Capítulo 06.
Rachel.
Ajeitei a camisa lilás de mangas compridas que estou usando junto de uma calça jeans justa, em um gesto nervoso, me olhei no espelho pela última vez vendo meu rosto quase sem maquiagem. Tem pouco mais de uma semana que eu estou trabalhando pra ONE como contadora, boa parte da bagunça nos livro caixa está resolvida, achamos o início dos desfalques e estamos rastreado, Jinx voltou para seu posto anterior, mas Luna segue nos ajudando, ela falou que gostou do trabalho. Estou gostando muito de morar aqui e praticamente já me acostumei ao jeito deles, me sinto bem mais segura e confiante do que quando cheguei aqui.
Hoje tem um treinamento da força tarefa aqui na Reserva, o que significava muitos homens fortes, bem treinados e armados andando de um lado para o outro em terras da ONE, saber disso está me deixando em uma pilha de nervos, eles estarão uniformizados parecendo policiais o que só piora a situação, mas tento me acalmar e sorrir dizendo para mim mesma que eles não vão me fazer mal.
- Bom dia. – Sorri para Breeze que estava a minha espera no carro estacionado na rua, Lay saiu bem cedo para o centro médico pro caso de precisarem dela devido o treinamento.
- Bom dia. – A Nova Espécie canina me respondeu sorrindo. – O que aconteceu? – Me observou séria. – É por causa do treinamento? Você sabe que está segura aqui. - Me olhou com calma, ela parece ter experiência em lidar com traumas.
- Sim, é por causa do treinamento. – Suspirei sentando no banco do carro. – E sim, eu sei que estou segura aqui, mas não é tão simples sabe, esse tipo de coisa está além da razão. – Falei quando ela sentou atrás do volante. – Eu sempre fiquei um pouco intimidada por pessoas desconhecidas, sobretudo homens, hoje em dia só está pior, mas eu vou ficar bem.
- Você vai sim, é uma mulher forte. – Ele me olhou. - E se alguém lhe importunar é só me chamar. - Sorriu
- Sou uma mulher, nós já crescemos forte porque temos que enfrentar as marcas de uma sociedade machista e patriarcal. – Falei e ela me encarou em concordância.
A ala da contabilidade ficava na parte dos fundos prédio, suas janelas se abrem para um campo grande, justamente onde vai acontecer parte do treinamento. Quando Breeze girou a direção fazendo o jipe indo para a entrada principal e seguir para os fundos por onde eu entro todos os dias pude ouvir várias vozes masculinas. Quando o carro parou e eu olhei pra frente vi vários homens ao redor de um bem alto que falava em tom de autoridade e outro mais velho que logo começou a falar dando broncas e fazendo reclamações. O homem olhou em nossa direção e eu pude jurar que ele desviou os olhos envergonhado quando seu olhar cruzou com o de Breeze que sorriu de lado.
- Obrigada por me trazer até aqui. – Falei pra ela.
- Disponha, acho que vou ficar por aqui apreciando a vista da floresta. – Falou em um tom brincalhão.
- Safada. – Não me ocupei em sussurrar já que ela ouviria de todo jeito.
Ouvi ela rir alto enquanto eu entrava pela porta e seguia para a sala, quando entrei no meu ambiente de trabalho as três já estavam lá organizando alguns papéis, Amália desviou os olhos pra janela, segui seu olhar, agora tinham mais homens ainda notei que alguns deles são nova espécie.
- Vai difícil trabalhar hoje. – Ela falou nos fazendo rir.
- Deixa de ser safada criatura. – Reclamei. - Tem muito trabalho a fazer.
- O que? Estou na seca. – Ela se defendeu.
- Tá porque quer. – Hope falou. – Um monte de macho fica te olhando e já até te chamaram pra compartilhar sexo, mas você fica esperando o Jinx fazer algo.
- É que. – Ela suspirou. – Eu sou uma idiota, é isso, vocês são sinceros se ele quisesse algo já tinha tentado.
- Não o culpe você parece uma adolescente. – Brinquei com ela.
- Engraçadinha. – Ela revirou os olhos.
- E você Rachel? – Luna me fitou. – Algum macho lhe interessa? - Ergueu uma sobrancelha.
- Que nada Luna, as irmãs White são imunes ao charme dos nossos machos. – Hope debochou.
- Não somos imunes a nada. – Reclamei. – Eles são bonitos e puta merda que homens sexys. – Elas concordaram. – Eu só não sei se estou pronta pra isso agora sabe e a Lay, bem... é complicado.
- Como assim é complicado? – Amália perguntou. – Ela gosta de garotas?
- Não. – Eu não queria falar de assunto que não era meu, mesmo que as mulheres a minha frente fossem minhas amigas. – Só é complicado, problemas dela própria. – Um lampejo de compreensão passou pelos olhos de Amália.
- Tudo bem, vamos trabalhar? – Ela desviou de assunto.
A manhã se passou rapidamente enquanto fazíamos nosso trabalho, o barulho do lado de fora atrapalhou um pouco no início, mas depois consegui não prestar atenção, até que eles foram embora. Paramos para o almoço na mesma hora quando Creek chegou na sala para nós buscar, Hope dirigiu até o hotel, como fazemos todos os dias, vários carros estavam do lado de fora, mais do que o normal. Pessoas se espalhavam pelo lobby, o restaurante cheio como eu nunca tinha visto, era quase difícil andar.
Pegamos nossa comida e nos sentamos na mesa de sempre, Layla não estava em lugar algum e eu esqueci meu celular na bolsa sobre a mesa lá no trabalho para poder mandar uma mensagem. Em uma mesa próxima um grupo de homens da força tarefa estavam sentados, vi Will entre eles, sorri e acenei pra ele, não o vira desde o dia que me trouxe, o homem ao seu lado me olhou, cochichou com Will e voltou a me olhar fixamente enquanto comia, o jeito que ele me olhava como se pudesse me desnudar me deixava nervosa. Engoli um pouco de comida rapidamente e olhei para as minhas companheiras de mesa comendo calmamente, respirei fundo tentando controlar meu nervosismo para não ser notada.
- Vou ao banheiro. – Me levantei e sai antes que elas falassem algo.
Respirei aliviada quando sai do salão e caminhei até o banheiro mais próximo, fiz minhas necessidades, lavei as mãos e o rosto apoiando as mãos sobre a bancada e olhando meu reflexo no espelho. Respirei fundo me acalmando e resolvi voltar ao restaurante. Antes de alcançar a porta mais homens entraram passando por elas, virei meu corpo em direção a saída do hotel e resolvi esperar por elas do lado de fora perto do carro, era melhor do que ficar lá dentro.
O ar puro que invadiu meus pulmões assim que passei pelas portas fez meus músculos relaxarem instantaneamente, desci os degraus e caminhei um pouco para longe da grande construção parando onde o carro que viemos estava estacionado, ou pelo menos eu achava que era ele, já a maioria era parecida, me encostei e fechei os olhos. O som de passos me fez tornar a abri-los, o mesmo homem que me olhava no restaurante caminhava em minha direção.
- Rachel não é? – Ele perguntou e aquela voz me era familiar de alguma forma. – Vejo que não se lembra de mim, Edgar, Ed, sua irmã quebrou meu nariz quando estudávamos. – A lembrança veio a minha mente como um tapa na cara, preferia continuar na ignorância.
Esse idiota na minha frente tinha estudado na mesma escola que eu, era o típico garoto popular capitão do time de futebol, bonito e idiota que a gente vê em filmes adolescente, sabe aquele bem babaca. Eu era a garota nerd e tímida, ele se aproximou de mim para que eu fizesse seus trabalhos, me fez acreditar que gostava de mim, fiz algumas coisas com ele na cama e estava disposta a dar o próximo passo até que eu vi ele conversando com uns amigos rindo de mim, por estar me enganando, falou que eu só era boa com os trabalhos e falando que todo dia se encontrava com a ex, porque se nem um boquete eu sabia fazer imagina o resto. Sai correndo e chorando, quando Layla viu meu estado foi tirar satisfação com ele e quebrou seu nariz.
- Agora eu lembro. – Minha boca repuxou involuntariamente em desgosto. – Você mudou. - Estava maior, mais forte, a pele bronzeada, o cabelo agora ralo e mais escuro.
- Não só por fora, eu me arrependo de ter sido um idiota, gostaria de pedir desculpas. – Se aproximou.
- Se desculpa daí. – Estiquei a mão pedindo para ele manter distância.
- Você está ainda mais linda, se tornou uma mulher muito desejável. – Me olhou de cima abaixo. – Está uma delícia. – Demorou seus olhos em meus seios. – Garanto que nem engasga mais. – Falou sorrindo de lado. – Eu adoraria testar. - Pra quem tinha mudado... Só mais uma mentira dele
Aquilo me embrulhou o estômago de tal maneira que foi difícil me segurar para não vomitar ali mesmo. Me aproximei dele e dei um tapa estalado em seu rosto, recebendo um olhar de surpresa seu.
- Nunca mais me dirija a palavra. – Gritei pra ele. – Nojento. - Ele segurou meu pulso quando eu ameacei outro tapa. - Me solta. - Sua proximidade estava me deixando apavorada.
- Calma bonitinha. - Me soltou.
Me virei saindo dali, rezando pra que ele não me seguisse, agradeci quando não ouvi passos atrás de mim, mas ainda assim caminhei o mais rápido que meus saltos permitiram, nem vi onde eu estava indo até passar por algumas casas e eu perceber que estava muito perto da zona selvagem.
- Se eu ficar em uma parte próxima da zona selvagem nenhum dos seus moradores deve me encontrar e humanos não tem permissão pra vir aqui desacompanhados, o que significa que não encontrei nenhum humano, muito menos Edgar. – Sussurrei formulando meu pensamento. – Espero que nenhum dos animais me encontre.
Tirei meus sapatos, pois seria impossível andar com eles pelo terreno acidentado da floresta, segurei-os com uma mão e comecei a andar me embrenhando na mata quando tinha entrado o suficiente para não ver mais o campo aberto eu parei. Me encostei em uma árvore alta e larga.
Não sei quanto tempo tinha se passado quando eu ouvi um barulho como se fosse de galhos quebrando e passos perto de mim, muito perto.
- Era só o que faltava ser devorada por um animal selvagem, o que eu tinha na merda da minha cabeça?
Resmunguei saindo de onde eu estava e me afastando do barulho, sem perceber eu meu embrenhei ainda mais na floresta, no ponto que eu estava a luz do sol passava mais fraca por entre as copas das árvores que formavam quase uma cortina em alguns pontos de tão fechada que era. Girei olhando para todos os lado não fazendo a menos ideia de qual direção pegar para sair dali, eu estava completamente perdida no meio da zona selvagem. Quão burra eu sou? Como caralhos eu vou sair daqui? Tentei seguir em alguma direção, mas alguns metros depois parei vendo que isso só ia ser pior.
Me sentei no chão sobre a vegetação rasteira que formava um tapete no solo, aquela altura no entanto boa parte da vegetação era tão alta que ficava maior que eu no chão, deixei os sapatos ao meu lado, puxei os joelhos contra meu peito e coloquei a cabeça sobre eles chorando com medo de não ser encontrada, ou pior ser encontrada por alguém não amigável, por algum animal selvagem. Senti minha respiração faltando, puxava o ar sem sucesso, sabendo que o nervosismo só ia me atrapalhar, me concentrei em unicamente respirar tentando me acalmar pensando que logo me encontrariam.
Passos próximos a mim me acordaram do meu transe de auto piedade e autodepreciarão e o medo se instalou em mim. Levantei os olhos piscando para focar minha visão turva devido às lágrimas, minha respiração ainda não estava normal. Diante dos meus olhos estava o maior Nova Espécie que eu já vira até hoje saindo de entre as árvores, me assustei levantando rapidamente e ficando um pouco tonta com o movimento, ele se aproximou alguns passos ficando sob alguns raios diretos do sol que entravam por uma abertura na copa das arvores e me permitia vê-lo perfeitamente, ele era muito alto, provavelmente mais de dois metros, estava vestindo somente uma bermuda apertada em suas coxas grossas, seu tórax e braços eram musculosos, até seu pescoço era musculoso, sua pele ela escura era bronzeada e parecia brilhar sob a luz do sol, pelos finos de um castanho claro quase dourado cobriam de forma rala seu peito e desciam em um caminho fino até se perder na barra do short. Subi meu olhar pro seu rosto e quase arfei, ele era imponente e másculo, seu rosto tinha algo selvagem e dominante como eu nunca vira antes, seus olhos pareciam feitos de ouro líquido, seus cabelos emolduravam o rosto como uma juba de leão, os fios ondulados uma mistura de castanho claro, loiro e ruivo. Ele parecia um leão, algo nele gritava macho alfa e até a forma como se movia mostrava que era um predador, ele era assustador e incrivelmente sexy ao mesmo tempo. Involuntariamente dei um passo pra trás quando ele deu mais passos em minha direção, ele estancou no lugar percebendo meu movimento e falou.
- Calma pequena humana, não vou te machucar. – Uma lufada de ar passou por mim indo em sua direção e eu o vi sorve-lo franzindo o cenho. – Não precisa ter medo, eu juro que não vou machuca-la. – Tornou a falar com sua voz forte e grossa como um trovão. - O que está fazendo aqui?
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Acho que alguém gostou do que viu. kkakaa
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