Capítulo 22 - Rachel Grayson
Disposta a aprender sobre sexo de uma vez, pois pretendia ficar com John no seu dia de aniversário, Rachel aproveitou seu atestado para ir perturbar Richard Roth no hospital pela manhã.
— “Para você nunca” — lê em voz alta a resposta do seu melhor amigo.
De brinde ia também esfregar na cara de todos que ela havia feito uma troca por coisa muito melhor saindo dali. O que ninguém sabia e vivia a dizer coisas terríveis sobre ela.
Inclusive que Rachel estava a ficar com Richard e Noah ao mesmo tempo, fazendo dela uma vilã e o doutor um homem santo, o que não era verdade.
— Vai realmente ir no seu antigo estágio? — Sonya a perguntando séria pelo telefone, logo que Rae atendeu a ligação, faz a moça sorrir.
Fazia questão de mostrar estar ótima, além de dar fim aos mexericos maldosos a seu respeito.
— Vou em paz. Não se preocupe.
— Minha preocupação não é de você fazer algo, mas... Enfim, esquece. Bom passeio! — a senhora Grant desiste de relutar, desligando o aparelho.
Ciente que não daria em nada tentar fingir que não se importava com as coisas horríveis que diziam a seu respeito, Rachel desceu do táxi, pagando ao motorista antes se voltar para o hospital, entrando depressa.
— Estagiária, Grayson? — a enfermeira Louis a chamando rápido recebe um sorriso da moça.
O problema lá era Judith. A enfermeira chefe não tinha nada a ver com a bagunça feita pela pediatra.
— Olá. Sabe onde encontro a Judi? — pergunta calma recebendo um olhar preocupado da senhora.
Provavelmente temendo que Rachel fizesse um escândalo no hospital.
— Converse com Meredith. Ela pode...
— Meredith não está me difamando. Meu assunto não é com ela. Pode me dizer onde está Judith ou terei que sair pro aí procurando? — tentando receber uma resposta apenas faz a mulher fechar a cara.
— Vigia irmã, Deus disse... — Louis começou a falar em tom de repreensão.
Estavam a difamá-la e ela que precisava ficar em silêncio? De jeito algum. Era cristã, mas sua mansidão tinha limites.
— Vamos e convenhamos que Deus disse muita coisa que nem um porcento é seguido à risca. Dá pra chamar ela ou vou precisar sair procurando? — a Grayson insiste em tom firme.
Conversar com sua chefe rendia muita coisa interessante. Argumentos bons para silenciar cristãos inclusive.
Observando Rachel de braços cruzados, ciente que ela não sairia dali até que tivesse feito o que veio fazer, Louis digita em seu celular até que a dá uma resposta seca dizendo:
— Na cantina.
Sem a responder apenas assentiu e saiu rumo a cantina, onde passou por todos sem falar nada e sentou-se onde a doutora estava, comendo tacos e mexendo no celular.
— Ora, ora, ora... Se não é a santinha fake — Judith comenta com Rachel que sorri e joga a bandeja dela no chão.
— Primeiro, santo só Deus e seu filho. O resto são apenas mensageiros, doutora... — Rae falando calma recebe uma risada da mulher.
— Além de não saber valorizar um bom homem, não entende de sarcasmo! Tenho pena de você — a médica debochou de Rachel que a olha com desdém.
Quem nasceu para ser Lia, a esposa que não era querida pelo marido, jamais seria Raquel. E por conta disso só restava a doutora desdenhar do fato de quem ela queria não a querer de forma alguma.
— Pena tenho de você, que vive por aí apaixonada pelo seu melhor amigo e nunca vai ter nada dele, amada! — Rachel Grayson despeja tudo que guardou para si por muito tempo. — Outra coisa, quando for falar de mim, verifique as fontes. É fácil me pintar como uma mulher qualquer, só pra disfarçar o fato de que sua paixonite me quis e eu não correspondi, tá bom, benção? — avisando a mulher a faz olhá-la mortificada.
Não tinha culpa se era uma esposa perfeita e ele como homem via bem aquilo.
— Você usou um bom homem!
Como se o homem não fosse tão louco quanto Esaú quando trocou seu direito de primogênito por um prato de comida.
— Eu? Que dia foi isso? Que me lembre quem me seguia como um cão era ele! — interrompeu a mulher que parecia prestes a enfartar. — Supere, querida! Eu já tenho coisa muito melhor que isso! Pode ficar pra você... — desdenha do médico saindo do lugar com a mesma calma que entrou.
Ignorando os olhares de todos presentes, ávidos por uma briga, Rachel foi direto de lá para emergência, onde Richard Roth estava a discutir com dois médicos sobre lutas.
— ... Me dá cem pratas para você ver se eu não derrubo quem quer que seja! — Dick, apelido idiota que ele mesmo se deu, gaba com os rapazes que riam.
— Mas, vem cá. Tu tem alguma coisa a ver com o que houve com o Noah? — um ruivo pergunta a Richard que o olha por alguns segundos antes de responder.
— Nunca nem vi. Que dia foi isso mesmo? O que houve? Não entendi muito bem o que disseram.
Confusa sobre o que estavam falando, Rachel se aproximou dos rapazes atraindo a atenção dos dois de frente para Richard Roth.
— Bom dia, senhorita, em que podemos ajudá-la? — o ruivo a saudou animado, avaliando a moça.
Como estava com seus cabelos soltos, já que Rachel havia assumido seus cachos, fora que maquiada, usando um vestido azul-claro, de alças finas, decote nos seios e barra de prendas, indo até à metade da sua coxa, completado por um par de saltos que ela escolheu para ficar mais alta, o que atraía olhares, não a incomodando nem um pouco.
— Podem terminar a conversa. Não quero atrapalhar... — Rae replicou sorrindo ao ver Richard se virar com uma expressão surpresa.
O vestido não era visível por debaixo do casaco que ela usava, porém Rachel havia feito questão de o abrir e passear por aí com ele. Deixando bem claro que não se incomodava mais com olhares alheios.
Já que adorava o terço dado por Richard Roth alguns anos atrás, pretendendo exibi-lo para quem quisesse ver. Pois aquele foi a primeira joia que ganhou de presente.
— O que faz por aqui, princesa? — o Roth questiona sério a sua amiga.
Sem entender o porquê do espanto dele, Rae o olha de cima a baixo achando engraçado o fato de seu amigo ficar nervoso, entrando na frente dela.
— Vim perguntar se você pode almoçar comigo...
— Não podia apenas ter ligado? — reclamou Richard recebendo um sinal negativo.
Desde quando ele era tão rude? Não havia gostado da sua surpresa? Rachel Grayson até mesmo trouxe comida para ele. Onde estava os bons modos de seu velho amigo?
— Vim resolver pendências também, seu chato! Vai querer ou não? Se não quiser, chamo outro pra almoçar comigo...
Sem paciência para ficar lá plantada feito uma idiota, pois, já sentia-se burra o suficiente por ter se dado o trabalho de ficar bonita para Richard Roth, que não estava nada feliz com a presença dela.
— Vocês podem avisar a doutora que vou resolver uns assuntos? — ele pedindo tranquilo recebe olhares dos amigos.
A julgar pela malícia deles, notável pelos sorrisos que trocavam entre si, eles deveriam pensar em algo muito errado com toda certeza.
— Claro, cara! Depois me conta se a tua namorada tem uma irmã.... Fiquei interessado! — um deles quebra seu silêncio sorridente.
Com cara de poucos amigos, Dick saiu sem os responder, seguindo Rachel que foi para a área aberta do hospital.
No terraço, ela costumava a comer escondida de todos, sendo assim, optou por levá-lo para lá também.
— Você comia aqui? — seu amigo perguntando confuso a faz sorrir.
— Sim! Aqui é ao ar livre, longe de toda bagunça lá embaixo e bem próximo para em emergências eu chegar rápido... — contando sincera sorri com as lembranças que tinha.
Algumas pessoas tinham medo da solidão, mas RaeRae a via como algo muito prazeroso por vezes. Era no silêncio que ela se encontrava e podia ser quem bem entendesse, sem se preocupar em manter sua doutrina cristã evidente a todo custo.
— Você me trouxe almoço? — ele falou com espanto mexendo na bolsa que Rachel o ofereceu.
Nunca havia feito aquilo antes, mas precisava ser boazinha para convencer Richard a fazê-la uma mulher experiente no assunto sexo.
— Não deveria?
Dando de ombros, se sentou sobre seu casaco, assistindo seu amigo comer apressado. Richard era um rapaz que cresceu numa família problemática. Sua mãe não era dada a muitos gestos carinhosos e aquilo que Rachel tinha como comum, para ele era um gesto assustador e impensável.
— Quem gosta cuida, varão — ela limita a dizer ao seu conhecido que sorri abertamente.
— Você é incrível, princesa! — Richard Roth dizendo entre uma garfada e outra faz a moça sorrir.
Depois que o acompanhou para descer, ainda tentou ir embora, mas Richard pediu que ela esperasse, a fim de ir buscar um presente. Ciente que aquela era uma mentira deslavada, Rachel ainda esperou um pouco antes de Richard Roth a encher de beijos e sair apressado por conta de uma emergência que teve, não sendo sem tempo, pois de lá ela foi direto para seu trabalho. Onde teve o desprazer de dar de cara com Rita Black.
— Bom dia, lindinha. Tem alguns minutinhos? — a loira pergunta a moça que concorda sem ânimo algum.
Já que não tinha como fugir de dela, restava a Rachel Grayson enfrentar aquela cobra de frente. Indo com ela para um canto afastado, Rae recebe um sorriso falso que o corresponde com outro mais afetado ainda. Já que estava apreendendo a dar todos aquilo que davam à ela. Falsidade com falsidade e por aí ia. O importante era que não fosse mais feita de boba.
— O que houve, benção? — Rachel foi direto ao assunto, sem tempo a perder.
Rita Black era o tipo de mulher que não valia o esforço de manter diálogo. Algo nela era muito perigoso e a moça, cristã ou não, mantinha uma distância de segurança.
— Você é muito amiga do Dick, né?
— Sim, mas... — Rae tentando falar é cortada depressa pela loira.
Sorrindo de maneira bem artificial, ela segura as mãos de Rachel que logo reconhece o anel na mão dela. Era o anel de noivado da mãe de Richard. O que ela deu ao seu filho para usar, vendendo em casos de necessidade extrema, mas que Richard jurou que daria a sua futura esposa.
O que aquela mulher fazia com uma herança da família de Richard?
— Esse é o anel... — Rachel tenta falar antes de novamente ser interrompida.
— Sim! Richard e eu estamos progredindo! Não é incrível? — perguntando retórica deixa a moça sem chão por alguns segundos.
Aquela mulher e Richard tinham alguma coisa?
— Sim, vocês... Vocês são? Digo, estão noivos? — questionou incrédula a stripper que riu divertida.
— Quem sabe? É um anel de compromisso, né? De repente eu seja a futura senhora Roth! Não seria ótimo?
Sem saber como reagir, uma vez que estava sendo a amante de seu melhor amigo, Rachel tenta sair de perto de Rita que a segura pela mão com força.
— Preciso ir, Rita... — Rae se contendo para não vomitar de nervoso, pediu a loira que a continua a ignorá-la.
O ar a cada segundo parecia mais escasso e seu corpo ficou muito mais pesado, de forma que quando começou a respirar com dificuldade se deu conta estar no meio de uma crise de ansiedade.
Ainda sim, porque ele não havia a dito sobre sua quase noiva? Por que, Richard Roth aceitou dar as aulas a ela se estava comprometido com outra? Rita estava ciente que estava acontecendo entre ela e seu melhor amigo? Como poderia manter sua cabeça erguida se estivesse sendo amante de um homem comprometido?
— Só me promete que vai manter outras longe dele, está bem? Me sentirei mais tranquila se não precisar me preocupar com a ideia dele sendo tentado por vagabundas por aí... — a Black pediu séria a moça que concordou antes de sair apressada para o banheiro.
Onde devido ao nó que seu estômago estava colocou para fora tudo que comeu, sendo amparada por uma das garotas.
Como Richard Roth, o adorável rapaz que acreditava no casamento e na família criada e instituída sob os pilares do cristianismo se tornou um homem tão sujo a ponto de usar sua melhor amiga como amante sem a contar coisa alguma?
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