Capítulo 16.



Leo.

Estou ficando doido, não aguento passar mais um dia longe da minha fêmea, eu preciso que ela me aceite como seu, não sei o que vou fazer se ela me rejeitar, eu sei que não sou o que toda fêmea espera de um macho, mas ela parece não se importar com a minha aparência, espero que isso seja suficiente para faze-la querer ficar comigo, não sei se consigo viver sem ela. Eu nunca tive nada na vida e já tinha aceitado que seria somente eu pra sempre, mas quando eu a tive em meus braços tudo mudou, sinto como se ela fosse o que me sustenta aqui, de repente ela se tornou o centro do meu universo.

Passei o dia agitado esperando pelo momento de ir buscá-la pra dormir comigo, ontem eu não dormi direito sem ela em meus braços, parece que tem algo errado quando não sinto seu cheiro por perto. Entro no meu quarto tomo um banho, pego uma calça jeans e uma blusa escura, eu prefiro usar bermuda, ou calça de moletom, mas queria parecer mais arrumado, até um tênis eu coloquei.

Peguei meu jipe e sai pela estrada em direção a habitação humana, assim que parei o carro saltei indo para a porta subi as escadas rapidamente e quando bati na porta ela me atendeu sorrindo, sorri de volta a abracei tirando do chão e beijando seus lábios macios. Ela estava linda com um vestido rosado soltinho que mostrava parte de suas coxas e seios me fazendo querer rasgar aquela peça.

- Nossa que recepção Boa. – Beijou meu rosto passando as mãos por meus cabelos. – Parece que não me ver a semanas.

- Um dia sem você parece uma eternidade pra mim. – Seus olhos pareciam brilhar quando me olhou.

- Eu também senti saudade. – Ela falou.

- Saudade? – Ergui as sobrancelhas curioso com a palavra.

- É uma palavra em português, significa sentir falta, só que é mais profundo. – Ela me explicou. – Íris, minha cunhada que é casada com Marcos é do Brasil.

- Então eu também senti saudade de você. – Falei a beijando novamente. – Brasil é um país bem longe, essa sua cunhada veio de longe por quê? – Perguntei curioso.

- O pai dela veio pra cá a trabalho quando ela era criança. – Se soltou de mim indo até a cozinha. – Então nunca mais voltaram. – A segui. – Ela acabou crescendo aqui.

- Entendi. – Vi ela tirar uma forma da geladeira. – O que é?

- A nossa sobremesa. – Colocou a forma em uma sacola. – Fiz torta de doce de leite com caramelo salgado. – A olhei sem entender bem. – Você vai gostar.

- Você quem fez, é claro que eu vou gosta. – Sorri.

Peguei Uma mochila que ela tinha deixado sobre o sofá e sai ao seu lado, durante o trajeto até a minha casa conversamos sobre o que ela queria fazer para o nosso jantar, disse que era uma espécie de torta, eu sei que vai ficar ótimo. Parei o carro na frente de casa e ela já foi entrando, familiarizada com o lugar foi direto a cozinha, guardou a torta na geladeira, lavou as mãos e começou a pegar os ingredientes necessários para cozinhar, aquilo me deixou muito contente, parecia que a casa já era dela, bem, já é ela só não sabe ainda.

Fui deixar sua mochila no nosso quarto, tirei os sapatos e voltei pra cozinha, lavei as mãos e comecei a ajudá-la no preparo do nosso jantar, subi as mangas da blusa para não suja-las, quando Rachel se virou pra mim e seus olhos ficaram no meu braço esquerdo ela os esbugalhou e quase voou pra cima de mim, eu nem lembrava que tinha arranhões nos meus braços, ela pegou meu braço e me olhou.

- O que foi isso? – Sua voz estava entrecortada. – Como você se machucou.

- Um dos ursos que temos aqui, estava com uma para machucada, a anestesia não pegou então eu ajudei a segurar ele. – Contei o ocorrido daquela manhã. – Então ele me arranhou, mas não foi nada demais.

- Como não? – Ela quase gritou. – Você esta machucado. – Me olhou e se afastou. – Tira a blusa.

Fiz como ela pediu revelando mais arranhões braço a cima, os arranhões iam do ombro, até um pouco a baixo do cotovelo, alguns também se espalhavam pelo meu peito, ela arfou e seus olhos encheram de lágrimas. Se jogou em meus braços, a abracei, suas lágrimas molhar meu peito.

- Ei minha pequena humana. – Me afastei um pouco para conseguir olha-la nos olhos. – Não chora, o que foi?

- Você está todo machucado. – Seus lindos olhos verdes inundados de lágrimas, saber que ela se preocupa comigo a ponto de chorar por causa de poucos arranhões fez meu coração saltar dentro do peito.

- São apenas alguns arranhões. – A peguei no colo e andei até o sofá me sentando junto dela. – O Destiny veio me ver e limpou o ferimento, ele disse que não foi nada demais..

- Nuca mais se coloca em perigo assim. – Ela bate no meu peito. – Você poderia ter se machucado sério. – Mais lágrimas escorreram por seu rosto.

- Desculpa minha pequena. – Acariciei seus cachos. – Eu não queria lhe preocupar, mas ele estava sofrendo e eu precisava ajudá-lo. - Me enchia de alegria ver a sua preocupação direcionada a mim.

- Devia ter tomado mais cuidado. – Me abraçou.

- Desculpa. – Ela apertou os braços ao meu redor e colocou o rosto mesmo no rosto sobre o machucado.

- Me desculpa. – Se afastou rapidamente. – Que desastrada.

- Está tudo bem, não doeu. – Falei com sinceridade. – Está bem, eu juro. – Sorri.

- O que foi?

- Você se preocupa comigo. – Falei cheio de orgulho.

- Claro que eu me preocupo, você é... eu... é... hum. – Ela gaguejou. – Você é importante pra mim. – Meu sorriso se alargou ainda mais.

- Você também é importante pra mim, minha pequena humana. – Ela deitou a cabeça em meu peito. – Eu nunca tive alguém pra se preocupar comigo. – Sussurrei.

- A ONE se preocupa com você. – Ela me olhou.

- Não é a mesma coisa, eles tiveram o mesmo passado que eu ou parecido, eles me entendem.

- Bem. – Se afastou para me olhar. – Eu me preocupo com você.

- Eu fico imensamente feliz por isso.

Ela voltou a deitar a cabeça no meu peito e ficamos em silêncio um acariciando o outro, eu queria que ela entendesse o quanto significa pra mim, mas tenho medo de falar e assusta-la, já me falaram que humanos as vezes se assustam com compromisso.

...

- Quando você foi liberto da Mercile veio direto pra cá? – Ela me olhou de lado.

Depois de conseguir acalma-la voltamos para a cozinha preparar o jantar, meu pau estava latejando dentro das calças, mas eu o ignorei focando minha atenção em cozinhar, tinha cortado todos os ingredientes pra ela, enquanto preparava a massa e o recheio, depois eu comecei a cortar a carne.

- Não, depois que eu saí de lá fui para um lugar no deserto, acho que queriam se certificar que não eram os um problema. – Falei abrindo a massa enquanto ela tempera a carne de fritar. – Sabe se éramos instáveis.

- Foi ruim lá? – Lavou as mãos.

- Foi melhor do que na Mercile, mas eu ainda me sentia aprisionado. – Minha mente vagou para o tempo que Eu fiquei no deserto. – Eu estava cercado de humanos e me fizeram ver uma doutora para falar dos meus sentimentos, eu não confiava nela, não confiava em ninguém na época e não queria fazer mais testes.

- Eu imagino depois de tudo que você passou. – Tocou meu rosto. – Mas você tinha os outros Nova Espécie também não é?

- Sim, foi muito bom está perto dos meus irmãos, mesmo que eu me sentisse e fosse diferente de todos. – Ela me olhou fixamente, nunca achei muito agradável falar sobre meu tempo em cativeiro, mas com ela flui naturalmente com ela. – Mas eles me apoiaram.

- Os humanos que estavam com vocês eram médicos e militares? – Ela se afastou colocando a massa na forma.

- A maioria sim, eles perceberam que a gente ficava mais calmo e menos propenso a atacar com fêmeas então colocaram mulheres pra fazer a guarda, a maioria grávida ou recém paridas.

- Sério? – Pareceu surpresa.

- Sim. – Balancei a cabeça vendo ela montar duas tortas. – Ficamos lá por meses aprendendo como viver aqui fora.

- Devem ter sido meses intensos então. – Falou sem me olhar. – Enquanto vocês aprendiam.

- Na verdade, na maior parte do tempo era maçante. – Peguei a forma de suas delicadas mãos. – Eu ponho no forno. – Levei as duas formas para o forno, ela pode se queimar no forno.

- Tudo bem. – Deu de ombros.

Enquanto as tortas assavam ela fez uma salada e batatas, eu assei as carne e montamos a mesa conversando sobre minha adaptação ao mundo aqui fora. Tirei as tortas do forno deixando uma sobre a bancada e levando a outra para a mesa. Nos servimos.

- Você se sente bem morando aqui? – Ela perguntou.

- Sim, eu sinto livre, é muito bom finalmente estar livre – Sorri pegando um pedaço de torta. – E você como parou trabalhando aqui? Não tem um emprego lá fora? – Ela desviou seus olhos dos meus.

- Eu estava desempregada. – Disse somente.

- Rach, o que aconteceu lá fora com você? – Senti meus músculos ficarem tensos quando ela travou o maxilar, será que algum macho a maltratou?

- Meu ex chefe é um nojento, ele assediou todas as funcionárias. – Falou me deixando nervoso. – Comigo não foi diferente, mas ele tentou algo comigo sem eu querer. – Ela não me olhava nos olhos.

- Ele te forçou? – Meus olhos se arregalaram, eu entendi porque ela não fica confortável perto de machos humanos. 

- Ele tentou, mas eu escapei, acho que tive sorte por meu irmão me ensinar algumas coisas. – Ela continuou falando. – Fui a polícia, mas eles não acreditaram em mim, me ridicularizaram e... e... não foram muito diferente dele. – Senti um ódio crescente que me fez rosnar de raiva, ela me olhou, mas não parecia assustada. – Então no julgamento ele foi inocentado.

- Inocentado? Esse infeliz deveria estar atrás das grades. – Falei em um rosnado. – Como podem deixá-lo livre?

- Pois é, a sociedade é uma merda. – Suspirou. – Então eu estava desempregada, sem conseguir um novo trabalho e meio traumatizada, eu precisava sair daquela cidade, foi aí que eu vim visitar a Layla, quando eu estava aqui o contador antigo foi descoberto como ladrão então me propus a ajudar. – Ela falou. – A ONE me acolheu tão bem, o mínimo que eu podia fazer era ajudar.

Ficamos comendo em silêncio por alguns minutos eu tinha que me controlar pra não ser rude, a última coisa que eu quero é assusta-la, jamais quero ver seus olhos de medo em minha direção.

- Eu sinto muito. Queria poder fazer ele pagar. – Falei entre dentes.

- Está tudo bem. – Ela tocou meu braço. – Eu quero seguir em frente.

Continuamos nossa refeição em silêncio, o que ela acabou de me falar não parava de martelar na minha cabeça, se um dia esse cara cruzar o meu caminho eu quero ele ao meio, não me importo com nada, vou fazer ele sofrer. Ela também ficou em silêncio, parecia estar pensativa.

- Você está gostando de morar aqui? – Perguntei enquanto terminávamos de comer.

- Estou sim, adoro meu trabalho aqui e o fato de eu chefiar a sessão. – Ela sorriu tomando o restante do suco. – É muito bom está morando com a minha irmã, eu adoro a natureza, então viver em um lugar com tantas árvores é ótimo. – Me olhou. – E tem você aqui, isso é ótimo. – Meu sorriso se alargou, me levantei a puxando pros meus braços.

- Minha pequena humana. - Ela me abraçou. 

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Por hoje é só pessoal. 

Até a próxima. 

Beijo da tia Leila

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