Capítulo 10

Maybe...
Oh if I could pray, and I try, dear
You might come back home, home to me

_ Maybe, Janis Joplin


▪▪▪

Festival de Rock - Parte I


Saí de casa e ele estava me esperando. Ele estava incrivelmente lindo, com os cabelos despenteados, de camisa cinza, calça jeans preta e um tênis All Star todo preto, com sua postura de menino mal que sabe todos os segredos da vida.

Ele veio e me abraçou, e eu só consegui me concentrar no calor de seu abraço e no cheiro incrível que ele tinha.

Nunca consegui definir seu jeito ou cheiro, mas me fascinava e me fazia ficar pensando nele por horas e horas, tentando inutilmente desvendar todos os mistérios do mundo. Sempre achei o jeito dele meio parecido com o do Heath Ledger, em "10 Coisas Que Eu Odeio em Você". Não foi atoa que eu passei a ver aquele filme milhões de vezes, tentando achar coincidências, sempre relacionando coisas do filme a ele, a nós(eu sei que não existe nós).

Então ele olhou no fundo dos meus olhos sorrindo, e me cumprimentou:

- Boa noite, Ana!

- Boa Noite, Sr. Phelippe ! - brinquei.

- Vamos, senhorita?- Ele disse, entrando na brincadeira, então me estendeu um de seus braços.

Depois de eu ter encaixado meu braço no dele, fomos juntos caminhando até a pracinha que havia ali perto, onde a mãe dele estava nos esperando dentro do carro.

- Oie, tudo bem, Ana? - ela me cumprimentou.

- Oie! licença. Obrigada por buscar a gente - falei para ela.

- O Felipe disse que você curte umas músicas de Rock. Já fui nesse festival quando eu era jovem também, é muito bom, então aproveitem mais cuidado, eim! Vocês querem colocar alguma música pra ir aquecendo? - ela advertiu.

- Ah, eu quero! - respondi

- Felipe, empresta seu celular pra ela escolher as músicas - a mãe dele mandou.

- Toma aqui! - ele me entregou seu celular.

- Obrigada!

Então decidi colocar "Queen - I Want To Break Free", começamos a cantá-la todos juntos. O caminho inteiro foi assim.

A mãe dele é super divertida, gosta de músicas antigas como eu e o Felipe. Ela foi dizendo, novamente, pra gente aproveitar, tomar cuidado e curtir muito.

Quando estávamos quase chegando, ela disse pra mim gravar o Felipe, porque ela queria ver como foi a apresentação da banda dele com os amigos.

Assim que chegamos nos despedimos, depois fomos em direção a entrada do Festival, que já estava cheio. Os amigos do Felipe nos encontraram perto da portaria, e juntos entramos.

Estava tocando no som algumas músicas incríveis de várias bandas, de Skank à Nirvana. Eu fiquei toda empolgada e cantei todas.

Ficamos um tempo parados olhando as pessoas indo e vindo, e conversando coisas aleatórias. Fiquei meio tímida, mas consegui conversar, pelo menos não fiquei calada e parada.

Quando fomos mais pra perto do palco a energia das pessoas foram me contagiando.

O pessoal estava pulando junto com as mãos nos ombros uns dos outros. A energia estava incrível com todo aquele pessoal junto, sem brigar ou fazer confusão. Em meios às músicas incríveis, as letras, as melodias.

Quando começou a cantar "Janis Joplin - Maybe", eu me empolguei um tanto, que até cantei mais alto. Fechei os olhos, enquanto cantava empolgada, quando a música acabou abri meus olhos e encontrei aquela galáxia olhando atentamente para mim, enquanto sorria como se estivesse imensamente feliz.

- Você canta "muito bem" - ele disse rindo.

- Aqui é nível Grammy, querido! - ironizei.

- Tô vendo e ouvindo, principalmente - ele zoou com minha cara.

- Pode para, seu chato. Quero ver você cantando agora, pra poder opinar também - falei.

- Paciência. Quer comer alguma coisa? - ele me perguntou.

- Agora não, mas obrigada!

Durante o show da segunda banda, alguns amigos dele lá do colégio chegaram. Nesse momento, fiquei mais tímida e mais calada. Eles me cumprimentaram, mas ficaram mais conversando entre si.

Eles tentavam me inserir na conversa, mas quando a timidez ataca assim, fico sempre calada e nem adianta tentar conversar comigo. O Felipe ficou me olhando enquanto conversava com o pessoal, não descaradamente, mas os olhos dele sempre se voltavam para mim. Essas olhadas dele me aqueciam.

Às horas passaram, e junto delas as apresentações acabavam. E às 2h15min da madrugada foi a vez da banda dele e dos amigos.

E agora com vocês a banda CINE C3.

- Eu vou lá, mas daqui a pouco eu volto. Se você achar melhor, pode ficar mais na frente pra eu não te perder de vista.

- Eu vou pra frente sim. Tô devendo um vídeo seu pra sua mãe, e também quero muito te ver cantando. Arrasa lá em cima, boa sorte!

Depois do anúncio, comecei a caminhar pra chegar perto do palco. Consegui uma visão privilegiada. Peguei meu celular e comecei a gravar, gravei algumas músicas, mas parei depois para curtir realmente o show.

Mas os primeiros momentos foram inesquecíveis. Quando vi ele em cima do palco, com aquela pose de menino mal, meu Johnny Castle da vida real, eu senti que ele é homem da minha vida. Quando ele começou a cantar com aquela voz rouca, enquanto tocava a guitarra, me vi sentindo arrepios e tremulações por todo o corpo.

Não pude deixar de imaginar ele cantando baixinho em meu ouvido. Provavelmente, eu infartaria, mas com toda certeza, morreria feliz.

Ele olhava em minha direção e às vezes me lançava sorrisos. Toda vez que ele fazia isso, eu abria minha boca em um sorriso espontâneo.

Então ele começou a tocar "Love of my life - Queen" olhando pra mim, enquanto eu lá de baixo cantava baixinho pra ele cada pedacinho da música.

Eles acabaram de cantar e depois de uns 10 minutos ele apareceu novamente sorrindo, todo feliz.

- E aí, gostou?

- Se eu gostei? EU AMEI! Tu canta muito bem. Sério, parabéns!- elogiei, enquanto o abraçava empolgada.

- Obrigado. Fico feliz que tenha gostado - ele agradeceu meio encabulado.

- Você quer comer alguma coisa?

- Comer não, mas beber eu quero sim, tem Guaraná por aqui? Eu amo Guaraná, único refrigerante que presta - digo.

- Ou, nada ver. Coca é muitooo melhor, mil vezes, mas vamos lá - ele respondeu com uma falsa indignação.

Fomos em uma lanchonete que tinha nos arredores e fizemos nosso pedido. Peguei minha carteira pra pegar o dinheiro e ele insistiu que como foi ele que me convidou ele que pagava, então eu deixei que ele pagasse.

Do lado de fora da lanchonete, eu disse que queria me sentar e descansar um pouco, já que do lado de dentro estava lotado e não tinha lugares vagos. Caminhando do lado de fora em direção a uma praça que tinha ali, ele falou:

- Não te disse antes, mas você tá linda hoje. Você é sempre, mas você ficou muito linda assim! - ele me elogiou.

Sempre fui uma pessoa tímida e que fica desconcertada sem saber o que falar, então naturalmente fiquei vermelha o que fez com que ele risse um pouco. Mas por dentro a euforia tomava conta de mim.

- Ah, obrigada, você também está... Am, lindo - falei

- Obrigado. Você é um pouco tímida, né? - questiona-me.

- Um pouco é pouco demais, sou muito, very tímida. Me desculpa! - pedi.

- Você não tem que se desculpar por algo que você é. É uma característica sua, aliás na minha opinião você fica muito fofa quando fica vermelha assim - ele confessou.

O que ele disse primeiro ficou na minha mente, não devo me desculpar por ser quem sou. Tenho que levar pra vida.

- Para! Assim eu fico mais tímida ainda

Respondi e coloquei a mão no meu rosto, ele então pegou minhas mãos e tirou do meu rosto, dei um sorriso acanhado. Ele começou a me encarar, desceu o olhar para os meus lábios e voltou para meus olhos. Meu coração disparou e, inevitavelmente, olhei para boca rosada dele, agora, meio vermelha por conta do frio.

A química, o momento estavam ali, perfeitos. Mas mesmo assim ele não me beijou, continuou me admirando, colocou a mão no meu pescoço, acariciou, enquanto eu estava lá doida pra beijar aqueles lábios incríveis. Decidi jogar minha timidez pro ralo, quando disse:

- Me beija logo!

E sem nem dar tempo dele responder ou ver sua reação, fiquei na ponta dos pés, coloquei meus braços ao redor do seu pescoço, o puxei e comecei a beijá-lo.

Nunca me senti tão feliz na vida, parecia que haviam fogos de artifício dentro de mim. Dentro de mim, na minha mente, e eu só pedia a Deus que ele me amasse.

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