Capítulo 46

Se essa rua
Se essa rua fosse minha
Eu mandava
Eu mandava ladrilhar
Com pedrinhas
Com pedrinhas de brilhante
Para o meu
Para o meu amor passar

Nessa rua
Nessa rua tem um bosque
Que se chama
Que se chama solidão
Dentro dele
Dentro dele mora um anjo
Que roubou
Que roubou meu coração

Se eu roubei
Se eu roubei teu coração
Tu roubaste
Tu roubaste o meu também
Se eu roubei
Se eu roubei teu coração
Foi porque
Só porque te quero bem

_Se essa rua fosse minha, autor*

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Capítulo 46: Perdido

Felipe

Não sei que merda aconteceu/está acontecendo. Estou totalmente perdido, sem rumo. Não sei que droga a Amanda deve ter usado pra ter uma ideia dessas, garota mais pirada. 

Fiquei completamente puto e indignado com o que aconteceu.  Minha intenção era sair correndo atrás da Ana, mas me lembre à tempo que estou apenas de toalha. Assim que ela saiu e percebi minha situação, subi correndo pro meu quarto pra dar um esporro naquela garota. Se antes eu queria amozade com ela, agora quero é distância, tipo eu aqui na Terra e ela em Marte ou melhor, em outra galáxia desconhecida pertencente à esse Multiverso.

Assim que entrei em meu quarto, a pessoa com ausência de massa celebral estava lá, mas dessa vez vestida e ainda bem. A raiva que já sentia, extrapolou os níveis normais. Olhando para ela, me exaltei:

_ Qual é o seu problema? Usou droga ou quê? _ falei, enquanto apontava para minha cabeça, fazendo o sinal de "ficou louca"_ Olha a merda que você fez garota! 

_ Ah, Felipe, nem foi nada TÃOOOO assim. Para de drama!

_ Para de drama o caralho! Vai se fuder!_ falei gritando. Acho que ela, muito menos eu, me vi tão estressado assim um dia, mas o que ela fez foi muito grave. 

_ Me desculpa, eu posso falar pra ela e dizer que não fizemos nada_ ela disse, agora com medo depois da minha explosão. 

_ Vai adiantar muito. Você devia é não ter feito nada disso. Não sei se você entendeu, acho que não pelo que você fez. Como você tá com dificuldade de entender, vou esclarecer: Eu Não Quero Nada Com Você_ enfatizei cada palavra pra que ela ouvisse claramente, então continuei:

_ O que a gente teve foi no passado. A gente era quase criança. As coisas eram diferentes naquela época, mas ACABOU. Não te dei intimidade pra você fazer nada disso. Não estou mais tão próximo de você pra ver se você entendia, porque parece que não.  Agora você estragou tudo. Só quero que você vá embora e não venha aqui mais na minha casa. É muito sério isso, se antes eu queria apenas amizade com você, agora não quero mais nada. Não tenta conversar comigo de novo. Não é nem pra me cumprimentar. Agora tá claro que não quero mais nada com você? 

Ela ouviu tudo calmamente, enquanto segurava sua blusa de fria em frente ao corpo. Quanto mais palavras eu falava, mais ela se encolhia. A boca dela começou a tremer e lágrimas desceram pelos seus olhos. Antes, teria ficado preocupado, mas agora eu estou pouco me importanto. Ela estragou tudo. Era bom que ela entendesse tudo agora, mesmo que pra isso eu precisasse ter sido grosso. 

Da minha parte não acho que agi errado. Nunca dei confiança pra ela, nem agi de modo que ela pudesse confundir as coisas. Acho que ela é do tipo que gosta de provar que pode conseguir tudo que quer, mesmo que seja na base da "birra" e com ações tão falsas e indignas. 

_ Vai embora logo, garota!_ falei por último, porque ela ainda estava ali, paralisada. Depois de ouvir essa última frase ela saiu rapidamente do quarto. 

Logo depois à saída dela, raciocinei que minha irmã ter alguma coisa haver com toda situação. A Amanda não saberia que eu estava em casa. Peguei meu celular pra ver se ela havia mandado algo e, não,  a última mensagem era minha. Cheguei então a última hipótese: se a Ana não tivesse chegado, provavelmente, ela teria tentado me seduzir. O que não teria dado nada certo para deixar claro, só tenho olhos para apenas uma garota, que talvez não queira nunca mais saber de mim.

Troquei de roupa pra tentar resolver tudo isso. Assim que acabei de me vestir, peguei meu celular e tentei ligar pra Ana. Depois de 37 tentativas, nenhuma com hesito, decidi mandar mensagens. O celular dela até travaria de tantas mensagens. O desespero faz a gente mandar muitas mensagens freneticamente. 

As horas foram passando e percebi que ela não me daria nenhuma chance pelo celular. Pensei em ir até a casa dela, mas mesmo com todo desespero do mundo, sei como a An é. Se eu aparecesse na casa dela e os pais dela soubessem de algo, ela nunca me perdoaria. 

Tentei respirar e me acalmar, mas funcionava apenas por alguns minutos, porque quando voltava à pensar que ela estava lá, pensando que eu sou o maior cretino me faz querer yter uma máquina de teletransporte para aparecer no quarto dela, onde la deve estar. Deitei em minha cama e pensei "merda, merda, mil vezes merda" e "por que essas coisas acontecem comigo?". Também pensei que assim que minha irmã chegar ela vai se ver comigo. Mesmo tendo 15 anos, o que já é uma boa idade para já se ter noção da amioria das coisas,  ela deveria tentar ser mais responsável. Minha irmã, definitivamente, é uma criança birrenta que precisa aprender que ações tem consequências. 

Se antes fui um irmão que a tratava com todo amor e bondade, mimando-a, agora ela conheceria uma nova versão. Vou tratar ela com indiferença para que sinta como dói. E enquanto a Ana não me perdoar, não perdoarei ela também.  Decidi que quando ela chegar, direi apenas que o que ela fez foi muito feio e não vou dizer mais nada. Com toda certeza do mundo ela vai dizer o famoso "não sei do que você está falando" e o silêncio será minha resposta. 

Uma hora depois, escuto meus pais chegarem. Desço as escadas e os encontro na sala. E olhando na direção da minha irmã que está, visivelmente, nervosa, porque a outra já deve ter dito o que aconteceu, digo:

_ Espero que você saiba que foi muito feio o que vocês fizeram

_ Do que você tá falando?_ ela disse o que imaginei e, também como falei, meu silêncio foi a resposta dela. 

Voltando-me para meus pais, falei que queria conversar com eles. Minha mãe pelo meu tom, percebeu que era algo bem sério. Assim que nos sentamos, falei o que aconteceu e no mesmo instante, meus pais ficaram nervosos e indignados pela atitude da Amanda e da filha deles. Também contém que depois que a Amanda chegou, a Clara estava tratando a Ana muito rudimento.

A Clara ficou toda encolhida no canto dela. Não falou quase nada, mas pelo menos assumiu sua culpa. Nunca pensei que veria meu pai gritar com minha irmã, mas hoje isso aconteceu.

_ VÊ SE CRESCE, CLARA! Você tem 15 anos nas costas, não é 5 ou 6 anos. São 15 anos! Já era pra você saber o que pode ou não fazer

Ela ficou calada, enquanto chorava. Dessa vez, nem as lágrimas fizeram com que meu pai aliviasse. Minha mãe ficou calada, mas com uma expressão bastante chateada para minha irmã e disse apenas poucas palavras, mas que fizeram à minha irmã se snetir mais culpada ainda. Acho que esse é um dos maiores poderes das mães.

_ Eu estou muito descepicionada com você! _ foi o que minha mãe disse e logo em seguida, foi em direção as escadas, enquanto me pedia para ir atrás. 

No andar de cima, dentro do quarto dela, ela me abraçou, enquanto eu começava a chorar, então ela me pediu desculpas por uma atitude da minha irmã. Falei que ela não precisava fazer isso, porque ela não tinha nada haver. Ela pegou o celular e ligou para a mãe da Ana. Fiquei ansioso, esperando, enquanto meus olhos brilhavam de expectativa. Minha mãe explicou pra mãe dela o que tinha acontecido e pediu pra ela conversar com Ana, sobre o que realmente aconteceu, toda à verdade. Também disse que minha irmã estava de castigo, e que ela ligaria para os pais da Amanda e relataria o que aconteceu. Ouvi a mãe da Ana dizendo que ela já estava dormindo. Olhei às horas e vi que já era 20h, fiquei surpreso por não ter visto o tempo passar.

A mãe dela disse que amanhã conversaria com a filha e que depois ligaria para minha mãe. Minha mãe por fim, novamente, pediu desculpas pelo transtorno. Depois de desligar a ligação, minha mãe me abraçou novamente e depois me levou ao meu quarto. 

Já em meu quarto, la se sentou na cama e me disse para deitar a cabeça em seu colo. Minha mãe começou a fazer cafuné em meus cabelos e enfim, consegui relaxar um pouco. O colo da minha mãe é o melhor do mundo e sempre me acalmou. Enquanto me acariciava, ela começou à cantar:

"Se essa rua

Se essa rua fosse minha

Eu mandava

Eu mandava ladrilhar

Com pedrinhas

Com pedrinhas de brilhante

Para o meu

Para o meu amor passar

Nessa rua

Nessa rua tem um bosque

Que se chama

Que se chama solidão

Dentro dele

Dentro dele mora um anjo

Que roubou

Que roubou meu coração

Se eu roubei

Se eu roubei teu coração

Tu roubaste

Tu roubaste o meu também

Se eu roubei

Se eu roubei teu coração

Foi porque

Só porque te quero bem"

Me senti aliviado quando senti meu  corpo aos poucos adormecendo. Senti o beijo da minha mãe em minha face como em todas as noites desde quando eu era pequeno. Assim que ela saiu, um sorriso doce surgiu entre meus lábios. Às vezes é bom se sentir como uma crianças novamente. Às vezes queria ter permanecido como uma criança com toda sua inocência e visão única de mundo.  

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*Há fontes que consideram esta cantiga como uma canção criada por um autor desconhecido em homenagem à Princesa Isabel no século XIX. Porém, há fontes que dedicam a autoria a Mário Lago e Roberto Martins, sendo de meados dos anos 1930.

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Boa noite para vocês! !!

Espero que tenham gostado. Votem e comentem! Não se esqueçam.  Obrigada! ❤

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