Capítulo 8 - Rachel Grayson
Embora ela esperasse uma resposta, seu amigo apenas a olhou negou com a cabeça e voltou a dirigir, irritando a moça.
— Richard John Roth. Pode me responder? — ela exigiu saber recebendo um olhar desconfiado do rapaz.
Qual era a droga do problema dele? O que custava a ajudar com aquilo? Eram só umas aulinhas bobas. Nada de muito importante. Uma vez pegando a mecânica da coisa, seria muito mais fácil para ser uma boa esposa para John. Se até os grandes profetas haviam necessitado de muito aprendizado para se tornarem os melhores em pregar a palavra, porque ela não poderia fazer o mesmo?
— Qual a razão de querer isso? Quem te deu essa ideia? Sabe que vai pra o inferno, não?
— Se eu pedir perdão a Deus tudo estará resolvido. Só preciso de umas dicas, varão! Seja um bom samaritano comigo... — Rachel Grayson pediu em tom de urgência.
— Eu não acho que vá de fato querer isso, princesa. Sabemos que você não conseguiria ir tão longe, ou seja, não se force por algum idiota — ele pondera com a moça que engole a seco.
Sim, estava ciente que aquele gesto desesperado traria consequências adversas, mas não havia nada a ser feito.
Já havia perdido Jacobs para o presbitério, Richard para o pecado e não ia perder John para qualquer uma que aparecesse e estivesse disposta a fazer o que ele queria. Só o que Rae precisava era de uma pequena introdução e tudo ficaria bem. Poderia aprender se tivesse a base certa. E ninguém melhor que seu amigo pecador para ensiná-la.
— Quero ele. De verdade. Preciso da sua ajuda, varão — Rachel Grayson pedindo recebe um olhar irritado.
Por que era tão difícil a dizer algumas coisas, indicar livros sobre o assunto, vídeoaula ou coisas do gênero?
— Só pelo fato de você me chamar de “varão” é bem óbvio que você não tem condições de fazer algo como isso. Deixe de ser estúpida — o filhote de filisteu devolve em tom ríspido evitando o contato visual.
Richard era o único que Rachel confiava que não fosse a ensinar coisas muito ruins. Não podia apenas deixar que a tratasse dessa forma. Ela podia pecar também. Era a única forma de conseguir John Logan.
— E quem é você pra dizer o que tenho ou não condições, seu filisteu sujo? — xingou ele que gargalha enquanto dirige.
O que havia de tão errado na Grayson fazer suas escolhas para alcançar suas metas? Deus admirava a perseverança, não custava nada a moça lutar pelo que queria. Usando o que tivesse ao seu alcance. Que no momento era seu único amigo desde pequena, mas nada que de fato não pudesse ser bom, pois, algumas vídeoaulas, livros e tutoriais do assunto e Rachel seria perfeitamente capaz de virar uma conhecedora de sexo.
— Seu melhor amigo. Única pessoa no mundo que te conhece melhor que seus pais. Agora para de ideia idiota — repreende a moça como se ela fosse uma criança.
— Você não pode me impedir de alcançar meu objetivo! Vou... — ela tentando dizer é logo cortada.
Richard parecia muito nervoso e preocupado sem motivo algum. Eles eram melhores amigos e não havia nada de errado em ajudarem um ao outro. Ela mesma vivia a dar aulas para o Roth quando criança e adolescente, logo não havia nada de mais em receber aulas dele. Na verdade, era parte da vida, a troca de posições, quem ensina, um dia aprende, vice e versa.
— Não vai fazer nada, Rachel! Se insistir nessa ideia imbecil vou ligar pra sua mãe e contar tudo para ela, estamos entendidos? — o Roth ameaça sua amiga que o olha horrorizada.
Ele não teria coragem, teria? Já que Richard vivia por aí, pecando e fornicando, entretanto, Rachel não contava nada aos pais dele. Custava deixar os dela fora daquilo também?
Ela só queria conquistar o homem que tanto almejava. E o seu melhor amigo não tinha propósito nenhum em pecar. Só caminhar alegremente para o inferno, com seu comportamento errado e depreciativo aos olhos de Deus.
— Nem pense nisso, varão! — ela o advertiu antes de receber um olhar sério de Richard.
— Insiste nesse assunto comigo pra você ver! Não vou fazer parte da sua loucura! Esqueça ele! Seja lá quem for...
Claro, Richard Roth dizia aquilo, pois pra ele era tudo muito fácil. Olhar pra uma garota e ela automaticamente o querer era o mínimo que acontecia. O rapaz tinha todas em suas mãos, fácil pra ele era apelido para repor qualquer uma que não o quisesse. Agora a Grayson?
Bem, ela não tinha ninguém. Estava cansada de ficar sozinha todo o tempo. Deus era importante, mas não era tudo que poderia querer.
Via vários filmes e lia livros sobre romances cristãos e queria aquilo para si também. Ao que parecia Deus esqueceu-se de separar algum bom homem para a Grayson, logo não havia mais nenhuma opção senão dar seu jeito para encontrar alguém.
— Quer você queira ou não já tomei minha decisão! — Rachel Grayson anuncia com toda sua coragem.
Richard era sua opção mais confiável, mas não a única. Precisaria arranjar alguém para substituí-lo e o faria se ele não aceitasse o seu pedido.
— Você não é nenhuma qualquer, Rachel! Eu não quero e nem vou fazer parte disso! Você só vai se arrepender e perder seu tempo fazendo uma merda que é irreversível!
— Eu não vou te perdoar de forma alguma, então! Nunca mais vou falar com você! — Rae gritando também, recebe um olhar frio de Richard.
— Ótimo! Agora põe na sua cabeça oca que homem nenhum vale o esforço de você deixar de ser quem é — Richard Roth falou com a moça que apenas revirou os olhos.
Ele dizia isso porque tinha mulheres aos montes. Rachel não tinha ninguém e estava cansada de ser expectadora de histórias de amor. Ela queria viver uma também, mas para isso precisava de alguma forma arrumar alguém, antes que ficasse velha. E furiosa com Richard, por ter tanta aversão de oferecer ajuda com algo tão fácil pra ele, Rae fazia o jantar em silêncio até que sentiu alguém a abraçar por trás, gesto que a assusta.
— Misericórdia — fala antes de tentar se virar e sentir alguém a puxar pelo cabelo, fazendo sua cabeça pender para um lado.
Ainda que estivesse em choque com aquela pessoa, perdeu alguns segundos tentando pensar em alguém que invadiria o apartamento dela, com os garotos lá, para a assediar, até que, sentiu os lábios da pessoa em seu pescoço causando um arrepio, seguido pela sensação ruim que Rachel Grayson sentia toda vez que alguém a tocava daquela forma, a fazendo dar uma cotovelada na pessoa, que ao virar furiosa, descobriu ser Richard.
— Varão?
— Tá vendo só? Eu te disse que você não serve pra isso, princesa — ele diz satisfeito.
Ele simplesmente fez um teste sem avisar nada? Que tipo de método era aquele? Qual a didática daquilo?
— Achei que fosse um criminoso! — Rae se defende levantando as mãos em sinal de rendição.
Sim, porque seu amigo parecia dolorido e furioso pelo que ela havia o feito. O que era exclusivamente culpa dele.
— Criminoso? Qual é o seu problema, mulher? De onde tirou essa ideia? — o Roth reclamou irritado com Rachel.
— É que eu senti alguma coisa e pensei... Esquece — Rachel Grayson encerra o assunto ainda confusa.
Ou ele estava com o controle remoto no bolso e aquilo a assustou, ou Rae estava a imaginar que sentia coisas. Confusa ela não entendeu o porquê do sorriso de seu amigo até que Richard a puxa para perto de si e começa a dançar num ritmo que ela bem conhecia.
Era lento, só o vai e vem que Rae estava acostumada a se mover em momentos aleatórios. No geral quando Richard a tirava pra dançar sem motivo nenhum.
— Varão, por favor... — ela pedindo doce tenta o vencer com sua fofura, assim como fazia quando criança.
— Você é minha princesa. Não quero que faça besteiras, Rachel. Pode se machucar com essa ideia idiota, entende? — Richard Roth explica didático como um adulto faz a uma criança.
Às vezes Rae odiava com todas suas forças a incapacidade que ela possuía em ser vista como uma mulher adulta. Richard, seus colegas de faculdade, os caras da lanchonete, todos a viam como uma criança. E aquilo era frustrante.
Não precisava de conselhos, ordens ou restrições.
Queria apenas umas dicas sobre como satisfazer John Logan. Só isso.
— Eu preciso disso — Rachel Grayson insiste em dizer.
— Você precisa parar com essa loucura e continuar sendo essa mulher íntegra e maravilhosa que é! Nenhum homem merece você, princesa! Não se force a mudar por ninguém...
Bem, ela era uma criança para Richard Roth. E aquilo de uma maneira totalmente estranha a machucava. O que não fazia sentido, pois, Rachel Grayson queria que John a visse como mulher, só ele e ninguém mais. Até porque havia decidido que John Logan era o homem da sua vida e iria casar com ele.
— Eu não sou bonita pra você? É isso? — a moça soa um tanto desapontada.
Outra coisa que Rachel não entendia, visto que, Richard Roth era só seu melhor amigo. Nada mais, nem menos que isso.
— Não! Você é muito mais que isso! E outra coisa, pra quê arrumar alguém se tem a mim? Sou seu melhor amigo. Sou tudo que você precisa! — ele tentando a animar faz Rachel apenas o abraçar e encostar seu rosto no peito dele.
Bem, já que Richard não estava disposto a ajudá-la, procuraria outra pessoa.
Com esse pensamento, a mulher se afasta dele e volta a cozinhar, sendo beijada na bochecha pelo rapaz que sai correndo para não apanhar dela novamente.
— Filhote de Filisteu imundo! — Rachel Grayson grita para o amigo que se esconde do outro lado do balcão que dividia a cozinha e a sala.
Mais tranquila, acreditando que estivesse sozinha, ela continua a mexer no molho, antes de sentir Richard a abraçar novamente, ficando lá, abraçado e ocupando espaço por algum tempo, o que Rachel só não reclamou a respeito, por achar muito fofo da parte dele. Mantendo-se assim até que ela teve que se arrumar para o trabalho.
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