Capítulo 09.
Rachel.
Sai do trabalho um pouco mais cedo hoje para fazer um jantar pro Leo, vou levar pra casa dele para agradecer por ele ter cuidado de mim no outro dia, fiz pudim ontem só falta desenformar, mas isso eu faço lá, acho melhor do que transportar desinformado. Depois que aprontei deixei tudo no forno ou na panela elétrica para não esfriar e fui tomar banho, vesti uma calça jeans escura, uma camisa rosa de botões, subi as mangas até os cotovelos, calcei um tênis preto com detalhes em rosa, soltei meus cabelos e estava pronta. Me olhei no espelho pensando em passar um pouco de maquiagem ou não.
- Eles não gostam do cheiro de coisas químicas. – Pensei alto passando somente um gloss. – Por que eu estou preocupada com o que ele vai achar?
- Porque você está doidinha por ele minha irmã. – Layla falou da porta me assustando.
- Caralho Layla, assim você me mata. – Me virei com a mão no peito. – Você está vendo Coisa onde não tem.
- Ah claro que estou. – Ela riu.
- Ele só foi gentil comigo e eu quero retribuir o favor. – Apanhei o gloss que caiu sobre a bancada com o susto que tomei.
- Tudo bem minha irmã tudo bem. Tudo bem. – Ela levantou as mãos rindo, mas seus olhos diziam que ela não deixaria o assunto para trás.
- Você pode por favor ligar pra Hope e falar que eu preciso dela? – Pedi sorrindo.
Ela saiu para fazer a ligação e eu fui até a cozinha ajeitar a comida pro transporte. Coloquei cada coisa em um pote e organizei em uma cesta de piquenique, passei plástico filme em na forma do pudim e a coloquei em uma sacola. Estava terminando de arrumar tudo quando Hope chegou.
- Eu ouvi direito? – Ela parou perto de mim. – Você quer que eu a leve até a casa do Leo? - Ela estava rindo.
- Sim, eu fiz o jantar pra ele, como agradecimento pelo outro dia. – Ela gargalhou e olhou para Layla.
- Parece que não diremos adeus a ela. - Comentou.
- Não mesmo. – Minha irmã concordou.
- O que? – Franzi a testa confusa.
- Nada. – Ela continuou sorrindo. – Você está pronta?
- Estou.
Hope pegou a cesta e eu peguei o pudim, no carro coloquei a cesta no banco de trás e levei o pudim nas pernas para não estragar com o balançar, ela foi o caminho inteiro me provocando, falando que se eu tinha cozinhado pra ele é porque eu queria alguma coisa, quanto mais ela falava mais eu queria chorava de vergonha, pra isso que temos amigos né, pra passar vergonha.
- Vou esperar ele abrir antes de ir embora. – Ela disse quando parou o jipe ao lado do outro. – Não vou larga-la aqui sozinha escurecendo.
- Obrigada. – Sorri descendo do carro.
Ela desceu, pegou a cesta e caminhou atrás de mim, parei em frente a porta e bati, esperando que ele estivesse em casa, pois eu não avisei que vinha. Não obtive resposta, bati novamente, já estava quase batendo de novo quando ouvi o barulho da fechadura, a porta se abriu revelando um Leo usando somente uma calça de moletom, seus cabelos molhados e o cheiro de sabonete indicavam que ele acabara de sair do banho.
- Rachel? – Me olhou surpreso. – Eu estava no banho. - Se explicou.
- Oi, desculpa incomodar. – O olhei sem graça.
- Imagina, incômodo algum. – Ele se apressou em falar. - Você nunca incomoda.
- Não se incomodem eu nem estou aqui. – Hope falou atrás de mim.
- Hope. – Leo a cumprimentou.
- Oi. – Ela estendeu a cesta em sua direção. – Isso é pra você. – Ele pegou. – Ela está segura com você? – Perguntou olhando diretamente para o macho mais alto que a olhou confuso. – Rach, ela esta segura com você? - Apontou pra mim como se fosse obvio.
- Claro que está. – Ele rosnou. – Eu nunca a machucaria.
- Tudo bem, não precisa se irritar. – Ela deu um passo pra trás. – Só queria ter certeza, vou deixá-la sob os seus cuidados, trate-a com carinho.
- Hope. – Reclamei .
- Hope nada, só estou sendo uma amiga preocupada. – Ela falou. – Até amanhã querida. Até mais Leo. – Se virou e saiu.
- O que é isso? – Ele levantou a cesta.
- Pensei que seu olfato fosse bom. – O provoquei.
- Eu sei que é comida. – Ele revirou os olhos.
- Fiz o jantar pra você, pra nós. – Respondi olhando em seus olhos. – Para agradecer pelo outro dia. - Ele parecia surpreso.
- Não precisa agradecer, eu não fiz aquilo por obrigação ou esperando algo em troca. – Ele falou de jeito ríspido.
- Tudo bem então. – Peguei a cesta da mão dele e me virei, aquela porra estava pesada.
- Pra onde você vai? – Me segurou pela cintura.
- Vou embora, já que você não quer a comida que eu passei horas preparando ou a minha companhia. – O olhei sobre o ombro.
- Você não pode sair por aí sozinha. – Me virei pra ele.
- Não se preocupe com a promessa que fez a Hope, não precisa me proteger, eu posso muito bem esperar aqui fora enquanto ela volta, não deve estar longe. - Me soltei de sua mão e me afastei.
Coloquei a cesta no chão e o pudim por cima, me pus de volta em pé pegando o celular que estava em meu bolso traseiro, ele foi mais rápido e segurou minha mão me assustando.
- Calma, espera, me desculpa, eu não quis ser rude, só não quero que se sinta na obrigação de fazer algo por mim, por eu ter lhe ajudado no outro dia, eu não fiz esperando nada e faria tudo de novo se fosse preciso. – Ele falou muito rápido como se tivesse desesperado para me fazer entender. – Me desculpa eu não quis ser rude com você. – Tocou meu rosto. – Eu quero a sua companhia, entre por favor. – Me puxou pelo braço para dentro da sua casa.
- Tudo bem, você me chateou. – Falei entrando, ainda emburrada.
- Eu sei, sinto muito. – Ele pegou as coisas e entrou. – Me atrapalhei com as palavras, eu jamais ia fazer algo para magoa-la propositalmente. – Sorri vendo a verdade eu seus olhos.
- Tudo bem. – Me aproximei dele. – Vamos levar essas coisas pra cozinha.
Ele caminhou na minha frente, por fora sua casa parecia uma caverna, mas por dentro era uma casa rustica e aconchegante. Os degraus que desciam da porta para a sala eram feitos com troncos de madeira cortados ao meio, o sofá grande e de aparência confortável a mesa de centro era toda de madeira crua, o segui por um corredor largo até a cozinha, o chão era de pedrinhas amareladas, a ilha da cozinha tinha o tampo de mármore branco com veios pretos, os armários em madeira avermelhada, a mesa de jantar era formada por duas peças de madeira com uma resina tingida de azul no meio, parecia um rio.
- Essa mesa é linda. – Falei olhando.
- Eu gosto do rio, acho bonito, fiquei feliz quando colocaram um pouco dele aqui dentro. – Falou colocando a cesta sobre a ilha.
- Ficou perfeito. – Me aproximei da ilha. – Você tem um daqueles pratos para bolo? Preciso desenformar o pudim.
- Tenho.
Ele se virou para o armário para pegar o trato enquanto eu tirava a forma de dentro da sacola e tirava o plástico filme, dando graças a Deus por ele ainda estar inteiro.
- Aqui está o prato. – Falou colocando sobre a bancada.
- Ótimo, preciso ligar o fogão um pouco. – Ele foi até o fogão ligando. – Obrigada. – Me aproximei passando o fundo da forma para ajudar a desgrudar. – Eu não sabia que tipo de doce você gostava, então fiz pudim de leite. – Desliguei o fogo e voltei com o pudim para a bancada. – Ele é maravilhoso, não vai chocolate sei que alguns de vocês não podem comer e é a sobremesa que eu faço melhor e também a minha preferida. – Sorri desenformando.
- Eu não como chocolate, me deixa enjoado.
- Igual eu com manga. – Falei sorrindo e olhando para o pudim. – Ficou perfeito.
- É muito bonito e cheiroso. - Se aproximou examinando.
- Obrigada, você pode colocar na geladeira?
Ele foi colocar o doce na geladeira e eu comecei a tirar as embalagens das comidas de dentro da cesta.
- Eu trouxe algo não tão elaborado. – Falei. – Fiz arroz, salada, alguns vegetais salteados. – Fui falando e destapando as embalagens. – Bife e aligot .
- Aligot? – Olhou para o prato. – Tem cheiro de queijo.
- Você não gosta de queijo? – O olhei.
- Eu gosto muito de queijo, só não é melhor do que carne. – Falou se aproximando.
- Ótimo, aligot é basicamente um purê de batatas com muito, muito queijo.
Servimos nossa refeição, tive cuidado de dar a ele os bifes que eu tinha deixado mais crus que os meus, levamos os pratos para a mesa, ele pegou suco de laranja para acompanhar. Esperei que ele provasse a primeira porção de comida antes de comer, queria ver sua reação, ele ronronou quando a comida entrou em contato com sua língua.
- Você não vai comer? – Perguntou depois de engolir.
- Vou sim. – Falei cortando um pedaço de carne. – É que eu estava esperando pra ver se você ia gostar da minha comida.
- É a melhor que eu já provei. – Falou me olhando.
- Obrigada.
Suas mãos eram tão grandes que pareciam desajeitadas segurando os talheres, era como se ele fosse quebrar o garfo a qualquer momento, inclusive ele parecia tão concentrado na tarefa de segurar os talheres sem quebra-los que mal me olhavam.
- Então Leo, você já sabe o que eu faço, é você o que faz? – Ele me olhou surpreso mastigando uma porção de comida.
- Eu tomo conta da zona selvagem com o Valiant. – Ele falou depois de engolir. – Sabe, dos animais que vivem aqui e para que os habitantes NE fiquem.... Bem.
- Entendi, deve ser bom. – Sorri. – Tem muitos animais selvagens aqui?
- Sim, nós resgatamos vários animais e damos a eles um novo lar aqui.
- Isso é muito bonito. – Ele assentiu. – Valiant é um Nova Espécie também certo?
- Sim, Ele tem uma companheira chamada Tammy e... – Ele fez uma pausa parecendo se lembrar de algo. – Ele é felino.
- Felino como você?
- Ele é felino como eu, com as características espécie mais fortes, mas ele não tem uma cauda. – Ele desviou os olhos dos meus. – Só eu nasci com esse defeito.
- Sua cauda não é um defeito. – Falei um pouco irritada, achei a cauda dele muito bonita, não vejo problema algum em ele ter uma cauda, na verdade eu gostei dela. – Ela faz parte de quem você é, e nada disso pode se um defeito. – Sorri.
- Você é muito bondosa. – Ele não olhava pra mim, seus olhos fixos no prato.
- Leo, olhe pra mim. – Ele me olhou, seus olhos pareciam tristes. – Eu não estou sendo bondosa, estou falando o que penso, não tem nada de errado com você. – Falei olhando em seus olhos. – E daí que suas características espécie são mais evidentes? - Estiquei minha mão tocando a sua. - Você é perfeito.
- Obrigada. – Foi tudo que ele disse.
Comemos em silêncio por algum tempo, ele me olhava me de tempos em tempos como se quisesse me falar algo ou quisesse me observar. Acho que ele realmente gostou da minha comida já que repetiu duas vezes e ronronava algumas vezes.
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