Capítulo 23
Aquela garota era uma solitária criança sonhadora mas ele achou a sua pessoa
Porque ela acredita apenas nisso
E você irá olhar para tráz e não irá acreditar
Aquela garota era eu
Armada com uma atitude que ela sabe como usar
Ela conseguirá tudo o que ela quiser
Agora ela sabe o que quer
Ninguém irá pará-la
Nada vai deixá-la para baixo
_ Drama Queen(That Girl), Lindsay Lohan
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Tentando Fugir, Revelações e Pedidos de Desculpas
O sinal bateu e junto dele, o meu coração que parecia querer sair pela boca. Estava olhando para o lado como uma pessoa que parecia estar sendo perseguida. Juntei todo meu material em tempo recorde e sai as pressas da sala. Cheguei às escadas, comecei a descer correndo e quase, por pouco, pouquíssimo, não me estabanei no chão e passei a maior vergonha do século.
Com toda certeza, as pessoas perceberam, só pelos olhares que recebi. Sempre que situações do tipo acontecia, literalmente fingia que nada aconteceu e saía sorrindo. Depois de toda essa cena, segui em frente em minha "corrida".
O ruim de ser uma pessoa baixinha é que suas penas são curtas, logo uma pessoa alta como o Felipe me alcançava rapidamente, mesmo que eu andasse o mais rápido possível. Conseguiria fugir se corresse, bom, eu queria, mas era melhor não pagar esse mico e correr o risco de levar um tombo épico nos pisos escorregadios de madeira da minha escola.
Quando estava a alguns passos de distância da escola, olhei para trás e dei de cara com ele me fazendo parar, aproveitando oportunidade ele perguntou:
— Você tá tentando fugir, por acaso?
— Não, porquê? Não posso mais andar depressa?
— Pode, mas do jeito que você ficou na sala e do jeito que saiu, tá parecendo que está fugindo, e eu acho que é de mim — minha vontade era de dizer "Parabéns! Você acertou", mas ao invés disso decidi fazer-me de desentendida.
Na minha mente eu dizia a mim mesma "Por que você não diz tudo que ouviu de uma vez e acaba logo com isso?", mas sabia a resposta: eu tinha medo de confrontos e de ouvir algo que não queria. De ouvir coisas que me magoariam, dele ser sincero e me machucar mais ainda, e eu não conseguir me reerguer, porque de uma coisa tinha certeza: palavras machucam. O pior disso tudo é que minha memória é muito boa e parece que minha mente gosta de ficar me lembrando toda hora às palavras que mais me magoam, e como já disse Demi Lovato:
"Porque eu sou faixa preta
Quando bato em mim mesma"
"Me saboto em nível Jedi"
— O que você quer?— perguntei, mas não dei nem chance dele pensar e emendei — Não dá pra me deixar em paz não, tá difícil de entender?
— Quando você me disser o que foi que eu fiz e eu tiver a oportunidade de me justificar. Fica meio difícil de entender quando você não sabe o que tá acontecendo!
—Eu não preciso explicar nada para você se eu não quiser. Eu só quero que você me deixe em paz, mas parece que você não entende !— exclamei e comecei a sentir as lágrimas descendo com força, me virei de costas tentando disfarçar.
Senti que ele parou logo atrás de mim, tentando entender o que ele tinha feito. Agradeci aos céus pela rua estar quase vazia, apenas alguns carros iam e viam. Passei minhas mãos pelas bochechas limpando as lágrimas.
— Eu não quero mais saber de você, por favor entenda isso!
— Eu já disse o meu ponto. Eu quero entender!
Decidi jogar toda merda no ventilador, já que ele queria entender tanto o porquê de tudo aquilo. Me virando para ele,confessei:
— Eu ouvi o que você disse com o Davi, caso você ainda não entenda, vou especificar a conversa, você disse: "Tô esperando ela liberar", "Só dizer qualquer coisa que ela se empolga" e um monte de coisas mais. Eu não quero alguém assim perto de mim, alguém que pensa e diz isso de mim com os outros. Pensei que você fosse legal, mas me enganei completamente.
Enquanto dizia isso, percebi a expressão dele passar pelo choque e por fim, de culpa e tristeza. Ele estava sem palavras, nunca ele pensaria que eu tivesse ouvido tudo aquilo.
— Não vai falar nada? Na sua conversa com seu amiguinho, Davi, você sabia muito bem o que dizer!
Falei brava com a voz mais alta e com menos paciência. Acabei o empurrando com meus braços enquanto dizia, mas ele nem se moveu, o que me deixou mais indignada ainda.
Minha tristeza estava se transformando em raiva e ódio.
— Me desculpa!— ele disse, então ficou alguns segundos em silêncio. Pensei que ele pararia de falar, mas não, ele continuou — Não adianta eu mentir e dizer que não falei o que você ouviu, porque eu disse. Mas posso dizer que me arrependo, naquele mesmo dia me arrependi, e isso não é algo que estou dizendo só pra você me desculpar. Não pensei que você ouviria todas aquelas palavras sujas. Eu fui um cretino com você e assumo minha culpa. Você tem todo direito de estar zangada comigo
Ele disse me olhando com seus olhos, que ora pareciam azuis misturado com um tom misterioso de verde e em outras cinza. Olhos gelados e ao mesmo tempo calorosos que eu tentava não mais me sentir atingida, mas era o mesmo que tentar não se molhar em uma tempestade com apenas um pequeno guarda-chuva.
— Eu não sei nem o que dizer direito, mas o que eu disse para você, sei que são sinceras e que exprimem o que eu sinto: culpa, vergonha e arrependimento. Não sei se tem muita coisa que eu possa fazer, mas se tiver me diz, por favor?! Não quero perder o que a gente tem
— Haha, palavras bonitas, na verdade, palavras lindas! Pena que a merda já tá toda feita, aliás a gente não tem NADA, nadinha. Não quero mais saber de você. Te desculpo e tudo, mas não quero relação alguma com você. Respeita isso, pelo menos. Agora eu tenho que ir e espero de todo coração que você tenha se arrependido.
Acho que ele não teria ficado parado ali em outras situações, mas acho que o choque foi grande pra ele. Comecei a andar rapidamente para casa. Durante todo o caminho via pessoas felizes e alegres aproveitando o dia. Um dia tão bonito, alegre e ensolarado, e eu por dentro me sentindo triste como se dentro de mim fosse um dia chuvoso e cinzento.
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