Capítulo Trinta e Dois

Zack Whitlock:

Quando o nó se desfez, era quase uma da madrugada. Fiquei agradecido e, ao mesmo tempo, animado ao pensar no que acabáramos de realizar. Foi nesse momento que percebi Scott soltar uma risada na minha direção antes de me beijar nos lábios novamente.

A atmosfera estava impregnada de uma mistura de alívio e antecipação enquanto observávamos o nó se desfazendo, iluminados apenas pela suave luz da lua. O tempo parecia ter desacelerado, e a gratidão se mesclava com a excitação pela jornada que havíamos enfrentado juntos.

Em meio a esse turbilhão de emoções, Scott soltou uma risada, como se compartilhasse a mesma euforia. Seus olhos encontraram os meus, transmitindo cumplicidade, antes de nos entregarmos a um beijo, acentuando a doçura do momento.

— Podemos fazer novamente? — perguntei.

— Depois, lobão — respondeu Scott, lançando—me um olhar divertido. — Mas agora, vamos tomar banho.

Scotty levantou-se, pegou uma roupa, e fomos tomar banho rapidamente, considerando que os estudantes não podem ficar acordados até tarde.

Chegamos ao chuveiro e tomamos um banho juntos, entre carícias. Eu sabia que ele fez isso para tirar a minha mente da minha alcateia e das ações do meu pai, Ridard, em relação aos acordos com os outros.

Pensei que ele tomaria a decisão correta pelo bem do nosso povo, mas não foi bem assim. Sua imprudência está afetando a forma como a alcateia vive, e se não parar com isso, pode significar o fim de tudo para o qual cada acordo foi feito para garantir a nossa sobrevivência. A água quente do chuveiro parecia tentar dissipar as preocupações que pesavam em meus ombros, mas a realidade persistia. Enquanto sentia as gotas escorrerem, compartilhei com Scott as angústias sobre as decisões de meu pai.

Entre os suspiros, Scott apertou minha mão e sussurrou palavras de conforto, prometendo apoio em cada desafio que enfrentaríamos juntos. Naquele momento, no calor do chuveiro, encontramos refúgio um no outro, buscando forças para enfrentar o futuro incerto que se desenhava diante da alcateia.

Balancei a cabeça para afastar esses pensamentos, abraçando Scott por trás e beijando sua nuca, onde deixei minha marca.

— Não, fica assim — Scott falou. — Você vai dar um jeito nesse negócio do seu pai.

A marca sempre ajuda a saber o que o outro está pensando e se precisa de ajuda.

— Talvez ele mude de ideia no final, ao ver que perdeu meu pai, Sao, e todos os aliados que restavam — falei, mesmo não querendo acreditar nisso. — Está deixando muitas pessoas com duvidas sobre tudo mais do que já tinham.

Meu pai, Ridard, é bem cabeça dura quando quer!

— Ele vai ver, já que os outros líderes estão em cima dele, além das alcateias subordinadas — Scott disse. — Afinal, quem são esses líderes?

— Os líderes das Alcateias Manle e Elfiria, e o lorde do Reino das Fadas — falei, e Scott virou na minha direção.

— Lorde do Reino das Fadas? — Scott perguntou. — Por que isso interessa a um lorde feérico?

— Além do submundo, que possui uma dimensão exclusiva para ela e seus habitantes que não desejam se misturar com mundanos, existe a dimensão dos titãs e a dimensão onde as fadas vivem, além de várias outras que nem consigo me lembrar — expliquei. — Essa dimensão das fadas é onde o lorde ajuda os submundanos com comida e água, e para ele não existem predestinados, mas há a promessa antiga, que é quase a mesma coisa! Para ele, os predestinados são promessas de almas, e uma promessa nunca pode ser desfeita, foi assim que ele se casou com o seu esposo.

— E quando seu pai tentou quebrar isso, o lorde caiu em cima da Alcateia — Scott falou, virando-se para me olhar, e eu assenti.

— Sim, se não fosse pelo esposo do lorde, meu pai estaria morto! — falei, e Scott fez uma cara confusa. — O Milo é o único que consegue controlar o temperamento do Brand e conversou para não matar meu pai, Ridard, se ele não abdicar do poder da Alcateia. Vai ser o fim do meu pai, mesmo que o Milo seja agora o grande rei das fadas.

Scott fez uma cara confusa, mas assentiu depois de alguns segundos.

— Entendo... Parece que as coisas estão realmente complicadas para a sua Alcateia — disse Scott, com um olhar de compaixão.

— Sim, e estou no meio disso tudo, tentando equilibrar as responsabilidades e as lealdades divididas — comentei, sentindo o peso da situação.

Scott segurou meu rosto suavemente e disse: — Vamos dar um jeito nisso juntos. Somos uma equipe, lembra?

Sorri, agradecido pela compreensão e apoio que Scott sempre oferecia. Juntos, enfrentaríamos os desafios que estavam por vir, sabendo que a força do nosso vínculo poderia superar até mesmo as maiores adversidades.

Voltamos ao nosso banho e coloquei uma roupa que ele pegou do meu quarto aqui na faculdade.

****************

Vesti um short sem camiseta, enquanto Scott usava um pijama. Voltamos andando para o quarto dele e, assim que abrimos a porta, Rol estava com uma mala em cima da cama, dobrando algumas roupas, suspirando irritado e com uma expressão de decepção.

— Rol, o que você está fazendo? — Scott perguntou.

Rol se assustou e derrubou um frasco de shampoo no chão, pensando que estava tão concentrado na mala e nas roupas que nem percebeu nossa entrada.

— Que susto, merda — Rol falou, pegando o frasco de shampoo. — Estou arrumando uma mala, não está vendo.

Rol é uma pessoa nada grossa.

— Estou vendo, mas por que está arrumando a mala? — Scott disse, tirando meu braço do ombro dele. — Como foi a reunião com os irmãos So-jeff? Vai ter que fugir?

Rol travou no lugar e olhou para Scott rapidamente, num impulso abraçou o amigo.

— Me prometa que não vai fazer nada se eu contar — Rol falou, olhando nos olhos de Scott. — Promete?

— Prometer o quê? — Scott perguntou. — Nem sei do que você está falando! Tem a ver com a reunião?

— Sim, tem — Rol falou. — Mas deve prometer que não irá fazer nada com o que vou contar. Me promete?

Rol me olhou e num sinal claro pediu para segurar Scott no lugar, e assim fiz, me aproximando do meu amado e o fazendo sentar na cama em frente a Rol.

Rol levantou a camiseta que vestia e apontou para uma marca que tinha a forma de um pássaro numa gaiola, brilhando com intensidade sob a luz. Vi a expressão de Rol vacilar por alguns segundos antes de esconder a marca novamente sob a camisa.

— Sabem que marca é essa? — Rol perguntou, entrelaçando seus dedos. — É uma marca de aprisionamento que faz a pessoa obedecer ao mestre, até que o contrato seja desfeito pelo mestre.

— Os So-jeff fizeram isso? — Scott perguntou, exaltado e tentando se soltar dos meus braços. Senti a magia dele se descontrolando. — Rol, me responde, foi ele?

Rol nada disse, mas lágrimas brilharam em seus olhos, mostrando como estão tirando a única coisa que ele tinha.

— Ele usou o Santiago para me fazer concordar — Rol falou. — A empresa do Santiago ajuda submundanos, mas poucos sabem que ele é mundano, e como sabemos, alguns odeiam muito os mundanos.

— Carmuel sabia disso e ameaçou contar — falei. — Isso daria problemas ao Santiago, pois iria perder várias pessoas do submundo que investem na empresa dele. Mas achei que você estava se dando bem nos últimos dias.

— Sim, nem o Santiago, que estava ao meu lado, acreditou que Carmuel faria isso — Rol falou e fechou as mãos em punhos. — Tri falou que era loucura fazer isso, já que Santiago ajudou muitos submundanos a sobreviver durante anos. Mas quem diz que ele iria escutar? O único jeito de impedir que ele fizesse isso seria fazer essa marca em mim e me tornar o escravo dele. Achei que pelo menos ele não chegaria a esse extremo, mas estava errado.

Rol rosnou de ódio, e suas garras saíram.

— Você não pode contar ao lorde das fadas ou ao grande rei? — falei. — Eles não iriam gostar disso, já que odeiam acordos de escravidão, e o grande rei também.

— Não adianta, o lorde também recebe ajuda do Santiago, já que algumas fadas e feiticeiros vivem no mundo humano — Rol falou. — Mesmo que o esposo dele seja humano e o atual grande rei das fadas, ele não poderia ajudar!

— Humano? — Scott perguntou, e Rol assentiu.

— Sim, não vai adiantar, e também esse acordo que o Carmuel fez é quase como uma promessa por sua ajuda, é a cobrança da sua ajuda quando fui ferido — Rol disse. — Então, ele ganha de qualquer maneira, me tornar seu escravo. Também não iria fugir disso, pois Santiago me ajudou muito quando fui embora da minha família, nunca irei virar as costas para ele, e mesmo se quisesse não poderia; a marca queima a pele como castigo se desobedecer ao mestre ou sair de perto dele sem sua permissão. Carmuel me trouxe até o campus e está esperando a minha ida junto de Tri e Santiago.

— Então você vai dar sua liberdade de mão beijada? — Scott perguntou, incrédulo.

— Não, vou dar minha liberdade para salvar a empresa que uma pessoa querida construiu por muito tempo — Rol falou. — Mas você, conseguirá minha liberdade de volta antes de você e o Zack terem um filho, em uns três meses. Já que vocês cheiram a sexo.

— Três meses? — Scott perguntou, olhando de Rol para mim.

— Sim, três meses — falei, com ar de culpado.

— Mas não se preocupe, você vai ser um bom pai! — Rol falou. — Afinal, você é uma pessoa incrível e tem ótimos exemplos a seguir.

Entendi o que Rol queria fazer, colocar essa ideia na cabeça do Scott antes que sua barriga comece a crescer de forma espantosa dentro de um mês ou menos, já que a gravidez de um lobo é de três meses.

***************

Após essa revelação, Scott meio que surtou em descrença, mas ignorou ao lembrar do Rol e como não tinha como impedir o destino dele. Ajudou com as malas e organizou uma noite de pijama, chamando Spike e Levi, já que esses dois estavam no meu quarto da faculdade.

Gostei até dessa noite do pijama, e tenho certeza de que Rol ficou até tarde, com toda certeza, para irritar o Carmuel.

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Gostaram?

Até a próxima😘

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