Capítulo XXXVII -
[...]
- Tem certeza que não colocou nada demais nisso?
Escutei vozes vindas de duas pessoas distintas e estavam discutindo. Às vezes distantes e outras vezes bem perto. Perto o suficiente para dar a impressão de estarem aos berros. Mesmo com a luminosidade que incomodava aos olhos, a cabeça girando e desconfiada com a sensação de já ter me sentido assim uma vez ou outra, dei uma boa olhada ao redor.
- O que fizeram comigo? - Minha voz saiu rouca seguida por uma tosse. Cuspi alguma coisa esverdeada.
- Você acordou ela.
Encarei a mulher desfocada em minha frente, vindo se sentar próxima a mim. Esfreguei os olhos.
- Maya? Ela sorriu.
- Peter? O homem acenou para mim de longe assentindo lentamente. Ou era eu quem estava lenta.
- Desculpe, é que estamos testando uma nova erva medicinal. - Disse o homem.
- Acho que o seu teste deu errado.
- De qualquer modo, continuaremos tentando.
Fiquei tossindo com a garganta seca. Peter correu na pia e logo estendeu um copo de água na minha frente.
- Onde estamos?
Sentei encostada na cabeçeira da cama de palha, com a ajuda de Maya que afofou o travesseiro duro e sujo de poeira e bebi toda a água num gole só, tamanha sede.
- Sezílium.
- Isso é longe de Arruinada - minha voz saiu raspando na garganta.
- Não, pode ficar tranquila.
- São aproximadamente 37 quilômetros.
Retruquei me lembrando vagamente dos mapas que estudei na Biblioteca Hollunya. Foi a vez de Maya me encarar, acredito que supresa por eu ter esse conhecimento. Ela era bem expressiva e eu sabia que se não mudasse de assunto, os dois me encheriam de questionamentos.
- O que fazem por aqui?
- Oh, estamos fugindo. Aqueles malditos Guardiões tomaram quase todos os territórios naqueles cantos. Seu tio se juntou à resistência, sabia?
Como eu saberia?
- Tio James? Lutando? - interroguei, intrigada com a ideia.
- Não seja boba. Ele está cuidando dos feridos.
- É uma resposta bem mais convincente - comentei mais para mim mesma.
- Os Guardiões revogaram o acordo que os Regentes fizeram há mais de um século com os vilarejos-livres, depois aumentaram as cargas tributárias e estão montando postos de trabalho escravo em cada vilarejo que conquistou depois da tomada do Palácio de Monigram. - Revelou Maya.
Aquela notícia bateu como um soco em meu estômago. Imaginei que não seriam benfeitores com as terras tomadas de seus inimigos, mas isto era demais.
- Alguns Conselheiros do Regente do fogo foram capturados e outros, os que se entregaram voluntariamente, agora servem a Keith Erleyan, o Guardião-Supremo da Ordem dos Guardiões de Aço - Peter complementou.
- Enquanto estive trabalhando na cozinha do Palácio, ouvi boatos de que agora buscarão os líderes dos movimentos rebeldes para neutralizar a ameaça, oferecerão aos desertores a oportunidade de se unir ao seu exército e depois marcharão para Régians, onde tomarão a Regência da terra.
A mulher contou como se confidenciasse um segredo. Um plano ambicioso. Mas eu duvido muito que os rebeldes se entregarão com tanta facilidade. Eles não são molengas como os Conselheiros Regenciais.
- E como foi parar no Palácio? - Franzi o cenho ao me ocorrer tal dúvida.
- O seu tio nos dispensou com a justificativa de que fomos nós que a incentivamos a fugir. Eu não disse pra você fugir, mas, orgulhosamente peguei minhas coisas e saí de cabeça erguida.
- Só para constar, eu não fugi. Só não planejava demorar tanto para voltar.
Ficamos calados. Mas só pelo tempo de Peter pensar numa frase motivacional.
- Você está realizando a "jornada do herói" ou, nesse caso, "da heroína". Isso leva tempo.
- Estaria se eu fosse uma - respondi, baixando a cabeça. - Sou apenas mais uma pessoa lutando em um meio onde isso não faz muita diferença.
- Roddein! - Maya praticamente gritou e eu a olhei imediatamente ao susto.
- O que?
- Roddein é alguém que pode mudar isso e todas as outras coisas.
Olhei dela para o seu assistente. Tenho quase certeza de que minha expressão naquele momento se assimilava a estátuas de cera de museus de história natural.
- É verdade. Ele pode lhe conceder tudo aquilo que desejar para deixar de ser apenas uma e se tornar a grande líder que guiará estes pobres e inocentes para o fim desta guerra estúpida.
- Concordo que essa guerra precisa ter fim mas, em troca de quê? - perguntei desconfiada.
- Ao contrário dessas pessoas com as quais tem passado o seu tempo, Roddein é confiável e eficiente.
Depois de dizer isso, Maya levantou abruptamente e se afastou da cama.
- Podemos marcar uma audiência e você faz as perguntas que quiser, depois decide se confia ou não que juntos, você e Roddein, podem realizar grandes feitos.
A voz de Peter estava calma. Normalmente, pelo que me lembro, vinha sempre acompanhada de um turbilhão de palavras e informações sobre assuntos que eu desconhecia. Isso foi a muito tempo e agora eu sabia um pouco sobre algumas coisas. Mesmo assim nada que aprendi e em lugar nenhum por onde passei, Roddein fora ao menos vagamente citado. Não deveria ser nobre, conselheiro ou guardião. Creio que eu lembraria de ter lido seu nome nos livros, em Lanóvia.
- Não sei.
Foi a minha resposta a sugestão. Ele fez um movimento com o dedo indicador me convidando a chegar mais perto.
- Daqui a duas semanas partiremos para Tempestuosa onde iremos encontrar uma caravana que depois seguirá para o Templo de Roddein, nas Montanhas de Safira. Pode vir conosco, se quiser.
Abri a boca para falar mas fechei outra vez. Em vez disso, preferi oferecer outra pergunta.
- O que há nas Montanhas de Safira?
- Salvação. Para mim, para você, para todos os que buscarem à Roddein.
Sua convicção me causava espanto. Para mim, não passava de uma espécie de fé cega que os colocaria em perigo tendo de passar pela estrada Vôlvuna, já que pretendiam chegar às Montanhas de Safira e esta era a rota principal. A outra seria pela floresta, mas os guardiões também tomaram conta da região.
- Roddein é o quê? Uma divindade? Uma criatura mitológica? - escarneci. Como teria tanto a conceder e nada a pedir em troca?
Ele suspirou desapontado com minha incredulidade e também se levantou.
- Maya e eu ficaríamos felizes se fosse até o templo conosco. Mas não se sinta pressionada.
Acompanhei seu caminhar apressado até a porta e logo aproveitei para dar uma nova olhada na cabana. Agora com mais atenção. Ela era pequena, com uma estrutura precária de madeira e telhas faltando em alguns pontos do telhado. Além disso, já estava quase anoitecendo e não seria seguro retornar para a base rebelde durante a noite, mas para alguém que já dormiu em uma caverna qualquer teto era bem vindo. Então decidi ficar até o amanhecer e com sorte coletar mais detalhes sobre o que estava acontecendo em Monigram ou, no mínimo, captar os boatos que corriam pela grande e secreta rede que vazava informações de dentro do Palácio para os vilarejos-livres.
Pelo resto da noite - mesmo durante o jantar - Maya não quis mais tocar no assunto, no entanto, respondeu as minhas perguntas sobre a resistência, meu tio e onde conseguir comida. Os dois concordavam que Tempestuosa teve "uma colheita abençoada esse ano", mas isso era na Zona 1 e se eu quisesse ajudar os rebeldes de alguma forma, precisaria acionar uma equipe para montar uma operação, o que demandaria muita cautela, discrição e planejamento. Eles não poderiam esperar mais duas semanas, que é quando Maya e Peter iriam para lá. E mesmo se eu conseguisse criar um sistema de plantio usando meus poderes, nada germinaria e cresceria tanto em tão pouco tempo. Essas ideias ficaram, vez ou outra, voltando em minha mente enquanto estive na cabana.
À noite, para não chamar atenção indesejada, mesmo a pequena lareira da sala ficou apagada. Deitei sobre a palha e esperei o sono vir. Ele não veio. Assisti a chegada dos primeiros raios de sol ao se infiltrarem por baixo da porta, janelas e buracos no telhado. Um dos motivos da insônia se devia ao medo de Guardiões chegarem arrombando aquela porta e em partes, pela ansiedade de retornar à Zona 6 bem cedo.
Quando Peter e Maya se levantaram, eu já estava fervendo água para o café. Eles provavelmente acharam estranho. Estavam acostumados a acordar bem cedo e se porem a trabalhar. Talvez não esperassem que alguém como eu, acostumada a ser servida, me dispusesse a servir por vontade própria. A verdade é que isso já não me importava tanto quanto me importaria se ainda vivesse em Leeland, quando estava sempre rodeada por aquelas pessoas tão superficiais e estranhas com as quais eu sequer me identificava.
- Bom dia? - Peter foi o primeiro a falar comigo.
- Bom dia! Respondi em meio a uma risada curta e em seguida menti -Acordei disposta.
- Depois de dormir num colchão de palha? Duvido.
E assim Maya fez seu primeiro contato. Ela me entregou uma cesta vazia que encarei sem entender para qual finalidade serviria.
- Sei que acordou cedo para voltar ao covil de criminosos que é aquela base rebelde. Já que não posso impedi-la, irei ajudá-la.
A mulher foi até a dispensa e escancarou as suas portas de madeira tirando de seu interior algumas latas e um cantil que jogou para Peter.
- Como sabe da base rebelde? - cruzei os braços, minha boca entreaberta e a desconfiança retornando ao estado de alerta.
Suas mãos ligeiras e habilidosas correram os dedos pela pia até alcancar a faca, cortaram fatias do bolo e os enrolaram em um pano limpo. Ganhando tempo, pensei.
- As conversas correm de uma zona para a outra. Mas, especificamente estes boatos, foram ouvidos no mercado da Zona 1 - franzi o cenho, fingindo estar convencida da resposta, talvez estivesse realmente enclinada a isso. - Agora pegue alguns pães, bolos e se o Peter espremer essas laranjas a tempo... - ela olhou para fora e gritou em tom implicante - você terá um suco para a viagem.
- E água? - o assistente de cozinha retrucou.
- Ela é um guer-matriz seu tonto.
Era divertido ver os dois se alfinetando e ao mesmo tempo saber que se protegeriam se necessário. Me arrancavam boas risadas.
- Não precisava disso tudo, Maya.
- Não iria deixar essa pequena flor-de-lis sem comida.
Ela acariciou minhas bochechas sorrindo e em seguida me puxou para um abraço bem apertado e acolhedor.
- Sinto falta de vocês dois.
Admiti. Meu rosto ainda se aconchegava contra o seio dela. Ela nos separou e me segurou de modo que ficamos nos olhando frente a frente.
- Se cuide menina. E seja ponderada e sensata para encontrar clareza quando surgirem dúvidas.
- Maya! - Peter entrou pela porta adentro, afobado. - O seu transporte chegou mocinha.
E me entregando o cantil, ele pegou minhas duas mãos juntas e as beijou. Me despedi e fui até a carroça. Eles me asseguraram que chegaria bem no destino e que o homem que a guiava também era seguidor de Roddein, portanto, alguém em quem confiavam. O homem barbudo, porém careca e mal encarado, olhou para mim de cima à baixo, cuspiu no chão e pediu um copo de água à Maya. Pulei para a parte de trás da carroça. O homem veio rapidamente com uma lona preta por cima de mim. Pelo visto eu iria escondida até lá, por segurança ou para que ele não precisasse me dirigir a palavra.
E assim seguimos o caminho de cascalho e pedras, levando solavancos quando passávamos pelos buracos que ele parecia não fazer muita questão de desviar. E ao pararmos, a primeira coisa que fiz foi dar graças. O desconhecido puxou a lona de uma vez só. Foi quando, pela primeira vez, ele falou comigo e para variar, em outra língua que acredito ser a sua nativa - a do mundo antigo. Ele riu com a minha confusão e depois deu uma olhada no fundo da carroça reclamando por eu ter derramado suco nela, dessa vez em minha língua.
- Você fala a minha língua?
- Claro que sim, sua idiota.
Ele gritou irritado e me puxou para fora. Saltei de cima de qualquer modo e me desequilibrei um pouco ao pousar de volta ao chão, tropeçando na linha férrea.
- Seu grosso!
Tive de gritar já que ele estava dando a volta na carroça e indo pegar a estrada de terra sem se importar. Não me levaria a lugar algum porém queria deixar registrado. Virei. Respirei fundo. Comecei a caminhar pela linha. Com o tempo, a claridade que a entrada oferecia foi acabando. Mergulhei de volta no breu.
[...]
O barulho da água. O seu toque, frio como uma lâmina. Caindo e escorregando. Deslizando sobre minha pele. A carroça cheirava à esterco e lavagem. Quando cheguei esse também era o meu cheiro. Misturado com o suor por ter me limpado apenas com um pano e uma bacia de água na noite anterior. O galpão que formava o bloco do dormitório feminino estava vazio. Mas os corredores e outros setores estavam movimentados até demais. E eu precisava encontrar Robertta o quanto antes.
- Onde esteve ontem?
Por ter me acostumado com as chegadas repentinas de Alexandra e suas perguntas incisivas, continuei agindo normalmente.
- Aqui. Onde mais?
Peguei meu café - bem forte - e fui para uma mesa. Alexandra me acompanhou.
- Robertta, Otávio, Zorr e você foram vistos indo direção aos túneis ontem. Depois eles voltaram e você não. Não pode mentir para mim.
Ergui as sobrancelhas, admirada com o trabalho que a feiticeira teve em seguir meus passos no dia anterior.
- Alexandra... - hesitei.
- Fale ou eu conseguirei a informação de outra forma.
As palavras sibilando em seus lábios. Seus olhos estavam mais ameaçadores agora que eu sabia do que ela era capaz para ter o que desejava.
- Eu preciso de ajuda.
Então contei tudo a ela. Menos a parte da possibilidade de ir visitar o Templo de Roddein. Ela compreendeu a situação e se comprometeu a me ajudar, afirmando que seu irmão também ajudaria - sem nem ter lhe perguntado. Em seu aparelho localizador, encontramos Robertta e juntas seguimos pelo pavimento denominado "CREM", com Alexandra pedindo várias vezes para que eu controlasse minhas mãos ao notá-las soltando faíscas.
De longe, observamos Robertta e seus irmãos deixando o elevador e vindo para nós. Eles sorriam distraídos e conversavam animadamente até que Marruan nos apontou e todos olharam quase sincronizados.
- Ora, ora... os ratos do forro finalmente vieram nos visitar.
Os garotos riram do comentário de sua irmã. Alexandra se conservou inabalável.
- Os ratos do forro viriam com mais frequência senão fossem essas ratoeiras bem escondidas aqui em baixo.
Rebati também sendo metafórica, ao que ela respondeu fechando a cara, percebendo a alfinetada.
- Mas não parece que nossas ratoeiras foram realmente capazes de impedi-las.
- Ratos sempre encontram um jeito de entrar nos mais variados lugares, não importa onde seja. Por isso alguns dizem que se proliferam como pragas. Principalmente em meio ao lixo.
Élan e Marruan olhavam de mim para ela e dela para mim sem entender por que falávamos a respeito de ratos e ratoeiras.
- Já chega! Estamos aqui para resolver seu problema com suprimentos.
A voz forte e decidida de Alexandra sobressaiu à discussão.
- Como ela sabe? - Élan questionou a irmã.
- Eu contei para a Lizlee. Pedi ajuda.
- Contou para ela? - Foi a vez de Marruan se voltar indignado contra Robertta.
- E em minha defesa, tenho certeza de que Alexandra é uma aquisição crucial para o sucesso do plano que formulei. Em partes.
Os garotos não queriam acreditar que sua irmã havia vazado a informação. Eu não entendi muito bem a causa dessa reação, contudo, deduzi que fossem ordens de seu pai.
- Não é hora para sermos orgulhosos! - Ela tentou acalmar os irmãos.
Élan e Marruan protestaram, impedindo sua irmã de prosseguir em três vezes que tentou falar.
- Eu não tenho mais poderes! - Ela gritou. Seus irmãos a encararam perplexos.
- Como assim?
Élan parou e colocou uma mão em seu ombro, tendo um lapso do irmão compreensivo que costumava ser. Ela claramente não gostava da ideia de ficar vulnerável. Estava triste e era orgulhosa demais para admitir.
- Temos assuntos de âmbito coletivo bem mais importantes a discutir do que suas particularidades.
Alexandra os cortou. Apenas sua postura altiva de liderança foi suficiente para colocar ordem e trazer todos à realidade parando para ouvir o que ela tinha a dizer.
- Precisamos reunir um grupo. A prioridade é que Honn e Eirie também estejam nele...
- Seu amigo não é visto desde a madrugada em que tentou atear fogo no galpão do dormitório masculino. E eu sei que devem achar que nós o prendemos mas...
Alexandra me olhou rapidamente, suspirando em desapontamento. Desviei o olhar para os irmãos da garota.
- Élan, você e Marruan não poderiam tentar ver se encontram algo nos circuitos de segurança?
Perguntei. Era mais um pedido do que uma pergunta de verdade.
- Claro. Vamos Marru.
E os dois partiram correndo pelos corredores felizes por participarem do esquema. A feiticeira esperou que estivessem longe e avisou.
- Quero quem conseguirem reunir hoje à meia noite na clarabóia que sai para dentro da Sede da 6. Com o Eirie ou não nós executaremos essa operação.
- Você fala como se houvesse uma operação.
Robertta resmungou e revirou os olhos. Para seu azar, Alexandra tinha a audição incrivelmente aguçada e também captava as intenções nas entrelinhas como ninguém.
- Não é hora para sermos orgulhosos.
A jovem e rápida feiticeira parafraseou Robertta e deu dois tapinhas em suas costas. A outra garota parecia entrar em ebulição. Suas pupilas dilatadas acompanhando o caminhar de Alexandra como um animal vigiando sua futura presa e sua veia saltando na testa eram um presságio. E pelo bem de uma operação, que realmente ainda não existia, precisávamos sacrificar vontades infantis como a que Robertta tinha de liderar uma missão pela primeira vez, pela experiência da feiticeira de sentidos.
- Se quer mesmo liderar essa operação terá que lutar contra uma pessoa que não conhece a palavra "derrota". Então, eu desço do meu posto de líder e te pergunto, tem certeza que quer correr o risco?
A pergunta de Alexandra ficou no ar, mas acho que dava para inferir uma resposta. Elas se enfrentaram em silêncio. Um constrangedor e amedrontador silêncio. Dizem que sempre antes da guerra há uma calmaria. Para mim, há a calmaria, a guerra e depois... restavam apenas as cinzas. Não importava quem liderava, no fim, tudo eram cinzas levadas ao vento e vidas apagadas da história.
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