Capítulo XIII -
Era inevitável não ficar tecendo várias hipóteses sobre como todos que deixei em casa estariam ou até sobre como minha vida seria se, por qualquer pequeno detalhe, as coisas pudessem ser diferentes e meu pai não tivesse sido assassinado naquela noite. Tentei não pensar muito sobre aquilo, posterguei o luto. Estava sendo complicado de lidar com aquela lembrança e eu ainda tinha a impressão que coisas piores estavam por vir. E eu divagava sobre todas essas coisas enquanto caminhava lado a lado com alguém que considerava um amigo e com o amigo do meu amigo que eu considerava meu inimigo. O sentimento de identificação e afeição por Philip não me era estranho. Mesmo assim, meu lado racional queria muito entender porque de alguma forma, realmente me sentia segura ao seu lado e simplesmente sabia que podia confiar nele – mesmo que mal o conhecesse. Quem melhor do que ele para nos guiar até um lugar seguro? pensava. Entretanto, a segurança que ele me transmitia tinha um preço. Ela vinha junto com aquele perigo constante que significava a presença de Eirie.
O garoto me encarava com expressivo olhar irritado por eu ter fugido, enquanto, pela primeira vez em dias, ele cedera ao cansaço. Mas o que ele esperava? Estamos jogando em lados opostos e eu nunca seria tão patética a ponto de deixar passar uma oportunidade como aquela.
— Lizlee. Você está bem? Parece abatida.
A voz calma e constante de Phil me despertou daqueles pensamentos. Estava tão distraída neles que sequer percebi que estava a algum tempo olhando para um mesmo ponto fixo: Eirie.
— Eu estou? Ah, sim eu estou. Quer dizer, eu estou bem... não estou abatida. Isso não.
Philip desatou a rir com meu embaraço fingindo estar bem enquanto ainda me sentia fraca do envenenamento. Eu não podia deixar que pensassem isso, já não bastava estar em desvantagem.
— Tudo bem se não estiver completamente bem ainda. Só descansa. O pior já passou, pode baixar a guarda.
— Eu não estaria tão certa disso. Sei bem do que seu amigo é capaz. Além disso, ele parece ter ficado com ciúmes da nossa aproximação.
— Eu estou aqui, esqueceu? Nada vai te acontecer. E, ele quem deu a ideia de procurarmos um lugar seguro, então não vai te fazer mal.
— Esse garoto já deu provas do quão desonesto e traiçoeiro pode ser. Eu nunca vou descansar enquanto ele estiver por aí, me oferecendo risco. Talvez... talvez seja melhor ficar longe de mim também.
— O que quer dizer com isso?
Sua risada cessou rapidamente. Não olhei para ele, apenas comecei a me afastar. O garoto segurou em meu braço impedindo meu movimento. Virei de volta para ele.
— Eu não sei se quero a amizade de alguém cujo melhor amigo só me fez mal até agora.
— Sou amigo de Eirie, mas não significa que compactuo com suas atitudes.
Suspirei pesadamente, expulsando a angústia de estar um pouco confusa comigo mesma e com o que iria dizer a seguir.
— Eu não quero ficar atrapalhando a amizade entre vocês. Estamos interessados em alcançar objetivos antagônicos e ele pretende me impedir de ajudar os Não-Guers. Além disso, como posso confiar em você? Como acreditar que seus objetivos são realmente opostos? Você serve ao Regente dele. — Ele me soltou e cruzou os braços em frente ao peito. Meus olhos iam de um lado para o outro mirando o chão, sem encontrar um foco.
— Deixe que ele e eu nos resolvemos. Posso tentar convencê-lo de que está errado. — Philip segurou a ponta do meu queixo com sua mão direita e ergueu fazendo com que eu o olhasse.
— Isso vai contra o desejo do seu Regente. Não entendo, por que faria isso? Não ficou desapontado pela minha desconfiança? Muitos diriam que sou insolente.
— Não. Eu também desconfiaria. Mas estranhamente, sinto um afeto muito grande por você, como se sempre tivéssemos sido amigos.
— Impressionante. Eu penso da mesma forma. — Seu sorriso foi sincero. Porém não resolvia o problema. — Mas mesmo assim, não me sinto segura com ele por perto e não tenho direito de pedir que fique ao meu lado contra ele.
— Vocês dois precisam encontrar alguma forma de lidar com isso, pois ainda terão que se aturar por muito tempo.
— Quase me esqueci de que somos a "salvação" da raça. — Revirei os olhos, apesar de saber que ele tinha razão. Ironizei e ele gargalhou.
— Philip, venha aqui! — O garoto chamou e ele olhou. — Lady Desastre também.
Bufei antes e depois caminhei com Phil até Eirie.
— Não sabia que vocês se tratavam por apelidos carinhosos.
Phil comentou em tom brincalhão, quando nos aproximávamos de onde estava seu amigo. Retruquei.
— Oh, não? Pois saiba que este é o Lorde Pau Mandado. — Apontei para Eirie, que ia a nossa frente subindo a colina.
— Pau Mandado?
— Sim. Ele deceparia o próprio braço, se assim o seu regente ordenasse. Um exemplo de obediência e servidão.
Aumentei o tom o de voz só para ter certeza de que ele escutaria a farpa.
— Todo o cidadão de qualquer uma das quatro regências deve se subordinar e se submeter ao seu Regente, segundo as leis.
— Então por que você se subordina ao Regente do Fogo? Eu o vi reger água.
Ele parou logo depois de mim e lentamente foi se virando, como se sentisse envergonhado do que iria dizer.
— Eu sou um Irrégio.
— O que isso significa?
Ele voltou a andar. Reparei que Eirie já estava lá no topo e tentei acompanhar o ritmo.
— Significa que fui retirado da rebeldia que maculava o meu povo. Não sirvo à minha Regência de origem e devo me subordinar àquela que me resgatou.
— Como assim você não serve à sua Regência? Mas que história é essa de resgate? Resgatado do que?
Apressei o passo para acompanhá-lo. Ele ia depressa demais e eu mal podia respirar direito. A pergunta ficou sem resposta, pois fiquei boquiaberta ao chegar no topo da colina e avistar o mar ao longe.
— Isso é simplesmente incrível! — Comentei, deslumbrada com a vista.
— Aprecie enquanto há tempo. Só vamos ficar aqui por questão de proteção e estratégia.
Eirie respondeu, preciso e áspero como sempre. Agarrei o capuz de Phil enquanto ele passava por mim e seu olhar se encontrou com o meu.
— Você ainda não me respondeu.
— O que você precisa saber?
Seu braço ficou rígido sob meu toque, eu o soltei. O seu cabelo tremulava ao vento e sua expressão se conservara calma, porém engessada.
— O que aconteceu para se tornar subordinado de outra Regência? E que rebeldia o seu povo cometeu?
— Antes da criação dos limites, as regências tiveram um impasse e entraram em conflito. Algumas cidades da minha Regência se rebelaram contra a Dinastia Zvatrze. Os ministérios da Regência da Água abandonaram os rebeldes que resistiam, forjando um acordo com o Regente do Fogo. As cidades envolvidas no levante foram completamente devastadas e muitos morreram. Inclusive a minha família.
Neste momento senti uma enorme angústia, algo parecido com culpa. E se eles estavam brigando por causa da minha matriz elemental quando Phil perdeu a família e o lar? Peguei em sua mão e o guiei para a ponta da colina, onde nos sentamos.
— É costume das Quatro Regências que os sobreviventes recebam o nome de "Irrégios", sendo classificados assim para que se tornem propriedades delas até que possam decidir o que fazer.
— Isto é terrível. — Respondi, perplexa.
— Chegando a Monigram, me tornei um servo da família Regencial. Fiz um juramento de protegê-los com minha vida se for preciso.
A história era tão indignante, que fiquei inquieta e sem saber o que falar para ele. Se é que haviam palavras para aplacar essa dor.
— E foi aí que conheceu Eirie, presumo.
— Conheci Eirie antes disso. Eram outras circunstâncias infelizes.
Phil se entretinha mexendo em suas luvas. Acompanhei o seu olhar enquanto reparava que ele pensava na resposta que havia dado.
— Claro, o Regente dele destruiu sua vida. Eu imagino a infelicidade.
— As circunstâncias eram infelizes para ele. Cada um carrega suas dores como pode.
Estreitei os olhos sem entender. Abri a boca para falar, mas a pergunta não saiu. Sem querer, meu olhar vagou para Eirie, que se encontrava longe e disperso. Ele riu, balançou a cabeça e olhou para mim, enquanto eu ainda olhava para Eirie.
— Parece que ele nunca está aqui, não é? Sempre distante. Talvez esteja arrastando suas dores para despejar nas outras pessoas, como se elas fossem culpadas.
— Ou talvez ele só não saiba lidar com elas. E não parece ser o único.
Entendi que aquilo era dirigido para mim, mesmo assim fingi não dar importância. Eu não era o assunto.
— Ainda prefiro ficar com minha teoria. Outro dia, teve um momento em que ele agiu como se pudéssemos ser menos que inimigos... talvez eu estivesse enganada e ele voltou a despejar seu ódio em mim.
Virei o rosto rapidamente na direção do horizonte quando notei que ele percebeu que eu olhava para seu amigo.
— "Menos que inimigos"? Como isso funciona? É um tipo novo de relacionamento ou... — Phil estava quase rindo.
— É sério, não ria. Ele até dormiu, isso me surpreendeu. Não achei que fosse humano o suficiente para tal fraqueza.
— Eirie não é tão "anormal" que não possa sentir sono. Apenas, “anormal” o suficiente.
— Mas foi a primeira vez desde que me raptou. Fiquei achando que estivesse fingindo para poder me vigiar sem que eu estivesse em alerta.
Phil sorria e vez ou outra olhava para suas mãos, que tremiam. Observei cuidadosamente mas não disse nada a respeito.
— Vou ajudá-lo com seja lá o que ele esteja fazendo. Descanse um pouco.
Fiquei sozinha aproveitando os últimos raios do sol que já seguia o caminho para se pôr. Momentos tranquilos como aquele deveriam ser aproveitados, pois, geralmente eram a calmaria antes da tempestade.
— Tempo estimado de duração da viagem daqui até lá?
— Quatro dias, aproximadamente.
— Tudo isso? — Cheguei por trás dos dois os surpreendendo.
— Sim. Estaremos andando e temos que dar a volta pelas montanhas de Safira para evitar encontros indesejados.
— Quem vamos encontrar nessa tal de Lanóvia?
Philip suspirou de forma suspeita. Imaginei que ele soubesse de quem se tratava e não gostasse muito da ideia.
— Estou garantindo a sua segurança, é o que importa por enquanto.
— E eu por acaso estou reclamando? — Retruquei.
— Mas também não está agradecendo.
— Talvez por que essa ajuda — fiz aspas com os dedos — esteja acobertando as suas verdadeiras intenções.
O garoto se levantou e veio até mim com uma cara de quem iria esfolar alguém. E nesse caso, esse alguém seria eu. Philip foi mais rápido, correu e se colocou entre nós.
— Pense bem no que você vai fazer antes de realmente tomar uma atitude. Eu estarei observando.
O garoto se voltou para Phil com o semblante atônito, como que se aquela frase lhe recordasse algo importante. Após um instante encarando um ao outro, Eirie bufou e cerrou os punhos enquanto Phil mantinha os olhos sobre ele.
— Aprendeu isso com Junock?
— Você prefere quando ele diz? — A tensão em seus ombros se desfez e ele respondeu.
— Lógico que não.
— Quem é Junock? — Tomada pela curiosidade, me intrometi.
— Um desgraçado em quem eu deveria ter dado uma surra. — Eirie se voltou para mim e sorriu, a sua voz carregava um misto de seriedade e sarcasmo.
— Perdeu uma grande oportunidade, meu caro.
Philip deu dois tapas em seu ombro e ambos deram risada. Eu, porém, permaneci séria observando aqueles garotos se divertindo tão despreocupados, enquanto eu só conseguia pensar no que estava por vir. Eles tinham um jeito de se resolver que me deixava um pouco confusa. Parecia simples para eles. Eirie parecia confiar em Philip mais do que em si mesmo. Talvez fosse a minha mínima experiência em amizades o maior responsável por eu não entender como aqueles seres tão diferentes conseguiam se entender tão bem. Os poucos amigos que tive ou achei que tinha em Leeland, só me visitavam quando os convinha e eu sempre tive um pé atrás com todos. Mas os mantinha por perto porque eram filhos de gente importante para as relações comerciais de meu pai. Mesmo assim, nunca tive nada parecido com essa estranha identificação em que os dois rapazes viviam há tanto tempo. Mais tarde, após jantar junto com eles, Eirie e Philip começaram a traçar a melhor estratégia para chegar a Lanóvia.
— Ainda amanhã, chegaremos a ponta do penhasco e o desceremos pelo paredão de pedras. Depois atravessaremos toda a extensão da praia onde temos vantagem.
— Por que teremos que descer pelo penhasco ao invés de somente continuarmos indo pela floresta?
Fiquei um pouco confusa e receosa quanto ao plano. Eu não sabia escalar e não estava muito afim de arriscar uma queda. Eirie deu uma pausa na explicação e deu um longo suspiro em resposta.
— Por que a praia é segura pois a proximidade com a água desconecta eles de seu elemento primordial, enquanto na floresta o ambiente é favorável para eles.
Phil tomou a palavra, intencionado a explicar outro fator pela preferência do caminho.
— E se descermos pelo paredão evitamos certos pontos. — Ele apontou com o dedo indicador algo que antes eu não havia notado.
— O que são essas coisas?
— Só mais uma tecnologia desenvolvida pela Ordem dos Guardiões de Metal. As Cúpulas de Força Magnética.
Estreitei os olhos, ainda sem entender para que serviam, até Philip complementar a frase do amigo.
— Elas captam a energia das matrizes elementais enquanto elas estão ativadas.
Eram quatro cúpulas no total e estavam escondidas entre árvores, aproveitando-se da cobertura que elas davam, mas ainda sim eu podia ver seus tetos abobados, metálicos e reluzentes. Para mim, estavam distribuídas de qualquer forma, mas os garotos explicaram que eram pontos estratégicos.
— Mas se elas captam as matrizes ativadas, é só a gente não utilizar os poderes. Certo?
— Seria a melhor saída, não fosse eles terem aplicado aquela substância. Agora você pode ser rastreada em um raio de 20 quilômetros, usando ou não os poderes. Porquê acha que buscamos ir para longe?
Receber essa notícia fora um pouco desanimadora para mim. Agora eu não poderia ativar a minha matriz sem me tornar uma sirene ou alarme para os inimigos.
— Agora eu posso continuar a explicação? — Balancei a cabeça sinalizando um sim. Eirie voltou a desenhar no chão com seu punhal dourado e preto. — Então, caminharemos até o outro lado dando a volta pelos Vilarejos Baixos, por que não sabemos até onde eles expandiram sua vigilância. E logo, chegaremos às montanhas de Safira e depois de mais alguns quilômetros pela estrada Vôlvuna, nossa última parada será em Lanóvia.
— Então nos despediremos.
Mesmo que eu soubesse desde o início que o plano incluía chegar um momento em que nos separaríamos, fiquei um pouco desconfortável com a situação e triste por perder a companhia de Phil. O meu lado racional lutava com o lado emocional para fazê-lo entender que tudo não passava de uma questão de sobrevivência. Nenhum de nós serviria de muita coisa se perdesse a matriz. Morreríamos, sem ela. Lógico que Eirie também não queria se arriscar por uma causa que ele nem acreditava, mas os Guardiões não se importavam com isso. Eles apenas nos caçariam e arrancariam as matrizes de nós, e depois nos observariam agonizar até a morte. Um calafrio percorreu meu corpo só de imaginar a dor excruciante que seria. Fugir era a melhor opção agora.
E além do mais, ainda tinha que me preparar para decidir o que faria daqui para frente. Fugir não resolveria nada, mas eu também não estava preparada para lutar. Será que haveriam mesmo pessoas acreditando em mim e, mesmo que indiretamente, depositando suas esperanças em um plano milagroso envolvendo Eirie e eu? Minhas pernas começaram a tremer, fingi que era apenas o frio da brisa que soprava do mar. Segurei os joelhos com as mãos e controlei para que parassem de bater-se um contra o outro.
— Eu preciso de garantias. — Os dois rapazes se voltaram para mim, com a exclamação repentina.
— Garantias? — Eirie lançou ao chão o punhal que utilizava para traçar o mapa e o mesmo se cravou na terra, balançando de um lado para o outro.
— Exato. Garantias de que não sofrerei sequer um arranhão durante todo o processo e que poderei sair livre no fim.
Eirie deu aquela risada sinistra que eu repudiava, vinha sempre seguida de algo que eu não gostaria de ouvir.
— Isso nunca vai ter fim. — Engoli em seco. — E além disso a maior garantia você já tem, que é ficar viva durante o acerto de contas e punição dos traidores. De resto, não posso prometer algo que não sei se irei cumprir.
Ele se acomodou em seu lugar encostando-se ao tronco de uma árvore. Me levantei de meu lugar, furiosa e fui até ele, postei-me bem na sua frente e peguei em seu colarinho puxando-o para cima. Sem que eu precisasse fazer nenhum esforço ele se levantou, ficando cara a cara comigo. Não desviei o olhar, pelo contrário, ergui bem a cabeça e olhei em seus olhos.
— Isso não é garantia de nada. Sobreviver agora para morrer depois? Eu espero que se lembre disso quando o seu Regente usar você assim como pretende fazer comigo, pois isso vai acontecer de qualquer forma. Você será usado!
Sua mandíbula ficou cerrada e sua pele começou a tomar tons de laranja e vermelho. Vendo aquilo, dei um passo para trás e então, Phil segurou em meu ombro e me passou para trás de si.
— Eirie, controle-se! Veja como está estressado, respire fundo. — O garoto estava prestes a pegar fogo. Minhas mãos começaram a tremer de medo daquela reação, coloquei-as no bolso da calça. Ele tremia como se estivesse num ataque nervoso, sua pele pulsava como brasa. — Eu estou aqui. É só você se concentrar na minha voz.
— O que ele tem?
Olhando por cima do ombro de Phil, notei que Eirie olhava fixamente para mim e que parecia oco por dentro, como uma casca. Completamente vazio. Eu nunca o tinha visto daquela forma, como se estivesse vazio de si ou possuído por algo. Não sei explicar. Foi estranho assistir àquele surto de raiva do garoto, principalmente levando em consideração que mesmo com a nossa já bem estabelecida relação baseada em confrontamentos nada parecido havia ocorrido antes. Phil conversou com ele por minutos. Estavam falando em uma língua estranha que eu não conhecia. Deduzi que fosse uma das várias que existiam no Mundo Antigo. Em alguns minutos de um diálogo unilateral onde só Philip falava, Eirie pareceu ter saído do "transe" em que se encontrava, desviou o olhar de mim para seu amigo e fez que sim. Sem dizer nada, apenas foi se encontrar recluso no lado oposto ao que nós estávamos.
— O que você disse que o acalmou dessa forma?
— Disse que ele precisava descansar.
Não engoli aquela resposta de jeito algum. Eu podia sentir que eles escondiam coisas de mim, isso não chegava a ser incômodo, no entanto, nesse caso era diferente pois eu estava envolvida. Algo que eu disse o deixou mais desequilibrado do que o normal e fiquei repassando nosso diálogo sem conseguir pegar no sono.
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