Capítulo 1 - Rachel Grayson
Anos Depois, Little Rock.
Fazia algum tempo desde que Rachel Grayson recebeu sua carta da faculdade que escolheu ir com seu melhor amigo e paixão de longa data.
Detalhe esse que a moça cristã escondia de todos, uma vez que seus pais não gostavam muito de Richard. Pois o rapaz desde que a conheceu não se desgrudava nem um minuto sequer dela. Levando a moça a ter uma ideia de que talvez aquele fosse o homem que Deus estava a preparar e separar para ser seu marido.
Um pensamento que o senhor Grayson jamais poderia saber vir de sua filha mais nova, uma vez que era muito protetor e ciumento com Rachel.
Sim, de fato além de sonho de Richard, a universidade que almejavam era ótima e ela contava uma bolsa integral que ajudaria Rachel a manter-se por lá até que terminasse a sua formação. Entretanto, Rae não se sentia nem um pouco feliz naquele dia em especial.
Faltava só mais um dia para ir embora da cidade de LittleRock, deixar tudo para trás e recomeçar em New Jersey. Uma vida diferente e solitária, pois, seu melhor amigo Richard, motivo dela ter escolhido essa faculdade tão longe de casa, não recebeu a resposta, cuja a amiga já havia recebido dizendo que foi escolhida.
— Mamãe! Paz do Senhor! Cheguei em casa! A benção!
Usando sua calça jeans, camisa larga e tênis, a moça havia acabado de chegar em casa, após mais uma reunião do grupo jovem, quando sua mãe jogou nela um envelope e saiu sem dizer uma palavra, o que fez Rae a olhar e respirar fundo.
— Obrigada, mãe...
Sua saída não era sem tempo, já que sua relação com sua mãe só se desgastava e quanto mais seu pai a dava dinheiro e presentes, pior tudo ficava. Coisa que entristecia a moça, mas não havia nada a ser feito com relação à isso.
E mesmo não tendo Richard ao seu lado, tinha certeza que passaria por toda faculdade com louvor e reconstruiria sua vida bem longe de LittleRock, como seu melhor amigo vinha planejando desde o início da sua adolescência junto dela, que apenas queria o acompanhar para o resto da vida.
— Seria tão bom se Deus me ajudasse a não ficar só por lá — a jovem pediu aos céus antes parar para analisar a carta com o símbolo que ela havia recebido meses atrás.
Só que ao invés de vir endereçada a ela, como veio antes, a carta chegou em nome de Richard John Roth. O que fez a moça sorrir abertamente.
Ao contrário dela, que escolheu enfermagem, Richard, por ser um homem muito bom, íntegro e esforçado, optou por ser médico, a fim de curar fisicamente outras pessoas, levando a cura do corpo para todos. Objetivo esse que permanecia vivo com a chegada daquele envelope.
— Aleluia! Glória a Deus! Glória!
Correndo para seu quarto, Rachel tranca a porta e disca no seu telefone fixo, instalado junto a mesa de cabeceira, o primeiro número que vem em mente, segurando a carta que trazia nela a concretização ou não dos sonhos dela e de seu melhor amigo.
— Paz do Senhor, pastor Roth — saúda com respeito ao homem que fica em silêncio por segundos.
— Irmã Grayson?
— Sim, o varão Richard está por aí, pastor? Preciso falar com ele sobre um dinheiro que peguei emprestado outro dia — mentiu usando a única coisa que ela estava ciente que o senhor fazia questão de chamar o fillho.
— Só um minuto que Richard foi a casa da irmã Joan — explicando a jovem a faz revirar os olhos.
A senhora Joan era mãe da oferecida irmã Samantha, que desde que entrou para o grupo jovem tentava atrair a atenção de Richard Roth a todo custo.
Achando que ele era o varão ungido dela. O que era uma palhaçada sem tamanho, pois, Rachel Grayson tinha certeza que se Richard era o futuro marido de alguém era dela, não da oferecida da Samantha.
— Claro, espero sim...
A única vantagem de Samantha Jules era ser loira, magra e ter olhos claros, de resto Rachel cozinhava muito melhor, porém ninguém além do seu melhor amigo e futuro marido iria usufruir disso pra sempre. Até porque não tinha beleza, mas ela cozinhava e para a draga que ele era, aquilo contava muito mais que um rosto, corpo e pele perfeito. O que Rae sabia que não possuía, mas não havia o que ser feito.
Deixando o telefone de lado, a moça aguardou paciente até quando alguém agitado pegou o telefone dizendo:
— Paz do Senhor, irmã!
Rindo pela pressa que ele parecia ter, uma vez que emprestar dinheiro era um código pra uma informação muito importante, Rachel se joga sobre a cama e olhando para a carta, ainda o provoca antes de explicar sobre a chegada da correspondência para seu amigo.
— Vigia, varão… — usando seu tom de voz de repreensão escuta ele gaguejar do outro lado da linha.
— E-Eu não estava fazendo nada! Juro que-digo, por Deus! — Richard Roth entrega a si mesmo desapontando a amiga.
Claro, a Jesabel no mínimo estava a guiar o pobre e inocente homem pelo caminho do pecado, mas felizmente indo para faculdade com ela ninguém mais faria Richard pecar e faltar com os ensinamentos de Deus.
O que era um pouco culpa dela, uma vez que RaeRae não era tão bonita quanto a tal Samantha e o Roth deveria preferir moças de pele mais clara, cabelo mais liso, magras e com uma aparência de modelo.
O que ela não era, mas tinha fé em Deus que se fosse da vontade d'Ele tudo daria certo no final. Porque a batalha era grande, mas a vitória era maior ainda. Só precisaria comer menos, prender o máximo que pudesse seu cabelo que tudo daria certo.
— Acho que Deus escutou nosso clamor, Richard! Vamos juntos pra New Jersey, varão! Eu ouvi um “Glória à Deus”? — diz animada para o seu amigo que grita do outro lado da linha agradecimentos a Deus e a ela.
— Você é um anjo, RaeRae! Tô indo pra aí agora, me espera…
Foi tudo que o Roth disse antes de desligar o telefone.
Ciente que o rapaz estava correndo para lá, uma vez que sua casa ficava a duas quadras da casa dele. De forma que já acostumada com o tempo que levava para o amigo chegar lá, a moça ainda leu uma passagem na sua Bíblia antiga e desceu com calma do segundo para o primeiro andar da casa.
Onde pegou o suco de abacaxi na geladeira, o bolo também da mesma fruta que Richard adorava e deixou tudo na mesa, para quando o filho do pastor chegasse.
Tão logo que a campainha tocou, a moça se apressou em ir pra porta, passando a frente de sua mãe que a olhou com cara fechada e disse:
— Vigia, Rachel. Não se esquece do que o pastor te falou esses dias — a senhora Grayson a adverte antes de ir para cozinha fazer o jantar.
Certo dia, quando Richard a deu uma flor, o pai do rapaz a disse que as mulheres precisam se casar com homens superiores em cultura e condições financeiras, porque o marido que deve suprir a casa.
O que era uma verdade, mas só porque o filho dele não possuía ainda um emprego fixo, não queria dizer que havia algo que o condenasse a ser um homem sem recursos por toda vida.
A fazendo lembrar também de outra coisa que escutou também anos antes, do próprio pai de Richard, que afirmou que se ela fosse a provedora, seu casamento seria destinado ao fracasso. E que o homem deve ser a cabeça da união e a mulher, o corpo, nunca o contrário.
Fato que para tristeza da moça era o que acontecia na amizade dos dois. A deixando em dúvida se deveria ou não investir no que sentia pelo rapaz.
“Minha esposa substitui minha mãe, cuida de mim e dou pra ela do bom e do melhor. No casamento, o homem é Jesus e a mulher é a Igreja.” — O pastor Roth vivia a falar durante seus sermões antes do final do culto.
E bem, Rachel Grayson era assim com seu melhor amigo. Casarem seria uma mera formalidade, uma vez que a cumplicidade, companheirismo, temor a Deus e respeito mútuo já existia e ambos viviam segundo as palavras de d'Ele.
Respirando fundo, ela ajeita seu coque, uma vez que seus cachos horríveis insistiam em irem para todos os lados, alisa sua camisa para que ela ficasse menos abarrotada, por final abrindo a porta de sua casa, onde Richard estava parado suando e respirando de maneira irregular.
— Paz do Senhor, princesa — ele a saúda antes de entrar na casa e ir direto pra perto da mesa na sala de estar.
Onde eles sentavam e ficavam horas conversando sob a supervisão de Elliot, irmão mais velho de Rae.
Tao ansiosa quanto o rapaz, entrega a carta ao destinatário, observa em silêncio muito apreensiva, o rapaz a abrir, ler e sorrir abertamente mostrando o conteúdo do envelope à melhor amiga.
— Conseguimos, Rachel! Conseguimos! — ele a abraça, girando antes de soltá-la, dando vários beijos na bochecha da moça.
Naqueles momentos que Richard a tocava de forma tão carinhosa sentia-se péssima por gostar daqueles toques. E não havia nada mais vergonhoso que gostar de ser tocada por um homem.
Não que fosse um pensamento racional, mas era assim que se sentia. Toda vez que seu amigo era um rapaz maravilhoso e carinhoso não conseguia evitar sentir-se angustiada, incomodada e envergonhada por estar sendo tocada por alguém. Entristecendo a moça que orava a Deus para não se sentir assim todas às vezes.
— Eu lhe disse que ia conseguir! Só precisava de um pouco de fé, varão — RaeRae o contando animada retribui o abraço do melhor amigo, constrangida pela proximidade.
Independentemente do que acontecesse dali por diante, o coração da moça alegrava-se e ficava mais leve, uma vez que não passaria por nada sem seu melhor amigo.
Era questão de tempo até que eles de fato conquistassem o mundo, juntos, como sempre diziam que iam fazer desde pequenos.
— Sobe lá pra organizar suas coisas. Vou me organizar também... E Rae? — chama a moça que a essa altura já o acompanhava para saída de cabeça baixa, incapaz de olhar nos olhos.
Ainda se sentia muito constrangida pelo momento que tiveram na cozinha. E esperava que quando casasse, não se sentisse tão mal por gostar de ser tocada por alguém.
— Diga, varão — respondendo depressa a olha por alguns segundos.
— Você vai morar comigo, né? Vamos dividir um apartamento e aí ninguém vai incomodar você, princesa — Richard Roth explicou a ela que sorri e concorda com a cabeça.
Nada no mundo poderia os separar. Nem a Jesabel pecadora da Samantha Jules, tampouco a distância, uma vez que iriam pra mesma faculdade. E ela sentia-se muito feliz por aquilo. Tanto que logo que fecha a porta, corre para seu computador onde pesquisa toda à tarde algum lugar onde poderiam morar, achando um fórum onde pessoas aleatórias uniam-se para alugarem juntas apartamentos.
— Qualquer coisa o varão me protege... — pensa alto tirando os pensamentos ruins da sua cabeça.
Com Richard já certo, ela só precisou achar um rapaz, de nome John Logan, que aceitou de boa vontade alugarem um apartamento de três quartos próximo à faculdade.
Que seria caro, mas não tanto quanto cada um alugar um apartamento.
Havia até mesmo anotado a localização, números para contato, documentos necessários e todo resto. Escondendo o papel em sua Bíblia, já orando a Deus perdão pela terrível transgressão. Até porque estava a fazer da palavra dEle, um esconderijo para suas atividades erradas.
Logo que encerrou a oração, Rachel escuta a porta ser aberta com violência indicando que a loira que vivia a pertubar dizendo que “Deus era um personagem imaginário” dando início a uma amizade inusitada entre às duas, começar a dar ordens do que Rachel iria ou não levar para a cidade grande.
Isso tudo depois de convencer a realmente ir morar com Richard e o tal rapaz, dizendo que era o melhor a ser feito, além de a ajudar a mentir para o proprietário do imóvel, que só aceitava rapazes, dizendo que Rae era, na verdade um homem. Incentivando também a moça a mentir para seus pais, que até então só sabiam que ela ia morar na universidade.
— Nada de coleção de Bíblia! Uma só tá ótimo! Se insistir em levar vou atear fogo em tudo! Tô te avisando! — Cindy fala com a amiga que a olha horrorizada.
Pois, sabia que a moça era louca a ponto de realmente atear fogo nas suas Bíblias todas.
— Posso ao menos escrever em meu diário? Posso? Não mexe em nada que vou encerrar meus escritos, tudo bem? Depois disso vamos à igreja pedir perdão a Deus pelo que estamos fazendo! É pecado, tá legal!? Eu não sou uma pecadora! — Rachel Grayson já gritando fala com a amiga que a olha séria.
— Vou ali pegar alguma coisa pra comer e se eu voltar e achar Bíblia, terço, ou água benta nas tuas coisas jogo fogo! Você vai pra cidade grande, Rachel! Foca nisso…
Assim que a porta bateu com força, a Grayson correu até seu caderno preto e se colocou a escrever apressada para que tivesse terminado antes de Cindy voltar.
“Querido diário,
estou indo neste momento a igreja para orar ao Senhor por perdão pelo que minha amiga, Cindy, de quem venho sempre falando a respeito de todas as atrocidades que faz contra o Senhor, me levou a fazer. Mesmo tendo sido induzida ao pecado, tenho minha parcela de culpa, uma vez que ao contrário de Cristo, que resistiu ao diabo por dias, eu só lutei contra ela por alguns minutos, para minha vergonha e desgraça perdi a luta.
Nesta manhã, contrariando o combinado com meus pais, que só me deixaram sair de casa para fazer faculdade desde que eu morasse numa república feminina, menti para o dono de um apartamento, com a ajuda de Cindy e fingi ser um homem para alugar a metade de um apartamento onde residirei durante o período letivo. Ainda que temerosa de arder no inferno pela mentira contada, estou contente por finalmente conseguir fazer a faculdade e morar sozinha por alguns meses, mesmo que isso tenha sido por intermédio de uma das ferramentas de Satanás.
Uma vez que meu primeiro amor, Nathan Jacobs foi escolhido pelo Senhor — não que eu esteja o contestando, longe de mim! — para se tornar um de seus servos em seu altar liderando uma igreja, me vi sem muito mais o que me prender nesta pequena cidade. Com isso decidi fazer minha universidade e me tornar uma enfermeira. Levando a cura para todo o mundo.
Sendo assim, gostaria de dizer que não sei o que esperar desse novo capítulo em minha vida, só gostaria de pedir também ao Senhor que não me desampare nesse momento e ao menos me dê mais um colega de quarto bom, gentil, honesto e seguidor assim como eu das palavras de Deus. Pois, tenho medo do que as coisas do mundo podem fazer a minha alma. Sorte a minha que terei Richard, filho do pastor, muito disposto a me ajudar também a pagar as contas e dividir apartamento comigo e uma terceira pessoa.
Sem mais nada a acrescentar, vou à igreja orar por mim e pela desviada da Cindy, pois, sei que o senhor a ama mesmo com todos seus defeitos e também cuidará dela quando tiver partido desta cidade.
Me deseje sorte!
RaeRae. "
Não muito depois que fechou o caderno, viu a amiga encostada na porta com um enorme sorriso exibindo um pedaço enorme de bolo, que Rachel fez para o Richard, mas ele optou por levar a metade em potes para casa.
— Se você for pra cidade grande e não abrir essa sua cabecinha de marmota, desisto de ti — Cindy diz com ar sério demais pra ela.
Esperava que a cidade grande não mudasse nada do que já tinha, pois, tudo até então em sua vida era perfeito.
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