Capítulo 10.

Leo.

Ela fez eu me sentir melhor, me fez parecer aceito, isso é muito bom, me esforcei para comer usando os talheres corretamente para agrada-la e ela não achar que eu sou muito selvagem. Em nenhum momento ela falou algo desagradável, sua comida estava ótima e pensar que ela fez isso tudo só pra mim me deixa cheio de orgulho e esperança. Minha Rachel é tão linda, sim eu já penso nela como minha, sei que é absurdo pensar dessa maneira, mas, eu já sinto que ela é minha. Seu cheiro de flores misturado ao cheiro adocicado de mulher é o melhor aroma do mundo e me deixa louco de desejo para sentir seu gosto, ouvir seus sons, eu nunca desejei uma mulher como a desejo.

- Por que sua casa parece uma caverna? – Perguntou parada ao meu lado enquanto eu lavava a louça do jantar e ela secava.

- Eu me sinto mais seguro morando assim, se alguém olhar do lado de fora vai parecer que é apenas uma caverna e não uma casa. – Falei deixando de fora a parte que não confio em humanos, não quero que ela pensa que não confio nela ou se sinta ofendida. – Ela ainda é fortificada como um bunker, às paredes que revestem a caverna falsa são grossas e fortes, a porta é reforçada e com senhas. – Fui explicando pra ela. – Assim em caso de ataque eu estou seguro de ameaças externas.

- Você quer dizer um ataque humano? – Me olhou, não parecia haver mágoa em seus olhos, então falei a verdade.

- Eu, não confio em humanos. – Falei desviando os olhos de volta a pia. – Mas eu não penso assim de você, eu confio em você.

- Fico feliz em saber. – Ela sorriu se aproximando. – Porque eu também confio em você. – Tocou meu braço. – Me sinto segura com você.

Um ronronar escapou dos meus lábios quando ela envolveu meu corpo com as mãos, senti seu cheiro delicioso misturado com um cheiro fraco de desejo que acendeu uma esperança em mim, talvez ela me quisesse da mesma maneira que eu a queria, certamente não da mesma maneira, mas talvez fosse o suficiente. Olhei dentro de seus olhos me sentia quase hipnotizado pela imensidão verde. Ela quebrou o contato visual cedo de mais e eu vi suas bochechas mais rosadas do que estavam antes.

- Vamos comer a sobremesa. – Falou s virando e caminhando até a geladeira. – Pudim é uma das minhas sobremesas preferidas, beira a perfeição. – Tirou a sobremesa com cheiro delicioso de dentro da geladeira e colocou sobre a bancada. – Pega uma faca pra mim por favor.

- Aqui. – Lhe entreguei a faca e peguei dois pratos pequenos.

- Obrigada.

Ela nos serviu e ficou me olhando enquanto eu lavava um pedaço até a boca, quando o doce tocou minha língua foi inevitável o ronronar que saiu de mim, era a melhor coisa que eu já tinha provado na vida, não gosto muito de doce, normalmente é doce demais e tende a me deixar enjoado, mas esse é ótimo, não sei se é o doce que realmente é bom ou é porque ela que fez, só sei que está perfeito.

- Isso é muito bom. – A olhei. – A melhor sobremesa que já provei. – Continuei comendo, lambendo a colher no final, levantei os olhos quando ela arfou e a vi com o rosto muito vermelho me olhando.

- Eu amo isso. – Falou desviando os olhos para o seu prato de se afastando um pouco de mim.

- Eu poderia comer ele inteiro. – Falei olhando pra ela. - É tão bom. 

- Não é muito aconselhável, pode dar uma dor de barriga, mas você pode tentar a sorte. – Ela riu alto.

Comi mais um pedaço e levei o restante das coisas enquanto ela guardava o pudim, se encostou na bancada ao meu lado e me observou por alguns instantes antes de falar qualquer coisa, comecei a me perguntar o que estava acontecendo.

- Você gosta de massa? – Perguntou me olhando.

- Massa tipo macarrão? - Questionei.

- Sim, tipo isso. – Ela fez um gesto com a mão.

- Sim eu gosto muito.

- Ótimo, o Phill faz uma lasanha com molho de queijo perfeita, é a melhor que tem. – Tentei conter um rosnado frustrado ao ouvir ela citar um macho, como ela tem um macho e tá aqui comigo? Ela não me vê como macho? É por isso que fica a vontade comigo? Por que ele não está aqui na reserva com ela?

- Phill é seu macho? Não sinto cheiro em você. – Falei tentando controlar a frustração que me invadia e manter a voz calma.

- Eu sempre me surpreendo quanto o olfato de vocês é bom. – Ela falou sorrindo. – Não, Phill não é meu macho, não tem um macho em minha vida. – Senti alívio ao ouvir aquelas palavras. – Nós somos amigos desde sempre, ele é como um irmão pra mim. – Ela sorriu parecia gostar muito desse humano.

- Como um irmão?

- Sim, ele não é meu irmão de verdade, temos pais diferentes, mas sempre estivemos juntos, ele pra mim é como Layla ou Marcos. - Deu de ombros. - Os amo igual. 

- Marcos é seu irmão?

- Sim meu irmão mais velho, ele é bombeiro em Chicago, cidade onde cresci. – Ela falou com o pensamento longe. – Mas, enfim como eu ia dizendo o molho de queijo que o Phill faz é o melhor que existe, da próxima vez eu posso trazer os ingredientes para fazer o jantar aqui e fazer uma lasanha... – Eu parei de assimilar as palavras que saiam da boca dela quando ela falou "da próxima vez".

- Você pretende voltar aqui e cozinhar pra mim? – Me virei em sua direção desligando a torneira que eu tinha esquecido ligada com toda a conversa.

- Bem, eu pretendia. – Ela olhou pro lado. – Gostei da sua companhia, então eu pretendia fazer um novo jantar para nós. – Mordeu o lábio. - Gosto de cozinhar sabe.

- Eu vou amar que você venha. – Falei animado. – Quando você vem? - Já me sentia ansioso.

- Que tal sábado?

- Acho perfeito.

- Combinado então. – Ela sorriu. – Você pode ir me buscar casa?

- Claro que posso.

Marcamos o horário para buscá-la, guardei a louça lavada e a contra gosto eu fui deixá-la em casa, tudo o que eu queria era joga-la nos ombros a levar pro quarto e monta-la até a exaustão, mas fiz o que ela pediu e a levei pra casa. Quando parei em frente a residência humana ela se inclinou sobre mim beijando minha bochecha.

- Boa noite. – Falou me olhando de perto.

- Boa noite. – Falei a vendo se afastar com a cesta com potes vazios na mão.

Depois de me certificar que ela estava segura dentro do prédio olhei pra cima feliz por ainda que com dificuldade conseguir ler as palavras ali escritas, assim eu não passaria vergonha, suspirei batendo a cabeça no volante e liguei o carro.

**

Rachel.

Confesso que quando fui me despedir de Leo senti vontade de beija-lo, mas eu nunca fui muito boa nesse negócio de tomar iniciativa, pelo menos não inteiramente sóbria. Ele não ter indicado que queria fazê-lo também ajudou a me deixar inibida, o resultado sou eu subindo frustrada em direção ao apartamento.

Assim que eu abri a porta vi Layla sentada no sofá vendo TV, quando me viu pausou o que estava assistindo e se endireitou no sofá batendo no lugar ao seu lado me chamando para sentar. Sei muito bem que a curiosa quer saber tudo o que aconteceu. 

- Me conta tudo o que aconteceu. – Disse assim que eu sentei, não falei. – E por que você voltou tão cedo?

- Não aconteceu nada. – Tentei desconversar.

- Como não aconteceu nada? E essa sua cara? – Indagou não satisfeita com minha resposta.

- É justamente por isso. – Ela começou a rir.

- Então você queria que acontecesse?

- Talvez... – Me olhou em repreensão.

- Rach.

- Tá bom, eu estava com uma vontade absurda de beija-lo, mas nada rolou.

Ela continuou me olhando e eu sei muito bem só vai me deixar em paz depois que eu contar pra ela o que aconteceu direito e porque eu fiquei chateada, por isso comecei a contar.

- Ele não indicou que queria alguma coisa. – Falei finalizando a história. – Caralho eles são muito diretos, desde que eu cheguei uns dois me chamaram pra compartilhar sexo, eu estava na casa dele porra, se ele quisesse alguma coisa teria dito, né. – Reclamei gesticulando com as mãos.

- Rachel, pelo que você me falou, talvez ele ache que você não quer nada com ele, porque ele é diferente. – Ela me olhou com compreensão. – Eu sei o que é ser rejeitada por ser quem se é. - Seu olhar era triste.

- Layla, para disso, você é linda. - Odeio vê-la triste e insegura.

- Diz isso porque é minha irmã e me ama. – Desviou os olhos para as mãos. – Para os outros eu sou apenas a garota gorda.

- Layla, não... - Comecei a falar, mas ela me interrompeu.

- O assunto aqui é você e seu homem leão. – Ela desconversou, como sempre faz quando eu tento falar dos problemas que ela tem com seu peso, eu não sei como ajudá-la.

Já disse mais de uma vez que ela precisa de terapia, mas a teimosa não me escuta e ainda reclama de mim, é muita cara de pau mesmo.

- Meu? – Levantei uma sobrancelha me dando por vencida.

- Sim, seu, oras. – Ela reclamou. – Da próxima vez você deixe claro pra ele que quer alguma coisa.

- Você sabe que eu não sou boa nessa coisa de me jogar em alguém. – Falei. – E ele é tão grande que é intimidade.

- Não era você que queria fazer escalada quando era mais nova? - Me provocou.

- Meu Deus, que podre Layla. – Caímos na gargalhada juntas. – Olha depois dessa eu vou é dormir porque amanhã eu tenho trabalho e você também.

- Tudo bem. – Ela sorriu, deligando a tv e se levantando. – Boa noite. – Me abraçou.

- Boa noite. – Beijei sua bochecha me afastando.

- Ah, o Marcos ligou. – Falou parando no meio do caminho para seu quarto. – Reclamou que você nunca mais ligou e eu prometi que ligaria amanhã.

- Tudo bem. – Suspirei. – Acho que já estou bem o suficiente para uma chamada de vídeo com meu irmão.

Ela assentiu e seguiu pro quarto, fui até a cozinha tomei um copo de água e fui pro meu quarto. Fiz minhas necessidades, tomei um banho, escovei os dentes, me sequei e vesti somente uma calcinha me jogando na cama em seguida. Virei com a barriga pra cima e me cobri pensando no que Layla havia falado, ser a que ele não sabia como se aproximar de mim? Ou será que ele achava que eu não correspondia? Será que ele pensa que sou uma preconceituosa? Toquei meus lábios lembrando do beijo que dei em sua bochecha, sua pele é quente, parece em um estado permanente de febre. Não demorou muito para eu adormecer. 

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