Capítulo 53
Todos amam as coisas que você faz
Desde a maneira como você fala
Até o jeito como você se move
Todos estão aqui te observando
Pois você remete a um lar
Você é como um sonho realizado
Mas se, por acaso, você estiver sozinho
Pode me dar um momento
Antes de eu ir?
Pois eu estive sozinha a noite toda
Esperando que seja alguém que eu costumava conhecer
Você se parece com um filme
Você soa como uma canção
Meu Deus, isto me lembra
De quando éramos jovens
Deixe-me te fotografar sob esta luz
No caso desta ser a última vez
Que nós podemos ser exatamente como éramos
_ When We Were Young, Adele
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Capítulo 53: Lembranças do Amor
O Felipe tinha me chamado pra fazer uma trilha com ele e os amigos, mas não pude ir, fui pra cada da minha amiga. Quase no final da tarde comecei à sentir uma angústia no peito que não passava. Ela parecia com uma dor que ficava ali, incomodando, mas não doendo com intensidade. Ela apenas fica me lembrando que estava ali toda hora.
Quando ele foi me deixar em casa, ainda dentro do carro, senti um desespero, uma vontade de prender à nós dois naquele momento, eternamente. A minha intenção era proteger a gente do mundo, das coisas exteriores, de toda maldade do mundo. Eu queria tanto poder controlar o tempo, pra ter o poder de mudar os segundos e as ações.
A sensação que senti foi a pior da minha vida. Eu podia estar errada, mas em meu coração, sabia que algo iria acontecer. O pior é que não sabia quando e muito menos onde aconteceria, poderia ser algo não tão grave assim, talvez ele fosse só se machucar. Pensar assim fazia a preocupação diminuir um pouco.
Eu queria guardar ele pra sempre em algum lugar escondido de todos, mas é a vida. Não podemos deixar de viver, de ir a lugares ou onde quer que seja por medo de que vá acontecer algo ruim. Amamos as pessoas, mas elas tem de viver, de voar, de ir embora, por mais que não queiramos.
Minha mãe tinha dito "Dormir aqui não pode, mas ele pode ficar até você dormir. Depois é cada um pra sua casa" e minha vontade foi de espernear e de gritar, mas sei que ela não mudaria de opinião. Seguindo suas ordens, levei-o até o andar de cima e tentei fazer com que o tempo parasse, que ele se arrastasse e que as horas durassem mais. Tentei lutar contra o sono pra ele não ir embora, vai que ele sofria um acidente de carro. Mas o sono foi mais forte, adormeci e embebida de sono, ouvi ele dizer que me amava, queria ter respondido, mas apenas sorri, o cansaço não deixou que eu fizesse mais.
Meu sono nessa noite foi o mais agitado. Acordei de madrugada, fui ao banheiro e bebi água, depois que voltei pra cama fiquei inquieta e dormi levemente, qualquer barulho me acordaria. No outro dia, acordei 8h e estava me sentindo fraca, exausta. Peguei meu celular e vi que tinha uma mensagem do Felipe e percebi que ele já tinha saído.
Felipe
Tô indo fazer a trilha com o pessoal. Te amo!
Fiquei triste por ter acordado tarde e assim não pude respondê-lo. Fiquei o dia todo inquieta dentro do meu quarto, nem almoçar quis. A todo momento olhava às horas e nem 5 minutos haviam se passado. Foi nesse ritimo o dia inteiro.
Quando deu 17h fiquei na expectativa de encontrá-lo, porque ele tinha me dito que às 17h iriam voltar. Como a raposa do livro "O Pequeno Príncipe" disse :
"Se tu vens por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens por exemplo a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração... É preciso ritos".
Ele sempre prepara meu coração e, os momentos sempre são mais intensos. Quando vejo ele do lado de fora do carro dele me esperando com aquele maravilhoso sorriso, com os olhinhos azuis apertados sorrindo também, me sinto aquecida. As horas que passo ao lado dele, tem uma contagem diferente. O tempo parece que para só pra nós dois e então quando percebemos, mais um dia se passou.
O tempo estava se passando e nenhuma ligação, nenhuma mensagem. Meu coração começou à ficar aflito, comecei à sentir um aperto no peito. Em minha mente o meu presságio parecia fazer mais sentido ainda. A minha intuição de que algo de ruim iria acontecer ficava mais forte a cada minuto que se passava.
Exatamente, às 18h da noite, ouço toque do meu celular, não sei porque mas me sinto apreensiva, esses sentimento ruins comeram a fazer mais sentido ainda em meu interior. Com o toque de chamada do meu celular meu coração dispara. Por fim, atendo o celular com o coração na mão:
_ Alô
_ Ana, sou eu, Marina. Olha eu não sei como te falar isso _ sua voz estava chorosa e triste.
_ Me diz o que aconteceu!, foi algo com o Felipe?. Me diz que ele tá bem, por favor ! _ com o coração na mão e com o choro na garganta eu à respondo, em meu ser já presentindo o pior.
_Eu tô aqui no Hospital com a minha família e a do Felipe, a gente tava em uma cachoeira e aconteceu um acidente, eu não sei direito o que acvonteceu, eu tinha saído pra pedir ajuda, mas quando voltei tudo já tinha acontecido. A tia Carol pediu pra mim te ligar e te contar que ..._ Ela para de falar nesse momento, e já chorando, digo :
_ Por favor! Não me diz que ele ..._ Ouço seu choro mais forte nesse momento, e é aí que tenho a confirmação do que eu tanto temia.
_ O Felipe ... morreu, Ana, eu sinto muito _ Seu choro agoniado continua.
_ MEU DEUS, É MENTIRA, ME DIZ QUE É, POR FAVOR! _ meu mundo de desaba completamente naquele momento.
_ Eu queria muito, muito mesmo que fosse, mas infelizmente não é.
Desligo o telefone e o deixo cair no chão, junto com meu mundo. Começo a chorar com desespero e gritar, por não conseguir acreditar que o amor da minha vida agora estava sem vida, morto. Meus pais entram no meu quarto me perguntando o que aconteceu, não consigo responder de imediato. Depois de um bom tempo chorando e gritando, meu pai me traz um copo de água com açúcar.
_ Meu bem, fala pra gente o que aconteceu?
_ M-mãe é o Fe-F-Felipe_ digo e não consigo continuar, estou quase engasgando com o tanto de lágrimas que molham meus olhos, monha face e minha boca, me impedindo de dizer em voz alto o que tanto temi. Parece que não falar tornam as coisas menos reais e dolorosas.
_ E-ele mo-morreu ma-mãe_ digo isso e começo à chorar como uma criança sentida. Estou assustada comigo mesmo, é algo tão surreal.
Me nego a crer que ele esteja morto, ele estava com vida horas atrás, tão vivo e sadio, e agora tão morto, mórbido e frio. É tão estranho pensar como a vida se vai rapidamente, em um único instante nós podemos não estar mais aqui. É mais estranho ainda pensar que ontem mesmo, estava tudo tão bem, estavamos tão felizes e hoje tudo está tão "sei lá", bastante confuso.
Minha mãe me leva pra cama e fica lá abraçada comigo. Ela me abraça forte todas às vezes que a enxurrada de lágrimas vem. Quando penso que vou conseguir parar de chorar, começo à soluçar e tudo se repete novamente, em ciclos intermináveis. Queria que a dor parasse. É incrível como antes de todos os dias ruins e que mudam nossas vidas pra sempre, sempre há um dia bom, onde tudo está bem, todos estão felizes e é por isso que devemos aproveitar cada segundo que compõe as horas, porque nunca sabemos quando irá ser o último suspiro, o último beijo, as últimas palavras. A vida é como um sopro de vento forte contra nosso corpo, rápida e intensa.
Depois desse dia mórbido os dias seguintes passaram nublados. Eu não queria sair de casa. Queria ter o poder de voltar no tempo e obrigá-lo a ficar comigo em seus braços por toda eternidade. Com ele eu conheci o amor, foi com ele que comecei à viver realmente.
No dia do cortejo fúnebre, não gosto de dizer velório, parece que fica mais difícil de encarar. Quando olhei para ele ali, sem vida e gelado, senti medo. Meu garoto estava dormindo para sempre em meio as flores. Fiquei cada segundo que pude ao lado dele, gravando aquela imagem fúnebre em minha mente. Agora tenho medo de que não esqueça aquela imagem nunca. Não quero me lembrar dele assim, quero me lembrar dele com vida, sorrindo com a luz do Sol iluminando a pele dele. Me lembro que no dia da pizzaria no caminho de ida tirei um foto dele, iluminado pela luz ao fim da tarde que fazia o céu e ele ficarem mais incríveis do que já eram, enquanto cantava uma música que a cantora falava sobre fotografar o amor da vida dela uma última vez sob certa luz, no caso de aquela ser a última vez. Nunca foi tão real.
Quando durmo, o mundo dos sonhos me presentei com nossas imagens, mas do nada aprece na minha mente a imagem de seu rosto sereno e dormindo o sono eterno. Nunca gostei da morte. Não tenho medo dela quando se trata de mim, mas quando ela está relacionada à alguém que amo ou que convivo, ela me faz estremecer.
A gente não pode nem terminar nada. Não que eu quisesse, mas agora, a gente tá junto pra sempre e não vou conseguir seguir em frente pensando nisso. Penso no quanto ele deve ter sofrido em seus últimos instantes. Ele foi um herói, salvou uma criança, mas minha vontade e de ter ido naquele dia e pedir pra ele deixar ela pra lá e esperar que outra pessoa fizesse algo.
Quando chegou a hora do enterro, foi o momento mais triste da minha vida. Naquele momento se tornou claro para mim, nunca mais eu veria aquele corpo, o meu amor, o meu Felipe com vida ou sem. Mas tive que deixá-lo ir Agora seriam apenas lembranças e mais lembranças.
Apenas Lembranças do Amor.
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Olá, pessoal!
🌹 Chorei e estou triste, agora 😞. O que acharam?
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