns biscoitos e andré pediu um. — Aqui esta querido.

— Obrigado — André disse e voltou a comer em silêncio, meu pai sorriu e fez cafuné nos cabelos dele. Angel surgiu voando e pegou um e voou para o meu colo todo animado pela guloseima.

— E estão mesmo. Parece que cada um está tentando impor sua vontade no treinamento de André — respondi, observando o brilho roxo e dourado que ainda escapava pela porta entreaberta.

Meu irmão se aproximou, os olhos ainda tapados.

— Acho que precisaremos de óculos escuros se quisermos voltar para lá — brincou ele, arrancando risadas do nosso pai e de mim.

— Não posso acreditar que seu pai escondeu esse lado de mim — Pai Jacob disse. — Que ele é competitivo, então me deixou ganhar todas as vezes que jogávamos xadrez.

— Parece que meu pai guardou alguns trunfos na manga — comentei, observando a expressão surpresa de Pai Jacob.

— Competitivo é pouco. Ele é um estrategista nato. — Minha avó gritou do outro lado e soltou uma risada, parecendo se divertir com a situação. — E ele sempre te deixava ganhar no xadrez para não machucar seu orgulho.

Pai Jacob cruzou os braços, fingindo indignação.

— Eu poderia ter lidado com algumas derrotas, sabia?

— Ah, você conhece bem o seu marido. Ele só queria te agradar — disse minha avó.

— Amor, não escute essa mulher — Pai Gabriel gritou.

— Essa mulher é sua mãe — Minha avó retrucou.

.

O brilho intenso da disputa mágica entre Lídia e meu pai ainda era visível na sala, mas agora, com um clima mais leve, a magia parecia se acalmar aos poucos.

Enquanto isso, André aproveitava o biscoito que ganhara, e eu me perguntava como seria nosso novo método de treinamento. Parecia que estávamos prestes a descobrir um caminho inovador para lidar com as habilidades únicas de André, algo que o aproximaria ainda mais de sua verdadeira essência. O brilho mágico tornou-se tão intenso que mal conseguíamos ver o que acontecia lá dentro. Um estrondo mágico reverberou, fazendo com que todos na cozinha se entreolhassem com surpresa.

De repente, a intensidade diminuiu, e a porta se abriu lentamente. Lídia e meu pai saíram, ambos parecendo cansados, mas com um sorriso de satisfação.

— Chegamos a um acordo — disse meu pai, ofegante.

— André terá um treinamento personalizado que combina as melhores técnicas de ambos — complementou Lídia, ainda recuperando o fôlego.

Olhei para André, que agora estava nos observando com uma expressão curiosa.

— Parece que conseguimos encontrar um caminho do meio — disse meu pai, passando a mão pelo cabelo desgrenhado.

E assim, em meio a faíscas mágicas e debates intensos, encontramos uma solução que satisfazia a todos. O treinamento de André seria uma fusão única, moldada pela experiência de Lídia e pela abordagem prática de meu pai. Era o começo de uma jornada promissora para nosso jovem guerreiro, e mal podíamos esperar para ver como ele se desenvolveria nesse ambiente tão peculiar.

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Até a Próximo 

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