Capítulo 5 - Rachel Grayson
"Como pode ser gostar de alguém
E esse tal alguém não ser seu? "
Vanessa Da Mata - Amado
Dois Anos Em New Jersey
Após concluir seu trabalho pendente, tendo já voltado também da igreja, Rachel fazia com calma o jantar enquanto tomava seu vinho e pensava no quanto tempo levaria para conseguir fazer o prato favorito de John, antes que ele chegasse em casa.
Richard havia saído cedo, tal como sempre fazia deveria sumir todo o fim de semana, de forma que restava somente a Rachel e John toda a casa para eles.
Com a comida certa, o vinho perfeito e a música condizente, com toda certeza Rae faria o Logan ver que ela era a esposa perfeita para ele. De forma que poderiam formar uma família, serem felizes e terem um casamento tão perfeito quanto o dos pais dela.
O que seria um plano perfeito, exceto por um mísero detalhe: Era dia do aniversário dela.
O que significava que John não apareceria por lá de jeito algum, coisa que Rachel só se deu conta ao olhar para seu celular e checar o horário, visto que John Logan era deveras pontual e jamais atrasava-se, chegando sempre às onze da noite.
— A droga. Não acredito que esqueci disso! — grita para o nada indo desligar o forno.
Poderia ter feito um culto de ação de graças no dia do seu aniversário, mas ao invés disso, investiu seu tempo num jantar que ficaria só pra ela, uma vez que ninguém apareceria.
Por costume, arruma a mesa, com somente um prato, termina de fazer a lasanha especial, que John Logan amaria comer, mas iria aparecer só na segunda.
Visto que o rapaz deveria assim como Richard Roth ficar de uma festa para outra até acabar seu tempo livre. Rachel Grayson, sentindo-se mais derrotada que Jacó quando descobriu que precisaria trabalhar mais sete anos, além dos que já havia trabalhado para ter Raquel como sua esposa, se arrasta até a mesa com a travessa em mãos e ânimo nenhum.
Mesa arrumada, jantar esfriando e sem fome alguma. Esse era um resumo do seu estado atual até que o céu começa a desabar, a luz cai e, em poucos segundos a porta se abre, fazendo a moça se levantar apressada.
— John? Richard? — pergunta a quem entrava que logo ligou a lanterna do celular agitado como de costume.
— Boa noite, princesa... Ainda acordada? — o Roth questionando confuso a deixa perplexa.
Se até mesmo seu melhor amigo havia esquecido-se de seu aniversário, John também. O que a dava alguma chance de conseguir ter um pouco da atenção do seu colega de apartamento, mas de alguma forma a deixava triste, pois nem mesmo para Richard o aniversário dela era relevante.
Sim, andavam mais afastados que nunca, ele seguindo o caminho do pecado e ela mantendo-se firme nos caminhos do Senhor, ainda sim, o Roth fazia questão de ser o melhor amigo dela. O que não fazia sentido, uma vez que vivia longe de Rachel.
— Vou estudar até tarde, varão... Está tudo bem? — continuou a interrogá-lo desconfiada.
Não era possível que ele tivesse se esquecido de seu aniversário. Richard sempre foi bom com datas.
Vendo ele arrastar irritado um urso quase do tamanho dele, a moça vai até o rapaz com sua lanterna já mais esperançosa. Bem, no final das contas, ele não havia esquecido.
— Que fofo! É seu? — olhando o panda recebe um aceno dele.
— Ganhei num jogo idiota, vou dar para Rita...
— Rita? Não mesmo! Me dá ele! — pede ao amigo que a olha de novo surpreso.
Rachel Grayson sempre preferiu livros a brinquedos, maquiagens e coisas supérfluas, mas naquele dia não ia simplesmente deixar o urso sair de lá do apartamento. Não no dia dela.
— Sabe que não tem idade pra essas coisas, certo?
Não ia brincar com o urso de qualquer forma. Ele seria um ótimo enfeite e na pior das hipóteses uma ótima companhia, já que viviam a deixando para lá como uma mobília da casa.
— Sabe que não tem idade pra bancar meu pai, não sabe? — Rachel Grayson devolveu no mesmo tom que seu amigo usa. — Me dê o urso e eu te dou a lasanha. — propõe ciente que era um negócio fechado.
Se havia alguém naquele dia que iria ganhar alguma coisa de Richard Roth seria ela, não uma qualquer. Ele era dela, ou melhor dizendo, o melhor amigo dela, não de Rita nenhuma.
— Que seja, RaeRae. Quer ajuda pra — antes que o rapaz pudesse terminar, ela apenas saiu arrastando o urso no plástico até a porta do seu quarto onde rasgou o saco e o colocou para dentro.
Embora tivesse escutado seu telefone tocar, a mulher apenas o ignorou e colocando o urso na sua cama se jogou sobre ele, chorando sozinha.
Se estivesse em Little Rock seu pai teria organizado uma grande quermesse, logo depois de um grande culto de ação de graças e uma hora dessas quase toda a cidade estaria com ela comemorando seu aniversário. O que de tão antigo já havia se tornado quase como uma tradição na cidadezinha. Sim, porque a Grayson mais nova receberia vários presentes, parabéns, carinho de todos, atenção especial e seria mimada como sempre foi desde que nasceu. Coisa que na cidade grande não acontecia.
— Como assim “aniversário hoje”? — a voz de Richard a faz se levantar apressada e correr para a porta, a fechando e trancando depressa.
Não iria dar à ele a certeza que havia a magoado com aquilo. As pessoas se esqueciam uma das outras. Richard vivia no pecado. Não dava pra pedir que o seu velho amigo fosse menos do que já era. Pelo menos, um presente havia ganho. Mesmo que tivesse barganhado para tê-lo. O que era uma mudança pra ruim da vida que Rachel Grayson levava.
Escutando as batidas na porta, Rachel fingiu não ouvi-las até que elas cessaram e escutou o celular do Roth tocar.
— Agora? Olha, eu tinha algo importante pra... Ok, já vou Rita! Marca dez minutos, pode ser? Já estou descendo — ouve ele dizer antes de voltar a caminhar para porta do quarto dela.
Mexendo na maçaneta, xingou alguma coisa baixo, bateu na porta até que por fim desistiu e foi embora deixando Rachel só consigo.
Se colocando a orar, ela ainda chora mais um pouco, frustrada com o quão descartável sentia-se. Não importava o quanto orasse, lesse, estudasse e tirasse as notas mais altas, nada mudava o fato que tirando sua vida perfeita seguindo os caminhos do Senhor, aquele ensinado por seus pais, dentro de dentro dela havia um vazio. E nada parecia preencher aquilo.
O pecado parecia ser infinitamente mais divertido que a vida correta. Richard estava muito mais feliz desde que deixou de ser cristão e Rachel não era nenhuma idiota, ela via isso. Parecia não carregar mais fardo algum, tampouco ter preocupações, ainda sim, de nada valia a pena deixar Deus de lado e servir a sua carne. Não quando o resultado seria arder no inferno para o resto da eternidade... Ou será que valia?
As vezes, quando sozinha e sem nada para fazer, Rae se pegava pensando em como seria se desligar de tudo e viver como uma pecadora. Servir ao diabo valeria o preço de perder sua salvação?
— Não, não vale! Deixe de pensar asneiras! — repreendeu a si mesma, levantando-se depressa.
Pegando algumas matérias que ainda faltava estudar, ela começa a separar os cadernos e mesmo no escuro usa as velas que acendia para seu anjo da guarda como luz até que a energia se normalize.
Cabeça vazia era oficina do diabo, escutara o pastor a dizer certa vez.
Uma mulher que pensa tende a cair em tentação e pecar, seu pai a advertiu antes de sair da cidade. E Rachel não pretendia desapontar sua família, sua igreja ou tampouco Deus, agindo como uma meretriz.
Richard que fizesse o que bem entendesse! Algum dia, uma boa mulher entraria em sua vida e o colocaria nos eixos. Até lá, restava a sua melhor amiga orar para que a tal mulher separada por Deus para ele aparecesse logo e que nada de muito mal acontecesse a seu velho amigo, pois ela o amava demais para pensar no Roth ferindo a si fazendo coisas ruins.
Como dormiu de cansaço, após ler todo conteúdo obrigatório do semestre, Rachel perdeu a noção de tempo no seu quarto, até que acordou com as batidas na porta de seu quarto, a fazendo levantar depressa.
— Rachel! Você está aí? — Richard Roth grita já em tom nervoso.
Ignorando a pressa do rapaz, ela ainda fecha os olhos por alguns segundos, uma vez que foi muito depressa sua movimentação ao acordar.
— Rachel! Rachel, mulher! Dá pra dizer se está viva? Vou derrubar essa porta! Eu juro por Deus! — o rapaz continua a gritar sendo atendido pela amiga.
Abrindo a porta confusa, a moça é pega de surpresa pelo amigo, a abraçando apertado demais. Alguém tinha morrido, com toda certeza. Aquela urgência era para dar uma péssima notícia.
— Varão. Está tudo bem?
Pela primeira vez em anos, Rachel escuta Richard fazer algo que não pensou que fosse vê-lo fazer novamente, chorando como quando era uma criança. A fazendo novamente pensar que, definitivamente algo havia acontecido. Grave e muito ruim, ela tinha quase certeza.
— Eu não queria ter esquecido... — o Roth confessando chateado a fez rir.
Aquele escândalo era porque esqueceu uma data?
— Você está realmente chorando desse jeito porque esqueceu meu aniversário? — Rae comenta incrédula recebendo um sinal positivo do seu velho conhecido.
As vezes Richard Roth era tão sensível que ela não conseguia evitar de pensar que talvez a mulher perfeita para ser esposa dele tivesse que de fato ser a cabeça da família, pois no que dependesse de seu amigo, a família que construísse seria movida a suas emoções exageradas e muito fortes.
— Desculpa de verdade, princesa. É que eu tive um trabalho extra para fazer...
— Só deixe de ser tão esquecido, tudo bem? Não estou triste por isso! Eu juro! — ela o consolando continua na mesma posição.
Richard fedia a perfume, estava com a pele muito avermelhada e seu cabelo estava pingando água, o que era incômodo, só não mais que a falta de camisa dele.
Pois de alguma forma estranha, Rachel Grayson sentia-se envergonhada sendo tocada de maneira tão íntima por seu amigo e estando tão à vontade por aquilo. O que não deveria acontecer, uma vez que eles eram só amigos e não teriam nada a mais que isso.
— Eu te trouxe um presente de aniversário, princesa — Richard Roth falou por fim, antes de soltar a moça e sair agitado do quarto.
Achando que havia algo de muito errado com o rapaz, ela apenas ajeitou seus cadernos e livros, sentando-se por fim na cama.
Talvez fosse um urso? Ou um novo terço? Algum livro? A Bíblia? Camisas para dormir novas?
As possibilidades eram muitas, mas não muito depois, para felicidade da moça, Richard voltou com uma caixa em mãos que ela logo tirou das mãos dele, jogando sobre a cama para abrir.
De lá tirou uma camisola vulgar que fez o rapaz rir, a fazendo olhá-lo descrente.
— Acha que sou uma das meretrizes com quem tu anda, seu filhote de filisteu? — xinga o seu amigo que mais sério pediu para que ela tirasse a peça vulgar da caixa.
Lá havia nada menos que uma versão atualizada de um livro cristão que Rachel vinha procurando a alguns dias.
— Perdão, princesa! Eu precisava ver como você ia reagir! — o Roth se desculpou em tom divertido.
— Deveria te fazer engolir esse trapo, seu filisteu imundo — ela interpõe jogando a peça sobre ele que apenas a segura e joga de volta para sua amiga.
— Se algum dia quiser testar... Me manda um foto — Richard Roth sussurrou a deixando em choque, piscando por final para ela com seu sorriso mais estúpido no rosto.
Horrorizada pela audácia do pecador sujo, ela o arremessou um travesseiro e o expulsou do quarto, o que foi atendido pelo seu amigo que saiu, mas logo que ela voltou sua atenção para o livro, o folheando, encantada, Richard correu de volta para o quarto e a deu um beijo na bochecha, saindo sorridente pelo seu feito.
— Filhote de filisteu imundo! — ela grita para o amigo que começa a rir, fechando a porta do quarto.
Aquele imbecil tinha sorte que Rachel era muito maleável. Senão ela jamais o desculparia.
Notas Finais:
Hello! Então! Felizes pela atualização??? Deixe seu voto e se possível seu feedback.
Outra coisa! Aos que votarem e comentarem, estarei dando um trecho antecipado do novo capítulo daqui.!!
Ah! E pra quem conseguir convencer aquela amiguinha gente finíssima a vir aqui dar uma olhada na história, votando pelo menos na dedicatória, vou liberar um capítulo completo antecipado!
E aí? Vamos interagir?? Rsrs
**Ninguém é obrigado a fazer isso, mas se quiser participar só fazer que eu irei recompensar a todos que participarem dessa interação aqui. Kkk
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