19
ѕοℓυϲ̧ο иα̃ο գυєя ѕєя ϲнєƒє
SOLUÇO ANSIAVA PELA LIBERDADE, sabendo que sua verdadeira emancipação residia nas asas de um dragão. Fugindo das palavras sérias de seu pai Stoico, ele escapava das discussões sobre seu destino como futuro líder da aldeia. Seu coração buscava descobertas, não liderança. Dias eram gastos em explorações, em busca de novas espécies de dragões e territórios inexplorados. Lenora, sua noiva, compreendia a natureza curiosa e engenhosa de Soluço, mas temia que sua busca por conhecimento o afastasse demais de suas responsabilidades como líder. Enquanto participava da corrida de dragões, ela sabia que Soluço poderia estar distante, além dos oceanos, explorando incansavelmente. Confiando em seu dragão Randi, ela vasculhava o oceano ansiosamente, de olhos fixos nas nuvens, na esperança de vislumbrar a majestosa figura de um Fúria da Noite.
Lenora, recostada no pescoço escamoso de seu dragão, suspirou profundamente. Longe de sentir raiva, ela compartilhava do anseio de Soluço por liberdade, uma busca que ecoava suas próprias aspirações de escapar das expectativas opressoras de seus pais. Tinha vivido uma vida temendo desapontá-los, uma vez sendo rotulada como uma decepção por seu próprio pai, uma ferida que ainda persistia. Compreendia verdadeiramente Soluço, mas a realidade da idade pesava sobre eles; aos 20 anos, noivos, teriam que enfrentar a responsabilidade de liderar a aldeia.
Lenora, moldada para a liderança, reconhecia que a hora de assumir esse papel se aproximava. Soluço, filho de um líder, resistia às conversas sérias sobre o futuro, evadindo-se com desculpas quando o assunto emergia. Apesar da frustração e momentos de raiva, ela entendia que Soluço ainda não estava pronto para a responsabilidade iminente. Contudo, sabia que esse dia inevitavelmente chegaria, e ela estava determinada a guiá-lo para aceitar o papel que o destino lhes reservava.
Enquanto divagava em seus pensamentos, Randi voou mais baixo sobre o oceano, retirando um peixe de suas águas para servir como lanche pós-corrida. Ao olhar para as nuvens lembranças do primeiro voo com Soluço em Banguela inundaram a mente de Lenora, um mar de sonhos que transformou sua perspectiva sobre os dragões. Naquele dia, Soluço revelou um mundo diferente, mostrando que essas criaturas não eram as feras brutais que os vikings acreditavam, mas lutavam pela própria sobrevivência.
Com a consciência de que estavam envelhecendo, noivos prestes a se tornarem marido e mulher, Lenora refletiu sobre a responsabilidade crescente de liderar Berk e construir uma família para garantir o futuro da aldeia. Recordou-se do momento em que Soluço a chamou de Milady pela primeira vez, uma doce lembrança no grande salão durante a apresentação do Guia dos Dragões. Apesar das frustrações ao ser superada por Soluço na arena e sentir-se uma fracassada diante de seu irmão e amigos, ela reconheceu a bondade dele, que estava apenas buscando paz entre espécies.
E assim, enquanto observava o oceano sob as asas de Randi, Lenora agradecia a Soluço por ser o catalisador de uma utopia florescente em Berk.
As aletas dorsais de Randi se mexeram freneticamente e sua cabeça se ergueu como se tivesse captado algo, Lenora se ajeitou na costa do dragão ━ Encontrou eles, amigo?
Sem emitir nenhum rosnado, Randi virou para o sudoeste e bateu as asas ansiosamente para encontrar seu amigo Fúria da Noite.
Enquanto Lenora e Randi sobrevoavam o oceano e adentravam uma cortina de névoa, a visibilidade diminuiu drasticamente. No entanto, sua incredulidade cresceu ao deparar-se com um aglomerado de pilhas do mar em ruínas. Essas estruturas rochosas costumam ser pilares ou colunas isoladas, muitas vezes apresentando formas únicas devido à erosão diferencial. Enquanto Randi planava suavemente, Lenora percebeu um enorme buraco nas rochas, revelando o local onde Soluço e Banguela provavelmente estavam praticando suas manobras no ar.
Prevendo hematomas e arranhões provenientes desse treinamento arriscado, Lenora franzia a testa, imaginando a expressão de aborrecimento de Banguela, sempre pronto para salvar seu cavaleiro. Apesar das contusões, Soluço persistia nesses treinamentos, especialmente desde que concebeu a ideia de uma armadura anexada a um tipo de couro, assemelhando-se a uma asa de dragão para planar no ar. À medida que as ideias extravagantes de Soluço se multiplicavam, a preocupação de Lenora intensificava-se além do comum.
Seguindo o rastro de destruição entre as rochas, Lenora avistou finalmente Soluço e Banguela, em uma pilha do mar isolada, adornada com gramas e árvores escassamente folhadas. Acariciando o pescoço de Randy, ela indicou para que voassem em direção a eles.
━ Não faça barulho, Randi, quero assustá-lo.
Respondendo ao comando, Randi bateu as asas ansiosamente e aterrissou na grama macia da pilha do mar.
Lenora desceu silenciosamente e levou o indicador ao lábio, pedindo para seu dragão ficar parado. Ela caminhou na ponta do pé e evitou graveto e folhas secas. Banguela estava observando por cima do ombro de Soluço enquanto ele desenhava em seu mapa, o dragão negro sentiu a presença de Nora e olhou para trás, mas a ruiva fez o mesmo sinal de silêncio e Banguela assentiu com expectativa, permanecendo calado.
Com um sorriso travesso, Nora esticou os braços, gritou ‘NANICO HADDOCK!’ e pulou em cima de Soluço.
Ele soltou um ‘Ha!’, enquanto Nora o puxava para trás. Ela passou os braços pelo torso dele e não soltou.
━ Nora… ━ Soluço murmurou surpreso.
Lenora riu mais alto e enfiou seu nariz na curva do pescoço dele, ela adorava sentir a maciez dos cabelos dele em sua bochecha.
━ Ei… o que você está fazendo? ━ Soluço ria enquanto tentava se liberar.
Banguela pulava ao redor deles como se quisesse participar, mas foi derrubado por Randi que achou que era brincadeira e os dois começaram a brincar de lutinha enquanto rolavam pela grama.
Lenora finalmente soltou Soluço enquanto se engasgava com as suas risadas e de vez em quando soltava uns roncos de porquinho fofos. Soluço estendeu a mão para ajudar sua noiva a levantar e Lenora analisou suas feições.
Após 5 anos, Soluço já não era mais o nanico que Lenora costumava chamá-lo. Agora, ele ultrapassava sua altura e exibia músculos adquiridos ao longo do tempo. Seu rosto, antes magro, havia desenvolvido uma estrutura óssea mais madura e definida. O cabelo, agora mais longo, conferia-lhe uma aparência mais robusta.
Os olhos verdes, tão cativantes desde a infância, permaneciam inalterados, ainda refletindo a coragem e a ousadia que cresciam dentro dele. Soluço tinha se tornado mais experiente, corajoso e cheio de ideias inovadoras a cada instante. Uma pequena barba começava a se manifestar em seu queixo, adicionando uma pitada de virilidade à sua imagem.
Apesar de todas essas mudanças, Lenora continuava a vê-lo como seu "nanico" Haddock. Aquele mesmo jovem que ela conheceu aos 15 anos, porque no coração dela, essa essência jamais se alteraria.
De repente Nora viu aquele sorriso sapeca crescendo nos lábios de Soluço ━ Não, não, não… Soluço não!
Mas foi tarde demais, ele puxou o braço dela e se jogou no chão, levando ela junto. Ele passou a mão pelo torso dela, prendendo seus braços contra o peito e jogou suas pernas por cima das dela.
Entre risadas Nora tentava se soltar, sem sucesso. ━ Me larga, nanico Haddock!
━ Nunca, Milady!
Lenora estava ficando vermelha pelas cócegas que os dedos de Soluço faziam em sua cintura ━ Para, para… para!
━ Viu como é bom ficar presa!
━ Não quero… não quero ficar presa… me solte seu monstro. ━ Ela gritava com certa dramaticidade, enquanto se debatia.
━ Não, você não vai fugir, bela donzela! ━ Soluço fazia de tudo para não largá-la, mas Lenora detinha um certo domínio sobre ele.
━ Oh, Randi, me salve… estou presa… ━ Ela falava enquanto ria das cócegas. ━ Chega, chega, chega, não aguento mais… é sério, Soluço! É SÉRIO!
Então ele a largou e Lenora tirou os cachos do rosto extremamente corado.
Soluço limpou as mãos com um sorriso e rastejou até seu mapa novamente ━ Então, Senhorita? Por onde andou?
Lenora sentou ao lado dele e suspirou com prepotência ━ Você sabe. Ganhando corridas. Mas a pergunta é, por onde VOCÊ andou?
Soluço começou a rabiscar com seu lápis, que na verdade era um pedaço de madeira com um carvão preso na ponta.
━ Fugindo do meu pai.
━ Ah, não ━ ela suspirou, apoiando seu cotovelo no ombro dele ━ O que aconteceu agora?
Soluço mudou de posição e sentou de frente para ela ━ Ouve só ━ ele tocou o joelho dela ━ Você vai adorar essa. ━ Então ele começou a narrar ━ Eu acordei, tava um dia lindo, um terror terrível estava cantando no telhado ━ Soluço entregou seu lápis a ela e Nora começou a completar seu desenho ━ Eu desci para tomar café achando que estava tudo tranquilo com o mundo e ouvi “Filho, temos que conversar”. ━ Soluço levantou e engrossou a voz para imitar Stoico.
Lenora o imitou balançando os ombros com uma voz de homem relaxado ━ Agora não pai, eu tenho um dia inteiro de bobeiras para fazer.
Eles dois caíram na risada ━ Primeiro, eu não falo desse jeito, eu nem sei quem você está imitando… e segundo, e desde quando faço assim com os ombros?
Lenora mexeu os ombros em provocação.
━ Quer saber, eu achei a sua imitação bem bacaninha, mas enfim, continuando… “Você é o orgulho de Berk, eu não poderia estar mais orgulhoso”.
━ Obrigado pai, eu também estou bem orgulhoso de mim. ━ Nora gesticulou exageradamente com as mãos.
Soluço gargalhou e gesticulou ━ Eu não faço assim com as mãos.
━ Olha aí, acabou de fazer.
━ Oh ━ ele desistiu e Lenora sorriu vitoriosa. Seu noivo se agachou na sua frente e continuou, segurando nas mãos dela ━ “Preste atenção e ouça, o assunto é sério” ━ Lenora assentiu com um bico ━ “Você já está crescido e como nenhum líder podia pedir um sucessor melhor eu decidi-”
Lenora arregalou os olhos ━ Nomear você líder?! ━ Ela levantou junto com Soluço ━ Meus deuses! Soluço, isso é demais!
Nora, envolvida em euforia, socou o estômago de Soluço, acertando a alavanca da manivela de seu traje. Ela caiu na risada e Soluço gemeu de dor.
━ Não faz isso que você vai estragar a mola, essa calibragem é muito sensível.
De repente Randi e Banguela passaram correndo por eles como um raio e Lenora caiu em cima de Soluço. A ruiva se recuperou e estendeu a mão para o noivo.
━ Então, é com isso que eu tenho que lidar ━ ele resmungou.
━ E o que você disse? ━ Ela perguntou, tirando a poeira da armadura do noivo.
━ Eu não disse nada ━ Soluço admitiu ━ quando ele virou eu já tinha sumido.
A ruiva ficou pensativa e se agachou para guardar os pergaminhos no caderno de Soluço ━ Ah, eh… é muita responsabilidade e o mapa com certeza vai ter que esperar ━ ela lhe deu o caderno ━ E eu vou ter que pedir para Leo voar com o Banguela pois estaremos muito ocupados… temos que nos preparar para o casamento, arrumar a nossa nova casa, vamos ter que pensar nos filhos então teremos que abrir espaço e nosso dragões vão ter que ter sua própria casa lá fora e-
Lenora parou suas divagações quando viu o olhar cabisbaixo do Soluço. Ela sabia que ele não queria acabar com seus planos, mas não estava totalmente convencido se aquela era a vida que queria.
━ Não tem nada a ver comigo, Nora. Todos os discursos, planejamento e coisas da aldeia, isso é coisa dele.
━ Soluço, você é o único filho de Stoico, nasceu para ser líder, sem você essa gente não tem nada.
━ Mas eu não quero isso para mim. ━ Soluço continuou arredio com a ideia.
━ Soluço ━ Lenora começou tentando ser compreensiva ━ Você não está entendendo… Líder… é uma honra… eu ficaria super feliz!
Soluço encolheu os ombros ━ Eu não sou você… não sou… ━ Nora franziu os lábios tentando encontrar em sua mente palavras que fizesse Soluço se sentir melhor… Soluço era um líder nato, durante todos esses anos ele liderou os cavaleiros inconscientemente, pois isso estava no sangue dele, não teria líder melhor do que ele. ━ Você sabe exatamente quem você é, você sempre soube ━ ele caminhou para pegar seu capacete no chão ━ Já eu, estou descobrindo… mas eu tenho certeza que não sou igual ao meu pai… Eu não conheci a minha mãe, então como que eu fico?
Ele suspirou e se agachou para brincar com algumas pedrinhas. Lenora sentou ao lado de Soluço. Seu noivo estava inseguro sobre sua capacidade de liderança, evitava agir como seu pai, Stoico. Enquanto ele duvidava de si mesmo, Lenora mordia o lábio, pensando em como expressar a transformação de Soluço ao longo dos anos.
Ela ponderou sobre como ele se tornou um exímio treinador de dragões, sendo o primeiro viking a montar em um. Lenora buscava as palavras certas para contar como Soluço mudou para melhor, não apenas como líder, mas também como pessoa. Como ele descobriu sua própria jornada e, de alguma forma, a guiou para sua melhor versão, deixando uma marca indelével na ilha que chamavam de lar.
Ela se aproximou e começou a fazer uma trança em seu cabelo castanho ━ O que você está buscando, não está por aí, meu amor. ━ Ele baixou o olhar para o lápis em sua mão. Nora levou sua mão até o coração dele ━ Está aqui.
Ele lhe enviou um sorriso fraco. Ela penteou seus cabelos para trás e continuou a trança ━ Talvez ainda não tenha visto.
Nora bicou a bochecha de Soluço em um beijo, mas quando sentiu algo gosmento imediatamente se afastou. ━ Eca… nojento! Por que não lavou isso?
Soluço não prestou atenção, só se inclinou para a frente com a sobrancelha franzida. ━ Talvez… ━ ele murmurou enquanto Lenora limpava sua boca ━ Mas sabe, tem mesmo alguma coisa por aí.
Soluço agarrou o queixo da noiva e virou sua cabeça em direção ao horizonte. Ela entendeu. Atrás de todas aquelas pilhas do mar e penhascos havia uma nuvem de fumaça subindo no céu.
Algo havia acontecido.
Fiz essa arte da Lenora também
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top