Capítulo 7 - Richard Roth
"Algumas pessoas têm problemas reais
Algumas pessoas sem sorte outras com sorte
Algumas pessoas pensam que eu posso resolvê-los
Senhor acima dos céus
Eu sou apenas um ser humano humano, afinal."
Human - Rag'n'Bone Man
“Todos os dias quando acordo
Não tenho mais o tempo que passou”
Tempo Perdido — Legião Urbana
Atualmente.
Acordando de início sonolento, o rapaz logo olha para o relógio digital, que ficava na mesa de cabeceira e se levanta num só pulo, indo em direção à saída do quarto.
Lá, viu John também se encostar a soleira da porta do segundo quarto, sorrindo para ele enquanto se espreguiçava.
— Bom dia, Dick! Quer ir primeiro? — pergunta o colega ao outro que, antes que pudesse responder, vê o projeto de freira entrar no banheiro os frustrando.
Se não fosse tão engraçado a ver suspirando por John ficaria muito irritado com a aquele projeto de adulta religiosa.
Quando chegaram a cidade de New Jersey, Richard e Rachel tomaram caminhos bem diferentes.
Ele, o querido filho do pastor viu no mundo de exposição, perdição e todos os outros tipos de pecados carnais uma fonte de dinheiro fácil, visto que, para continuar na sua faculdade precisava pagar metade das suas despesas o que era muita coisa.
Pois estudar em lá custa cerca de quarenta e cinco mil dólares por ano, apenas de mensalidade, sem incluir os gastos com moradia e alimentação, que ele tinha pois foi encaixado de última hora e não teve vaga na época.
Já ela, Rachel Grayson sempre foi a filha modelo, perfeita em tudo, nerd ao cubo que conseguiu pontuação para fazer medicina, mas preferiu enfermagem por questões que Dick não entendia muito bem. Além de se recusar a ir para os dormitórios, dividindo apartamento com ele para o ajudar com despesas de moradia e alimentação.
Richard desconfiava que a escolha de sua faculdade tivesse algo a ver com o pai machista que não aceitava a ideia de sua filha mulher ser médica, porém nunca havia a perguntado, apenas supunha. Uma vez que Rachel simplesmente tomou o artigo de seu melhor amigo dias atrás ao vê-lo fazendo errado e só devolveu depois de pronto e digno de uma nota cem, de tão perfeito.
Coisa que pra Dick era uma mostra bem válida de que sim, se Rachel quisesse, poderia até mesmo descobrir a cura do câncer usando aquele cérebro privilegiado dela.
O que era triste por vê-la o desperdiçar e por ele não o possuir como seu cérebro, pois se tivesse um supercomputador no lugar de neurônios com toda certeza o usaria sem dó nem piedade dos outros.
— Esse pinscher entrou de abusado! — Richard xinga a mulher que em resposta liga seu celular com louvor alto.
— Deveria ter ficado calado, Dick... — John o aconselhando tardiamente faz o universitário esboçar uma careta.
O lembrando que o dia de ontem foi de muita conversa pela faculdade. Pois o homem mais cobiçado do campus saiu acompanhado de uma loira belíssima, matando seus últimos tempos de aula.
— Quem era a loira gostosa e misteriosa de ontem, meu amigo? — chamou o homem que pareceu se assustar.
— Como você ficou sabendo disso? — John fala constrangido tentando sair de vista.
Embora John Logan não fosse da área de medicina, sua fama de homem inalcansavel já havia percorrido todo o campus, atravessando inclusive as barreiras entre os cursos de direito e medicina, que viviam sempre a brigar entre eles por qual era o mais importante.
Coisa que Dick achava desnecessário, mas ainda sim se pudesse opinar ficaria com medicina. Pois não se salvava vidas barganhando com caras de vestido.
Entrando no quarto do colega, o empurrou e abraçou, para que pudesse o impedir de fugir novamente.
— Conta aí, meu parceiro! Quem era a gostosa!? — Richard quase implorando recebe um olhar irritado.
— Ninguém. Dá pra parar de ser inconveniente? — reclamou com o mesmo que desistiu de ter informações dele.
Talvez a galera que curtia cuidar da vida dos outros tivesse descoberto algo, foi o que ele pensou de pronto.
— Bem que você poderia sair com a pinscher... — John volta a falar como sempre o fazendo olhá-lo sério.
Rachel era uma mulher feita pra namorar segurando mãos, noivar dando selinho e só transar depois do casamento.
Ele não era bom o suficiente pra ela. Muito pelo contrário. Era o típico cara mau que fazia mal a toda mulher que passava pela sua cama.
E a Grayson não era. De jeito algum.
Mesmo quando Richard estava com seu pai e tinha seus problemas, Rae sempre o ajudou e foi pra ele um porto seguro. Sua casa e bem, melhor amiga desde sempre.
Ainda que com o homem tendo sua vida de "pecados e luxúria, cedendo aos desejos da carne" segundo palavras dela.
Rachel Grayson era uma mulher boa e merecia mais que um babaca como ele. E mesmo sendo alguém idiota, Richard tinha plena consciência disso.
— Por que não sai você com a Pinscher? — rebateu como sempre fazia, dando ênfase ao "você" na frase.
— Ela? Tá de sacanagem né? Porra! A pinscher tem cara de quem nem sabe beijar direito! — John grita com o amigo que o segura e cobre com uma mão a boca do garoto.
Isso porque mais do que qualquer outra pessoa, sabia que Rachel era sensível. Ouvir aquele tipo de coisa poderia a chatear e Richard gostava de chegar em casa e ter o jantar pronto. Além de a ter todas as noites o esperando para tentar converter de volta ao cristianismo.
Detalhe esse que o rapaz achava adorável, pois a mulher ficava muito fofa falando as palavras de Deus. Que o stripper meio alto pelas bebidas não entendia porra nenhuma, claro e óbvio.
— E daí? Ela é uma garota decente oras! Vai me dizer que prefere as que vivem entre um e outro cara? Não faz seu estilo, John.…
— Me recuso a ficar alguém que não saiba o mínimo sobre sexo — o rapaz disse sério o fazendo parar por alguns segundos.
Será que ele notava os olhares apaixonados que a menina lançava sobre ele? E as tentativas de o evangelizar? Todos os convites para ir com ela a igreja.? Tinha certeza que não.
— A graça não é ensinar? — tentando mais uma vez em vão, recebe um sinal negativo.
— Não. A graça é ter prazer no sexo, não ficar tendo crises de risos pelas coisas idiotas que toda pessoa virgem faz por não ter experiência.
Entendendo o lado dele, pois também já tinha tido aquele pensamento imbecil um dia, Richard não tocou mais no assunto e pra sua surpresa não encontrou ninguém no banheiro. Claro que Rachel se recusava a ir no carro de Richard, preferindo ir de transporte público, mas no geral ela esperava todos para irem embora juntos, a fim de olhar mais um pouco para o John.
— Cadê a pinscher...? — Richard pergunta baixo, antes de chamar sua colega que não respondeu.
— Liga pra ela — Logan preocupado, pois em anos eles nunca foram em horários separados, pede ao amigo que já estava a fazer exatamente aquilo.
Caindo direto em caixa postal, ele já ia pegar a chave quando viu uma mensagem no seu celular da moça.
" Bom dia, benção! Só vitória! <3
Desde já peço desculpas por não me despedir. É que eu precisei sair mais cedo e me esqueci de avisar a vocês dois. Que Deus te ilumine e dê um ótimo dia, varão!
Não se esqueça que ele morreu na cruz por mim, você e toda a humanidade. Nunca é tarde pra largar dos caminhos da perdição e voltar aos caminhos do Senhor, ok? =) " — Era tudo que a mensagem dizia.
Respirando aliviado, pois não tinha tido a brilhante ideia de John que achou ser melhor bloquear Rachel para não receber mais nada de viés religioso em seu telefone, Richard foi direto pra o banheiro onde foi tomar seu banho e se preparar para o dia que seria bem cheio.
Como moravam lá pela Pine Street, de lá até a faculdade era um percurso não tão rápido, tampouco devagar. Sendo assim logo se arrumou depressa e esperou até que John ficasse pronto também.
— Ela mandou uma mensagem. Vai resolver alguma coisa, ao que parece — Richard Roth avisa ao colega de apartamento que concorda rápido.
Assim que chegaram ao local, cada um foi pra um canto e Richard, mesmo tendo procurado em todo canto, não conseguiu achar Rachel em lugar algum, o que o levou a pensar que talvez o arrebatamento já tivesse começado e ele tivesse ficado para trás.
Coisa que não o era novidade alguma.
Brincando com uma das loiras mais bonitas do campus, em quem estava investindo naquela semana, Dick só parou o que estava fazendo ao ver o professor de uma matéria na qual tinha muita dificuldade, entrar na sala com os papéis que deveriam ser os artigos científicos da turma.
— Sentados para que eu entregue suas notas! Vamos! Todos vocês... Especialmente o senhor Roth! — Anderson comunicou ao Richard que logo parou com seus flertes e foi se sentar em seu lugar.
Aquela matéria era um inferno. Por que se questionar se a Rachel foi arrebatada quando a resposta era óbvia?
O inferno estava logo ali naquela sala de aula pelos próximos noventa minutos.
Sentindo seu coração acelerar, pois já era fato que a nota baixa viria tão rápido quanto Rae ia pra o banheiro todas as manhãs, Dick gemeu desgostoso ao ver a nota grifada em vermelho no seu teste.
— Nesse ritmo iremos ter que cancelar sua bolsa parcial, garoto.. Foca mais no estudo — o professor o aconselha recebendo um sinal positivo.
Embora tentasse ao seu máximo, Roth não conseguia entender determinadas matérias com facilidade e, embora sempre se recuperasse no final do semestre, precisava manter notas regulares e acima da média para não perder sua bolsa. Que já não servia de muita coisa no caso de Dick.
— Saudades da pinscher... — Richard pensando em voz baixa consigo mesmo, larga o seu artigo na bolsa e retorna sua atenção para o professor que terminava de distribuir os papéis com as notas.
Lembrando do quanto era bom estudar em companhia de Rachel, uma vez que ela era ótima pra dar explicações a cerca de tudo, ficou o resto da aula orando para que o arrebatamento não começasse antes de chegar ao final da sua universidade e se formar.
E sem a RaeRae ficava difícil. A quem iria enganar?
Ela cuidava dos afazeres da casa, era responsável por toda a divisão de valores do mês e deixava ele e John responsáveis por nada mais que estudar e trabalhar. Se o lance de colocar para ela tarefas domésticas era um tanto machista de sua parte? Sim, mas não tinha culpa se não sabia sequer passar uma vassoura no chão. E que Sonya a perdoasse por aquilo. No ritmo que ia, precisaria começar a investir seu dinheiro ganho com a sua profissão noturna, caso contrário sem qualificação alguma seria mais um desempregado sem formação se continuasse daquela maneira.
Preocupado a cerca de seu futuro, Richard só respirou aliviado ao ver a pinscher encostada ao seu armário olhando John de longe.
— Graças a Deus — é tudo que consegue falar indo na direção dela que se limita a olhá-lo de cima a baixo.
— O que quer? — Rachel ralhando com o amigo recebe uma expressão confusa em resposta.
Como é que aquela coisa tão pequena sempre estava com tanto ódio a todo momento? Seria aquilo um tipo de superpoder?
— Pode me dar uma ajuda? — pediu Dick sincero a sua colega de apartamento que faz cara de poucos amigos.
— É mesmo? Por que não pede as suas amigas. pecadoras? Vai me dizer que o pecado e as coisas desse mundo podre não podem te ajudar? — Roth retruca de pronto o irritando.
Revirando os seus olhos, pois já fazia dois meses desde que Richard trocou a ida mensal a igreja com ela para substituir um dos caras que se acidentou. Richard precisou reunir toda sua paciência pra lidar com a beata racorosa a sua frente.
— Escuta, pin... Princesa — ele começando a falar recebe um olhar desinteressado do pequeno frasco de ódio.
Precisava parar de chamá-la de pinscher. Estava se tornando um hábito e Rachel poderia ficar mais furiosa do que já era com aquele apelido.
Tendo seus braços cruzados abaixo dos seios, usando jeans e uma camiseta que dava a impressão da garota ser gorda, a Grayson o fitava com o mesmo interesse que um gueopardo por folhas no chão, deixando a auto estima do rapaz bem abalada.
Ele era lindo. Estava até mesmo usando seu tom de voz mais carinhoso com aquela mulher. Como era possível que Rachel se mantivesse tão irredutível?
— Na Bíblia não diz que é necessário perdoar sete vezes sete todos os dias? — Richard a lembra do ensinamento que fez questão de gravar para usar contra a sua amiga. — Estou aqui te pedindo perdão! Me perdoa, Rachel! Sei que sou um péssimo amigo! Mas eu te amo e sinto sua falta! — fez seu teatro se ajoelhando na frente da garota que se fosse branca como ele teria mudado para uma cinquenta tons de vermelho antes de chegar ao roxo.
Toda semana desde que começaram a estudar na universidade os dois tinham cenas como aquelas.
Embora de início todos pensassem que eram um casal complicado, logo John contou a todos que na verdade eram amigos de infância e que Richard vivia a se desculpar por fazer besteiras. Visto que, estava sempre tomando decisões imbecis do que fazer, se desdobrando de maneira bem patética para conseguir que ela o desculpasse depois.
Geralmente funcionava, mas mesmo dois meses de tentativa, não havia conseguido então... Só um milagre para ajudar ao pobre universitário.
Num misto de vergonha e raiva, Rachel o deu alguns chutes desajeitados antes de começar a bater nele com o caderno.
— Pelo amor de Cristo! Seja homem! Levanta daí, seu herege sujo! Filhote de filisteu, nojento! — xingando o melhor amigo o faz sorrir.
Não havia citado tanto a Bíblia como antes, logo, sua raiva havia diminuído.
— Estou perdoado? — Richard pergunta segurando o caderno dela que já começa a se tremer de nervoso.
Assim como um pinscher.
— Levanta daí agora, Roth! Último aviso...— ela começando a ameaçar o amigo volta sua atenção para outro lugar.
— Só se me perdoar! — Dick insistiu em pedir recebendo um olhar furioso da mesma.
Como se algo tivesse ascendido dentro dela, Rachel o olha, olha para detrás dele e em seguida respira fundo soltando seu caderno.
— Eu te perdoo somente sobre a condição de me ajudar com uma coisa — a Grayson avisa o olhando séria.
Qual seria o tipo de coisa que iria exigir ajuda dele? Só entendia do tipo de assunto que a sua amiga não se interessava, tampouco gostava. Que tipo de coisa maligna aquela garota tinha em mente pra puni-lo por deixar de ir a igreja? Estudos bíblicos? Livros cristãos?
— Só pedir, Rachel... — ele se colocando de pé a vê sorrir antes de fechar seu armário com força e dizer.
— Depois da aula conversaremos — Rae o informando calma sai com seu caderno e alguns livros sumindo na multidão de alunos.
Como se estivesse decidido se arrastar, as horas passaram como se fossem meses e, a cada minuto que ficava mais perto de ir embora, mais ansioso Richard ficava.
Afinal de contas, não era todo dia que a garota que tinha tudo o pedia algo.
Saindo apressado da faculdade, correu para seu carro e parou John antes que pudesse entrar no veículo, travando as portas.
— Qual é, Dick! — o colega reclama recebendo um olhar divertido do menino.
— É motivo de emergência... Minhas notas precisam da Pinscher! — avisa antes de sair com o carro atrás da moça que andava sozinha em direção a um ponto de ônibus.
Andando devagar com seu carro, se aproximou da sua colega com os vidros fechados, o que o fez ser ignorado pela mesma. E só quando abaixou o vidro do motorista que a chamou, atraiu a atenção de Rae, que tomou um susto.
— O que, em nome de Cristo, você está fazendo?— Rachel pergunta parando por completo.
Parando também o carro, destravou as portas e pediu que ela entrasse, sendo prontamente atendido. Pelo menos de ansiedade ele não morreria.
— E aí? Quem você quer que eu bata? — falando animado recebe um olhar horrorizado da mulher.
— Bater? Não! Pelo amor de Deus! — a filha mais nova dos Grayson o repreende fazendo o sinal da cruz.
Que vontade Richard tinha de soltar aquele cabelo lindo dela preso num coque de gente idosa. Pena que se o fizesse Rachel surtaria.
— Certo. O que você quer então, princesa?
— Não sei como falar pra você... — Rae confessou nervosa olhando para as suas mãos, que mantinha fechadas em seu colo.
— Seja direta, sem versículos bíblicos e diga de maneira simples. Tô bem curioso — Dick acrescenta a fazendo sorrir.
OK. Rachel sorriu e foi o sorriso mais bonito e espontâneo dela. Teria como aquele dia ser mais surpreendente?
— Quer que eu diga sem rodeios? — ela perguntando séria recebe um aceno positivo.
Se ela estivesse prestes a pedir pra ele comprar maconha, dicas de bebidas e qualquer coisa do gênero não havia necessidade de todo aquele drama, mas algo o dizia que seria uma coisa grande.
Esperava muita coisa, menos ouvir o que ela veio a falar em seguida:
— Preciso que você me ensine tudo que sabe sobre sexo.
Perai. Rachel Grayson havia acabado de dizer o quê?
Notas Finais:
Hello! Então! Felizes pela atualização??? Deixe seu voto e se possível seu feedback.
Outra coisa! Aos que votarem e comentarem, estarei dando um trecho antecipado do novo capítulo daqui.!!
Ah! E pra quem conseguir convencer aquela amiguinha gente finíssima a vir aqui dar uma olhada na história, votando pelo menos na dedicatória, vou liberar um capítulo completo antecipado!
E aí? Vamos interagir?? Rsrs
**Ninguém é obrigado a fazer isso, mas se quiser participar só fazer que eu irei recompensar a todos que participarem dessa interação aqui. Kkk
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