— V-Você vai embora? —gaguejou, se sentindo enfraquecer, se recusando a acreditar naquilo.

— Sim, eu sinto muito. —pediu. — Se precisar que eu tente encontrar alguém pra me substituir, eu posso ver se...

— Você é insubstituível, Park. —soltou isso rápido, por impulso. Jimin o olhou atentamente. — Não vá embora.

Park olhou pra baixo, e acabou parando seu olhar no pulso de Jungkook. A pulseira que ele havia o dado, ele ainda usava.

— Por que você ainda usa isso? —perguntou, fitando a bijuteria. — Nem vale nada mesmo. —completou, Jungkook olhou para o próprio pulso e logo encarou o pequeno de volta, com um pouco de indignação exposta em sua expressão.

Aquilo era um absurdo, a pulseirinha era de extrema importância pra Jungkook, era a única coisa que o mantinha perto do garoto. Era seu amuleto da sorte, nunca o tiraria.

Ouviu alguém bater na porta antes mesmo que pudesse respondê-lo, então Kim apareceu.

— Está tudo bem? —perguntou, olhando diretamente pra Park, que enxugou algumas lágrimas.

— Sim, eu já estava saindo. —sorriu fraco, encarando o moreno em sua frente novamente para ao menos olhá-lo uma última vez. Oh, sentiria falta. — Adeus, Jungkook, esse é definitivamente meu último dia trabalhando aqui. —afirmou, dando as costas para o mesmo e saindo do escritório com o amigo.

Ambos despedaçados.

Jeon segurava o choro, queria sumir. Foi até sua mesa e apoiou as mãos na mesma, de cabeça baixa, sem saber o que fazer a partir dali. Pensou, pensou e apenas o machucava pensar no pequeno longe dele.

Taehyung iria voltar à sua mesa com Park, mas esqueceu-se de que precisava perguntar algo referente ao trabalho à Jungkook.

Foi em direção ao escritório novamente e abriu a porta, esquecendo-se de bater. E foi nisso que consequentemente viu Jungkook um tanto estranho, com seu casaco até a dobratura de seu braço —até porque nem havia se preocupado em ir com uma roupa social e certa para o trabalho dessa vez—, o mesmo observava um arranhão gigante na região próxima ao seu ombro. Taehyung também notou.

Jeon o viu, e ajeitou seu casaco de volta no lugar. Taehyung não pensou duas vezes e fechou a porta atrás dele, indo até o seu superior.

— O seu braço... Ele... —tentava dizer, mas Jungkook interrompeu-o.

— É assunto meu, apenas me diga o que precisa.

— Foi alguma garota, não foi? —perguntou, começando a sentir nojo de seu superior. — Você deve ter se envolvido com outras como era acostumado.

— Não, não é isso. —negou completamente, suspirando e fechando seus olhos por um momento, mas mantendo o ar rude. — Peço para que não se meta na minha vida pessoal.

— Tudo bem, eu não me interesso nela de qualquer forma. —afirmou, voltando ao que iria dizer. — Eu quero falar sobre outra coisa.

E assim conseguiu instruções do mais novo para concluir seu trabalho em um livro, mas ainda pensou algumas vezes no machucado que teria visto em Jungkook, pensou que talvez ele havia se metido em alguma briga e isso o preocupava. Não só por conta de Jimin —e no caso, não o contaria nada sobre o que viu—, mas Jungkook havia se tornado parte dos quatro uma vez. Eram amigos. Eram.

Mas estava enganado dessa vez, Jungkook não havia se metido em nenhum tipo de briga e muito menos se envolvido com várias garotas pra conseguir aquilo em seu braço.

Jungkook, na verdade, achou que merecia sentir dor por fazer alguém que amava sofrer.

Portanto, ele mesmo se machucou.

💌

Jungkook estava saindo do trabalho, quando observou duas pessoas conhecidas paradas conversando em frente ao prédio. Pareciam confortáveis e entretidas dentro daquele diálogo.

Olhou com mais atenção e notou ser Jimin, com Kai. O mais alto tinha as costas recostadas na parede e estava em um maior papo com o loiro em sua frente, aparentemente.

Jimin sorria.
Hum, cutucou a bochecha com a língua, incomodado.

Saiu do carro imediatamente e se aproximou dos dois, sem que eles percebessem. Notou um possível flerte de Kai sobre o menor.

— Vocês não vão pra casa? —perguntou, direto. Ambos o olharam, Kai sorria, Jimin pareceu desconfortável com a presença do moreno e decidiu olhar para baixo.

— Oh, tenha uma boa noite, Sr. Jeon. —se curvou e sorriu. — Vamos, Park? —olhou para o menor, colocando as mãos no bolso. Jungkook não entendeu a pergunta e franziu o cenho, "Vamos, Park"? Pra onde Kai o levaria? Jimin apenas assentiu, contido com a presença do ex.

— Pra onde vocês dois vão? —resolveu perguntar, curioso, ou melhor, enciumado.

— Vou levar ele pra casa. —afirmou numa boa, Jungkook parou o olhar no loirinho, que tentava não encará-lo.

— Pode deixar que eu mesmo o levo. —então decidiu, Jimin pareceu assustado.

— Ah... É? —Kai olhou para o menor também, que negou com a cabeça.

— Não, não! Eu... Eu vou com você. —disse à ele, com decisão, porém insegurança.

Jungkook suspirou, já sabia que isso iria acontecer. Kai assentiu com a resposta do garoto e o avisou que esperaria o mesmo no carro. Ficando apenas os ex namorados, Jungkook resolveu se pronunciar.

— Por que você vai com ele?

— Porque ele me ofereceu carona. —respondeu, simples.

— Como pode confiar nele assim? Vocês quase nem se falam. —afirmou, conviccto.

— Huh? Mas o que você tem a ver com isso, Jungkook? Nós não namoramos mais, não precisa tentar cuidar dos meus assuntos quando simplesmente não te interessam. —disse, firme.

— E você parte pra outra tão fácil assim? —perguntou, hiper ciumento. Park riu abafado.

— Quem é você pra me dizer isso? Você usa as pessoas e depois as joga fora, Jeon. —rebateu. Dessa vez, o moreno não poderia dizer algo contra o ponto de vista de Jimin. Mas ah, como queria dizer. — Eu já vou, tenho que dormir, não ando dormindo direito ultimamente. —insinuou.

— Ah, fala sério, Jimin! —ficou um tanto bravo, retirou seu casaco por sentir seu corpo esquentar de raiva e soltou o ar. — É por minha causa, não é?!

— Oh... —Jimin parou seu olhar em outro local, surpreso. — O que aconteceu? —perguntou, aleatoriamente. Jungkook o olhou confuso, mas entendeu quando olhou para o machucado em seu braço, o local onde Jimin olhava fixamente.

— Ah, isso... —não sabia o que dizer, não podia dizer que havia se machucado propositalmente por conta dele. — Eu me cortei sem querer...

— Você cuidou disso? Quando foi? —se aproximou mais um pouco, ainda olhando para a ferida.

— Ontem à noite... Eu... Não me importei muito, não é nada demais. —respondeu.

— Não, você precisa cuidar disso senão vai ficar pior! —afirmou. — Eu.. Eu vou com você hoje, você tem kit de primeiros socorros no carro?

— Ah, eu... —ficou um tanto surpreso. — Tenho...

— Tudo bem, então. Vou avisar o Kai.

Jimin simplesmente foi até o carro do outro e o avisou sobre isso.

Era incrível como o menor se importava e cuidava de Jungkook, deixando praticamente todo seu rancor e mágoa pra lá, até mesmo se esqueceu do que estavam conversando por sua preocupação e amor falarem muito mais alto. Por um lado, Jeon gostava disso, afinal poderia ter mais tempo com o amor de sua vida.

Em seguida, foram para o carro de Jeon, o mesmo pegou um kitzinho com pomadas e algumas outras coisas de uma gavetinha de dentro do veículo, após se acomodarem nos seus devidos bancos.

Não foi dita uma sequer palavra, Park apenas pensava em cuidar do machucado de Jungkook, pegando o cotonete e desinfentando a área machucada do braço do maior. Se inclinou no banco ao lado e prestava atenção apenas nisso, enquanto Jungkook, prestava atenção nos movimentos e principalmente no rostinho do loiro.

Todo o procedimento estava quase sendo terminado, era rápido. Jungkook já sentia calor, e Jimin, começou a sentir quando parou para reparar no rosto do maior e percebeu que o mesmo o fitava. O loiro desviou o olhar rapidamente.

— Terminei. —disse, se afastando e ficando direitamente em seu banco, olhando para frente. — Podemos ir agora.

— Ah... Obrigado. —agradeceu, a tensão ficava cada vez mais intensa, proporcinando os dois à várias troca de olhares, mas ainda assim, sérios.

— Você não vai ir?

— Você vai mesmo embora? —rebateu com outra pergunta.

— Sim, Jungkook. —afirmou, sem hesitar. Jeon olhou para baixo, triste.

Apenas começou a dirigir, levando o menor para casa como combinado.

Foi apenas isso, os dois não se falaram o caminho todo e a única palavra que trocaram na hora de Jimin descer do carro, foi um "obrigado" e "de nada".

💌

Jimin passou quase a noite toda acordado em casa, arrumando suas coisas, caixas, e... Escrevendo.

Estava terminando de escrever sua última carta para a pessoa que amava, a carta da qual teria começado mês passado após todo o acontecimento, mas que não havia conseguido continuar. Uma última carta para a pessoa que mais amava, mas teria que deixar de amar, portanto decidiu parar de enviar as cartas amorosas.

Não continuaria com isso até o fim do ano, afinal não via mais o porquê.

Jimin nem sequer imaginava o quão envolvido ficaria com o moreno, quando começou a escrevê-las. Se soubesse, talvez nem começasse com isso.

Se culpava um pouco, mas na sua cabeça só havia uma coisa, que Jungkook era apenas um idiota que brincou com o seu corpo e coração.

Quando Park acordou no dia seguinte, se deparou com sua encomenda.
Oh, aquela encomenda.

Jimin gostava de ter lembranças dos melhores momentos e das melhores pessoas de sua vida, por isso haviam retratos seus com sua família e amigos. Bem, ele havia feito um com Jeon. Eles estavam felizes, sorrindo.

Ah, Jimin não sabia o quanto podia ser feliz ao lado de alguém. Também não fazia ideia do quanto essa pessoa considerada incrível poderia lhe machucar um dia. E muito.

Quase chorou, mas teve que se segurar dessa vez, porque não valeria mais a pena. Se arrumou e foi para o prédio de Jungkook, entregou a carta para o porteiro e pediu para que o mesmo entregasse em mãos. Afinal, não queria subir até seu apartamento e começar a chorar.

Em seguida iria direto ao trabalho com Taehyung, para pegar suas coisas e ir embora finalmente.

💌

"[03/Outubro]

Oi.

Essa é a minha última carta para você.

Eu espero que seu ano tenha sido bom, que tenha sido incrível, você é um belo escritor e trabalha bem.
Eu não posso mais continuar com essas cartas, então sinto muito por não terminá-las até o fim desse ano, como prometido.
Eu só... Não me sinto bem.

Esse ano, confesso que aprendi muito com você, Jungkook.
Por mais que eu tenha me decepcionado com você mais do que com qualquer outra pessoa, eu ainda assim me importei e cuidei de você.
E também, eu confesso que só me apaixonei a cada dia mais pelas coisas que faz, pelo seu jeito, por você.

Bem, na verdade, eu não gostaria de ter me apaixonado tanto.
Eu deveria saber o quanto isso me machucaria.

Sendo a última vez que irei escrever para você, decidi dizer não quem eu sou de verdade, mas o que eu sou.

Eu não sou uma garota, Jungkook, se foi o que pensou.
Eu sou um garoto.

Eu tinha muitas dúvidas sobre sua sexualidade, não sei se você gosta mais de homens ou mulheres, ou até mesmo se gosta dos dois. Mas entendo que você só se apaixonaria de verdade por uma mulher, que te desse filhos e casasse com você como o comum, o resto deveria ser apenas uma simples diversão, não é? Ou talvez você não queira um relacionamento sério com ninguém. Eu entendo.

O máximo que pude fazer pra me sentir melhor era lhe enviar uma carta todo mês demonstrando o quanto admirei você, sem esperar nada em troca.

Oh, eu não queria, mas eu me apaixonei profundamente por você.

Eu te amei, Jungkook.
Eu ainda te amo.
Você sempre vai estar no meu coração, por mais que agora ele esteja totalmente em cacos como um vidro frágil que se quebrou completamente.

Obrigado por falar e fazer coisas lindas pra mim, por ter me mostrado muitas coisas boas e por fazer eu mesmo gostar mais de mim, me amar mais.
Obrigado por ter sido tão bom.
E tão ruim, infelizmente.

Eu sinto muito não ter feito você se apaixonar por mim.
Eu tentei.
Eu tentei tanto.
Tanto.

Eu queria que me amasse da mesma forma como eu te amo. Mas, talvez eu não seja bom o suficiente pra você.

Eu realmente espero que ame alguém tão intensamente como eu amei, bom, como eu amo você.

Adeus.

Com amor... Eu te amo demais e muito além dessas cartas, Jungkook.

Desculpe.

Agora sim, adeus."

Jungkook chorava mais do que o esperado.

Não só chorou por ter achado aquilo imensamente triste, mas por outra coisa ainda maior.

Ele tinha certeza de quem era o autor daquela carta.

Jungkook saiu apressado para o trabalho, dessa vez não se importou com a roupa, com seu cabelo e muito menos com os olhos inchados que costumava cobrir.

Ele entrou e não prestou atenção em absolutamente ninguém que o cumprimentou, apenas olhou para os lados em desespero.

Ele já havia ido embora?

Foi rapidamente em cada local da empresa, olhando em volta, até chegar em seu escritório e assustar Park, que terminava de fechar a caixa com suas coisinhas que eram poucas, mas muito importantes para ele.

E para Jungkook também.

— Jungkook? O que foi que... —Park se virou e estava completamente confuso ao ver Jungkook parecer tão desesperado de repente. O mais novo fechou a porta atrás de si e correu apressado até Jimin.

Sem mais, o abraçou forte.

— Não vá embora, por favor. —pediu, em prantos, fechando os olhos e respirando atrapalhadamente enquanto inalava o cheiro único do pequeno, o apertando forte contra si, afundando a cabeça na curva de seu pescoço. Oh, sentiu tanta falta de abraçá-lo assim.

Jimin, ainda sem entender, não conseguia corresponder ao abraço, não conseguia nem sequer compreender tudo aquilo e encaixar as ações desesperadas de Jungkook.

— J-Jungkook, o que você...

— Eu te amo, Jimin. —o interrompeu, e aquilo fez Park travar totalmente, seu coração batia muito forte e um nó havia formado em todos os seus pensamentos. — Eu te amo muito, não me deixe, por favor! Eu realmente te amo, amo mais do que eu pensava que poderia... Eu nunca pensei que precisaria de alguém dessa forma, mas eu preciso de você.

— J-Jung... Kook... —mal conseguia encontrar o que lhe dizer, os olhos de Jimin apenas começaram a lacrimejar, sua visão estava embaçada. Jungkook se afastou, mas ainda segurava os braços do mais velho, agora o olhando nos olhos.

— P-Por favor, me diz... —respirou fundo. — Você é o dono de todas aquelas cartas, não é?

Não importa o quanto você esteja quebrado por dentro, eu ainda assim vou querer juntar todos os seus pedacinhos com a maior paciência do mundo, apenas pra ver você sorrir novamente, mesmo que o motivo do sorriso não possa mais ser eu.

💌

ELE DISSE QUE AMA O JIMIN FINALMENTE CACETE OPORA

Ah, caso alguém tenha dúvidas, a última frase é um pensamento do Jungkook. 💔
Então, sempre que tiver essas frases no fim aqui na fic, é um pensamento de um dos dois.

As coisinhas vão começar a se ajeitar tudo, será? Agora vai???? 🤧💛

Vamos lá, pra descontrair quero saber, vocês shippam mais alguém no Bangtan a não ser Jikook?
Eu; Jikook, Vhope, Sope e Taejin só algumas vezes.

Espero que tenham gostado, até o próximo capítulo galerines! 💛💛

Música da queridinha da Billie só pq me faz chorar e tá na playlist da fic, é isso 🤧🤧