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GRIMMEL CONTINUOU DEGUSTANDO sua bebida com uma língua vagarosa. Lenora agachou-se, olhando furiosamente através da aba de sua viseira, apertando os olhos para ver além das chamas da espada de Soluço. Seu marido veio para ele com o mesmo cuidado, pés arrastando-o no chão. Ele não era aquele que Lenora esperava. Ela estava imaginando alguém horrível e grande, alguém muito parecido com todos os outros inimigos que eles enfrentaram. Mas Grimmel estava longe disso. Ele era magro, ele era alto, pele pálida, como uma espinha de peixe. Grimmel, o cruel, olhou rapidamente para sua bebida, franzindo-a sobre a sede, enquanto a agitava, como se a bebida não tivesse se acomodado ao seu gosto.

━ Mas, por favor ━ ele encontrou o olhar de Soluço preguiçosamente, pouco se importando com a postura impetuosa da espada em chamas ━, deixe-me terminar minha bebida.

Nas sombras, Perna de Peixe, sob os cobertores escuros, se agitou com o som. Soluço olhou para trás. Ele tentou ser sutil, mas foi o suficiente para chamar a atenção de Grimmel, sem perder tempo, ainda sorvendo as últimas gotas de sua bebida. O mestre caçador de dragões pegou uma besta. O dado foi atirado mais rápido do que qualquer um deles poderia agir, e em segundos, Perna de Peixe estava caído. A flecha atingiu seu flanco sob o cobertor.

Lenora congelou horrorizada.

━ Não, Banguela! ━ gritou Soluço, acrescentando um toque dramático à sua atuação, enquanto corria até o amigo caído.

Grimmel observou tudo calmamente, tomando o último gole de sua bebida. Assim que terminou, jogou o recipiente para o lado, girando a besta para cima e encaixando outro dardo no gatilho, pronto para mirar no jovem chefe.

Lenora se forçou a permanecer imóvel, mesmo quando tudo dentro dela gritava para agir. Ela sabia que não era o momento certo. À sua esquerda, Leo se moveu levemente na viga, claramente tão tenso quanto ela. Nora fixou seu olhar em Perna de Peixe, caído no chão. Ele não se mexia. Estava imóvel na escuridão, enquanto Soluço pairava sobre ele, o olhar cauteloso dando lugar a uma expressão lívida.

━ O que você fez com ele? ━ perguntou Soluço, a voz carregada de tensão.

Grimmel, completamente à vontade, olhou para a cadeira do chefe perto do fogo. Ele deu de ombros casualmente.

━ É só uma sonequinha.━ Então, sem cerimônia, ele se sentou na cadeira.

Lenora sentiu o sangue ferver de raiva. O gesto de Grimmel era uma afronta clara, e o caçador sabia disso. O sorriso que ele lançou, iluminado pelas chamas da espada de Soluço, era puro desafio.

Grimmel estava tão confiante em sua superioridade que nem tentou esconder o insulto. Recostou-se preguiçosamente, os dedos traçando o braço da cadeira de madeira como se estivesse em seu próprio lar.

━ Posso? ━ perguntou ele, sem esperar uma resposta de Soluço.

O chefe nada disse, mas seus dedos apertaram o punho da espada com mais força. Estava claro que ele lutava contra a vontade de atacar Grimmel ali mesmo.

━ Chefe Soluço? ━ Grimmel cruzou as pernas com indiferença, apoiando a besta sobre o joelho. Seus olhos nunca se desviaram do chefe.

Ele fez uma pausa, um sorriso sarcástico surgindo em seus lábios.

━ Ou digo chefe Hic!... ━ Grimmel imitou um soluço antes de continuar. ━ Ou apenas Soluço? ━ Ele inclinou a cabeça ligeiramente, como se estivesse pensando. ━ O que você prefere?

O olhar de Soluço endureceu, sua fúria contida evidente no jeito que sua respiração acelerou. Grimmel apenas observava, satisfeito, claramente se divertindo com o impacto que causava.

Grimmel olhou ao redor, como se estivesse procurando por algo.

━ Onde está aquela sua agradável senhora? Lenora, não é?

O coração de Lenora parou por um momento. Ela sentiu o nome dela ressoar pelo ambiente, e seus dedos apertaram ainda mais o cabo da espada.

━ Ouvi coisas muito doces sobre essa sua pequena família. ━ Grimmel continuou, com um sorriso que era mais uma ameaça do que um gesto de simpatia. ━ Você não vai me apresentar, Soluço? Que falta de educação...

Soltando uma risada baixa,ncomo se desafiasse Soluço a reagir. Mas o chefe não respondeu. Ele apenas manteve sua lâmina erguida, fixa, o olhar furioso queimando no brilho da chama.

Lenora raramente o vira tão enraivecido. A intensidade no rosto do marido quase era suficiente para ser considerada aterrorizante. Ele ousou provocá-lo... Quem ele pensa que é?

Com um suspiro teatral, Grimmel tirou seu capuz, revelando cabelos brancos e grisalhos em um penteado arrepiado.

━ Você não tem ideia de quem eu sou, tem? ━ Ele inclinou a cabeça, estudando Soluço. ━ Bem, seu pai me conhecia.

A menção de Stoico pareceu causar um impacto imediato. Os olhos de Soluço se estreitaram ainda mais, mas ele manteve o silêncio.

Grimmel deu uma risadinha seca, balançando a cabeça.

━ Ele sim era um chefe... Um dos maiores caçadores de dragões que já esse mundo já viu. ━ Seus olhos percorreram Soluço de cima a baixo, como se estivesse avaliando um oponente fraco. ━ O que ele pensaria de você?

Ele riu de novo, como se achasse a ideia absurdamente cômica. Lenora mordeu o lábio para conter a raiva, seus dedos envolvendo o cabo de sua espada. Ela olhou para o irmão, que a observava com uma carranca. Eles sabiam que precisavam esperar o momento certo.

Grimmel, no entanto, não parava. Ele estava saboreando cada momento, cada palavra que dizia para provocar o chefe.

━ Ele estava certo, sabia? ━ Grimmel continuou, zombando. ━ Fazendo de sua missão destruir as feras... para que você pudesse crescer em um mundo melhor.

O maxilar de Soluço apertou, e ele cerrou os dentes com força.

━ Ele mudou de ideia. ━ Soluço finalmente respondeu, a voz baixa, carregada de emoção reprimida.

Grimmel ergueu uma sobrancelha, inclinando-se ligeiramente para a frente, claramente interessado na resposta.

━ E veja onde isso o levou. ━ completou Grimmel, com um sorriso cruel.

As palavras caíram como um golpe pesado. Soluço hesitou por um breve instante, sua respiração vacilando. Lenora viu o momento exato em que o golpe emocional o atingiu, mas ele logo engoliu a dor, erguendo o queixo e lançando a Grimmel um olhar ainda mais escuro, mais ameaçador.

Grimmel apenas balançou a cabeça lentamente, como se a reação de Soluço o desapontasse.

━ Tão previsível... ━ murmurou ele, voltando a atenção para a besta em suas mãos, como se ajustá-la fosse mais interessante do que encarar Soluço.━ Vamos logo ao que interessa. Eu mato os Fúrias da Noite. ━ Grimmel se inclinou para frente, o desdém claro em sua voz.

Os olhos de Lenora se arregalaram com a confissão. Ela sentiu o peso das palavras como uma pedra em seu peito. À sua esquerda, ouviu Léo soltar um suspiro baixo, tenso.

Soluço também sentiu o golpe, como se aquelas palavras tivessem o poder de o derrubar. Mas ele se manteve firme, sua expressão carregada de fúria.

━ Eu cacei cada um deles, menos o seu. ━ Grimmel continuou, sua voz pausada e cheia de veneno. Ele ergueu a besta, apontando-a casualmente. ━ Você vai me entregar aquele dragão... se não…

━ Nem nos seus sonhos. ━ rebateu Soluço, firme, segurando sua espada com força.

Grimmel riu, uma risada seca e cruel que parecia ecoar pela sala. Ele se levantou da cadeira sem pressa, afastando a espada de Soluço com um gesto preguiçoso. Para ele, o jovem chefe era pouco mais do que uma criança brincando de herói.

━ Você realmente acredita que pode mudar o mundo. ━ Grimmel começou a andar pela sala, o olhar inspecionando tudo ao seu redor. Ele se aproximou do corpo imóvel de Perna-de-Peixe, ainda coberto.

━ Você quer que os dragões vivam livres entre nós, como semelhantes? ━ Ele falou com desdém, quase cuspindo as palavras. ━ Um conceito impossível, meu rapaz.

Lenora sentiu sua raiva crescer. Cada palavra de Grimmel era uma afronta direta a tudo que ela e Soluço lutavam para proteger.

━ A história mostrou que somos a espécie superior. ━ Ele continuou, com uma falsa superioridade em sua voz. ━ E se a notícia de suas ideias equivocadas se espalhasse pelo mundo, seria a ruína da civilização que nós...

Grimmel parou de falar de repente, seus olhos fixando-se em algo que chamou sua atenção. Ele se inclinou ligeiramente, olhando para a ponta da prótese de Banguela, que estava visível sob o cobertor. A conexão entre a prótese e a madeira queimada da cama era inconfundível.

Um sorriso lento e perigoso surgiu em seu rosto.

━ Hump? ━ Ele murmurou, para si mesmo.

━ Ah, não... ━ sussurrou Leo, baixo, mas cheio de pânico.

Grimmel chutou o cobertor sem cerimônia, revelando o que estava escondido.

Perna-de-Peixe se mexeu, soltando um gemido fraco ao impacto. Lenora sentiu um alívio momentâneo ao perceber que ele estava vivo, mas o alívio foi rapidamente substituído por pavor.

O amigo gorducho se sentou devagar, os olhos semicerrados e as palavras arrastadas.

━ Nós o pegamos…? ━ murmurou Perna-de-Peixe, grogue, então ele desmaiou.

Em sua momentânea incredulidade, Soluço rapidamente saltou para frente e agarrou a besta de Grimmel com o gancho de sua lâmina, jogando-a para o lado.

━ Agora! ━ gritou ele.

Lenora reagiu no mesmo instante, pulando de pé e agarrando sua espada enquanto se revelava. Ao seu lado, Leo saltou com agilidade, pousando silenciosamente na madeira abaixo. Bocão surgiu na porta, bloqueando qualquer possibilidade de saída para Grimmel, enquanto Valka elegantemente desceu de seu ponto de observação e pousou ao lado do filho, com a graça de alguém que parecia ter asas.

━ Desculpe interromper a festa ━ anunciou Bocão, erguendo seu machado protético de forma ameaçadora.

Grimmel olhou ao redor, examinando cada um deles com calma inquietante. Não parecia nem um pouco perturbado por estar cercado.

Lenora apontou sua espada para ele, sua respiração pesada enquanto sentia o calor da fúria borbulhando dentro dela. Soluço avançou, aproximando sua espada flamejante do rosto de Grimmel, forçando-o a prestar atenção.

━ Você acha que pode entrar na minha casa, sentar na cadeira do meu pai, ameaçar meu dragão e minha família? ━ A voz de Soluço era um misto de raiva e autoridade. Ele balançou a cabeça, como se fosse impossível acreditar na audácia do homem. ━ Essa é Berk! ━ ele afirmou com firmeza. ━ E nós defendemos nosso modo de vida de pessoas muito piores do que você.

Grimmel soltou uma risada curta e zombeteira, inclinando a cabeça ligeiramente.

━ Um espírito de luta. Eu adoro isso. ━ Sua expressão, no entanto, rapidamente mudou. O sorriso desapareceu, dando lugar a um olhar frio e ameaçador. ━ Só que... temo que você esteja enganado. ━ A voz de Grimmel baixou, carregada de algo sombrio. ━ Você nunca viu nada como eu.

Levando o dedo aos lábios, Grimmel soltou um assovio estridente que ecoou pela casa, reverberando como um sinal de terror iminente.

Um grito horrível se fez ouvir, e, antes que qualquer um pudesse reagir, algo caiu com um impacto assustador ao lado de Lenora. A aterrissagem foi brutal, e o som de vapor assobiando a fez virar o rosto instintivamente. Ela mal teve tempo de processar o que estava acontecendo antes de perceber o ácido corroendo a madeira da viga onde estava posicionada.

━ Não... ━ Lenora sussurrou, o coração batendo descontrolado.

A madeira rangeu, e, acima dela, o teto começou a derreter de forma grotesca. Lenora ergueu os olhos e sua expressão se contorceu de horror ao ver o dragão emergindo das sombras. Seus olhos brilhantes e malévolos, escamas negras com detalhes em vermelho reluzente, e longas presas cobertas de saliva ácida fizeram seu estômago revirar.

De repente, a viga de suporte cedeu sob seus pés.

━ Ahhh! ━ Lenora soltou um grito curto, cobrindo a cabeça com os braços enquanto a viga despencava no chão.

O impacto foi seguido por brasas incandescentes e gotas de ácido que caíram junto a ela, queimando buracos nas tábuas ao seu redor. Pequenos focos de fogo começaram a se espalhar, e Lenora se torceu de dor ao sentir o calor intenso queimando o lado de seu braço.

━ Lenora! ━ alguém gritou desesperado, mas ela não conseguiu identificar quem era.

Um rosnado profundo reverberou atrás dela, ecoando pela sala como uma sinfonia de pesadelos. Era um som baixo, vibrante, que parecia vir de todos os lados, como se um milhão de pequenos dragões estivessem ronronando em uníssono para criar um rugido que sacudia as estruturas ao redor.

Lenora se virou, ofegante, e seus olhos se arregalaram ao ver o dragão se aproximando. Seus dentes longos e finos gotejavam ácido corrosivo, escorrendo como veneno, enquanto ele caminhava lentamente entre as vigas quebradas e as chamas que dançavam no ambiente. Seus olhos semicerrados fixavam-se nela com uma precisão predatória.

Lenora tentou recuar, suas mãos tateando o chão em busca de apoio. Seu olhar desesperado percorreu o ambiente, mas a saída parecia distante, inalcançável.

━ Lenora, cuidado! ━ Soluço gritou, correndo em sua direção.

Antes que ela pudesse responder, a cauda do dragão chicoteou pelo ar. Suas pontas se abriram em um estalo, revelando uma longa e mortal pinça que desceu em sua direção.

━ Ahhh! ━ Lenora gritou, rolando para o lado no último instante.

A pinça se cravou no chão, exatamente onde ela estava um momento antes, quebrando as tábuas e espalhando lascas por toda parte. Lenora bateu de costas contra a parede de pedra, sentindo o impacto doloroso. Suas mãos tremeram enquanto ela tentava se levantar, mas o olhar fixo do dragão continuava em sua direção, implacável.

Lenora conseguiu se erguer, a dor queimando em cada músculo de seu corpo, mas ela não hesitou. Quando viu a mão de seu irmão estendida através das chamas, ela não pensou duas vezes. Ela a agarrou com força, sentindo a proteção da armadura de dragão que lhe dava algum alívio do calor que se espalhava ao seu redor. Leo a puxou pelas labaredas, arrastando-a para longe do dragão.

Os irmãos se mantiveram firmes. O dragão à sua frente balançava sua cauda em um arco largo, quase atingindo Soluço que teve que saltar para longe. O impacto da cauda rasgou o cenário à sua volta. Lenora viu esculturas de madeira se despedaçarem ao contato da cauda, lançando cestas e outros destroços por toda parte. O fogo os rodeava, queimando tudo em seu caminho.

━ Soluço! ━ Lenora gritou desesperada, esticando a mão para o marido. Ela queria alcançá-lo, tirá-lo da linha de fogo, mas algo a impedia. Ela ignorou a risada fria de Grimmel, uma reflexão de desprezo que ecoava em seus ouvidos, arrepiando-lhe a espinha.

━ Espera! Não! ━ Leo a puxou para trás, segurando-a com firmeza enquanto sussurrava em seu ouvido. ━ Você está grávida, lembra? Tem que proteger o seu bebê.

Aquelas palavras foram como um soco no estômago. Lenora abriu a boca para protestar, mas o som do ácido caindo como uma cachoeira fez seu corpo congelar. Ela olhou para o chão onde teria pisado, agora coberto pela chuva ácida.

Acima, outro dragão apareceu, seguido por mais dois. Eles desceram do teto, com suas línguas ácidas queimando a madeira e tudo em seu caminho, tornando o ambiente ainda mais infernal. O calor era insuportável, e as sombras dos dragões se arrastavam enquanto rugiam, fazendo o ar vibrar.

━ Temos que sair daqui! ━ Leo gritou, puxando sua irmã com força, mas o chão desabou atrás deles. A viga de suporte ruiu, quebrando-se em um estrondo, enquanto ela caía ao lado.

━ Não! ━ Lenora se negou, virando-se rapidamente para olhar em volta, seu olhar fixo na destruição à sua volta. ━ Não sem os outros. Soluço, Bocão, Valka, onde está Perna de Peixe? Perna de peixe!

Ela torceu a cabeça para todos os lados, seus olhos mal conseguindo focar em meio à fumaça densa que envolvia a sala em nuvens espessas. O fogo se espalhou com uma força avassaladora, queimando tudo o que encontrava pela frente, e o som dos dragões se tornava cada vez mais ameaçador, com seus rugidos ecoando pela escuridão.

As chamas cresceram, iluminando a sala com uma luz escaldante. Mesmo com a proteção dos capacetes de armadura, Lenora sentiu o calor abrasador tocar sua pele, fazendo-a estremecer de dor. Ela não sabia o que doía mais: suas costas, os olhos ardendo pela fumaça ou os pulmões pesados com o ar quente e enfumaçado.

━ Temos que sair! ━ Leo repetiu, sua voz tensa, puxando-a em direção a uma saída. Mas Lenora se manteve firme, olhando em direção ao caos à sua volta, lutando contra o medo. Ela sabia que não poderia deixar os outros para trás.

━ Filho, cuidado! ━ Valka gritou, levantando seu cajado com força. Ela acertou a cauda do dragão com um golpe rápido, jogando Soluço para longe antes que pudesse ser atingido pela pinça mortal. O dragão rugiu com fúria, mas Valka não perdeu tempo. ━ Saíam!

Soluço se levantou, atordoado, mas rápido o suficiente para seguir as ordens. Eles correram juntos, tentando escapar da tempestade de fogo e das criaturas ameaçadoras que estavam destruidoras em sua busca. Perna de peixe estava sendo carregado por Bocão, seu corpo inconsciente apoiado sobre o ombro do amigo.

━ Corram! ━ Ele gritou com urgência.

━ Vamos! ━ Leo puxou Lenora para que ela não ficasse para trás. Ela segurou com firmeza o braço do irmão com uma mão, e com a outra, firmou sua espada, sentindo o peso do metal quente que parecia se derreter nas chamas. Ela olhou para a escuridão flamejante ao redor, tentando encontrar alguma direção em meio ao caos. Os dragões eram sombras rápidas entre as labaredas, suas silhuetas se movendo com uma agilidade assustadora.

Sua respiração estava presa, seu peito apertado enquanto ela sentia a fumaça nos pulmões e o calor escaldante queimando sua pele. Sua visão embaçada, as lágrimas nos olhos não sabiam se eram do calor ou da angústia. A casa que ela tanto amava, onde sonhava em criar sua família, estava sendo consumida pelas chamas. O lugar que ela e Soluço chamaram de lar, destruído como se fosse nada. Seu coração batia forte no peito. Tudo que ela queria para seu bebê, seu futuro, estava se desintegrando diante de seus olhos.

━ Lenora, por aqui! ━ O chamado de Leo a trouxe de volta à realidade. Ela se virou para ele, sentindo o nevoeiro da confusão em sua mente dissipando. Ele a puxou com força, e eles correram na direção da porta, mais perto da segurança, até que...

Um dragão caiu bem na frente deles.

Leo soltou um grito de horror, e ambos recuaram com agilidade. Eles derraparam pelo chão, tentando evitar a enorme criatura que bloqueava sua saída.

━ Não! Por aqui não! Por aqui não! ━ Leo gritou, desesperado, olhando para o dragão que se preparava para lançar uma onda de ácido.

Antes que ela pudesse reagir, Lenora se jogou para o lado, forçando Leo a se abaixar com ela. O ácido verde espirrou por todos os lados, atingindo as armaduras com um estalo pesado, mas nunca tocando suas peles. O alívio foi instantâneo, mas Lenora não sabia se podia agradecer aos deuses. Com o dragão bloqueando a única saída e as chamas ao redor, eles estavam encurralados.

Lenora mal conseguia ver alguma coisa além do fogo e da fumaça, mas sentiu a presença de uma luz familiar correndo em sua direção. Seu coração se acelerou ao perceber quem era. Com um suspiro de alívio, ela estendeu a mão para Soluço, permitindo que se aproximasse para ajudá-la.

Valka se juntou a eles segundos depois, formando um círculo com os outros vikings, todos procurando desesperadamente por uma forma de escapar do inferno em que estavam presos.

━ Tenha meu dragão pronto para quando eu retornar ━ declarou Grimmel, sua voz cortando a fumaça espessa.

Soluço não hesitou. Ele pulou, atirando sua arma, mantendo-a diante de Lenora como um escudo. Seus olhos se estreitaram enquanto ele tentava enxergar através do fogo, vislumbrando o rosto magro e cruel de Grimmel, sua carranca ameaçadora.

━ Ou... ━ Grimmel continuou, a ameaça pairando no ar. ━ Destruirei tudo o que você ama.

As palavras de Grimmel soaram como um golpe certeiro no peito de Lenora. Ela sentiu o aperto nas mãos de Soluço, ele a segurava com mais força, como se temesse que ela fosse desaparecer de repente. O coração de Lenora batia com força, sem saber se era a ameaça de Grimmel ou as chamas e a fumaça que a faziam sentir-se tão atordoada.

Com um estrondo, uma viga de suporte desabou, fazendo Leo xingar, e as chamas se espalharam em direção a eles.

━ Temos que ir! ━ Leo gritou.

Soluço não hesitou. Ele olhou rapidamente para onde Grimmel havia ido e, sem perder tempo, puxou Lenora e o grupo com ele através da destruição de sua casa. O fogo engolia tudo, e os companheiros tossiam, tentando afastar a fumaça, desesperados para não se perderem uns dos outros.

Os dragões haviam desaparecido, deixando a entrada livre, e o grupo correu em direção a ela, tropeçando enquanto tentavam escapar do inferno que consumia seu lar.

Lenora sentiu a respiração pesar. Suas lágrimas começaram a escorrer enquanto ela olhava em choque para o que restava de Berk. Os joelhos de Lenora estavam fracos. Ela não conseguia mais falar. Ela ouviu gritos e choros. Ela viu sua casa se iluminar em uma tempestade de fogo tão forte que ela mal conseguiu ver além das primeiras casas sendo engolidas pelas chamas, restando apenas cinzas. A cidade estava iluminada em um vermelho horrível, ardente como se tivesse sido engolida pelo inferno.

Destruirei tudo o que você ama... A promessa de Grimmel ecoou em sua mente, e ela sabia, no fundo de seu ser, que isso não era apenas uma ameaça vazia. Era o começo do fim.

Ela tocou seu ventre, sentindo uma onda de proteção e medo. O bebê agora estava em perigo. O pior de tudo era que Lenora sabia que Grimmel não podia descobrir sobre o herdeiro de Soluço. Ele jamais poderia saber. O destino da família estava agora nas mãos deles, e a luta pela sobrevivência de todos havia apenas começado.

Pobre Nora, vai perder seu lar

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