Thomas conseguia ouvir Alex cantarolando uma música triste baixinho enquanto ele se aproximava da casa na árvore. Ele subiu as escadas com cautela e enfiou a cabeça para dentro.

"I've been splintering apart... What did you do in my head, weren't you laying in my bed? Telling me I was chosen.", (eu tenho me despedaçado; você não estava deitado na minha cama? Dizendo-me que eu fui escolhido).

Thomas apoiou o queixo na madeira para poder ouvir melhor. Alex continuava sentado lá. Não notara a cabeça de Thomas na porta e, por isso, continuou cantarolando enquanto apagava e acendia seu isqueiro como se estivesse em transe. Era uma música bonita, Thomas admitiu. Melancólica e azul demais para o seu gosto, mas a voz de Alex colocava tons de rosa e laranja nela.

"Now I don't even know you and that's the best part of it" (Agora eu nem te conheço e essa é a melhor parte disso). "But I know you're the only thing that I see in color..." (mas eu sei que você é a única coisa que eu vejo em cores...)

Alex apagou o isqueiro e, lentamente, olhou para a porta, na direção de Thomas. Ele levou alguns segundos para processar a presença do amigo ali.

"Oi," Thomas falou por fim. Porque não conseguiu pensar em nada melhor pra falar. Alex piscou, guardando o isqueiro no bolso da jaqueta.

"Oi", disse ele depois de alguns segundos. "Entre."

Thomas hesitou, mas obedeceu.

"Que música estava cantando?" Thomas perguntou quando se sentou. Suas mãos estavam suadas e seu coração batia tão forte que ele tinha medo que Alex ouvisse, mas se esforçou para manter a expressão neutra.

"Ultraviolent... adrenochrome." Respondeu o amigo, olhando para baixo. Ele parecia constrangido. "Ela me faz lembrar de casa... e... e um pouco de você." Admitiu.

Thomas assentiu lentamente. Ele pensou em perguntar o porquê, mas seu cérebro quis ir direto ao ponto:

"Então, eu queria me desculpar..."

Mas Alex o interrompeu. Rápido, ele se inclinou na direção de Thomas e pressionou seus lábios em dó maior nos dele, que arquejou de surpresa.

O beijo durou mais que o último, e daquela vez os dois estavam retribuindo. A boca de Alex era quente e doce, e Thomas podia sentir o próprio coração batendo loucamente junto ao de Alex.

As mãos suaves de céu azul dele se ergueram para segurar a nuca de Thomas enquanto a outra segurava seu queixo. As mãos de Thomas hesitantemente se estenderam também para pousarem sobre os ombros de Alex.

Quando eles finalmente se afastam, Thomas abriu os olhos lentamente para ver Alex de olhos ainda fechados, parecendo totalmente contente e totalmente enebriado ao mesmo tempo.

Quando o garoto de cabelos azuis finalmente abriu os olhos, eles apenas se sentaram lá por um momento, recuperando o fôlego.

"Por que você correu?" Alex perguntou, quebrando o silêncio.

"Por que você não retribuiu o beijo?" Thomas rebateu.

Outro momento de silêncio.

"Eu gosto de você", disse Alex de repente. Sua voz soou um pouco diferente. Como chuva caindo. "Eu gosto muito de você."

"Eu gosto muito de você também", Respondeu Thomas, e Alex sorriu para ele, seus caninos afiados tigre aparecendo através dos lábios em dó maior. Thomas ficou feliz com a visão. Era extremamente raro Alex sorrir com os dentes.

"Que bom", ele sussurrou, calmo, e o beijou novamente.