XXXVII. Go to World Cup
A Copa Mundial de Quadribol é, certamente, um dos maiores eventos esportivos do mundo mágico. Reúne milhares de bruxos de todo o mundo e promove uma grande interação entre diferentes nações.
Sirius fora à Copa de 1974, na Itália, junto dos amigos, o irmão mais novo e o tio, que foi quem o convidou. Havia sido uma grande experiência em sua vida, um momento de liberdade longe de sua casa, a qual há certo tempo já vinha lhe causando ainda mais estranhamento e fazendo mal a sua mente. Ali, estava junto de quem considerava sua verdadeira família, com as pessoas que verdadeiramente se importavam consigo.
Agora, 20 anos depois, ele iria repetir a experiência, dessa vez podendo compartilhá-la com seus filhos. Era um sonho do qual ele não queria acordar.
- Therion, Poção Polissuco é extremamente complexa. Você nunca fez antes! - Remus disse enquanto o garoto mexia no caldeirão.
- Eu sou o melhor mestre de poções dessa casa - gabou-se o garoto. - E já fiz polissuco antes. É demorada, muitos detalhes, mas não tão difícil.
- Em que momento você fez?!
- Segundo ano, pro Harry e o Rony entrarem na Sonserina e descobrir sobre a Câmara Secreta e o herdeiro de Slytherin.
- E por que eu nunca soube disso?!
- O senhor nunca perguntou - Canopus quem respondeu, dando de ombros, sentado em sua cama com um livro próximo ao rosto.
- Vai dar certo, papai! Sei o que estou fazendo. Apenas fiquem bem longe do meu caldeirão e estará pronta em breve.
Sirius observava empolgado e orgulhoso o filho adicionar mais um ingrediente ao caldeirão e continuar a mexer. Estavam a dois dias da Copa Mundial e até aquela data Remus ainda se encontrava receoso com a ideia da poção, por mais que seja muito boa. Therion já havia começado a finalizá-la e o fazia com grande concentração.
Os ingredientes estavam sobre a escrivaninha do garoto junto ao caldeirão e um livro flutuava aberto à sua frente. O líquido escuro borbulhava e possuía uma textura e consistência semelhante à lama encharcada.
- Vamos confiar no nosso Mestre de Poções da casa, Remmy - Sirius disse, segurando delicadamente os ombros de Lupin por trás, observando sobre eles Therion preparar a poção.
- Therry vai conseguir, Moony. Ele é ótimo com poções! - disse Harry.
Potter estava sentado numa cadeira ao lado da mesa, com o cotovelo apoiado sobre ela e a cabeça sobre sua mão, observando o Black em seu trabalho. A expressão serena e os olhos brilhantes por trás dos óculos novos, semelhante ao antigo mas um pouco maiores, os quais encontrara dentre as coisas de seu pai que ganhou de Sirius.
Sirius e Remus quase choraram de emoção ao ver o garoto com os óculos do pai pela primeira vez. Harry ficou ainda mais parecido com James usando-os.
As lentes encantadas se adaptaram a necessidade de sua visão e deixavam-na mil vezes mais nítida que seus óculos antigos. Era até muito mais confortável para seus olhos. Sentia como se pudesse notar mais detalhes no rosto do Black mais novo, admirando-o com os cabelos presos e a nova franja caindo levemente sobre os olhos, cortada por Remus no dia anterior a pedido dele, jogada para o lado esquerdo, como sempre deixava. A regata branca estava um pouco suja com pó de chifre de bicórnio e resquício de sal amoníaco que havia limpado de sua mão no tecido enquanto preparava a poção.
A expressão no rosto de Therion era de máxima atenção e concentração, como Harry via sempre nas aulas de Snape enquanto realizavam uma tarefa - quando o garoto não estava discutindo algo com ele junto do irmão. Potter já possuía uma nova imagem e inspiração para um novo desenho.
- E já pensaram em quem Sirius irá se transformar? Não podemos fazer nada sem algo que carregue o DNA de alguma pessoa.
- Liah vai nos ajudar nisso - Therion respondeu. - Sirius vai assumir a forma de algum dos parentes dela. Ele não vai perder sua magia por isso, e a aparência de um trouxa que ninguém da comunidade bruxa conhece parece bastante seguro.
- Espero não perder meu emprego por isso... - Remus suspirou. - Meu horário de almoço está acabando. Eu vou voltar para a joalheria e conversar com Merliah sobre isso. Sirius, não deixe eles explodirem o quarto com esse caldeirão.
- Papai, estou ficando seriamente ofendido com sua falta de confiança.
- Eu confio em você, Therry. Só... Fico preocupado pela complexidade dessa poção.
Lupin beijou a testa do filho e logo seguiu para Harry e Canopus também. Ele despediu-se dos garotos e seguiu para a sala de estar junto de Sirius, como já era rotina. Ele beijou o rosto do Black para se despedir e adentrou a lareira, jogando o pó de Flu aos seus pés e desaparecendo entre as chamas verdes.
Logo reapareceu no Caldeirão Furado. Cumprimentou o dono do bar enquanto saía e então seguiu seu caminho de volta para o trabalho. Entrou pelos fundos, chegando à sala dos funcionários.
Rapidamente seguiu para a cafeteira e encheu um grande copo de café para si, enquanto ainda possuía um tempo de almoço.
- Boa tarde! - cumprimentou os presentes na sala.
Ele viu Merliah sentada na mesa que havia ali com um garotinho de no máximo três anos em seu colo, de cabelos cheios e bem cacheados, os dois pintando um livro de colorir. Hermione também estava ali, logo ao lado com um livro, pois esteve na casa da amiga nos últimos dias. Do outro lado da mesa, Louis estava almoçando enquanto lia um livro enorme da sua faculdade. Num dos sofás, reconheceu Helena Stuart, mãe de Liah, sentada com um ar de tédio.
- Olá, Lupin - Sra. Stuart cumprimentou-o de volta e sorriu gentilmente.
- Oi, Tio Remus - Merliah disse sem desviar os olhos do livro de colorir.
- Oi, Sr. Lupin - Hermione cumprimentou educadamente.
- Sinceramente, Remus, você é o único funcionário dessa joalheria que volta ainda faltando 15 minutos para o fim do horário de almoço - Louis comentou.
- Não gosto de me atrasar. Quem é ele?
- Meu primo - Liah respondeu. - Mamãe e papai estão cuidando dele enquanto meus tios fazem compras com os mais velhos. Eles não querem perder a chance de levar muitas coisas quando voltarem para o Brasil.
- Ben está numa reunião com Richard e os irmãos - disse Helena e suspirou. - Phillip está insuportável hoje, então não estranhe se o escritório estiver parecendo um campo de batalha e alguma cadeira voar pela janela.
- Ou algum deles... Espero que seja Tio Phillip. Ele é sempre chato.
- Merliah!
- Estou mentindo, mamãe?
A mulher ponderou por alguns instantes e então acenou com a cabeça, concordando com a filha.
- É, seu tio é mesmo naturalmente insuportável. Acho que por isso seus avós acertaram no seu pai e nos seus tios, viram o demônio que era o mais velho e mudaram a fórmula.
- Eu tenho seis irmãs mais velhas e todas são igualmente chatas - Louis comentou passando a página de seu livro.
- Você tem seis irmãs?! - Remus arregalou os olhos.
- Tenho, mas juro que não sou um lobisomem - brincou e riu.
Lupin comprimiu os lábios, ficando em silêncio por alguns instantes. Ele havia entendido a brincadeira, pois conhecia lendas trouxas sobre lobisomens, mas não deixou de pegá-lo de surpresa. Às vezes ser um bruxo licantropo no meio de trouxas rendia muitas situações semelhantes.
Piadas sobre coisas sobrenaturais que os trouxas sequer imaginam serem reais. Remus já ouviu muitas delas naquelas semanas conversando descontraidamente com seus colegas.
- Eu gostaria de ter uma irmã - Merliah comentou.
- Pode tirar o cavalinho da chuva - Helena falou em português.
- Agradeça, Merliah. Eu adoraria ser filho único.
- Você tem dois filhos, Louis.
- E daí? Estou falando de mim. Harvey e Spencer são dois anjinhos e se adoram - disse ele.
- Que você saiba.
Logo o som de vozes discutindo ecoou no local enquanto três homens vinham do escritório do Sr. Stuart, sendo estes três dos seus quatro filhos. Remus já havia os visto ali, mas nunca falou propriamente com eles, apenas com Benjamin Stuart, o pai de Merliah.
Lupin e os outros apenas observaram os três irmãos. Louis até mesmo esqueceu que deveria estar estudando e terminando seu almoço.
O mais velho, Phillip, possuía uma carranca em seu rosto, como na maior parte do tempo. Sério, com seu terno italiano muito bem arrumado e uma maleta em mãos. Benjamin também estava sério, embora aparentasse certo desdém enquanto falava com o irmão.
O outro parecia extremamente entediado com tudo, de braços cruzados e suspirando enquanto revirava os olhos.
- Anthony, você precisa de mais responsabilidades e me ouvir - disse o primogênito.
- Estou ouvindo, irmão.
Na verdade, não estava, exatamente.
Sempre que Phillip se virava de costas, Anthony começava a imitá-lo de forma exagerada e debochada, enquanto Benjamin tentava não rir. Quando ele o encarava, disfarçava imediatamente antes de tudo recomeçar.
- Como mais velho, é meu dever me preocupar com os negócios da família. Sei que você nunca entenderá isso, mas...
- O senhor se preocupa com quanto o vovô vai te deixar de herança, isso sim - Merliah comentou tranquilamente, sem olhar para o tio. - Lembre-se que não se recebe herança de gente viva, Tio.
- Liah, meu bem... - o pai tentou repreendê-la, embora contivesse uma risada.
- Por isso amo minha sobrinha.
- Ben, você ainda não aprendeu a colocar limites nas palavras dessa garota.
- Sinceridade é algo raro hoje em dia. Isso é o que ensinamos a nossa filha, querido cunhado - Helena falou. - Algo que você deveria aprender.
Phillip suspirou.
- Se eu disser que tudo o que penso sobre você desde que meu irmão apareceu em casa com a namoradinha intercambista...
- Será a última coisa que disse na vida - ela o interrompeu.
Um breve silêncio se seguiu.
- O melhor é voltar ao trabalho. Conversaremos em casa.
- Como quiser, irmão - Benjamin e Anthony disseram junto com claro deboche em sua voz.
O homem foi embora pela entrada da frente da joalheria. Anthony pegou uma xícara disposta no balcão próximo a chaleira e fingiu beber algo com grande elegância.
- Eu sou Phillip Stuart, o primogênito. Eu me importo verdadeiramente com essa família e tento controlar meus irmãos mais novos ao meu favor e bel prazer - forçou uma voz mais grossa e arrogante, enquanto Merliah ria alto com a mãe. O bebê no colo da garota acabou rindo também, contagiado por elas.
- Uma ótima imitação, Tio Tony.
- Obrigado, Liah.
- Boa tarde, Lupin - Benjamin cumprimentou Remus. - Espero que meus irmãos não tenham causado uma má impressão.
- Phillip com certeza causou.
- Lena!
- Está tudo bem - Remus riu.
- Pena que Tio Joseph está viajando. Ele ia falar a boca do Tio Phillip rapidinho - Merliah falou.
- Podemos ir, amor?
- Vamos. Merliah, mais tarde voltamos antes de você e Hermione irem para a casa dos seus amigos. Não saiam sem avisar o seu avô.
- Tudo bem, papai.
- Vem com a titia, Fabinho - Helena falou, indo até a filha e pegando o sobrinho nos braços. Ele começou a resmungar, até ela entregar de volta o livrinho de colorir. - Até mais tarde, meu bem. - Ela beijou o rosto de Merliah. - Um beijinho na sua prima, bebê.
O garotinho também beijou o rosto da garota, que riu e fez o mesmo com ele. Ela se despediu do pai e logo o casal Stuart foi embora.
- Eu vou voltar ao trabalho - Remus disse. - Louis, você tem exatamente 7 minutos para terminar de comer e fazer o mesmo.
- Ninguém vai saber que me atrasei se você não contar.
Remus viu e pegou uma xícara de chá, seguindo para a sala do Sr. Stuart. O homem estava sentado em sua mesa massageando as têmporas e exibiu um leve sorriso ao ver Lupin deixar a xícara sobre a mesa.
- Voltou alguns minutos mais cedo.
- Imaginei que fosse precisar de um bom chá depois da reunião com seus filhos - disse.
- Eles ainda me farão infartar ou enlouquecer algum dia - suspirou e pegou a xícara. - Muito obrigado, Remus.
- Só estou fazendo o meu trabalho - Remus falou e sentou-se à frente do chefe. - E eu quem agradeço novamente ao senhor por me liberar essa semana.
- Eu precisarei viajar para resolver negócios sobre a abertura de uma filial da joalheria, burocracia que já estou acostumado. Não precisaria prendê-lo aqui se o seu trabalho é apenas me ajudar e estarei muito bem auxiliado por meu filho, Ben. E espero que tenha uma boa viagem à Irlanda.
- Obrigado. Espero que o senhor também faça uma boa viagem.
- Agradeço, Remus. Agora, precisamos terminar o trabalho do dia.
Após Stuart terminar seu chá, saíram do escritório para a área de trabalho.
- Remus, não esqueça as luvas. Trabalharemos com muita prata hoje - Richard lembrou com certa preocupação.
- Certo, Richard - Remus disse e rapidamente colocou suas luvas.
Richard nunca deixava Lupin esquecer daquelas luvas, desde o dia em que por falta de atenção ele acabou segurando uma peça de prata por tempo demais sem a proteção até ela começar a queimar sua pele. Ofereceu-se para levá-lo até um hospital antes que tivesse uma "reação alérgica" mais grave e para tratar a ferida causada, mas ele recusou. Foi mandado para casa mais cedo e ganhou um dia de folga.
Remus sempre se surpreendia com a tamanha cautela e preocupação de Sr. Stuart consigo e outros funcionários, mas estava se acostumando com isso.
Ao fim do seu expediente, os pais de Merliah realmente voltaram para se despedir dela. Ela também se despediu do avô com um grande abraço antes de irem. Lupin deixou a joalheria junto com ela e Hermione, com todas as malas delas, seguindo até o Caldeirão Furado para usar a Rede de Flu do estabelecimento de volta para casa.
Fora um combinado entre os garotos chamar as amigas para dormirem lá para irem para a Copa. Hermione foi convidada pelos Weasley, mas como estava passando os últimos dias na casa de Merliah e iriam pela mesma chave de portal, acabou ficando decidido que também ficaria ali.
Ao chegarem na residência, as garotas logo cumprimentaram os amigos.
- Sem explosões pela casa? - Remus perguntou a Sirius.
- Está tudo certo. Theo passou o dia inteiro cuidando da poção com Harry - ele respondeu. - Como foi seu dia?
- Tudo ótimo. Com Therry e Harry ocupados com a poção, espero que não tenha tido muitos problemas com o Canis.
- Não, na verdade. É bem mais tranquilo quando ele simplesmente decide fingir que eu não estou aqui e fica com a cara enfurnada num livro ou cuidando do Bicuço.
- Bom... Se a poção der certo, vamos ter um ótimo tempo juntos em família para você e os meninos se aproximarem.
- Assim espero. Pelo menos as vezes consigo falar com o Theo - Sirius disse e sorriu satisfeito e feliz. - Não tanto, e ele também sabe ser bastante ácido quando quer, mas... É alguma coisa.
- Um dia tudo se resolve. Acho que a primeira grande dificuldade é se acostumar em te ter de volta e isso já está se ajeitando.
Remus sorriu fraco e reconfortante para o Black.
- Me ajuda com o jantar?
- Claro, Moony!
Os dois seguiram para a cozinha e prepararam um belo jantar para todos. Mais tarde, Harry ofereceu o seu quarto para as amigas dormirem e passou a noite com os gêmeos, num colchão que antes era uma almofada que Sirius transfigurou para que não precisasse dormir no chão nem no sofá da sala.
No dia seguinte, Remus já não precisou ir trabalhar, pois Richard já estaria saindo de viagem. Ele observou apreensivo Hermione auxiliar Therion com a poção.
A poção polissuco já estava pronta, faltando apenas um único último ingrediente. Remus cruzou os braços, com uma expressão receosa em seu rosto.
Lupin conhecia a poção, os Marotos, junto de Killian Radcliffe, uma vez usaram para uma pegadinha no Halloween no quarto ano. O corvino quem havia preparado, com a ajuda de Regulus Black, que aceitou ajudar apenas após muita insistência de Sirius e James prometer que o ajudaria a treinar para entrar no time de quadribol de sua Casa naquele ano. A que Therion fez parecia estar muito boa, mas não deixava de ter certo medo.
- Liah, trouxe o que pedimos? - Therion perguntou.
- Para nossa sorte, Tio Tony estava mesmo querendo cortar o cabelo e me deixou pegar uma mecha - ela respondeu, entregando um saquinho plástico com uma mecha de cabelo castanho dentro.
- Perfeito! Basta um fio para funcionar, então se tudo der certo, podemos usar o restante para Sirius se disfarçar outras vezes caso precise.
- Vamos evitar fazer isso com frequência. Sabemos que poção polissuco não é permanente a menos que a pessoa morra antes do efeito passar - Canopus falou. - Isso vai durar quanto tempo? Uma hora por dose?
- Canis, eu sou melhor que isso! Evoluí bastante em Poções e analisei muito bem a poção e a credibilidade do pocionista onde compramos. Vai dar certo.
O garoto colocou um fio de cabelo no caldeirão. O líquido borbulhante rapidamente mudou de cor para um verde claro, saindo de uma consistência pastosa e lamacenta, para algo mais aquoso, embora ainda pesado. Ele encheu o cálice e entregou a Sirius.
- Não precisa ficar preocupado, Moony. Therion é o nosso gênio das poções.
- Bebe logo essa poção, Sirius! - apressou Canopus. - Não temos o dia todo para ficar testando a duração.
Sirius levou o cálice à boca e bebeu tudo em longos goles. Ele começou a sentir todo o corpo queimar e curvou-se levemente com as mãos no estômago. Seu rosto começou a se modificar, os cabelos ficando muito mais curtos e o corpo maior e com mais músculos.
Todos observaram apreensivos, e o Black levou as mãos ao rosto, percebendo rapidamente alguns pontos diferentes.
- Sirius...? - Harry chamou hesitante.
Ele retirou as mãos do rosto, olhando para si e percebendo como suas roupas não estavam mais tão folgadas. Sua barba havia ido embora, junto a boa parte do seu cabelo, e estranhou sentir-se mais alto. Ainda era mais baixo que Remus, porém a diferença de altura agora era bem menor.
Onde antes viam Sirius, agora era visível um homem aparentemente um pouco mais novo do que ele, de cabelos castanho-escuros curtos e olhos esverdeados, como os de Merliah; o maxilar marcado e o corpo malhado. Ele, certamente, não se parecia nem um pouco com o Black.
Parecia muito mais um ator de cinema que um fugitivo da Justiça bruxa.
- Deu certo? - Sirius indagou tocando o próprio rosto. Ele correu até o espelho do quarto dos gêmeos e sorriu largo ao encarar o reflexo. - Deu certo!
- Eu disse que funcionaria - Therion disse, cruzando os braços e se escorando em sua escrivaninha com um sorriso de canto. - Sou o melhor Mestre de Poções da casa ou não sou?
- Com certeza é! Eu vou poder ir à Copa com vocês!
Sirius pulou animado, rindo e sem abandonar seu enorme sorriso. Lupin acabou sendo contagiado pela felicidade do Black, também sorrindo.
- Sim, Sirius. Vamos todos juntos - confirmou.
Era um plano com riscos, mas ao ver a felicidade de Sirius por poder sair de casa sem estar na forma animaga não conseguiria impedir agora. Vê-lo tão alegre tem sido bastante raro, afinal, ele ainda estava se recuperando dos anos na prisão, e sentia muita falta de ver seu enorme sorriso tão genuíno com mais frequência.
Sirius estava realmente feliz. Uma das coisas que mais desejava era poder provar sua inocência e sair daquela casa com sua família sem precisar estar na forma de um cachorro. Adorava sua forma animal, mas adoraria poder sair como uma pessoa comum.
Estaria disfarçado, é claro, mas ainda assim... Era libertador.
Black correu até Remus e o abraçou forte, arrancando mais uma risada dele. Em seguida, ele se aproximou de Therion e, sem pensar, acabou abraçando o garoto também.
Therion arregalou os olhos, permanecendo parado, sem saber como reagir. Nunca mais havia abraçado Sirius desde o dia que o ajudou a fugir de Hogwarts.
- Você é incrível, Reggie! - Sirius disse. Então percebeu o que fez e se afastou do garoto. - A-ah... Desculpa, e-eu... Eu me empolguei um pouco.
- E-es... Está tudo bem - Therion gaguejou, encarando Sirius, um tanto desconcertado.
Tanto Remus quanto Harry observaram atentos às reações dele. Therion forçou um sorriso fraco e abaixou o olhar, enquanto Sirius se afastava mais encolhendo os ombros e juntando as mãos nervosamente.
Potter aproximou-se do garoto, timidamente colocando sua mão sobre a dele que havia sido apoiada na mesa atrás de si. Ele o encarou e apertou sua mão com bastante força, antes de voltar a desviar os olhos. Ainda era uma sensação estranha para ele demonstrações de afeto diretas vindas de Sirius depois de tanto tempo.
- Quem eu sou exatamente? - Sirius perguntou, voltando para o espelho.
- Meu tio Anthony - Merliah respondeu. - Mas como eu não tenho parentes bruxos próximos, então está apenas pegando a aparência dele emprestada e vamos precisar de uma história.
- Apenas diremos que é um velho amigo que veio de longe para a Copa - Remus falou. - Da França, talvez?
- Meu francês deve estar um pouco enferrujado, mas acho que consigo dar conta.
- Je sais que tu peux le faire Sirius.
- Merci Remmy - Sirius respondeu com perfeito sotaque francês.
- Allons-nous parler français le reste de la semaine? - Canopus suspirou, com um francês tão bom quanto o do outro Black.
- Acho que preciso aprender francês - Harry murmurou.
Therion riu baixo e voltou a erguer os olhos para Potter.
- Posso te ajudar nisso. Canis e eu aprendemos francês desde pequenos.
- Seu francês é muito bom, Canis - Sirius elogiou, sorrindo fraco.
- Je sais.
***
Harry estava novamente tendo um pesadelo e sentindo a cicatriz doer.
Ele se movimentava inquieto no colchão ao lado da cama de Therion, suando frio e resmungando coisas inaudíveis e incompreensíveis enquanto dormia. Era o mesmo casarão, as mesmas pessoas da última vez, a mesma voz horripilante e a cobra. Calafrios percorriam o seu corpo, deixando-o mais inquieto.
Acordou assustado e rapidamente sentou-se ofegante, suspirando aliviado ao reconhecer o quarto dos gêmeos.
- Harry - ouviu a voz de Therion e imediatamente olhou para ele.
O Black olhava para si com seus olhos brilhantes transbordando preocupação. Não conseguia ver muito com a escuridão e sem os óculos, mas apenas por sentir a mão quente em seu ombro já sentia-se um pouco mais tranquilo e confortável.
Tocou sua cicatriz e choramingou baixo, sentindo-a doer.
- É a cicatriz e o pesadelo outra vez?
- Sim...
Harry sentiu a mão do outro subir para seu rosto. Ele não hesitou em subir para a cama e não demorou para ser abraçado por Therion, que o apertou fortemente por entre os braços. Abraçou-o de volta, envolvendo a cintura alheia com seus braços, e enterrou o rosto em seu pescoço, aspirando seu perfume.
Therion ignorou o latejar em sua cabeça, abraçando Harry com força, percebendo como aquela dor e os sonhos o assustavam.
- Está tudo bem - sussurrou.
Ele queria apenas que aquela dor de Potter parasse e o medo fosse embora junto. Não gostava de ver Harry mal. Com certeza, ele odiava isso.
Harry aconchegou-se em seus braços, sentindo a dor diminuir gradativamente. Sua respiração se estabilizou enquanto a calmaria chegava em sua mente e seu corpo. Ele não soltou o Black, aproveitando a sensação de seu calor e poder sentir o aroma que tanto o acalmava de perto.
Therion começou a acariciar os cabelos escuros, enquanto puxava seu cobertor para cobrir os dois.
Canopus olhou para a cama do irmão, usando o feitiço lumus com sua varinha.
- Eu estava afim de dormir hoje, caso não se importem. O que houve agora? - resmungou sonolento.
- Desculpa, Canis - Harry ergueu o rosto para olhar o amigo. - Pesadelo e cicatriz.
- Ah... Sei bem como é - disse num tom mais compreensivo.
- Pode dormir, Canis. Daqui a pouco já vamos nos levantar para ir - Therion disse.
- Se precisar de ajuda, Harry, só chamar. Nox!
A luz se apagou, e Canopus voltou a guardar sua varinha debaixo do travesseiro, como sempre fazia. Cobriu-se e fechou os olhos, tentando voltar a dormir.
Harry voltou seus olhos para Therion, que acariciou seu rosto antes de se deitarem na cama, um de frente para o outro, ainda abraçados. Black não parou de mexer nos cabelos de Potter, enquanto com outra mão deslizou levemente o polegar sobre a cicatriz com a forma de raio no canto da testa, que descia até a sobrancelha do garoto, quase chegando ao olho.
- Era Voldemort em seu pesadelo, não é? - perguntou sussurrando extremamente baixo para não incomodar o irmão.
- Não tenho muita certeza... Mas acho que vi Pettrigrew - respondeu no mesmo tom. - E tinha uma cobra também.
- Voldemort também era ofidioglota... Espero que aquele rato aproveite enquanto pode continuar escondido, porque vamos mandá-lo para Azkaban assim que ele aparecer.
- Estou com medo de isso poder significar alguma coisa...
- Eu sei... Espero que não signifique. Canis e eu também temos muitos pesadelos.
- Vocês ainda têm frequentemente?
- Às vezes... Canis tem quase toda noite.
- ... Com o Sirius?
- Ele, sim - respondeu. - Eu... Geralmente é bastante confuso. Ainda é angustiante e assustador de alguma forma, mas... Me afeta mais em dias que estou muito nervoso. Diminuiu nos últimos dias.
- Você pode me falar quando tiver e precisar de alguém...
Therion sorriu fraco, aproximando ainda mais seu rosto de Potter e roçando levemente seus narizes.
Estavam muito mais próximos e conectados desde a conversa que tiveram após mais um beijo. Pequenos atos singelos e inocentes de carinho, abraços, conversas bobas, beijos no rosto. Cada atitude rendia mais borboletas se revirando dentro deles e corações acelerados. Eles sentiam aquela conexão aumentar naturalmente.
Black respeitava os limites de Potter, e ele apreciava muito isso. Deixava-o livre e confortável, não insistia no fato do que estava ocorrendo, apenas deixava rolar. Houve mais um momento em que Harry deixou-se levar e beijou Therion outra vez, alguns dias antes, quando mostrou a ele mais um de seus desenhos e recebeu um enorme sorriso em resposta. Aquele sorriso irresistível que o encantava tanto. Foi mais rápido que o anterior, mas igualmente avassalador.
Certamente, ocorreram inúmeros outros momentos em que sentiu vontade de beijá-lo, mas se conteve. E o mesmo era o caso contrário.
- Vai me proteger dos meus pesadelos? - perguntou.
- Sempre... Como você me protege dos meus - Harry respondeu.
Potter sorriu bobo e beijou a ponta do nariz de Therion, antes de voltar a enterrar o rosto na curvatura de seu pescoço e fechar os olhos para que pudesse adormecer sentindo o doce aroma florido.
Eles acabaram pegando no sono abraçados, como já ocorrera tantas vezes. Não dormiram por muito tempo, mas ao menos Harry não tornou a ter pesadelos e isso já era o bastante para ele.
Antes mesmo do sol nascer, Remus foi até o quarto dos gêmeos, acordado e completamente arrumado após um bom banho. Ele sentiu pena de precisar acordá-los, observando com um pequeno sorriso como Potter dormia agarrado a Therion. Porém, precisavam ir.
Acordou-os e depois foi para o quarto de Harry, onde Merliah e Hermione dormiam tranquilamente na cama. Acordou as garotas também e desceu para a cozinha, ajudando Sirius com o café da manhã.
Os cinco jovens bruxos se arrumaram para a Copa. Harry vestiu a jaqueta do seu pai, mas a blusa verde era de Therion. Black nunca disse em voz alta, mas gostava quando Potter preferia pegar suas roupas emprestadas mesmo após terem feito mais compras nos últimos dias.
Canopus estava sentado na cadeira de sua escrivaninha, deixando Merliah passar lápis de olho em seus olhos. Therion também deixou a amiga fazer o mesmo consigo, lutando para não piscar frequentemente durante o processo.
Mesmo morrendo de sono, Liah se maquiou e ainda fez um belo penteado no cabelo, usando sua varinha para ajudar. O som dos saltos batendo no piso ecoavam por onde ela passava, e Canopus franziu o cenho ao ver toda a produção da amiga.
- Liah, você vai a um estádio de quadribol de salto?
- Grandes eventos merecem roupas adequadas. Com certeza terão jornalistas e se eu sair em alguma foto, estarei linda da cabeça aos pés - respondeu e bocejou logo em seguida. - Tem certeza de que não quer nem um batonzinho, Mione?
- Hoje, não.
- Se seus pés começarem a doer, eu não vou te carregar.
- Therion carrega.
- Eu? Nem vem!
Os cinco desceram para a sala de jantar. Remus e Sirius prepararam café para ajudar todos a acordarem e garantiram que comessem bastante, pois a caminhada até a chave de portal seria longa.
O som da lareira sendo ativada foi ouvido, e Lupin franziu o cenho, sentado ao lado de Sirius e Harry. Passos até o cômodo foram ouvidos, até um homem mais velho com os mesmos cabelos loiro-escuros que os seus e olhos acastanhados surgir, carregando uma mochila antiga em suas costas.
O homem sorriu fraco e retirou a boina que usava cabeça, afasta os fios claros do rosto e exibindo uma antiga e conhecida cicatriz que cortava a lateral direita de seu rosto, desde a sobrancelha até abaixo do olho.
- Bom dia... Ou talvez boa noite, já que o sol nem nasceu ainda.
- Vovô! - os gêmeos exclamaram e levantaram-se rapidamente, correndo até o homem e pulando sobre ele para um grande abraço.
Remus encarou o pai, surpreso e um pouco nervoso, até lembrar-se da carta que recebeu alguns dias antes avisando que ele estaria livre para ir ao jogo também. Com a correria das preparações, esqueceu-se completamente.
Em geral, Remus costumava tentar não pensar muito no pai. Queria apenas deixá-lo livre para seguir sua vida sem precisar se preocupar todos os dias com um filho licantropo em casa. Mas, como o próprio Lyall disse, nunca se deve pedir para um pai não se preocupar com seu filho. Ele se preocupava demais com Remus, e com seus netos também.
Aquela era uma oportunidade rara de estarem juntos, e ele sabia o quanto os gêmeos estariam empolgados e felizes para ir à Copa. Adorava aproveitar um tempo com os netos e o pouco que conseguia com o filho.
Lyall abraçou Therion e Canopus fortemente, beijando a testa de ambos.
- Merlin! É impressão minha ou vocês cresceram mais ainda desde a última vez? - comentou rindo.
- Talvez um pouco - Therion riu.
- O senhor vai com a gente pra Copa, não vai? - Canopus perguntou.
- Eu não perderia a chance de passar um tempo com meus netos assistindo a um bom e velho quadribol.
Os gêmeos sorriram largo, felizes que teriam a companhia do avô.
- Oi, pai - Remus cumprimentou e seguiu um tanto sem jeito até ele.
- Oi, Remmy - Lyall disse e abraçou rapidamente o filho. - Recebeu minha carta?
- Sim, mas... Confesso que acabei me esquecendo.
Lyall riu baixo.
- Você está bem?
- Estou. Estou muito bem.
Sirius olhou receoso na direção de Lyall, não sabendo se deveria continuar ali ou tentar escapar e se esconder em algum lugar da casa antes que notasse sua presença.
- Olá, Sirius.
Tarde demais para se esconder.
- Er... Olá, Sr. Lupin - cumprimentou hesitante, acenando devagar. - Imagino que não tenha visto coisas boas sobre mim no seu jornal matinal...
- Não, mas Remus já me contou o que aconteceu em Hogwarts quando me pediu para ficar um tempo com os meninos. Contudo... - Lyall olhou para o filho. - Tem certeza que esconder ele na própria casa é uma boa opção?
- Pensei exatamente a mesma coisa, vovô - Canis comentou.
- Sim, tenho certeza, pai. E Canis... Já conversamos bastante sobre isso.
E infelizmente, ele continua aqui, e eu não tenho paz nem em senhos, nem acordado, o garoto pensou. Não verbalizou seus pensamentos, apenas suspirando e cruzando os braços.
- Quer um café, vovô? - Therion perguntou.
- Não, eu já bebi uma boa xícara antes de sair de casa e estou levando um pouco comigo. Dizem que esse jogo vai durar bastante.
- Sirius, é bom já se preparar. A poção dura mais se for bebida com frequência.
- Poção...?
- Sirius vai conosco - Remus explicou. A expressão de seu pai foi bastante clara perante a informação. - Não me olhe assim, pai! Ele vai usar poção polissuco.
Lyall assumiu uma expressão ainda mais surpresa e desacreditada. Ele sabia muito bem que o filho nunca foi um santo e já aprontou muito com Sirius e os outros amigos na escola com poções, mas aquilo já era um nível bem maior do que simples travessuras.
- Eu sei. No começo também achei loucura, mas pode dar certo. Sirius passou anos preso... Acho justo ele ao menos tentar sentir um pouco de liberdade até provar sua inocência - continuou Remus. - Não é fácil ter que ficar preso na sua própria casa para se proteger.
Lyall entendeu bem a última parte e sabia que Remus estava falando de sua própria experiência.
Ele cresceu preso dentro de sua casa, sem poder sair para proteger a si mesmo do que pessoas maldosas e preconceituosas poderiam fazer se descobrissem o que ele era. Poucas vezes conseguia sair com seus pais e sentir um pouco de ar puro. Entendia muito bem o que Sirius sentia.
- Bom... Espero que realmente dê certo.
- Vai dar, vovô! Eu quem fiz a poção - Therion falou, com orgulho transbordando sua voz.
- Você fez poção polissuco? Isso é incrível, Therry!
Therion sorriu satisfeito perante o elogio de Lyall. Gostava quando reconheciam seus feitos e sua grande habilidade com poções.
Sirius bebeu a poção polissuco e tornou a se transformar na aparência do tio trouxa de Merliah. Ele ajustou os suspensórios que usava e vestiu um casaco, guardando no bolso interno um cantil com a poção.
- Um bom disfarce. Quem é?
- Um trouxa que o Ministério nunca conhecerá e com zero possibilidade de gerar desconfiança - Therion respondeu.
- Com certeza, isso aqui tem um gosto bem melhor que aquela que fizemos no quarto ano - Sirius comentou.
- O gosto varia de acordo com a pessoa em que está se transformando. Pessoas ruins geralmente tem gosto bem amargo.
- Então nunca vou querer me transformar no Ranhoso ou nas minhas primas.
- Vão pegando suas coisas para irmos. Os Weasley já devem estar nos esperando - Remus disse. - Pai... Podemos conversar?
- Claro, filho.
Remus levou o pai até a sala de estar, um canto mais afastado onde anos antes costumavam deixar o piano. Ele esfregou as mãos uma à outra nervosamente e coçou a nuca, então guiando-as até os bolsos da calça e comprimindo os lábios.
Olhou para Lyall receoso, respirando fundo.
- Não diga a ninguém do Ministério que sabemos onde Sirius está, por favor - pediu.
- Por que eu faria isso?
- Porque... Porque o senhor trabalha lá. Eu não quero colocá-lo em problemas, nem arriscar o seu emprego caso alguém desconfie, mas, por favor...
Remus possuía um olhar suplicante, implorando ao pai para contribuir com aquela mentira e aquele plano de esconder Sirius. Não queria correr o risco de perdê-lo outra vez...
- Eles vão matá-lo quando o encontrarem, o senhor sabe. Já haviam dado a ordem para que recebesse o beijo do dementador em Hogwarts e não vão hesitar ou esperar que provemos que era tudo um engano. Então, por favor... Não posso deixar ele ir de novo...
- Eu não vou contar nada, Remus - Lyall respondeu, e Remus suspirou aliviado. - Você me disse que ele era inocente, e confio no seu julgamento ao acreditar. Vou ajudar como eu puder, só... Tenha cuidado.
- Eu vou ter.
- Até agora, os aurores ainda acreditam que ele fugiu para fora do país e muitos deles no momento estão focados em trabalhar na segurança para a Copa Mundial, então há um alívio nas buscas.
- Espero que continue assim...
- Ainda precisam ter cuidado. Eu ouvi alguns boatos pelo Ministério de movimentações suspeitas de ex-comensais e o Departamento de Aurores está de olho... Mesmo Sirius não tendo sido um comprovadamente, ainda podem enquadrá-lo nisso.
- Vamos ter cuidado. E... Obrigado, pai - Remus falou.
- Sei o quanto ele é importante, Remmy... E você sabe que sempre estou do seu lado.
Remus sorriu fraco, contendo-se para seus olhos não marejarem e não começar a chorar. Mesmo ele próprio tendo se afastado, Lyall sempre continuava ali, pronto para recebê-lo e acolhê-lo quando precisasse, e era grato por isso.
- E se porventura eu souber de algo que coloque em risco esse novo esconderijo... Vou avisar.
- Obrigado mesmo.
- Como os garotos estão lidando com isso?
- Não tão bem, mas... Estamos indo. Melhorando aos poucos. Acho que irmos juntos à Copa pode ajudar a se aproximarem de novo.
- Imagino que deve ser difícil.
- Realmente é...
Lyall olhou compreensivo para o filho, exibindo um fraco sorriso reconfortante.
- Vamos focar em ter um dia bom e divertido hoje - disse. - Faz muito tempo que não saímos juntos, Remmy.
- Sim, faz... - Remus concordou, suspirando.
Logo todos estavam reunidos em frente a lareira. Hermione foi a primeira a ir, seguida de Harry e Merliah. Então foram os gêmeos e depois Lyall, e por fim, Remus e Sirius.
Ao saírem da lareira, encontraram uma porção de cabeças ruivas sentadas à mesa. As cadeiras eram todas de modelos e madeiras diferentes umas das outras, e estavam preenchidas por quase todos os Weasley, que estavam bastante sonolentos.
Após os gêmeos e Harry dizerem que haviam falado com Rony sobre irem juntos depois de pedir o ingresso sobrando que seria de Potter - para que Sirius pudesse usá-lo -, Remus havia enviado uma carta a Arthur Weasley para falar sobre isso. Confirmaram que poderiam usar a Rede de Flu até a Toca, para então seguirem todos juntos até a chave de portal.
Arthur levantou-se da cadeira em que estava sentando, cumprimentando Lyall, enquanto Harry ia até Rony.
- Não tenho te visto muito pelos elevadores, Lupin. Muitas criaturas dando trabalho ultimamente?
- Um pouco, talvez. Nada fora do comum para uma temporada de verão com muitos trouxas de férias visitando áreas próximas demais dos habitats de alguns seres - Lyall respondeu.
- Ontem precisei resolver um problema com Moody... Ele tem estado com muitos problemas.
- Eu soube. Os anos combatendo bruxos das trevas podem deixar qualquer um maluco.
- Bom te ver, Harry! - Arthur disse ao garoto.
- Está tudo bem, Harry? Já comeu? Ainda temos um pouco - Molly perguntou num tom doce e carinhoso.
- Já comi, sim - ele respondeu.
- E você é...? - Arthur voltou-se para Sirius.
- Sou... Er...
Sirius ponderou por alguns instantes. Olhou na direção dos filhos, que estavam junto de Merliah.
- ...Anthony... Leblanc - falou e usou um forte sotaque francês ao falar o sobrenome, o primeiro que veio a sua mente.
- Um velho amigo... - Remus falou.
- Um amigo do meu pai que veio da França passar uns dias conosco para a Copa Mundial de Quadribol - Canopus respondeu, sem hesitação em sua voz. - Temos alguns parentes bruxos franceses.
Sirius conteve um sorriso de orgulho para o filho ao vê-lo falar com tamanha certeza, como se fosse verdade. Ele e os outros Marotos levaram um tempo para aprimorar suas habilidades para inventar desculpar para escapar de encrencas, Remus quem fez a maior parte desse trabalho, claro. Se não soubesse da verdade, com certeza acreditaria no garoto.
- Cheguei de Paris há alguns dias e estou hospedado na casa de Remus - disse.
- Seu inglês é muito bom - comentou Arthur.
- Minha mãe era britânica. Digamos que tive um longo e rígido estudo de vários idiomas até atingir a perfeição - falou, o que não era uma mentira.
Um grande trunfo de uma boa mentira é ter um fundo de verdade. Uma das poucas coisas úteis que Sirius aprendeu com os Black e que fazia muito bom uso quando preciso.
A história convenceu, o que aliviou a tensão existente dentro de Harry, Hermione e Merliah. Os gêmeos pareciam bastante calmos e satisfeitos que tudo estava correndo bem.
- Aquele é o Sirius? - Rony perguntou sussurrando no ouvido de Harry, que apenas assentiu com a cabeça.
- Precisamos sair muito em breve. Será uma longa caminhada - avisou Arthur.
- Está tudo bem, Merliah? - George perguntou a garota, que havia se sentado numa cadeira livre e deitado a cabeça na mesa com um longo suspiro.
- Não - ela respondeu antes de bocejar. - Eu acordei cedo demais para meu corpo descansar.
- Você bebeu duas xícaras de café e ainda está com sono?! - Canopus indagou.
- Ainda são quatro da manhã!
Todos se aprontaram para ir. Molly se despediu do marido e dos filhos antes de irem.
Eles seguiram caminhando pela trilha até o povoado vizinho. Era uma longa caminhada, e alguns dos jovens bruxos arrastavam os pés, sonolentos. Canopus e Therion estavam um pouco cansados, mas seguiam normalmente, já acostumados a passar madrugadas acordado, assim como Sirius. Harry estava com um pouco mais de sono, mas nada que o impedisse de prosseguir.
Os pequenos raios de luz do sol começaram a surgir à medida que andavam por vários quilômetro. Depois de quase duas horas de caminhada Merliah começou a resmungar e reclamar de dor nos pés, com a voz carregada de sono. Ela se escorou em Canopus.
- Ninguém mandou você vir de salto.
- Deixa eu subir nas suas costas, só um pouquinho - ela pediu dramática. - Estou morrendo. Meus pés vão ficar cheio de bolhas.
- No máximo carrego sua mochila.
- Therry...
- Não.
- Amigos ingratos.
A garota choramingou, com os ombros caídos e os braços moles. Estava exausta e com os pés doendo.
- Eu te levo - George se ofereceu.
- Mesmo?
- Pode subir! - Ele retirou a mochila das costas e jogou para o irmão gêmeo, que resmungou e começou a reclamar.
George se abaixou na frente da garota, que logo subiu em suas costas e segurou-se firme com os braços ao redor de seus ombros. Ela sorriu vitoriosa e satisfeita.
- É assim que se trata uma dama e amiga, senhores Black - disse. - Me acordem quando chegarmos.
- Pode deixar - George concordou.
Merliah realmente acabou dormindo novamente ali nas costas do Weasley, que a segurava firme para que não caísse. Continuaram caminhando, atravessando todo o povoado até o morro Stoatshead ao longe.
Sirius caminhava tranquilamente, sentindo o ar puro em seu rosto. No meio do trajeto, ele bebeu mais da poção no cantil, dizendo aos Weasley ser apenas café com uma dose exagerada de açúcar para se manter acordado quando perguntaram. Já haviam testado a durabilidade da poção no dia anterior, e aquele cantil duraria o dia inteiro se bebesse alguns goles entre algumas horas.
Era um tanto estranho andar entre outras pessoas em sua forma humana, embora disfarçado. Muitos anos recluso e sem contato social. Porém, estar ao lado de sua família lhe trazia certo conforto e apoio.
Remus sempre olhava entre ele e os garotos para se certificar de que estava tudo bem. Aquele não era o rosto de Sirius, mas conseguia sentir que era ele ali, de alguma forma.
O Black agarrou-se ao braço de Lupin enquanto subiam o morro, tendo um maior apoio. Quando chegaram ao topo, avistaram outro homem se aproximar junto de um garoto ao seu lado.
- Amos! - Arthur exclamou.
- Arthur, Lyall! Bom que chegamos na hora certa.
- Este é Amos Diggory.
- Trabalha comigo no Departamento de Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas. Imagino que conheçam o filho dele, Cedric, não é? - Lyall disse.
- Claro, graças a ele por muito pouco não levamos a Taça de Quadribol - Fred resmungou.
- Oi - Cedric cumprimentou, sorrindo gentilmente.
Todos retribuíram o cumprimento, exceto Fred e George. Ainda estavam um pouco rancorosos pela partida de quadribol entre Grifinória e Lufa-Lufa no início do ano letivo anterior.
- Longa caminhada? - Lyall perguntou.
- Sim, nos levantamos às duas, mas vale muito a pena para uma Copa Mundial de Quadribol - Amos respondeu e olhou para os garotos. - Todos seus filhos, Arthur?
- Só os ruivos.
- Deveria suspeitar - riu Diggory.
- Essa é Hermione, amiga do Rony - apresentou.
- Este é o meu filho, Remus - Lyall apresentou o filho.
- Ah, o pequeno Remus Lupin de quem tanto fala. Ex professor de Hogwarts.
Remus sorriu timidamente, olhando para o pai. Não imaginava que ele realmente falasse dele para os amigos.
- Sim - Lyall confirmou orgulhoso. - E o amigo dele... Anthony. Esses são os meus netos, Canopus e Therion, e os amigos deles, Merliah e Harry...
- Pelas barbas de Merlin! Harry? Harry Potter?!
Harry suspirou, apenas balançando a cabeça e cruzando os braços enquanto encolhia os ombros e desviava o olhar. Já estava acostumado com aquela reação vinda de algumas pessoas quando o conheciam.
Harry Potter, o menino que sobreviveu. Aquele que resistiu a pior das Maldições Imperdoáveis e, de alguma forma, contribuiu para a derrota de Lorde Voldemort, o grande bruxo das trevas. Toda aquela fama por algo que mal se lembrava era bastante exaustiva.
Ele não queria ser "o menino que sobreviveu". Queria ser apenas Harry Potter, um jovem bruxo talentoso que adora estar com os amigos.
- Ced falou de você e da partida da Grifinória contra a Lufa-Lufa. Eu disse a ele que era algo histórico derrotar Harry Potter!
- Harry caiu da vassoura, pai... O jogo deveria ter reiniciado.
- Sempre tão modesto, Ced.
- Não se preocupe, Cedric. Esse ano com certeza não irei cair - Harry disse, confiante.
- Mas da Sonserina não vai vencer, Hazz - Therion disse.
- Veremos, Lobinho.
- Ah, com certeza não vai. Nem que eu mesmo tenha que substituir o Malfoy e capturar aquele pomo! - Canis falou.
- Você não é apanhador.
- Me torno um. Ou o Therion, porque aí você se distrai e perde.
- Canis! - Therion exclamou.
- Já está quase na hora - Arthur disse olhando para o relógio. - Essa é a chave de portal?
- Ah, sim! - Amos disse, erguendo uma bota velha.
- Hey, princesa adormecida, acorda aí! - Canopus aproximou-se de George e começou a chacoalhar a amiga.
- Que foi? - ela resmungou sonolenta enquanto acordava.
- Estamos indo.
Ela bocejou antes de voltar para o chão.
- Valeu pela carona.
- Não tem de quê.
- O que é essa bota velha? - indagou.
- Nosso portal. Você tem que ficar, vem! - Therion disse.
Ela fez uma careta, arqueando a sobrancelha na direção do amigo. Harry também pareceu um pouco de receoso, mas juntou-se aos outros ao redor da bota e tocou nela.
- Falta mais alguém? - Arthur perguntou.
- Não, apenas nós vamos por aqui.
Após um tempo, Arthur começou a fazer uma contagem regressiva. E então, de repente, todos sentiram um grande puxão em seus corpos, como se fossem tirados do chão e logo voltaram a sentir a terra sob seus pés. Foi algo rápido, mas que deixou alguns deles atordoados e tontos.
Rony tropeçou e acabou caindo no chão junto de Harry e os gêmeos Black, resmungando doloridos.
- Chaves de portal nos deixam um pouco tontos às vezes - Sirius disse e riu baixo. - Vocês estão bem?
- O que você acha? - Canopus resmungou.
Remus ajudou Canis a se levantar, e Sirius ajudou Therion. Cedric estendeu a mão para Harry, que pegou-a e ficou de pé.
Arthur, Amos e Lyall conversavam com dois bruxos que estavam recepcionando as pessoas que chegavam pelas chaves de portal. Logo eles puderam seguir em direção aos acampamentos num grande espaço deserto de uma charneca.
Após mais 20 minutos de caminhada, chegaram a uma pequena casa ao lado de um portão. Era possível distinguir em meio a névoa da manhã um grande acampamento com várias barracas dos mais variados tamanhos e formas. Os Diggory seguiram em frente para outro acampamento, enquanto o restante se aproximava do homem parado em frente a casa.
Era facilmente reconhecível ser apenas um simples trouxa.
- Sr. Roberts, certo? - Lyall perguntou e o homem assentiu. - Lupin, área reservada para duas barracas.
- Weasley, mais uma reserva há uns dois dias - Arthur disse.
- Certo - Sr. Roberts disse consultando uma lista. - Iriam pagar agora?
- Sim.
Lyall retirou do bolso um bolo de notas de dinheiro trouxa. Remus ajudou o pai a contar, pois convivia mais com aquele tipo de moeda em seu trabalho nas últimas semanas do que ele. Normalmente, sua mãe quem cuidava do dinheiro trouxa que possuíam, mas desde sua morte o Lupin mais velho não fez muito uso dele.
Arthur se atrapalhou muito mais com as notas, não sabendo identificar claramente o valor de cada uma delas.
- Quer ajuda, Sr. Weasley? - Merliah perguntou, mais desperta do que no momento em que chegaram pela chave de portal.
- Acho que sim... Não estou acostumado com esses papeizinhos... Quanto vale essa aqui?
- Estrangeiros? - Roberts perguntou.
- Oui - Sirius respondeu rapidamente, em francês. - Alguns de nós...
- Esse lugar é raro estar tão, tão cheio. Diversas pessoas, todos lugares do mundo. Parecia ser um tipo de convenção... De pessoas bastante, bastante esquisitas.
Sirius reconheceu na forma de falar do homem o mesmo sotaque carregado de Karina e Killian, que ele já não ouvia há um bom tempo, típico do inglês irlandês das regiões mais isoladas e apegadas as raízes gaélicas.
- Ó i ndáiríre? - Therion falou em irlandês, fingindo naturalmente surpresa com o fato dito.
- An bhfuil cuma aisteach orainn? - Canopus perguntou com naturalidade.
- Oh, falam irlandês! - O homem sorriu. - Níl an oiread sin, ná bíodh imní ort.
- Er... Remmy, eu não aprendi tanto de irlandês, mas... Ele nos chamou de estranhos? - Sirius sussurrou próximo de Remus.
- Na verdade, disse que não parecemos tão estranhos - Remus respondeu. - Acho que os meninos saberem falar irlandês o distraiu de qualquer estranheza. Não há tantos falantes não nascidos aqui atualmente.
Sr. Roberts entregou a Arthur e aos gêmeos mapas do acampamento, sorrindo gentilmente para eles.
- Weasley, próximo a floresta. Lupin, meio do campo.
- Go raibh maith agat - Canopus agradeceu, segurando o mapa.
- Bíodh lá maith agat! - Therion desejou um bom dia para o trouxa, sorrindo amigável, antes de atravessar o portão com o irmão.
Todos começaram a seguir pela grande fileira de barracas.
- Wow! Vocês sabem mesmo falar irlandês? - Fred disse surpreso quando se afastaram do portão.
- Sabemos todos os idiomas britânicos - Canopus respondeu num tom convencido.
- Além de francês e um pouco de italiano - completou Therion.
- E falam muito bem - Sirius elogiou.
- Se a ideia era se disfarçar de acampamento trouxa, alguns falharam bastante - Merliah comentou observando algumas barracas.
- Alguns de nós não conseguem evitar chamar a atenção - disse Arthur. - Sempre os mesmos...
Algumas barracas pareciam comuns, como simples equipamentos trouxas. Já outras, possuíam chaminés e cata-ventos ou tamanhos exageradamente grandes com dois, três ou até quatro andares. Nem um pouco discretas, muitas delas.
No meio do campo, os Weasley e Hermione se despediram para seguir em frente até onde se instalariam, e Rony combinou de encontrar os amigos depois. Estavam em uma pequena área livre com um letreiro escrito "Lupin", demarcando a região onde ficariam.
Eles começaram a armar as barracas a mão, para não levantar tantas suspeitas para o recepcionista trouxa daquele acampamento. A maioria ali já tendo acampado antes, não foi muito difícil, nem demorado.
Canopus pegou uma garra d'água em sua mochila, observando os arredores com o irmão e os amigos enquanto Remus, Sirius e Lyall terminavam com as barracas. Ele franziu o cenho ao avistar não muito longe deles uma enorme barraca que parecia a miniatura de um palácio, de seda listrada e com pavões albinos amarrados a entrada.
Quem levaria pavões para acampar para uma Copa Mundial de Quadribol?
- Aposto que aquela é a barraca dos Malfoy - Therion disse.
- Chamativo a um nível que eu não duvidaria, mas aquela ali de quatro andares também parece algo digno do Malfoy - Canis falou.
- Ele disse que tinha pavões em casa, então tenho certeza que é aquela ali.
- Sinto pena dos pavões - Harry comentou.
- Também, Harry - Canis concordou.
- Prontinho, meninos! - Sirius exclamou. - Tudo montado.
- Ótimo! Eu preciso urgentemente retocar a maquiagem e ajeitar meu cabelo - Merliah disse e entrou na barraca da direita sem cerimônias.
Canis riu e revirou os olhos antes de segui-la.
- Vem, Hazz - Therion segurou a mão de Harry e o puxou, seguindo logo atrás do irmão.
Harry ficou de queixo caído ao entrar na barraca, surpreso ao ver o tamanho por dentro. Era apenas um pouco menor do que a casa deles. Na verdade, parecia mesmo uma casa. Uma casa térrea de quatro quartos, cozinha e banheiro.
Poderiam facilmente morar ali por quanto tempo quisessem.
- Essa é barraca que eu te falei que usamos para acampar nas montanhas do norte quando éramos crianças - Therion comentou. - A que os Marotos usaram para acampar antes do sétimo ano.
- É incrível!
- Vocês vão ficar nessa aqui. Tem um quarto para cada um - Remus disse. - Podem arrumar suas coisas, mas não saiam para longe sem me avisar, okay? Eu e Sirius ficaremos na outra com meu pai.
- Tá bom, papai - os gêmeos disseram juntos.
Remus e Sirius deixaram-nos sozinhos e então cada um escolheu seu quarto. Deixaram suas coisas ali, e Therion rapidamente seguiu até Harry para lembrá-lo de suas vitaminas. Garantiu que Potter bebesse cada uma delas, sem falta ou deixar uma gota escapar.
Harry riu fraco perante todo o cuidado do Black consigo, não conseguindo evitar de sorrir pequeno para ele e abraçar sua cintura quando parou a sua frente enquanto ele estava sentado na cama.
- Estou muito bem, Lobinho - garantiu. - Não precisa se preocupar.
- Eu prometi estar ao seu lado, não é? Só estou cumprindo minha promessa cuidando de você, Mini Prongs.
- Tudo bem, doutor Black - brincou. - Mais algum frasco?
- Não, já foi todos.
Therion riu e inutilmente ajeitou os cabelos de Harry, que não deixavam de ficar rebeldes de qualquer forma.
- Ainda está com sono?
- Depois dessa caminhada longa e uma boa viagem de chave de portal... Acho que estou bem. Só um pouco de calor. Talvez só precise descansar alguns minutos.
- Eu trouxe suco de abóbora. Vem.
Eles foram para a cozinha, onde beberam um pouco de suco. Harry tirou a jaqueta e amarrou a cintura, então ficando sentado num sofá que havia na barraca junto de Therion, até Merliah e Canopus aparecerem.
Canis havia deixado a amiga arrumar seu cabelo, enquanto também bebia um pouco de suco. Ela havia trocado os sapatos por botas, ainda de salto, porém mais grossos para, como disse, não correr o risco de torcer o pé naquele chão.
Após um tempo, decidiram sair. Therion e Harry saíram primeiro, logo avistando alguém que já suspeitavam estar por perto.
- Eu disse que aquela era a barraca dos Malfoy - Therion falou enquanto via o loiro ao lado da extravagante barraca próxima a deles.
- Ora, ora! Black e Potter - Draco falou enquanto se aproximava.
Canopus havia acabado de sair da barraca e parou ao lado do irmão. Ele viu Malfoy parar alguns instantes e encará-lo, mas não deu atenção a isso.
Draco vestia um terno preto, muito bem alinhado ao seu corpo, como se feito exatamente sob medida. Os cabelos platinados pareciam ainda mais claros sob a luz da manhã e haviam crescido um pouco, estando muito bem penteados.
Canis detestava ter que admitir, mas... Draco ficava muito bem de terno.
Ele mordeu a parte interna de sua bochecha, enterrando as mãos nos bolsos da calça preta enquanto tinha os olhos fixos no loiro.
Therion olhou para o irmão e arqueou a sobrancelha, contendo uma risada.
- Limpa a baba - Merliah sussurrou ao seu lado.
- Calada - disse.
Respirou fundo. Nunca pensou que por milésimos de segundo pensaria em Draco Malfoy como alguém minimamente atraente. E, certamente, nunca admitiria que pensou isso.
Draco parou mais próximo a eles, mantendo sua pose com a postura ereta e prepotente, embora por dentro sentisse um turbilhão de coisas distintas que não deveria demonstrar.
- Couro no verão não me parece uma boa escolha de vestimenta, Estrelinha - Malfoy implicou, indicando a longa jaqueta de couro que o Black usava, a qual a barra chegava até pouco abaixo de sua cintura.
- E terno me parece formal demais para um jogo de quadribol, Dragãozinho - Canopus rebateu, sorrindo de canto.
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Olá, meus amores!
E VEIO A COPA COM REENCONTRO STARDRAGON, MEU POVO! 🥳🥳
Os mimos desse casal enfim chegando. Nos próximos capítulos teremos muito mais.
Dia em família na Copa Mundial: papais, filhinhos, genro/afilhado, bff e o vovô. Uma bela família feliz! Ansiosos?
Quais as expectativas para os próximos caps? Rsrsrs
Espero que tenham gostado! Não esqueçam de comentar bastante!
Em breve retorno com mais um capítulo!
Até a próxima!
Beijinhos,
Bye bye 👋😘
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