Capítulo 44
Rindo consigo mesma, Rae saiu da boate em que estava com as outras meninas um tanto alta, sendo carregada por Richard.
Havia desembarcado, ido direto para os preparativos da cerimônia, checar tudo que chegava, organizar o salão, brigar com os fornecedores atrasados e tomado conta de Elliot, que ficou encantado com Richard o ensinando a dar socos, chegando até mesmo a bater num dos pajens da cerimônia.
Atarefado era pouco pra descrever como o dia foi.
Para completar bebeu além da conta e quando se deu conta tudo girava e não conseguia ficar em pé, forçando Dick a encerrar mais cedo a noite deles.
— Princesa... Deixa eu te carregar. — ele pede tentando a suspender sem sucesso.
Não estava tão ruim assim, podia andar sozinha.
— De jeito algum! Eu consigo... — dizendo convencida tropeça e quase cai, sendo contida pelo seu namorado.
Ok, ela estava uma merda. E a culpa era de Cindy, que a convenceu a disputar quem virava mais copos em menos tempo.
Rae era terrivelmente competitiva e a moça bem sabia disso.
Na realidade, a única culpada era a própria Grayson, que deveria ter escutado seu bom senso na primeira rodada das cinco.
— Mulher. A que ponto você chegou? — repetiu o homem a pegando no colo por fim.
Fazia meses que Richard vinha a controlando mais que qualquer outra coisa e, justamente no dia que teve oportunidade, nada mais justo que passar um pouco dos limites.
Deus ia a perdoar, pois a moça jamais havia feito tal coisa antes e estava de fato muito feliz por Cindy. Não era todo dia que o amor da vida de alguém casava-se com essa pessoa.
Elas eram um retrato bem notável de como era a felicidade juntas.
— Precisa de ajuda, Roth? — a noiva pergunta indo atrás dos dois boate a fora.
Notavelmente preocupada com o estado da sua amiga. Ex carola e atualmente uma jovem tão normal quanto qualquer outra.
A mudança não poderia ter sido mais óbvia, pelas roupas, maquiagens e até mesmo o jeito de falar da Grayson mais nova.
Ela, que antes era um retrato exemplar de religiosa, tornou-se uma mulher empoderada, viva e muito mais do que um mero reflexo da Bíblia que vivia a ler e seguir cegamente.
Richard, outro exemplo de jovem seguidor do cristianismo antiquado, agora era um homem bem afeiçoado, bem resolvido consigo mesmo e até mais bonito e interessante que na época em que morava na cidade.
Sorte a de Rachel que se tinha uma coisa que Dick era, para tristeza de todas as mulheres da cidade era namorado da Grayson.
Que passou a noite rindo e apostando com ele quem recebia mais cantadas.
— Não! Vai lá, Polly... A Pinscher passou dos limites, como sempre. — Richard explicando a mulher recebe uma risada da sua namorada.
Ele vivia caindo de bêbado a algum tempo atrás. Por que não aceitar que ela o fizesse uma única vez?
Estava apenas se divertindo, oras.
— Só dela não ter tentado exorcizar ninguém aqui é um grande avanço! Muito obrigada mesmo, cara. Você é um anjo na vida dela... — Cindy agradecendo mais uma vez leva Dick a resmungar alguma coisa que a namorada dele não entendeu.
Em compensação, Rachel se pôs a beijar o pescoço dele, que ficou rindo pela ousadia da mulher.
— Tranquilo. Só estejam lá, ok? Não se esqueçam de levar o bebê de vocês. O pajen novo é ele! — avisou a noiva antes de voltar para a boate, bem vazia se comparada a boate que os dois trabalhavam.
Chamando um táxi, Richard a pôs no carro e entrou em seguida, sendo pego de surpresa pela mulher que o beijou com desejo.
— RaeRae. Pelo amor de Deus. Não estamos no meu carro... — ele interrompendo o beijo olha para o motorista.
Não é como se Rachel ligasse para aquilo.
Algo dentro dela tinha uma grande necessidade de transar com ele e o Roth parecia achar muita graça naquilo.
— Tá bom... Quando chegar no hotel vamos direto para o banheiro. — Rachel avisou ao homem que riu e concorda.
Encostando a cabeça no ombro dele, Rachel fechou os olhos e quando abriu novamente foi graças ao despertador do seu celular, que anunciava que a hora de terminar as coisas da cerimônia era aquela.
Pois em quatro horas teria início o casamento.
— Princesa... Você pode dormir mais um pouco. Tudo está certo. — Dick resmunga baixo a abraçando com carinho.
Na verdade, não. Precisava se certificar que tudo seria perfeito.
— Não consigo. Hoje também temos o almoço com meus pais e os seus, lembra? — ansiosa a Grayson lembrando ao namorado recebe um olhar compreensivo.
Richard bem sabia o quão traumático era pra ela sentar na mesa com seu pai e ficar calma, bora quisesse matar ele.
Orava a Deus todos os dias para que tirasse sua raiva dela, mas toda vez que pensava naquele monstro que cresceu chamando de pai, não conseguia sentir outra coisa.
Uma mistura bem forte de nojo, ódio e desapontamento.
Que a corroía a meses desde que descobriu o que houve em sua infância.
— Qualquer coisa, eu bato nele. E aí a gente sai correndo...! Que tal? — Richard Roth conta a namorada que ri, acordando Elliot, provável que durante a madrugada deveria ter deitado com eles.
Agarrado a Dick e com os pés sobre Rae, o menino dormiu confortável mesmo fora de sua zona de conforto.
— Mamãe Aê... Eu bate também. — El se oferecendo gentil fez os dois adultos rirem.
Com cuidado, Rachel se sentou na cama e observou os dois homens da sua vida com um grande sorriso.
Aos poucos sua vida tornava-se perfeita e a cada dia amava mais aqueles dois.
— Viu só? Já são dois contra um... Mostra pra ela o muque, Elliot! — Richard pediu ao garoto que logo o atendeu.
Flexionando o braço, ele sorriu convencido para ela que fingiu surpresa ficando por fim de pé.
— Nossa! Como ele é forte! — Rachel a comenta com Dick que ri mais ainda. — Ainda sim, preciso organizar tudo! Vão dar um passeio enquanto eu cuido de detalhes! — Rae solicita aos dois que continuam brincar de brigar na cama.
A cada dia tornavam-se mais próximos e aquilo era maravilhoso. Para alguém que não o queria, Rickard estava muito à vontade com a presença do garoto.
O que era sensacional.
Em menos de quinze minutos já pronta, deu um beijo em cada um dos dois brigões e saiu para para receber as flores, que foram muito bem organizadas no altar, mesmo sob protestos de alguns religiosos.
O casamento de duas mulheres numa igreja não era bem visto pelos mais radicais, que eram contra a união ser celebrada como qualquer outra.
Vendo um grupo de mulheres cochichando, Rachel logo perdeu sua paciência, deixando de lado os toques finais nos arranjos para ir na direção delas.
— Perderam alguma coisa aqui? — pergunta em voz alta cruzando seus braços.
A olhando com desdém uma das mulheres revira os olhos, logo a dizendo:
— Logo você, uma moça criada em boa família, se prestar a um papel desses? — a senhora ralhando com a mulher recebeu um olhar de pouco caso.
Aquelas senhoras não tinham mais o que fazer, não?
Tinha quase certeza que uma hora daquelas, elas poderiam estar na pracinha conversando entre si e dando comidas aos pombos.
— Logo a senhora, uma mulher sempre temente a Deus fazendo pouco caso dos filhos dele? — devolveu sem paciência cruzando seus braços.
— Isso não é natural! Esse tipo de abominação não pode acontecer na casa de Deus!
— Eu concordo com a senhora! Como pode, mulheres que entendem e seguem o evangelho, julgando ao próximo, sendo algo proibido nas escrituras!? Um absurdo! — Rachel Grayson rebate gesticulando para os dois rapazes que a ajudavam a mover tudo.
Guiando as mulheres para saída sob protestos, eles fecharam as portas da igreja e se mantiveram lá na entrada, recebendo todos os itens até que a igreja estivesse pronta.
Optando por se arrumar na igreja, acabou ficando por lá mesmo até que Richard chegou com Elliot e junto dela ajeita as coisas.
Embora tivesse chorado toda a cerimônia, tirou várias fotos de Eliot e até mesmo pegou o buquê de flores, ficando sem jeito no primeiro instante.
Richard sequer havia a dito que amava ela.
Quem dirá pedi-la em casamento?
— Mulher, tem certeza que vai almoçar com a corja? — Cindy a perguntando curiosa recebe um sinal positivo.
Sonya ficaria com Eliot e ela, juntamente de Richard, iria almoçar com as duas famílias deles.
Que comemoravam o chá de revelação do filho de seu irmão naquele mesmo dia.
Era realmente assustadora a capacidade de todos eles de serem filhos de filisteus, falsos, pregadores mentirosos da palavra de Deus.
— Filho.. . Vai devagar, leva a tia Sonya pra o quarto em segurança e fica vigiando ela até nós voltarmos ok? — Richard Roth o pede deixando Cindy confusa.
— Ele gosta de ser responsável quando Dick não está. — Rae explicou baixo indo até Sonya.
— Sinto muito pela sua filha. — falando com sua chefe recebe um aceno rápido.
A mulher havia descoberto que o pai da garota a tirou da casa dos pais dele e sumiu com ela, voltando sem a bebê no final do dia das bruxas.
— Tudo bem, tenho você pra perturbar. Vou ficar bem. — a senhora Grant afirmando depressa sorri rapidamente.
Sentindo que ela precisava ficar só, Richard Roth gesticulou para que Rachel a deixasse ficar na festa das noivas e sem soltar a mão de sua namorada, caminhou até a casa dos Grayson, onde era celebrado o tal chá de revelação da esposa do seu irmão mais velho.
— Ora, ora, ora. O que temos aqui. — Elliot a saudou com sarcasmo evidente.
— Paz do Senhor. — a mulher ignorando o tom dele, o empurra e entra para casa.
Chegando lá, RaeRae vê todo o corpo da igreja em peso dentro da casa conversando animado até que eles dois chegam.
— Irmã Rachel? — a esposa de Elliot fala surpresa deixando seu chá de lado.
— Olá. Perdão pelo atraso... — Rae começa a se desculpar vendo as mulheres da igreja lá no almoço também.
Ao contrário dela Richard apenas olhou para um ponto invisível e fez questão de não falar com ninguém, segurando mais forte a mão da sua namorada ao ver o pastor, pai dele, logo mais a frente com os irmãos da igreja.
— Ocupada fazendo da casa do Senhor um antro de homossexualismo? — a senhora de mais cedo alfinetando a mulher recebe um olhar desinteressado dela.
— É. Bem isso. O almoço já foi servido ou vão ficar tomando chá, comendo biscoitos e julgando o próximo o resto do dia? — a Grayson fez pouco caso do assunto indo para a sala onde sua mãe organizava uma enorme mesa.
Daqueles anos que passaram até o dia de sua volta a casa havia crescido muito mais. Se antes era grande, hoje em dia era uma mansão se comparada ao resto da casas da cidade.
Infelizmente luxo nada tinha a ver com caráter. Tampouco se cercar de pessoas com bíblias debaixo do braço.
E para sua saúde mental Rachel no caminho fez uma única promessa a si mesma:
Fazer do almoço digno de comentários pelo resto da vida do monstro de seu pai.
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