Capítulo 03.


Rachel.

O centro médico da reserva da ONE era bem diferente do que eu achei que seria, um prédio grande de um andar com janelas enormes em vidro escuro que impedia de ver o interior, dentro dele havia uma sala de espera com  poucas cadeiras e um balcão onde deveria ser a recepção, corredores largos levavam para ambos os lados. Atrás do balcão um nova espécie primata, grande com belos olhos marrons e longos cílios que estava sentado atrás de uma mesa se levantou quando passamos pelas portas.

- Doutora Layla. – Ele sorriu olhando para minha irmã.

- Bom dia Destiny. – Layla sorriu simpática, reconheci seu nome do dia que liguei para ela falando que eu vinha e ela gritou assustando o coitado. – Trouxe minha irmã para fazer um tour pelo Centro médico. – Ele contornou o balcão parando na minha frente.

- Espero que goste daqui. – Me olhou. – É um prazer conhece-la Rachel, a doutora Layla estava muito ansiosa por sua chegada, não tem falado de outra coisa na última semana. - Falou simpático e sorriu sem mostrar os dentes. 

- Obrigada. – Sorri lhe estendendo a mão, seu aperto era firme. – Quer dizer que ela aguardava muito minha chegada? Interessante.

- Claro minha irmãzinha estava vindo me ver eu estava em êxtase. – Abraçou meus ombros. – Vamos indo qualquer coisa me chama. - Olhou para o nova espécie. 

- Sim doutora.

Nos despedimos de Destiny e viramos para a direita ela parou na porta do que parecia um escritório médico e bateu abrindo assim que uma voz feminina falou de dentro, uma mulher loira olhou em nossa direção e sorriu.

- Você deve ser a Rachel. – Se levantou e andou até nós esticando sua mão. – Vocês se parecem. – A cumprimentei.

- Obrigada. – Falei soltando sua mão. Pelo visto não era exagero do Destiny, minha irmão falou de mim para todos. 

- Eu sou Trisha. – Percebi que tinha uma aliança em seu dedo anelar da mão esquerda.

- É um prazer. – Sorri.

- O prazer é meu. – Ela sorriu. – Espero que goste de sua estada aqui.

- Eu também, até agora está  muito bom. - Disse animada. 

- Como foi a viagem até aqui? – Ela perguntou me olhando. – Os rapazes se comportaram?

- Sim, eles foram ótimos. – Senti minhas bochechas esquentarem. - Eles são muito sinceros, mas foram muito gentis.

- Novas Espécies são muito sinceros, eles costumam falar as coisas diretamente, mas são muito respeitosos. – Ela me garantiu. – Com o tempo você se acostuma não é Layla?

- Sim, com o tempo. – Ela respondeu sorrindo.

Quando íamos saindo da sala uma Nova Espécie fêmea vinha pelo corredor com uma bandeja de exames nas mãos, ela era tão alta quanto Hope e era muito bonita também. Olhou diretamente pra mim sorrindo com seus caninos afiados a mostra.

- Que bom que você trouxe sua irmã pra nos visitar doutora. – Se aproximou de mim. – É um prazer conhece-la Rachel, sou Chimes. – Falou em um tom cortês.

- O prazer é meu. – Sorri, eles todos tem sido tão receptivos comigo, acho isso tocante.

- Seja bem-vinda.

- Obrigada.

A mulher seguiu seu caminho e Layla me levou pelos corredores me mostrando salas de exames, quartos, salas de atendimento, salas de cirurgia e até mesmo um pequeno laboratório para análises clínicas que tinha no lugar, era muito completo. A maioria das coisas que Layla falou ou me mostrou eu não sabia do que se tratava, haviam termos médicos que nem minha formação em Grey's Anatomy era capaz de ajudar.

Segui Layla até um escritório parecido com o que encontramos Trisha e ela se sentou atrás da mesa me indicando uma cadeira a sua frente me olhou de forma inquisitiva, ontem quando ela voltou do trabalho não se aprofundou no real motivo de eu ter vindo até aqui, se ateve a conversar sobre nossa família, perguntar por Phillip e tagarelar sobre amenidades.

- Me conta como você está de verdade. – Disse me olhando.

- Estou tentando. – Fui sincera. – Eu sei que não devia ficar tão traumatizada com tudo que aconteceu, mas eu me sinto tão humilhada, acuada.

- Meu amor você tem todo o direito de ficar traumatizada. – Esticou a mão sobre a mesa segurando a minha. – Você passou por situações difíceis.

- Sabe eu sinto que foi muito mais difícil o que aconteceu depois do que o que o Curtis me fez. – Comecei a falar. – Ele é uma pessoa podre e eu já esperava algo assim, fui burra por não ter saído antes junto com as outras.

- Você não tem uma bola de cristal. - Me repreendeu. 

- Fico me dizendo isso constantemente. – Suspirei. – Mas, enfim aquilo foi horrível e ainda me causa arrepios, mas eu consegui sair, agora o que aconteceu depois... – Pisquei me recusando a chorar mais por isso. – A polícia, a justiça, eles deveriam me proteger, mas tudo que fizeram foi me humilhar e me culpar pelo que eu sofri. – A olhei. – Eu era a vítima.

- Eu sei meu amor. – Se levantou vindo me abraçar.

- Eu não consigo emprego em lugar algum e cada porta batida na minha cara é um lembrete que eu saí penalizada e ele impune. – Afundei minha cabeça em seu pescoço. – Como eu vou seguir em frente se não consigo sequer um emprego?

- Foi por isso que você veio?

- Sim, São Francisco estava me sufocando. – Me afastei para olha-la. – Estou pensando em mudar de cidade, mandei alguns currículos para cidades longe de São Francisco.

- Isso é ótimo. – Ela sorriu. – E a terapia?

- Parei. – Ela franziu o cenho. – Não estava dando em lugar algum e eu não tenho dinheiro pra ficar gastando a toa.

- Temos uma psicóloga aqui, se você quiser eu peço pra ela falar com você. – Antes que eu me recusasse acrescentou. – Ela é companheira de um Nova Espécie, lida com os traumas deles, talvez possa lhe ajudar.

- Vou pensar sobre o assunto. – Prometi sem querer desaponta-la, obviamente uma pessoa familiarizada com os traumas deles ia achar que eu estou com frescura, o que é o que eu sofri comparado a toda a dor que eles enfrentaram na vida? – Mas me conta melhor sobre o macho que você gosta.

- Pare de bobagem Rach, não tem macho nenhum que eu goste. – Ela falou ficando com as bochechas coradas. – Eu só falei que ele muito bonito. – Revirei os olhos.

- Qual é Lay, eu já conheci alguns deles e por Odim todos são lindos. – A encarei. – Você enfatizou especificamente a beleza desse, alguma coisa tem.

Ela ficou em silêncio e quase pulou no pescoço de Destiny agradecida quando o homem abriu a porta da sala falando que tinha uma emergência médica, disse que voltava em breve e saiu da sala quase correndo na frente de Destiny.

...

O resto da manhã se passou lentamente, olhei pelos corredores, conheci mais algumas pessoas, a mulher humana que trabalhava no laboratório também era casada com um NE, acasalada, esse é o termo que eles usam, estava sem nada pra fazer e acabei andando pelo centro médico, mesmo Layla tendo pedido que eu ficasse em sua sala, acabei no laboratório e conversei um pouco com a mulher que cuidava do lugar e não estava em seu posto quando passei por ali em meu tour.

- Aí está você. – Layla apareceu pela porta entreaberta. – Disse para me esperar na sala.

- Desculpe, fiquei entediada. – Sorri sem graça.

- Ela estava me ajudando, foi bom ter uma companhia. – A técnica sorriu.

- Obrigada. – Minha irmã falou como se eu fosse uma criança que a outra estava cuidando. – Vamos Rach.

- Vamos. – Me despedi da mulher e sai da sala.

- Vamos almoçar no restaurante do hotel ou você prefere que eu peça pra entregar?

- Podemos ir. – Ela me olhou pra confirmar minha resposta. – Seria legal se encontrássemos a Hope lá.

- Você gostou dela não é?

- Sim.

- Ela é ótima, provavelmente esteja lá, a maioria dos Nova Espécie e humanos que trabalham aqui almoçam no hotel.

- Bom.

- Vai estar cheio isso não a incomoda? - Me olhou com seus olhos de águia.

- Não, está tudo bem. – Talvez incomode um pouco, mas vou ficar bem.

- Se lembre que eles sentem cheiro de tudo. – Assenti.

Saímos pela porta e tinha um jipe preto estacionado do lado de fora com um Nova Espécie canino, grande de cabelos pretos encostado nele. Qual o problema deles com portas? Porque todos os jipes que eu vi até agora não possui uma.

- Torrent! – Minha irmã pareceu surpresa por vê-lo ali. – Não sabia que tinha voltado de Homeland.

- Oi doutora. – Ele sorriu gentilmente se desencostando do carro. – Cheguei hoje pela manhã.

- Seja bem-vindo de volta. – Ela sorriu, por um momento achei que ele fosse o homem que ela gosta pelo jeito que os dois se tratam, mas ele tinha um nome diferente e ela falou que não conhecia o outro, mas o jeito que ele olha pra minha irmã me faz pensar que ele a deseja.

- Obrigada. – Ele virou seus olhos em minha direção, olhou entre nós duas provavelmente percebendo as semelhanças. – Essa deve ser sua irmã, vocês são muito parecidas embora ela seja menor. – Ele falou com Layla.

- Sim, sou a irmã, Rachel. – Falei o fazendo se virar em minha direção. – Imagina que felicidade a minha sendo a menor de três irmãos. – Ele sorriu.

- Estão prontas para almoçar? – Assentimos.

Entramos no carro eu no banco de trás e ela no banco do carona a viagem até o hotel foi rápida e silenciosa, olhei para a paisagem distraída, quando avistei o hotel, de perto ele parecia ainda maior do que visto de longe, possuía vários andares, era uma construção grandes em meio a outros prédios grandes. Torrent nos deixou em frente falando que precisava ir até a segurança.

O saguão do hotel era amplo e bem iluminado, todo em tons sóbrios passando um ar elegante e moderno. Layla me guiou por portas duplas grandes para o restaurante, era o maior restaurante que eu já vira em minha vida, várias mesas se espalhavam pelo lugar, vi uma fila de pessoas indo até duas mesas com várias comidas no estilo self-service. As pessoas ali parecia um pouco agitadas andando de um lado a outro.

- Desse lado as carnes são mal passadas demais até pra você. – Ela me puxou para segui-la, eu me lembrei de ela falar que a maioria dos espécie gostavam de suas carnes quase cruas.

- Tudo bem.

Servi meu prato com uma boa porção de purê de batatas, arroz, salada e carne com molho, peguei um refrigerante para acompanhar e seguimos para uma mesa vazia, já tínhamos começado a comer quando levantei os olhos e vi Hope com um prato na mão pronta para se servir, ela acenou pra mim e pareceu forçar um sorriso.

- Olá meninas. – Falou se sentando conosco, ela também parecia um pouco agitada.

- Olá. – Falamos ao mesmo tempo.

- Como está sendo seu primeiro dia aqui? – Perguntou curiosa.

- Estou indo bem. – Sorri, levando o refrigerante até a boca. – Você está bem? – Perguntei. – Parece um pouco agitada, na verdade vários aqui parecem.

- Tivemos um problema essa manhã, desconfiávamos que algo estava errado, porque uma quantidade de dinheiro estava sumindo. – Ela começou a explicar rapidamente. – Hoje descobrimos se tratar do contador que trabalhava pra gente, então está tudo uma bagunça para descobrirmos quanto ele tirou e organizar a bagunça que está o livro caixa. – Ela contou e continuou falando que estava muito complicado porque ainda dependiam do homem pra isso e enquanto não conseguissem um profissional confiável tudo ficaria um pouco corrido.

- Nossa, isso é horrível, detesto pessoas desonestas. – Layla bufou enquanto eu estava perdida em pensamentos.

- Sim, e isso meio que deixou os ânimos elevados. – Hope comentou.

- Olha, eu sei que não tem porque vocês confiarem em mim. – Comecei a falar pegando a atenção das duas. – Mas, eu sou contadora e uma das boas modéstia à parte, eu poderia ajudar vocês até que encontrem um profissional permanente.

- Você é contadora? – Hope falou curiosa.

- Sim, sou, trabalho com isso em São Francisco. – Fiz uma pausa. – Quer dizer eu trabalhava, já que estou desempregada.

- Sinto muito. – Ela disse sincera.

- Obrigada.

- Você ajudaria? – Quis confirmação.

- Claro que sim. – Sorri. – Estou aqui de bobeira porque não ajudar as pessoas que acolheram tão bem a minha irmã e a mim? – Layla sorria orgulhosa.

- Vou falar com o Slade assim que voltar ao trabalho, mas obrigada. – Ela tocou meu ombro sorrindo.

- Por nada. – Seu sorriso morreu nos lábios.

- Acho que não vou poder fazer aquele tour que prometi ontem.

- Está tudo bem, você tem um problemão no trabalho pra lidar. - Eu realmente entendia a situação em que estava. - Depois você me leva. 

Terminamos de almoçar conversando sobre coisas aleatórias, ela me fez algumas perguntas sobre minha vida em São Francisco, depois do almoço Hope deixou Layla no centro médico e me deixou no apartamento de Layla prometendo me ligar ainda essa tarde. Entrei em casa e fui direto ao meu quarto pegar meu notebook para ajeitar meu currículo pro caso de eu precisar envia-lo. 

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Finalmente ela chegou na reserva.

E mau chegou já tá tentando arrumar um emprego, tomara que seja pressagio pra ficar. 

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