Capítulo Trinta
Scott Prescott:
Ao recobrar a consciência e abrir os olhos, deparei-me deitado em uma confortável cama, vestindo uma camiseta branca, enquanto uma coberta me envolvia até a cintura. Observando a cena ao meu redor, percebi que Zack dormia ao meu lado, segurando minha cintura, enquanto Angel repousava sobre o meu peito. O gatinho, ao sentir minha presença, ergueu a cabeça e se esfregou carinhosamente contra o meu corpo. Com ternura, acariciei a cabeça do felino, que respondeu com um miado agradecido.
Experimentei uma sensação de alívio ao constatar que estávamos ilesos após os eventos recentes. Contudo, a imagem do deus do caos persistia vividamente em minha mente, acompanhada das visões que continuavam a assombrar meus pensamentos. Enquanto meu coração se acalmava pela segurança encontrada, as sombras das visões passadas ainda dançavam em minha mente, como uma lembrança persistente da turbulência enfrentada. Cada detalhe do deus do caos parecia gravado, e as imagens flutuavam, recontando a história sombria que tínhamos superado. Mesmo na paz presente, as marcas da experiência continuavam a deixar sua impressão, desafiando-me a reconciliar o passado com o presente sereno.
Zack despertou lentamente, lançando—me um olhar confuso antes de direcionar sua atenção para o ambiente ao redor. Ele estava vestindo as mesmas roupas, e um vislumbre de perplexidade permaneceu em seus olhos enquanto ele tentava compreender o cenário em que nos encontrávamos.
— Onde estamos? — questionou Zack, e eu apenas balancei a cabeça.
— Não sei — respondi, enquanto o som da porta se abrindo alcançava nossos ouvidos.
Ao levantar da cama, Zack fez o mesmo. Angel, por sua vez, movimentou-se apenas para acomodar-se em meu colo, entregando-se a um sono tranquilo.
— Que gato folgado — resmungou Zack, no mesmo instante em que dirigi meu olhar na direção da porta. No batente, minha avó sorria calorosamente.
— Vejo que acordaram — disse minha avó, finalmente adentrando o quarto. — Como estão se sentindo?
— Bem, na medida do possível — respondi após trocar um olhar com Zack. — Onde estamos? O que aconteceu após a explosão de Klaus? Tudo está meio nebuloso.
— Estamos na dimensão dos Titãs, para ser específica, no meu palácio principal — explicou Lídia. — Consegui abrir um Portal e nos trazer para cá a tempo. Infelizmente, não pude salvar a outra filha do líder daquela Alcateia, o que me pesa na alma, pois imagino o que aqueles demônios poderiam fazer com meu neto. A irmã dela me contou detalhes perturbadores sobre o que acontecia na própria alcateia. — Ela suspirou antes de continuar. — Mas os outros habitantes foram salvos, incluindo vocês! Não se preocupem, Alvin também está sendo cuidado. Scott, o garotinho que você protegeu, está muito agradecido; ele disse que vai fazer um desenho para o herói dele.
Assenti.
— E o meu pai? — perguntei.
— Voltou para casa, precisou acalmar seu pai Jacob e seu irmão, que estavam ainda mais furiosos quando Angel abriu um portal por conta própria e veio para cá, garanto que quase deu um infarto nos dois — explicou Lídia, olhando para o gatinho que dormia. Ela pegou papel e caneta de uma mesa no quarto e escreveu algo. — Vou avisá-lo de que vocês acordaram.
Terminou de escrever, e quando suas mãos brilharam, o papel simplesmente desapareceu.
Lídia dirigiu seu olhar de volta para nós com um sorriso tranquilizador.
— Se precisarem de algo, estarei por aqui. Este é um lugar seguro, e vocês têm todo o tempo necessário para se recuperarem — Ela disse, antes de sair do quarto Zack a chamou.
— O que o Klaus disse é verdade? — Zack perguntou a Lídia.
Lídia assentiu com pesar.
— Infelizmente sim, o ouro imperial não consegue enfraquecer os deuses — explicou, soltando um suspiro carregado de preocupação. — Ele vai voltar, e considerando que o caos está profundamente enraizado no mundo atual, isso facilitará sua reconstrução. No entanto, será uma jornada demorada, pois o ouro imperial desestabilizou a magia que lhe proporcionava um corpo físico.
— Pelo menos por um tempo estaremos seguros? — perguntei, e ela assentiu. — Mas algo me deixou curioso: quando cheguei naquela Alcateia, transformei-me na minha forma de lobo.
— Klaus é um inimigo da magia da lua e da luz, um enfraquece o outro — explicou Lídia. — Enquanto estavam inconscientes, pesquisei um pouco sobre o deus do caos. Como você é o escolhido dela e tem essa magia de proteção, sente esse enfraquecimento. Sua forma humana, ao chegar naquele local com magia demoníaca antiga, percebeu primeiro, e a loba se transformou para se proteger por um momento até chegarmos.
— Então isso explica por que me transformei — falei, e meus olhos faiscaram. As visões surgiram, permitindo-me ver as mesmas imagens por mais alguns segundos. Ela mudou para algum lugar com uma expressão melancólica e, em seguida, transformou-se novamente.
Era como se as visões flutuassem entre diferentes cenários, transitando entre momentos melancólicos e outros de intensa transformação. A cada transição, as imagens pareciam tecer uma narrativa complexa e enigmática, deixando-me inquieto diante do significado subjacente.
Pisquei os olhos com calma, e Zack juntamente com minha avó estavam me olhando com expressões preocupadas.
— São as visões — expliquei, tentando acalmar suas preocupações.
Zack franziu a testa, preocupado.
— Essas Visões vieram agora? Isso tem a ver com o que enfrentamos? Se for isso, estão atrasadas — Ele disse.
Assenti, tentando encontrar as palavras certas.
— Sim, as visões parecem ser fragmentos de algo maior. Elas vêm e vão, revelando momentos e emoções que ainda não consigo compreender completamente. — Falei.
— Essas visões não são necessariamente certeiras no futuro, pense nelas como mostrando uma possibilidade do que pode acontecer — explicou minha avó, oferecendo uma perspectiva reconfortante diante das incertezas que as visões carregavam.
— Portanto, podemos moldar nosso destino com nossas escolhas no presente — acrescentei, buscando uma maneira de enfrentar o desconhecido. — Precisamos ficar atentos às pistas que essas visões nos fornecem e agir com sabedoria para evitar os caminhos sombrios que possam se apresentar.
Minha avó sorriu.
— Assim que temos que pensar, agora descansem um pouquinho — Ela disse, saindo do quarto.
Olhei para Zack por um momento antes de começar a me aproximar dele, buscando conforto em seu peito para me manter calmo. O toque dele era um lembrete reconfortante em meio às incertezas que enfrentávamos.
**************
Permanecemos mais alguns dias na dimensão dos Titãs, e confirmei o que Lídia mencionou: cada titã tinha várias crianças diferentes. Juro que vi até uma criança vampira.
Lídia explicou que ver uma criatura diferente naquele lugar é difícil, mas existe a possibilidade. Alguns titãs, ao completarem um teste, têm o direito de viajar para a dimensão humana, assim como meu pai fez, e acabam se envolvendo com outros seres.
Isso explica porque vi alguns mundanos em certos locais do castelo de Lídia.
Lídia também revelou a todos que sou seu neto, e há mais um, em breve terá um novo membro na família. A Alcateia Wolflord foi destruída, deixando uma enorme cratera no lugar, mas Lídia aceitou os habitantes dela. Surpreendentemente, estavam até melhores do que quando os vi pela primeira vez. Demetria prometeu ajudar as pessoas a se adaptarem naquela dimensão antes de partir de vez, assegurando que manteria contato.
André seguia-me de um lado para o outro com um enorme sorriso, elogiando seus desenhos e me chamando de herói. Angel voava ao nosso redor até que se cansou e descansou sobre minha cabeça, ou então mudava para a de Zack e, por último, para a cabeça de André.
Meus pais vieram me ver, juntamente com meu irmão, envolvendo-me em braços fortes que proporcionaram um alívio reconfortante após tudo o que passei.
Partimos, despedindo-nos daqueles que escolheram ficar, enquanto Zack acolhia os outros em sua Alcateia. A atmosfera parecia estranha com essa mudança. Alvin olhava para mim com muito medo e para Zack com um receio ainda maior, lembrando-se da ameaça anterior. Era evidente que, se quisesse, Zack poderia ter um impacto significativo em seu destino.
Assim que minha avó abriu o Portal, deixamos aquele local, mas a confusão de problemas ainda não tinha chegado ao fim.
*************
Assim que retornamos, Rol e eu nos deparamos com a necessidade de cumprir todos os deveres acadêmicos dos últimos dias, uma vez que Lídia havia lançado um feitiço para evitar que pessoas alheias ao mundo sobrenatural achassem estranha nossa ausência.
Santiago, ao receber o aviso assim que chegamos, ficou nervoso e veio à faculdade rapidamente. Ele abraçou Rol calorosamente, como se fosse um filho que não via há anos.
Santiago Dawson é um cara incrível, tratando meu amigo como família, e ficou entusiasmado em ajudar nos deveres da faculdade.
Sua conexão com o mundo sobrenatural despertou minha curiosidade, e ele pareceu perceber meu interesse, decidindo compartilhar a história.
— Foi uma vez que estava sozinho numa exploração de uma caverna abandonada e fui atacado por um vampiro — contou Santiago. — Ele tentou me morder e sugar meu sangue, mas consegui me livrar a tempo. Estava com um suco de tomate e joguei para o lado, fazendo-o pensar que era sangue. Ele foi atrás do suco, e eu saí correndo da caverna rapidamente. Descobri logo após isso o mundo sobrenatural e fui me envolvendo com o passar do tempo. Assim, construí minha empresa e me tornei rico ao ajudar os sobrenaturais com suas alimentações, sem precisar de sangue mundano ou muito menos qualquer ingrediente para fazer um sacrifício.
— Você nunca quis casar nesse meio tempo? — perguntei.
— Não quis me envolver com ninguém, ainda mais com as pessoas sempre perguntando o que realmente faz a minha empresa e isso seria muito difícil de explicar — disse Santiago pensativo. — Mas sempre quis ter filhos.
— Então, por que não teve? Poderia ter adotado — comentei.
— Também fiz isso, mas nenhum fez com que eu sentisse a vontade de ser pai e do quis ajudar os orfanatos e organizações que cuidam de crianças e adolescentes. No entanto, tenho um filho — disse Santiago, olhando para Rol, que estava concentrado na lição. — Sabe, às vezes, a vida reserva surpresas incríveis — disse Santiago, com um brilho de emoção nos olhos. — Conheci Rol em uma dessas reviravoltas inesperadas, e desde então, ele se tornou meu filho de coração. A paternidade nem sempre vem da maneira que planejamos, mas muitas vezes é exatamente o que precisamos.
Sorri, pois compreendi o que ele queria dizer.
Santiago ficou até mais tarde, nos ajudando mais, depois foi embora. Observar a preocupação que Rol tem com ele foi fantástico e me fez refletir sobre como serei como pai. Quero seguir os exemplos dos meus pais e do Santiago, que são verdadeiros modelos a serem seguidos.
Os dias seguiram normalmente até que um problema chegou até nós, e esse problema tinha nome: Carmuel So-jeff e suas cobranças com o Rol.
______________________________________
Gostaram?
Até a próxima 😘
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top