Capítulo 02.


Rachel.

Ajeitei a mochila azul em minhas costas e puxei as duas malas de rodinha saindo do trem, caminhei um pouco pela plataforma olhando para os lados a procura da minha irmã que disse que viria me buscar aqui. Não a encontrei e segui andando por entre as pessoas que transitavam normalmente por ali, um homem todo de preto com colete balísticos e coldre na perna se aproximou de mim, ele parecia um armário, seus cabelos escuros eram ralos e os olhos de um profundo azul, quando baixei os olhos para o seu braço vi a palavra ONE bordada em branco na sua manga e franzi o cenho.

- Senhorita Rachel White? – Falou parando alguns passos de mim, se mantendo afastado.

- Sim. – O olhei incerta. - Sou eu. 

- Sua irmã pediu desculpas, mas surgiu uma emergência médica no centro médico e ela não pode vir lhe buscar. – Seria bom se ela tivesse me mandado uma mensagem avisando isso para eu não ficar aqui com essa cara de bunda sem saber o que está acontecendo. – Viemos para levá-la até a reserva.

- Tudo bem. – Tentei sorrir para d3monstrar que eu estava bem com isso.

- Eu me chamo Will. - Ele sorriu com dentes muitos brancos.

- Prazer. 

- Essa é sua bagagem? – Apontou para as malas.

- Sim.

- Com licença. – Pegou as malas das minhas mãos. – Pode me acompanhar?

Acenei com a cabeça e o segui de perto, vi ele se encaminhar para um hummer estacionado na rua em uma parte pouco movimentada próxima a plataforma, quando nos aproximamos três portas se abriram e três homens grandes saíram de dentro, dois deles usavam óculos de sol. Parei no lugar olhando pra eles quando um quarto homem saiu de dentro do carro, minha vontade de voltar pra trás estava muito alta. 

"Puta merda mandaram uma escolta desse tamanho pra mim? Por que? Pra que esse monte de gente? Só um já resolvia."

Ajustei meus óculos no rosto, feliz por estar usando eles, pois meus olhos assustados ficaram escondidos e forcei meus pés a andar tentando manter uma expressão tranquila no rosto, quando parei perto deles o mais próximo de mim franziu o cenho, torceu um nariz inspirando fundo e retirou os óculos revelando seu rosto com nariz achatado, maçãs do rosto proeminentes e olhos muito escuros e marcantes que me lembravam um lobo selvagem, seus cabelos escuros presos em um rabo de cavalo.

- Rachel, eu me chamo Brass. – Sua voz era grave e altiva. – Estes são Noah. – O homem sem óculos levantou a mão. – Timber. – O homem mais afastado de onde eu estava tirou os óculos escuros revelando suas características espécie pronunciadas, o cabelo grande preso em um rabo de cavalo. – Flirt. – Apontou para o último que saiu do carro que tirou o óculos relevando olhos azuis felinos hipnotizantes, ele abriu um largo sorriso mostrando as presas pontudas, sorri pequeno. – O Will você já conheceu. – Assenti. – Você está segura conosco, não precisa ficar com medo, ninguém aqui vai lhe fazer mal.

- Como você... – Parei a frase no meio. – O olfato aguçado. - Tive vontade de bater na minha testa. 

- Sim.

- Me desculpe eu não quis lhe insultar, nem nada do tipo, não pude evitar. – Engoli em seco sentindo minhas bochechas queimarem.

- Está tudo bem. – Sorriu sem mostrar os dentes, mesmo sorrindo ele parecia sério. – Você não precisa ficar com medo de nós, você está segura conosco, ninguém vai assediar você, ninguém na ONE vai. – Ele disse como se não tivesse falando nada demais. – O que aquele macho humano fez com você foi errado, ele deveria pagar por isso. - Vi a raiva em seus olhos. 

"Meu Deus, a Layla contou pra todos? Será que todas as pessoas na reserva sabem disso?" Minhas bochechas estavam em chamas, cocei a cabeça com vontade de sair correndo tamanha era a minha vergonha, pelo menos esqueci o medo, foi substituído pela vergonha.

- Eles são muitos sinceros. – Will chamou minha atenção. – Pode ser constrangedor na maioria das vezes, mas são verdadeiros, eles não vão machuca-la, você está segura.

- Nós não machucamos fêmeas inocentes. – Timber falou um tanto sombrio.

- Obrigada a todos. – Olhei para os 5 homens que me encaravam. – Podemos ir. – Queria parar aquela conversa estranha, mas todo o constrangimento acabou servindo para acabar com meu nervosismo.

- Tudo bem. – Brass fungou o ar perto de mim parecendo satisfeito com o cheiro, provavelmente eu não exalava mais medo. – Vamos.

Ele abriu a porta pra mim e assim que entrei ele entrou no banco do motorista com Will no banco ao lado, Timber e Noah sentaram no banco de trás e Flirt parou na porta aberta ao meu lado me olhando.

- Se importa de dividir o banco comigo? – Perguntou em um tom gentil, ele parecia ser divertido.

- Claro que não, senta aí. – Falei sorrindo verdadeiramente dessa vez.

Ele se sentou ao meu lado se mantendo afastado o máximo possível, Brass deu a partida no carro nos colocando em movimento, olhei pela janela vendo a cidade que ficavas para trás lentamente.

- A doutora Layla é uma boa fêmea. – Flirt falou domeu lado.

- Mesmo sempre reclamando quando lutamos entre nós. – Timber falou do banco de trás.

- Brigam entre si? – Perguntei um pouco alarmada. – Vocês se batem? – Eu tinham consciência que meus olhos estavam bem abertos, mas os óculos os protegiam.

- Nós somos muito... – Brass pareceu pensar nas palavras. – Ativos, muitas vezes encerramos nossas discussões com embates físicos. – Falou como se não fosse nada.

- Nossos treinos também rendem machucados. – Flirt falou do meu lado.

- Parece perigoso. – Senti um arrepio na espinha.

- Sua irmã vive falando isso. – Flirt soltou uma risada. - Mas, é normal para nós e ficamos bem depois. 

O restante da viagem se passou com uma conversa despretensiosa, me admirei quando senti o carro reduzir a velocidade, não esperava que chegássemos tão rapidamente na reserva, mas a conversa me distraiu. Olhei admirada para o muro que se erguia no meio do campo aberto, ele tinham facilmente cinco metros de altura ou mais, homens inteiramente vestidos preto com direito até a capacete policiavam as ameias, os portões grossos e grandes se abriram quando o carro se aproximou, Brass dirigiu por mais alguns metros pela estrada asfaltada parando perto de uma espécie de guarita.

- Você precisa descer agora. – Flirt se virou pra mim falando. – Eu sinto muito Rachel, sei que você é irmã da Layla, mas precisamos revistar a sua bagagem e revista-la. - Falou em um tom calmo. 

- Tudo bem, ela tinha me avisado sobre isso. – Falei mantendo a calma.

- Ótimo, vamos.

Assenti tirando o cinto e descendo do carro, um Nova Espécie de cabelos brancos e olhos azuis se aproximou com uma mulher nova espécie ao seu lado, ela era alta ficando apenas poucos centímetros abaixo dele, tinha o corpo musculoso, nariz achatado, maçãs do rosto proeminentes, cabelos ondulados pretos e pele negra, seus olhos cor de caramelo eram diferentes dos demais o que me fez pensar que ela é primata.

- Bem-vinda senhorita White. – O homem de cabelo branco falou. – Me chamo Snow.

- Prazer em conhece-lo. – Respondi. – Me chame apenas de Rachel. – Ele assentiu.

- Essa é Hope. – Ele fez um gesto com a mão indicando a mulher e eu percebi uma aliança em sua mão esquerda. – Ela vai fazer a revista e leva-la até o alojamento humano.

- Tudo bem.

- Por que você está aqui? – Brass perguntou admirado. – Não trabalha na segurança. - Olhou pra Hope. 

- Iam mandar a Kit. – Aquilo pareceu ser suficiente para explicar a todos. – Estou bem contente em lhe conhecer. – Ela se aproximou de mim. - A doutora Layla é uma boa amiga.

- Fico feliz com isso. – Sorri.

- Vou te revistar agora tudo bem?

- Sim.

Afastei as pernas e os braços enquanto ela me revistava com calma, depois que ela terminou e minha bagagem foi liberada me despedi dos homens que foram me buscar os agradecendo e segui Hope até um jipe sem portas que estava estacionado perto, Flirt nos seguiu com as malas, as acomodando no banco de trás.

- Obrigada. – Sorri pra ele.

- Por nada, foi um prazer lhe conhecer. – Ele disse me olhando. – Nós vemos depois.

Ele se afastou voltando para a guarita e eu subi no banco, olhei pelo caminho enquanto Hope dirigia, o lugar era muito arborizado mesmo com os vários prédios altos que se erguiam contrastando com a paisagem natural, o ar era puro e agradável.

-Se você quiser amanhã depois do trabalho posso fazer um tour com você. – Ela ofereceu enquanto eu observava a paisagem.

- Eu quero sim. – Olhei em sua direção sorrindo. – Aqui é tão lindo, tem tantas árvores.

- Sim, o ar aqui é tão limpo. – Ela fungou o ar. – Eu prefiro ficar aqui do que em Homeland, aqui é maior e mais arborizado.

- Eu tô vendo até onde a vista alcança tem coisa. – Ela parou em frente a um prédio de apartamentos grande.

- Chegamos. – Desceu do carrinho desligando.

Desci do carro olhando para o prédio.

- Todos os humanos que trabalham aqui e residem na reserva ficam aqui. – Ela me explicou tirando minha bagagem do carro, coloquei a mochila nas costas e peguei uma das malas. – Com exceção dos que são casados e preferem uma casa e as fêmeas humanas acasalados com nossos machos. – Layla tinha me falado sobre esse termo que eles usam é tipo um casamento, só que pra eles é realmente pra sempre.

- Vocês moram onde? – Perguntei enquanto entrávamos no prédio indo até o elevador.

- A maioria de nós mora no hotel. – O lugar era um antigo resort por isso tem um hotel. – Alguns tem casas individuais na zona selvagem ou perto dela.

- Zona Selvagem? – Franzi o cenho saindo do elevador.

- Sim. Alguns de nós não são tão sociáveis quanto os outros e por isso preferem morar em uma parte mais afastada. – Assenti enquanto ela parou em frente a uma porta. – Sua irmã disse que você ficaria no apartamento dela, mas se preferir um só pra você podemos providenciar.

- Eu fico com ela, está ótimo assim. – Ela girou a maçaneta e abriu a porta que estava destrancada.

- Não temos crimes na ONE. – Falou percebendo minha confusão. – Por isso muitos deixam as portas abertas, mas as chaves estão ali. – Apontou para um gancho na porta.

O apartamento tinha cores claras, na sala uma TV fixada na parede e sofá grande roxo, na sala de jantar uma mesa de madeira de quatro lugares, a cozinha era separada da sala de jantar por um balcão grande com tampo de mármore branco com veios escuros.

- Tudo bem. – Seguimos para o quarto que estava vazio.

- Olha é melhor que você não saia andando sozinha pela reserva, sempre espere uma escolta, você pode se perder e alguns dos nossos machos da zona selvagem não confiam em humanos. – Ela disse assim que depositou a mala dentro do quarto.

- Tudo bem. – Não sabia o que dizer e o que ela disse me alarmou um pouco.

- Você precisa de mais alguma coisa?

- Não, obrigada. – Sorri.

- Tudo bem preciso voltar para o trabalho. – Ela sorriu. – A gente se vê depois?

- Claro que sim. – Eu realmente gostei dela.

- Aparece no restaurante do hotel pra almoçar qualquer dia.

- Vou sim.

Ela se virou e saiu do quarto, ouvi a porta batendo e segui até a sala a trancando, é demais pedir a uma garota crescida em Chicago que fique de portas destrancadas, mesmo sabendo que não existem crimes aqui, depois de trancar a porta voltei pro quarto para desfazer as malas ansiosa para a chegada de Layla. 

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