Capítulo 33 - Rachel Grayson


Embora tivesse mantido sua cara fechada ao passar por todos, trazendo o pequeno Elliot consigo, ainda que soubesse que uma boate não era lá um lugar decente para crianças, Rachel guiou o menino calado, mexendo em um jogo no celular dela até sua mesa, onde se encostou uma pilha de nervos.

Richard mesmo com todo o esforço que Rae teve, tirando-se de sua zona de conforto, para o surpreender e convencê-lo que ela poderia ser uma boa namorada para o rapaz foi entendida da pior forma possível.

Que tipo de mulher ele achava que a Grayson era para ser mais uma das "ficantes" de Richard?

Rachel poderia ter tomado as aulas com ele, mas não era qualquer uma. E tampouco iria continuar a pecar se deitando com um homem que sequer a queria como namorada.

Poderia ter mudado muita coisa, mas o valor que sabia possuir não era uma dessas coisas. Enquanto seu melhor amigo a visse como uma jezebel, uma rameira qualquer, não ia manter mais nada além da amizade com ele.

— Tá tudo bem? — Sonya a pergunta confusa olha para o menino e fica pensativa. — Não parece muito feliz em tê-lo com você... — observando séria recebe um olhar triste da funcionária.

Havia conseguido seu sobrinho, mas parecia ter perdido mais uma vez um pedaço seu ao brigar como fez com o Roth mais cedo.

— Eu estou feliz por ele estar comigo...! — RaeRae falou agitada caindo em lágrimas em seguida.

Sua felicidade era bem real, mas além dela,  a mulher estava nervosa, uma vez que Elliot parecia ter algum tipo de retardo mental, estava com medo de não ser boa o suficiente pra o garoto e se sentindo um lixo por nunca ser boa o suficiente pra homem algum.

— Hey... Vem aqui, menina. — Sonya a chama abrindo os braços como ótima pessoa que era.

A verdade era que com John nunca teve chance, mas com seu melhor amigo, que sempre a dizia coisas tão agradáveis e fazia se sentir tão bem, ela foi uma idiota e achou que valesse mais que uma mulher qualquer.

Uma das muitas ideias erradas que teve.

Mesmo dando seu máximo acabou sendo só mais uma mulher que não era suficiente para ser namorada dele. E aquilo a doía muito mais que indiferença de John Logan a doeu.

— Pode chorar querida. Sei que está sendo muita coisa pra você, pequena. — a senhora Grant confortando a sua funcionária sorri para o garotinho que tinha parado de jogar para observar a cena. — Tudo vai ficar bem... — avisou aos dois que pareciam precisar ouvir aquilo.

Cansada de criar expectativas e depois se dar mal por isso, Rachel continuou a chorar por alguns minutos até que sua dor e frustração diminuíram e Sonya enxugou suas lágrimas dizendo:

— Vem, vamos lá no meu apartamento.

Levando ela e o garoto, deixando a supervisão do lugar nas mãos de um dos seguranças, a mulher foi para a segunda parte da boate, onde uma escada dava acesso ao local onde a mulher morava.

— Vamos, lá. Diga-me o que Richard a fez. Estava realmente já sentindo falta de odiar homens... — Sonya brincando a faz sorrir um pouco.

— Não é isso. É que eu não consigo ser boa suficiente pra ninguém... Isso é, tão, tão...

— Frustrante? — a Grant observa sorrindo. — Bebê, se nem o filho do dono desse mundo podre conseguiu agradar a todos por que você o faria? — ela mandou direta fazendo Rachel a olhar em choque.

Ela simplesmente dizia as coisas ou ainda pensava em como poderia a deixar mais sem palavras possível?

— Escuta, sei que você é esperta e não vai levar a mal o que vou lhe dizer, mas.. Nem tudo na vida se resume a palmito. — ela conta a jovem que não entende nada.

— Que? Palmito?

— Homem branco, Rachel... Enfim, foca na sua carreira, em cuidar desse neném que você lutou para trazer pra perto, na sua festa de aniversário e esquece que o resto se ajeita. — Sonya explicando faz a funcionária se animar.

— Certo. Obrigada... Por tudo. — Rachel Grayson começou a falar recebendo um sinal de "deixe pra lá".

— Tenho você como uma filha, já... Conselho de mãe e dolorido, mas eficaz. Fora que é de graça e com muito carinho. — conta a mesma que a abraça.

— Você nunca pensou em ter filhos? — Rae a pergunta curiosa.

— Eu tive uma vez, mas depois que fugi do pai dela acabei a entregando a minha irmã...

— E você não pensa em ir falar com sua filha? — Rachel comentado confusa recebe um olhar bem diferente do habitual de sua chefe.

Ao invés do calor humano que emanava, a felicidade e agitação, havia no olhar de sua chefe muita dor. E mágoa também.

— O pai dela a achou e levou. Ameaçou minha irmã e sumiu com a minha Jessie... — com a voz emocionada Sonya contou se abraçando chateada.

Vendo que dessa vez quem precisava de um abraço era sua chefe, Rachel Grayson foi até a mulher e a abraçou com toda sua vontade.

— Acham que eles ainda moram em Little Rock? — Rae perguntando em tom calmo se afasta da mulher.

— Talvez.  Eu queria dizer que não, mas ainda tenho medo de voltar pra lá e ter que lidar com aquele animal..

— Eu conheço algumas pessoas bem engajadas na prefeitura, posso pedir um favor aos irmãos do meu primeiro grupo jovem. Se você quiser, claro. — Rachel Grayson sugeriu prestativa como de costume.

Dois rapazes haviam conseguido cargos públicos na prefeitura de sua cidade de nascimento.

E como, felizmente, Sonya vinha da mesma cidade pequena que eles, Rae poderia ser de grande ajuda.

— Tem certeza? Ele era o filho do prefeito na época que sai de lá. — a mulher recordou receosa.

— O prefeito saiu a alguns anos atrás, vai dar certo.

Achar coisas sobre a antiga administração poderia ser mais fácil do que ela imaginou, pensara a princípio.

Tratando logo de ligar para os rapazes, tendo já os dados da criança perdida em mãos, Rae recebeu como resposta um pedido por aguardar que assim que pudessem Jonathan e Maurice a dariam maiores informações.

Naquele meio tempo Elliot dormiu no sofá de Sonya, que pegou um travesseiro e cobertas, as colocando sobre o menino.

— Tudo bem mesmo deixar ele dormindo aqui.? — Rachel pergunta a chefe que ri e gesticula para um canto nas costas da mulher.

Claro, ela tinha câmeras de segurança nas áreas comuns da casa. Provavelmente o vigiaria pelas filmagens enviadas a seu celular.

— Antes de descermos e voltarmos a nossa vida profissional. Posso te dar um conselho com toda minha experiência de vida? — a Grant a para no meio do caminho séria.

— Claro...

— Senta e conversa. No calor do momento muita coisa é dita da boca pra fora. Richard é um bom garoto. É homem, mas não dá pra ser perfeito. — a sua patroa a avisa divertida.

Não muito depois, Richard chegou com cara de poucos amigos e como Rachel já conversava com as meninas, que tentavam a todo custo a ensinar a "elogiar homens" da maneira correta.

— O que há de errado em apenas dizer que alguém é bonito? — Rae reclama com Jess que a olhava incrédula.

— Gata! Você tem que entender que "Nossa você é bonito" nunca vai ser melhor que dizer "olhei pra você e minha calcinha ficou tão úmida que ao invés de cair no chão chegou ao centro da terra"! — uma das garotas repreendeu a Rachel que revirou os olhos.

— Ou então falar que "sentava com tanta força que quem me tirasse de cima seria o novo Rei Arthur".— Sophie, garota que entrou no lugar de Rita, comentando agitada recebe um olhar surpreso das meninas.

— Jesus, Sophie...! — a Grayson repreendeu a ruiva que gargalhava alheia aos olhares dos homens que tinham acabado de chegar.

— Mas diga-me, Rachel. Vocês evangélicos falam palavrões? — Samuel, um dos rapazes que fez questão de entrar na roda de conversa encerra as risadas entre as meninas.

— Que? Não! Claro que não... Não, é? — Jason, que literalmente passou por cima de Richard, se aproximando da roda de conversas, curioso demais.

O homem negro, de uns dois metros com um corpo de dar inveja a muitos, ainda que com um humor adorável e o jeito muito fofo, não condizia em nada com o quão bem dançava em cima do palco, segundo todas as moças.

Era stripper por diversão, uma vez que havia pago sua universidade de direito e até mesmo já tinha licença para advogar. Fato esse que a Grayson achou muito incomum.

— Não são mundanos como vocês, mas.... Temos sim. — Rachel afirmou divertida obtendo a atenção de todos, menos Richard que a olhava com raiva.

— Não é grande coisa. Um "foda-se" é insubstituível...

— Ainda sim, posso xingar onde eu tiver que ninguém vai me repreender, você pode fazer o mesmo, Roth? Acho que não. — Rae o provoca recebendo um olhar de raiva.

Embora seus olhos dissessem que ele tinha muito a dizer, sua consciência o impedia de fazê-lo e desta forma o homem optou por sair do lugar e a deixar falando com os demais.

— OK! Quero que me diga todos....!— Sophie pediu à Rachel que concordando apressada se põe a responder a questão.

— Esposa de Potifar,  Jezabel, Pôncio Pilatos, atribulado de Satanás, Fariseu, incircunciso, cavalo da carroça do faraó,  lemproso do cão, vaso e manto. São os mais usados... — Rae respondeu animada antes de uma das pessoas levantar a mão e dizer.

— Como vocês poderiam colocar atribulado de Satanás numa sentença? — a russa pergunta a ela que ri.

— Uma vez um menino do colégio me chamou pra sair e tentou me beijar, eu já fui logo orando repreendendo e chamando ele se "atribulado de Satanás".

Embora tivesse levado a sério naquela época, hoje em dia a memória a fez rir tanto que os demais a acompanharam até que Sonya interrompeu as risadas dizendo:

— Isso é piada sua, né? — a patroa questionando a jovem recebe um sinal negativo.

Mudando logo de assunto com a chegada de Richard, Rachel acabou indo para seu escritório onde acompanhou o sono de Elliot uma vez e outra, nos seus intervalos de trabalho.

Notando que o menino parecia muito sonolento, Rachel não se incomodou de deixá-lo repor o sono, até que John chegou lá e pediu a Richard que fosse, juntamente com ele levar Elliot ao psicólogo.

— Eu não acho que... — Dick começou a falar sua desculpa sendo logo cortado pelo rapaz.

— Seja sensato Richard. Se você quer o garoto longe, só nos ajuda a descobrir o que há de errado com ele, por favor. Ele não vai a lugar nenhum sem você.

Sem notar que a Grayson descia com Eliot, que ao acordar voltou para o celular dela, Logan deixa escapar uma afirmação que incomodou bastante a Rae.

— Ele acabou de acordar. Resolvi deixar ele com o celular pra ficar calmo. — ela explica aos homens que não pareceram animados com o que foi dito.

— Celular faz mal as crianças. Richard vai arrumar um passatempo saudável pra ele. Prometo. — o loiro dizendo sorridente, o guia até o Roth que pega o menino no colo.

— OK. Quando voltarmos iremos ao cinema. Tudo bem? — ela sugeriu animada sendo ignorada por seu melhor amigo.

Richard fazia questão de deixar claro que para ele, o garoto não era bem-vindo e enquanto Rachel o quisesse não iria aceitar Elliot com eles.

Embora não quisesse dizer nada, iria levar os dois para o cinema e enquanto John ficasse com o menino assistindo filme, Rae e Dick conversariam como adultos na praça de alimentação.

Para que resolvessem suas pendências Um com o outro.

DEIXE SEU VOTO. RSRS

Notas Finais:
Leu? Releu? Surtou com o final? Gostou? Quer atualização mais rápida??? Deixe seu voto e se possível seu feedback! Seu Feedback vale trechos a antecipados do novo capítulo.! Adoro ouvir o que vocês tem a dizer, Beijos!

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top