Capítulo 4 - Medo
"Como você está se sentindo?" Alex perguntou quando o amigo entrou na casa da árvore em silêncio. As sempre presentes olheiras em baixo dos olhos de Thomas estavam começando a ficar escuras, o que deixou o garoto de cabelos azuis preocupado. Aquilo não era normal, mas Thomas nunca se abria muito sobre essa parte da vida dele, e Alex temia não saber como perguntar de uma forma que não fosse muito invasiva.
Ele observou o amigo se deitar enquanto ele próprio brincava com seu canivete.
"Bom dia, doutor Paulo", cumprimentou Thomas ironicamente.
Ele revirou os olhos. "Vamos, T", disse, e lhe passou o canivete. "É sério. Me mostra. Em palavras 'normais'".
Thomas encarou a faca. Ela era quente e pesada em sua palma, como seda na grama orvalhada.
"Mostre-me", Alex repetiu.
Thomas virou a lâmina, pressionando-a no chão de madeira da casa da árvore.
"Palavras 'normais'", ele sussurrou para si mesmo, tentando se lembrar de uma para mostrar como se sentia. Era difícil escrever na madeira, e as letras ficaram bem esquisitas, mas ele conseguiu.
A-P-A-V-O-R-A-D-O
"Apavorado", Alex leu. "Por quê?"
Thomas deu de ombros, limpando as raspas de madeira do canivete antes de fechá-lo e devolvê-lo a Alex.
"Não sei. Eu sempre estou", falou ele.
"Por quê?" ele repetiu. "Com o quê?"
Thomas encolheu os ombros. "Sobre o futuro, eu acho".
Alex franziu a testa. "Não há nada para temer", disse ele.
"Por que eu estou com medo, então?"
Alex sorriu daquele jeito pequeno e gentil dele. "Laranja-verde-roxo", sussurrou ele.
Thomas suspirou, traçando o polegar sobre a marca na tábua de madeira. Áspera. Como um dia frio em baixo da chuva.
"Não... eu não sou", ele murmurou. "Não de verdade."
"Você é", insistiu Alex, se aproximando um pouco dele. "Como algodão laranja esticado. Não saber o que está por vir é uma das melhores coisas do mundo."
"Apavorante", corrigiu Thomas, balançando a cabeça.
"Talvez um pouco", Alex concordou. "Mas talvez o que está por vir seja a melhor coisa que você possa imaginar."
"Okay, mas... e se não for?"
"E se for?"
"E se não for?"
Alex se inclinou para frente, tirando os dedos de Thomas das letras cruéis.
"Mas e se for?" ele sussurrou.
O coração de Thomas se apertou.
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