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SOLUÇO NÃO PRECISA APRESENTAR novamente Berk para você, mas ele vai.

Ele mora em uma ilha chamada... vamos ver se adivinha... isso mesmo, Berk! Ela oferece aquele clima gostoso de praia aos domingos que congela até pensamentos. O lado bom é o feriado anual, chamado de Snoggletog.

Por que escolheram um nome tão idiota? Ainda é um mistério.

Mas com o fim da guerra e com os dragões vivendo pacificamente entre os vikings, o Snoggletog desse ano prometia ser inesquecível.

Soluço tinha algumas lembranças dos Snoggletog passados. Ele lembrava das guerras de bola de neve entre Melequento e Cabeça Dura, onde ele era o alvo. Lembrava da vez em que ele e Lenora montaram um dragão de neve, Soluço ficou orgulhoso de seu trabalho, até que Lenora apareceu com um machado e decapitou o pobre dragão com um sorriso no rosto. Ou então a vez que Leo quase morreu de hiportemia depois de Astrid tê-lo jogado no lago congelado. Ahhh, belas lembranças.

Tinha tudo para ser um feriado incrível, até Banguela lhe acordar sacudindo sua cama e sua casa.

━ Tá bom, tá bom, tô indo ━ Soluço se ergueu sonolento, ouvindo o rugido de seu amigo no telhado. Ele piscou lentamente e colocou o elmo que havia ganhado de seu pai na cabeça.

Saindo para a manhã fria, Soluço olhou para cima e encontrou Banguela ansioso para dar uma volta.

━ Bom dia, senhor mandão. ━ Soluço cumprimentou, recebendo um sorriso gengival e um som do fundo da garganta do dragão.

Soluço bocejou e fez um imitação de Banguela ━ Você precisa acordar tão cedo para sair voaaaannn-do.

Soluço nem terminou a fase, pois sua perna protética escorregou na fina camada de gelo, mas Banguela o pegou com o focinho antes dele fazer um espacate perfeito.

━ Perna idiota ━ ele praguejou e notou o olhar preocupado de seu amigo ━ Obrigado, agora a gente está pronto para voar.

Banguela arrotou na cara dele.

Soluço franziu o nariz e colocou a mão na frente do rosto ━ Ah, não, peraí! Ah, Banguela!

Banguela zombou de Soluço com um sorriso.

O SNOGGLETOG ERA O ÚNICO CAPAZ de alterar o comportamento carrancudo de Lenora para um comportamento agitado e extrovertido. Ela adorava os feriados, principalmente aquele. Lenora, a Valente assustava a todos com seu comportamento corajoso e intimidande, mas naquela época ela era mais feliz do que nunca. A garota dos cabelos cheios saiu de sua casa com um sorriso deslumbrante e desejou a todos em seu caminho um "Feliz Snoggletog!".

Depois que os dragões se estabeleceram em Berk, os preparativos da festa ficaram muito mais fáceis de arrumar com a ajuda deles.

Seria seu primeiro Snoggletog com Randi, exceto que o Espectro de Areia não estava tão energético quando sua amiga.

━ Vamos, seu monte de areia preguiçoso! ━ Lenora estava lutando para empurrar Randi de sua cama cheia de areia ━ Temos que ajudar os outros com os preparativos!

Randi resmungou e rolou, deitando em cima do corpo de Lenora, que perdeu o ar. A menina ficou mole e deu alguns tapinhas nas escamas do dragão, fazendo com que ele se move-se para longe dela. Lenora capturou uma grande lufada de ar e massageou o peito.

━ Você é irritante, sabia!

Randi desdenhou com um gorgolejo, e Lenora bufou.

━ Quando quer voar não perde tempo em vir me acordar, mas quando eu preciso de você, fica de corpo mole.

Ela cruzou os braços e fez beicinho, vendo os olhos do dragão se abrirem lentamente. Nora se achou vitoriosa quando Randi levantou e esticou o corpo, ela só não esperava que seu amigo fosse lhe erguer com a boca pelo capuz e lhe carregar em direção a vila... era humilhante.

━ Seu lagarto gigante, me coloque no chão ━ Ela se debateu ━ Você já teve sua pequena vingança, mas eu posso andar.

Randi lhe ignorou e continuo a lhe carregar pela vila. Nora viu de longe sua família ajudando na decoração assim como os outros vikings. Astrid estava decorando a grande árvore feita com madeira, prendendo escudos com os espinhos de Tempestade. Os trigêmeos vestiam fantasias de Terrores Terríveis e brincavam de pega-pega com seus Terrores de cores diferentes.

Os Zíper Arrepiantes colocavam guirlandas nos lugares mais altos do Refeitório, Pesadelos Monstruosos ficavam responsáveis por acender as lareiras e tochas que mantinham os vikings aquecidos. Leo riu de Lenora quando viu ela passando pendurada pelo capuz, ele estava pintando alguns escudos ao lado de Sigrid.

Lenora finalmente foi solta e deu um peteleco no focinho de Randi, que usou sua língua de lixa para lamber o rosto dela.

━ Eca! Randi, você sabe que isso não sai facilmente ━ Lenora limpou a saliva do rosto e mandou um olhar de repreensão.

Assim que olhou para a vila, o espírito do Snoggletog infiltrou em seu coração e um sorriso excitado surgiu em seu rosto corado pelo frio.

━ Feliz Snoggletog! ━ Ela gritou bem alto, ganhando a atenção da maioria.

━ Feliz Snoggletog, Lenora! ━ a vila respondeu em uníssono e voltaram a fazer suas coisas.

Nora se aproximou sorridente de Astrid e a abraçou por trás, se esquivando de uma cotovelada.

━ Ah, ótimo ━ Cabeça Quente falou. Ela e seu gêmeo estavam montadados em Bafo e Arroto ━ Quando Lenora está feliz demais, as coisas não dão muito certo.

━ Principalmente no Snoggletog ━ seu gêmeo narigudo concordou.

━ Estou espalhando alegria, mas também estou distribuindo socos. ━ a ruiva respondeu.

━ Que bom que está sorrindo, Lenora ━ Melequento chegou por trás ━ Você fica muito bem com um sorriso nos lábios... ficaria melhor com os meus lábios nos seus. ━ Lenora fez uma careta ━ A propósito, você e Astrid estão lindas hoje.

Astrid e Lenora fizeram um som de "Eww". Randi franziu o cenho e cuspiu uma bola de areia flamejante nos pés de Melequento.

━ Ahhhhhh! Minha botas estão pegando fogo! Eu estou pegando fogo! ━ Ele saiu gritando até entrar dentro de um barril de água e soltar um suspiro aliviado.

━ Bom garoto, Randi ━ Lenora e Astrid riram, coçando o pescoço do Espectro.

━ Riam enquanto podem ━ Melequento apontou com indignação ━ Depois não reclamem quando o Dente de Anzol queimar os seus traseiros.

Astrid ia gritar uma maldição, mas se calou quando Stoico e Bocão se aproximaram. Lenora fingiu estar ajudando Astrid com os escudos, enquanto mantinham uma pose inocente.

━ Pelas Barbas de Odin, Bocão ━ falou o chefe ━ Um viking passar as férias de inverno com dragões! O que nossos pais diriam?

━ Diriam que piramos na batatinha! ━ Bocão respondeu e Stoico gargalhou antes de se virar para seu povo.

━ Muito bem, todo mundo! Jamais pensei que veria chegar esse dia.

Lenora sorriu e coçou o pescoço de Randi, enquanto Tempestade cutucava Astrid com o focinho. Nora já podia sentir o gosto da comida na boca, ouvir as músicas e as risadas no salão, e já podia se imaginar dançando com Soluço no luar de inverno. Poderia parecer ridículo esse pensamento para uma garota como ela, mas mesmoa assim ela não conseguia evitar esse tipo de pensamento desde que eles compartilharam um beijo na frente da vila.

━ Ah, sim. Paz na ilha de Berk. Com certeza essa será a maior festa que já tivemos!

Todos gritaram e aplaudiram. Lenora abraçou Randi, ansiosa para presenteá-lo com uma bacia de peixes que ela mesmo havia pescado.

Mas tudo mudou.

Os dragões ouviram rugidos e todos olharam para cima, inclusive os vikings. Lenora se afastou de Randi para olhar melhor o enorme grupo de dragões sobrevoando a ilha. Randi rugiu, seus olhos verdes se estreiram em fendas, assim como os de Tempestade.

━ Em nome de Thor... ━ praguejou Bocão.

Um por um, os dragões começaram a decolar para se juntar ao grupo. Suspiros e gritos desesperados preencheram a vila, muitos tentando correr atrás de seus dragões. Lenora escutou o choro de seus irmãos enquanto viam seus Terrores Terríveis irem embora.

━ Randi, volte aqui! ━ Lenora gritou ━ Seu monte de areia preguiçoso, o que está fazendo?

Outro pensamento passou por sua mente e ela procurou ao redor ━ Onde está o Soluço?

Lenora ficou preocupada. Soluço ia fazer o voo matinal com Banguela e existia uma grande probabilidade dele ser levado pela multidão de dragões.

Como se os deuses estivessem lhe ouvindo, Soluço e Banguela pousaram no penhasco. Soluço saltou do dragão e correu para a ruiva, a abraçando fortemente.

━ Lenora.

━ Soluço, o que está acontecendo? ━ Ela perguntou com a voz quebrada, vendo Randi se afastar sem olhar para trás ━ Onde eles estão indo?

O resto da aldeia invadiu o espaço deles e começaram a jorrar perguntas para o futuro chefe. Lenora segurou sua mão, não querendo perdê-lo no mar de gente e questionamentos.

━ Eles estão voltando?

━ Sabe alguma coisa?

━ E se não voltarem?

━ Gente, chega! ━ Lenora gritou ━ Deixem ele respirar!

━ CALMA! ━ Stoico chegou, empurrando todos para fora do caminho ━ Deem uma chance para ele falar.

Soluço teve um momento para respirar e Lenora soltou sua mão para dar algum espaço.

━ Para onde foram nossos dragões? ━ Stoico perguntou.

Lenora sentiu uma mão em seu ombro e viu seu pai, Ragnar, logo atrás. Ela o abraçou, esperando a resposta de Soluço.

━ Pai... eu não sei.

Uma onda de suspiros coletivos de derrota tomou conta da vila de Berk. O aperto de Lenora em seu pai suavizou, e ela olhou para trás, para a borda do penhasco, observando seu dragão tentando encorajar Banguela a se juntar a ele. O Fúria da Noite estava nas patas traseiras, tentando alcançar seu bom amigo, mas eles estavam separados; e sempre seria por causa da cauda protética vermelha que o manteve no chão. Randi deu-lhe outro grito, mas teve que sair, voando atrás dos outros sem sequer olhar para sua cavaleira, que ficou ali parada, absolutamente infeliz.


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