Capitulo 22


You got me twisted

You must not know about me

_ Irreplaceable, Beyoncé

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Confronto


Quando acordei na quarta-feira, estava sentindo que hoje o dia seria tenso. Fiz todos meus rituais rotineiros, peguei minha mochila e fui para a escola. Cheguei lá e como todos os dias, já estava pensando no final do dia, comigo deitada em minha cama com o celular na mão.

Fui a caminho da sala a passos lentos, pois ainda faltavam alguns minutos para dar o horário da primeira aula. Quando estava subindo às escadas para minha sala, ouvi barulho de passos apressados atrás de mim, que logo começaram a subir às escadas. Olhei para trás e era o bendito, desviei o olhar e continuei a andar em minha caminhada rumo ao mártir do dia.

Ele por fim me alcançou,  e parece que ficou esperando eu dizer algo, mas como não disse nem um "oi" ele parou por alguns instantes e me olhou. Essa parada dele me fez adiantar alguns passos, percebendo a distância ele logo se apressou a me alcançar novamente. 

Minha cara de tédio e impaciência estava bem visível. Estava o ignorando completamente, como se não estivesse vendo-o.

— Oie, Ana!— ele saudou-me, e apenas o olhei com a maior cara de desânimo possível e que parecia dizer "que foi ?".

Não o respondi e ele fez uma expressão de desolação, que com toda certeza era fingimento. Então, ele decidiu continuar:

— Aconteceu alguma coisa?— ele me perguntou na maior cara de pau.

"Sim você aconteceu, seu hipócrita nojento!", queria ter dito isso, mas me segurei, porque se eu abrir a boca ele vai desejar nunca ter nascido. Talvez seja até bom. Decidi que se ele continuasse com aquela insistência chata, diria algumas frases e palavras de baixo calão para ele sentir um pouquinho do que eu estava sentindo.

— Não, nada não. Está tudo perfeitamente bem — respondi com ironia.

— Se você quiser conversar, eu tô aqui. Pode confiar em mim — ele disse e pensei "Ah, sério, Felipe! Sério mesmo que posso confiar em você?!".

— Ô se posso!— respondi, não conseguindo disfarçar minha irritação com o mesmo. 

Garoto idiota, que me acha mais idiota ainda. O que eu queria realmente fazer era arrastar aquela carinha bonita no asfalto quente.

— O seu problema é comigo? — questionou.

Simmm!

— Não, Felipe. Se eu disse que tô bem é porque não tenho nenhum problema com ninguém, muito menos com você! — respondi como se fosse óbvio.

— Não é o que tá parecendo!

— Você fez alguma coisa para me deixar mal?— perguntei com uma expressão que dizia "Se não, então pra que tá se preocupando?!"— Então não precisa de preocupar, só me deixa em paz!

— Agora sim, tenho certeza que é comigo!

— Se você quer pensar assim, pensa sozinho, porque não tenho tempo. Tô indo pra sala, tchau! — respondi, e virei para continuar a subir às escadas, porém ele segurou meu braço e falou:

— Ei, espera aí!  Vamos conversar e aí você me explica o que aconteceu

— Sabe o que é, não tô afim

— No final da aula, pode ser? Eu quero entender o porquê de você estar assim!

— Você tem dificuldade de interpretação, Felipe? Eu disse N-Ã-O. Agora soletrando sua mente conseguiu entender melhor ou vou ter que desenhar ainda?— perguntei não conseguindo mais disfarçar a raiva de minha voz, muito menos de minhas ações.

Depois de ter dito isso, ele pareceu ficar em choque e não estar acreditando que eu tinha dito todas aquelas grosserias para ele. Encarei ainda mais seu rosto, apenas para lembrar daquela expressão perdida e sem rumo igual a que tinha ficado estampada em minha face. 

Deixei ele ali estático, parecendo ter travado a mente naquele momento e não conseguindo continuar. Senti que com aquela mesma expressão paralisada, ele continuou a me fitar entrando dentro da sala.

A professora chegou, e logo atrás veio um Felipe raivoso que parecia querer, com toda força que tinha, entender o mundo ou mais precisamente o porquê de minha pessoa estar agindo daquele modo com ele. Ele deve ter ficado com raiva, porque a "não tão boa assim" não iria "liberar" nadinha para ele. Com esses pensamentos me senti vitoriosa, eu tinha perdido a batalha anterior, mas a guerra ela estava só começando.

Assisti a todas às aulas normalmente, e a todo momento sentia ele me olhando do fundo da sala. Depois das primeiras aulas ele tinha decidido sentar do meu lado. Ele tinha trocado de lugar com um colega dele. Fiquei meio nervosa, porque assim seria mais difícil de fugir no final da aula. Fiquei irritada porque minha coragem era periódica, às vezes tinha demais e na maioria dos momentos ela desaparecia sem avisar.

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