Capítulo 19.
Rachel.
Cheguei em casa me sentindo cansada, passei direto pro meu quarto, coloquei a banheiro pra encher enquanto eu tirava as minhas roupas, estou precisando relaxar em um banho morno e demorado, minha intimidade está um pouco dolorida, mas com certeza vale a pena, Leo é maravilhoso. Quando a banheira estava cheia amarrei meus cabelos e entrei mergulhando até o pescoço e descansando minha cabeça na beirada da banheira, fechei os olhos pensando a mesma coisa que passei o dia pensando, na decisão que estou prestes a tomar.
- Eu não acredito que vou fazer isso. – Sorri falando sozinha.
Eu sempre falei que não mudaria a minha vida por causa de macho, e olha eu aqui, indo fazer exatamente isso, não que eu vá deixar muita coisa pra trás, a única que me prende a São Francisco é o Phil, não tem mais nada pra mim lá, não consigo emprego naquela droga de cidade e adoro trabalhar aqui. Suspirei, mas a quem eu estou querendo enganar? Ele é o maior motivo.
Deixei que meus pensamentos vagassem pela ideia de permanecer morando na reserva, trabalhando aqui, viver uma vida com o Leo, tudo me parece muito bom, quando por fim dei meu banho por encerrado a água já tinha esfriado e Layla já estava em casa, o que era ótimo porque eu queria muito falar com ela. Me levantei da banheira finalizando meu banho, vesti um pijama confortável rosa com desenhos de morangos soltei meus cabelos e fui procurar por minha irmã.
- Eu até perguntaria como foi ontem. – Comentou assim que eu entrei na cozinha. – Mas, pelo seu sorriso suponho que tenha sido muito bom. – Sorriu.
- Foi maravilhoso, como sempre. – Falei me sentando em um banco de frente para o balcão e puxando alguns ingredientes para ajudá-la. – Mas eu queria falar uma coisa com você. – Disse séria.
- Algo sério? – Me olhou um pouco preocupada.
- Algo que vai mudar um pouco a minha vida. – Posso jurar que a ouvi prender a respiração.
- Fala logo. - Instigou já nervosa.
- Calma eu não planejo matar ninguém. – Sorri. – Nem vou ter um filho. – Brinquei. – Até porque você sabe né, só tenho transado com o Leo e tenho implante. – Ela me olhou estranho. – Bem, eu estive pensando, o que você acha de eu não ir embora. - Disse de uma vez.
- Está falando sério?
- Seríssimo. – Ela sorriu e correu pra me abraçar.
- Bem, eu não esperava de verdade que você fosse embora, tinha esperança que ficasse aqui, mas não achei que fosse decidir isso tão fácil. – As palavras saiam rapidamente de sua boca.
- Eu pensei muito sobre isso hoje. – Ela se afastou para me olhar. – Tenho que falar com o Slade antes de ele encontrar alguém pra minha função.
- É verdade, fale com ele o quanto antes. - Me instigou animada.
- Amanhã mesmo. – Disse convicta.
- Ótimo. – Voltou a me abraçar. – Eu nem acredito que vou ter minha irmã morando perto de mim. – Beijou meu rosto. – Vou agradecer ao Leo por isso.
- Ei, Não foi por ele. – Ela ergueu uma sobrancelha deixando claro que não acreditava em uma palavra do que eu falava. – Não foi só por ele que eu fiquei. – Me corrigi.
- Agora eu acredito. – Falou colocando as batatas na fritadeira elétrica.
- Eu nunca imaginei que fosse fazer isso. – Coloquei os temperos que eu cortava na carne moída em uma tigela. – Mas eu quero mudar a minha vida para ficar perto dele, tudo bem que eu não tenho emprego lá fora e aqui eu tenho, em pouco tempo eu não ia nem ter onde morar, aqui eu tenho você e tenho ele, amigas e um emprego maravilhoso. – Falei com sinceridade. – Só vou sentir falta de Phill.
- Mas se você não ficasse aqui é provável que não ficasse em São Francisco também. – Ela observou.
- É provável. – Dei de ombros. – De toda forma é aqui que eu quero ficar. – Levantei pegando uma frigideira pra fritar os hambúrgueres.
- Eu não lhe vejo feliz assim faz tempo. – Minha irmã me olhou sorrindo. – Fico muito feliz por ver você assim.
- Obrigada irmã. – A abracei de lado.
Continuamos conversando sobre eu passar a morar permanentemente na reserva enquanto preparávamos nossos hambúrgueres. Ela estava muito animada e me perguntava quando eu ia falar pro Leo o que sinto por ele, a verdade é que eu ainda não sei, nem ao menos sei como falar uma coisa dessas, não dá pra simplesmente chegar e falar o que sinto ou dá? Eu não sei, sempre fui péssima com essas coisas, só consigo falar sobre sentimentos com minha família.
...
Puxei minha blusa de seda amarela para baixo, passando as mãos nervosa por minha calça jeans tomando coragem para sair do corredor e adentrar a sala para falar com Nova Espécie encarregado pela Reserva, não sei porque estou tão nervosa, talvez seja porque tem muita coisa em jogo. Cheguei mais cedo especialmente para falar com Slade sobre a minha permanência aqui.
Respirei fundo uma última vez, controlando meus pensamentos e respiração, me forçando a relaxar, afinal de contas eles são capazes de sentir o cheiro do nervosismo, sorri sem graça ao pensar no constrangimento que seria. Depois de alguns minutos e de me convencer que estou mais calma me desencostei da parede e entrei na recepção, vendo Creek sentada atrás de um computador com uma blusa de mangas compridas, ela levantou os olhos assim que passei pela porta e sorriu.
- Rach. – Se levantou vindo me abraçar. – Bom dia. - Disse animada.
- Bom dia. – Sorri.
- Você precisa de alguma coisa? – Se afastou me olhando.
- Na verdade preciso sim. – Comecei a falar sem rodeios. – Preciso falar com o Slade ele está ocupado?
- Algum problema? – Me olhou preocupada. – Tem algo de errado?
- Não aconteceu nada. – Assegurei enquanto ela ficava no telefone. – Eu só preciso falar sobre minha estada aqui. – Ela assentiu.
Fiquei em silêncio enquanto ela falava com ele pelo telefone e mantinha os olhos em mim, murmurou alguma coisa e desligou.
- Pode entrar. – Apontou para a porta.
- Obrigada.
Me virei e caminhei a passos largos para a porta, girei a maçaneta lentamente e adentrei, do lado de dentro Slade se sentava imponente atrás de sua mesa, uma camisa branca realçava seus músculos, ele me encarou com seus olhos penetrantes e maçãs do rosto proeminente.
- Bom dia. – O cumprimentei me aproximando.
- Bom dia. – Fez um gesto para que eu me sentasse em uma cadeira a frente da sua mesa. Me sentei. – O que você tem pra tratar comigo Rachel?
Respirei fundo, senti meu nervosismo voltando a invadir meu corpo, eles tinham que ser tão intimidades? Tão grandes. O único que não me intimida é o meu Leo. Meu? Me assustei com o pensamento.
- Relaxe. – Falou sugando o ar pelas narinas infladas. – Não precisar ter medo ou ficar nervosa, é só falar. – Deu pra perceber que ele tentava fazer sua voz soar gentil.
- Eu... Quero falar sobre o meu trabalho aqui. – Apenas me olhou esperando que eu continuasse. – Você já encontrou alguém para a minha função? – Como não sabia por onde abordar, comecei por essa pergunta.
- Não. – Me olhou parecendo surpreso. – Você vai embora?
- Na verdade. – Respirei fundo. – Eu queria lhe pedir para me deixar assumir a função em caráter permanente. – Disse de uma vez e ele sorriu.
- Confesso que eu tinha esperança que isso acontecesse. – Ele disse me fitando. – Sequer cheguei a procurar alguém quando vi o ótimo trabalho que você está realizando aqui. - Falou calmamente. - Esperava que você resolvesse ficar. – Deu de ombros e eu sorri.
- Então isso quer dizer que a vaga é minha? – Perguntei para confirmar.
- Inteiramente sua. – Reiterou. – Não tem pessoa melhor para ela.
- E eu posso continuar residindo aqui?
- Claro que sim. – Falou como se fosse óbvio. – Você deseja um apartamento só pra si?
- Não, estou muito bem morando com minha irmã. – Isso era a mais pura verdade, estávamos amando esse tempo juntas. – Está sendo ótimo morar juntas, fazia tempo.
- Ótimo. – Ele me olhou. – Então está tudo certo. – Assenti. – Você tem a vaga de forma permanente e vai continuar entre nós. – Assenti concordando. – Seu contrato permanecerá o mesmo, já que ele não era datado, você só precisará assinar mais alguns papéis para a residência permanente.
- O que precisar. – Falei rapidamente, todo o nervosismo tinha se dissipado do meu corpo.
- Assim que eles estiverem prontos serão levamos até você.
- Tudo bem. – O olhei querendo entrar no próximo assunto.
- Tem mais algo em que eu possa lhe ajudar? – Ergueu uma sobrancelha.
- Na verdade sim. – Respirei fundo. – Eu preciso falar com o meu senhorio pra avisar que estou deixando o apartamento que eu tenho em São Francisco, ligar para um amigo organizar as minhas coisas, preciso ir até a cidade para comprar algumas coisas e fechar minha conta no banco. – Quando comecei a trabalhar aqui tive que abrir uma conta em outro banco. – Então eu queria pedir o dia de folga e um carro para eu poder me deslocar.
- Claro que eu posso lhe providenciar isso. – Mexeu no telefone sobre a mesa chamando a Creek.
- Pois não. – Passou cabeça pela porta.
- Arrume um carro pra Rachel ir até a cidade. – Ela assentiu. – Um suv sem identificação da ONE, não quero que vejam ela é uma associada nossa.
- Pode deixar. – Ela saiu da sala.
- Mais alguma coisa?
- Não.
- Ótimo. – Ele sorriu. – Pode tirar seu dia de folga.
- Obrigada. – Sorri.
- Eu que agradeço por permanecer.
Ele apenas mandou a cabeça e sorriu, levantei da cadeira e passei pela porta, Creek me falou que o carro estava a caminho, fui fala com as meninas e explicar que vou me ausentar até o fim da tarde.
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Por hoje é isso.
Até sábado.
Beijo da tia Leila.
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