XVI. I really hate this

Os dias passaram e muito se falou sobre Sirius Black. As acusações contra os gêmeos persistiram, mas alguns outros alunos acabaram deixando-os em paz.

Therion, Canis e Harry andavam ainda mais juntos em seu tempo livre. Eram quase sempre vistos um ao lado do outro pelos corredores, o que fazia muitos chegarem em Potter para "alertá-lo" do perigo de andar junto dos filhos de um assassino a solta que invadiu a escola.

Harry respondeu a todos mandando gentilmente tomarem conta de suas vidas. Xingando quando os tiravam do sério com isso, mas no tom mais educamente irônico e gentil possível.

— Se não calarem a merda da boca e cuidarem das próprias vidas ao invés de dar pitaco em minhas amizades, quem irá para Azkaban sou eu — bradou ele quando mais uma vez vieram os "alertas". Ele lançou o seu melhor olhar ameaçador para todos, deixando claro seu recado.

Mais tarde, naquele mesmo dia, ele encontrou os gêmeos para a aula de DCAT. Para a infelicidade de todos, a aula favorita da maioria dos alunos não seria como as outras.

Therion e Canopus estavam sentados juntos com as expressões fechadas enquanto viam Snape caminhar até a frente da sala com sua capa esvoaçante em suas costas. Todos, exceto eles, estavam confusos e se perguntando porque ele estava ali. Viram o olhar de indagação de Harry, que estava na carteira ao lado, em sua direção, mas eles apenas desviaram o olhar.

— Onde está o Prof. Lupin?

— Hoje ele está se sentindo bastante indisposto para dar aula, Potter — respondeu Snape, parecendo bastante feliz por poder dar esta notícia. Ele voltou-se para os gêmeos com um olhar de desdém. — Creio que seus colegas tenham esquecido de avisar que seu querido papai adotivo adoeceu.

Os garotos comprimiram os lábios ao receberem olhares dos outros alunos. Não disseram nada e permaneceram sérios, com um olhar frio na direção do professor.

Eles haviam acabado de deixar o quarto do pai antes de seguir para aquela aula. Ele encontrava-se bastante debilitado por conta da lua cheia, incapaz de poder levantar-se para dar aulas. Apesar da Poção Mata-Cão, as transformações ainda exigiam muito dele, e talvez suas preocupações com Sirius nos últimos dias apenas tenha o deixado pior.

Therion e Canopus pensaram em faltar a aula para cuidarem do pai, mas receberam um olhar severo e um grande sermão. Lupin mandou-os ir direto para a aula e para se comportarem, ou estariam os dois de castigo sem permissão para ir a Hogsmeade na próxima visita. Isso os fez irem a muito contragosto para a sala de aula.

— O que ele tem?

— Nada que ameace sua vida. Talvez seus colegas queiram responder depois.

Eles cerraram os punhos debaixo da mesa. Esperavam que conseguissem suportar o longo tempo que permaneceriam naquela aula com o professor que certamente mais odiavam — um sentimento que era recíproco —, mas aqueles segundos de aula já estavam lhes tirando do sério.

Snape não perdeu tempo em criticar a forma que Lupin ministrava suas aulas e os assuntos que estudaram até então.

— Abram seus livros na página 394 — ordenou Snape. — Hoje iremos estudar lobisomens.

— Mas ainda não chegamos a essa parte, professor — protestou Hermione. — Vamos começar os…

— Não pedi que falasse, Srta. Granger. Página 394, agora!

Os gêmeos se entreolharam, trincando o maxilar. Não era preciso pensar muito para entender o que o professor estava fazendo. Abriram os livros olhando mortalmente para o homem à frente da turma, apertando-os com força entre os dedos.

Já estavam odiando isso.

— Alguém sabe me dizer o que diferencia um lobisomem de um lobo verdadeiro?

Ninguém respondeu. Hermione levantou sua mão, mas foi prontamente ignorada.

— Ninguém sabe? — indagou Snape. — Que decepção. Esperava que uma turma de terceiro soubesse algo tão simples como distinguir um lobisomem.

Ele vagou os olhos pela sala, até parar nos gêmeos.

— Vocês dois. Imaginei que ao menos vocês saibam.

Canopus mordeu o interior de sua bochecha direita, contendo palavras nada gentis que queria dizer ao professor enquanto encarava-o friamente. Ajeitou sua postura e pousou as mãos sobre seu livro.

Aquela aula seria um verdadeiro teste para a sua não tão ínfima paciência.

— Poucos detalhes os diferenciam — respondeu com a voz firme. — Lobisomens quando transformados possuem um focinho mais curto e olhos menores que de um lobo comum, também costumam ter uma estatura e força um pouco maior. Mas a maior diferença está no comportamento.

— E saberia dizer esse comportamento?

— Agressividade na lua cheia — disse, sem hesitar. Precisou respirar fundo antes de continuar: — Lobos atacam humanos quando se sentem ameaçados. Lobisomens atacam pessoas em qualquer circunstância, mas raramente animais, a menos que seja preciso.

— Correto. Mais 2 pontos para a Sonserina pela respo…

— Isso se deve apenas ao instinto e porque durante a lua cheia eles não possuem consciência de suas ações na forma lupina — continuou, interrompendo o professor. — Podem se lembrar vagamente o que fizeram no dia seguinte, mas enquanto transformados não pensam em seus atos. O que não se estende ao resto do mês quando estão em sua forma comum, diferente de como muitos bruxos preconceituosos pensam. São pessoas como qualquer outra.

— É o suficiente, Black. Não me surpreende que você entre em defesa de monstros desse tipo.

— Não são monstros! São pessoas que estão doentes. A única diferença é que possuem licantropia.

— Basta, Black! Não quer perder os pontos que acaba de ganhar.

Canis se calou com uma feição irritada no rosto. A aula prosseguiu, e ele e o irmão não disseram mais uma única palavra, apenas ouvindo. Nada que Snape dizia era novidade para eles.

Sabiam tudo o que se poderia saber sobre lobisomens. Não só por conviverem com um, mas que, por consequência disso, eles pesquisaram muito sobre eles, principalmente quando tiveram acesso ao grande arsenal da biblioteca de Hogwarts no primeiro ano. Para tentar ajudar o pai, precisavam entender o que ele tinha.

Sabiam o que era a licantropia, como era transmitida, o que causava em seus portadores. Conheciam o comportamento de um lobisomem transformado, não só por pesquisa, mas também experiência própria — uma experiência que Remus sempre temeu repetir e se culparia eternamente por isso se acontecesse outra vez e ferisse seus meninos —, e histórias sobre ocorridos curiosos sobre eles.

Eram quase especialistas em lobisomens e faltava apenas um mês e mais alguns dias para completarem 14 anos.

— Ataques de lobisomem sempre deixam marcas em suas vítimas, mesmo fora da lua cheia — dizia Snape. — Qualquer arranhão feito por um licantropo deixará uma cicatriz. Por isso, recomendo distância deles em qualquer circunstância.

— Não é como se eles tivessem culpa disso… — murmurou Therion.

— Disse algo, Black?

— Não, professor — respondeu friamente.

Snape voltou a sua explicação e deixou muito claro seus pensamentos sobre os lobisomens ao longo dela. Foi muito difícil para eles conterem seus impulsos para não acabarem revelando mais do que deveriam rebatendo o que o professor dizia.

Ele pediu uma redação de dois rolos de pergaminho sobre como identificar e matar um lobisomem, a qual os garotos certamente não fariam. Ao fim da aula, foram os primeiros a se levantarem e sair da sala a passos duros, claramente enfurecidos.

Foram seguidos pelos amigos, que não entendiam a razão para estarem daquela maneira. Assim como também não entendiam a raiva em especial de Snape com Lupin.

— Snape nunca gostou de nenhum professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, mas ele parece realmente odiar o Prof. Lupin — comentou Hermione com uma clara irritação e indignação em sua voz — Isso é por causa do bicho-papão?

— Não — Therion respondeu num tom sério e frio. — É porque ele é um imbecil amargurado. E também por culpa do desgraçado do Sirius que quase acabou com a vida do nosso pai tentando ferir ele.

— Por causa daquela brincadeira idiota — ralhou Canis. — E ele ainda se dizia amigo dele, francamente...

— Que brincadeira? — Rony perguntou.

— Uma peça sem noção que o Sirius pregou no Snape quando estudavam, envolvendo o nosso pai, sem dizer a ele. Snape sempre pensou que ele estivesse envolvido, mas era tudo culpa daquele desgraçado que não sabia medir as consequências dos seus atos e não tinha a mínima consideração por ninguém além de si mesmo.

— E se não fosse por seu pai, Hazz, papai quem estaria encrencado e se daria mal nessa brincadeira, não Sirius. Ele quem o salvou disso.

— Meu pai?

— Pelo menos papai depois disso ficou dois anos sem olhar na cara daquele infeliz. Na próxima vez que ele invadir a escola, eu vou jogar uma maldição tão forte que ele vai se arrepender de ter vindo pra cá. Não vou deixar ele fazer ainda mais mal ao nosso pai.

— Te ajudo com prazer, Canis.

— Não estou entendendo nada.

— Não queira entender agora, Hazz.

Harry bufou. Não gostava de ficar sem entender o que estava acontecendo.

— Espero pelo menos que o Prof. Lupin melhore logo — desejou Rony. — Ele vai melhorar, não vai?

— O que ele tem afinal? — perguntou Merliah.

— Apenas um velho problema de saúde que o desestabiliza as vezes — respondeu Canis, amenizando o máximo possível para não deixar claro o problema. — Ele vai ficar bem.

***

Chegou o dia do primeiro jogo de quadribol da temporada. A Grifinória não jogaria mais contra a Sonserina, e sim contra a Lufa-Lufa, pois segundo o capitão, seu apanhador ainda não se recuperou 100% da lesão no braço.

Claro que essa foi uma ótima desculpa para escaparem do mau-tempo que aguardava o dia.

Na hora do jogo, o tempo estava realmente terrível. A chuva caía com força no campo, e os espectadores usavam capas ou guarda-chuvas. Era bem difícil para Harry enxergar alguma coisa com a água batendo em seus óculos.

Antes do jogo começar, os gêmeos Black o chamaram para desejar boa sorte. Canis aproveitou a chance e deu um toque nos óculos no rosto de Potter com sua varinha.

— Ia mesmo jogar sem impermeabilizar os óculos? — indagou desacreditado.

— Imper-o-quê?

— Esquece. Agora não vai ficar molhado e vai conseguir enxergar alguma coisa.

— Papai te desejou boa sorte — disse Therion. — Ele ainda está doente e não vai poder assistir ao jogo.

— Entendo, obrigado. Espero que ele melhore logo.

— HARRY, DEIXE DE PAPO E VENHA! — chamou Oliver Wood, o capitão da Grifinória.

— Já estou indo! — respondeu Potter e encarou os gêmeos. — Vou indo. Torçam por mim!

— Pode deixar — Canis sorriu. — Pegue aquele pomo. Quero jogar contra vocês na final.

— Boa sorte, Hazz! — desejou Therion e abraçou Harry.

— Obrigado. Vou dar o meu melhor!

Harry sorriu e entendeu correu até seu time.

Os gêmeos Black foram para a arquibancada, ficando junto de Liah e outros sonserinos. Os três usavam capas de chuva e observavam o campo ansiosos.

Logo Madame Hook apitou e deu-se início ao jogo.

A Grifinória parecia estar realmente empenhada em ganhar, com o espírito competitivo nas alturas. Os batedores, Fred e George Weasley, não tinham pena ao jogar os balaços contra os artilheiros lufanos. As artilheiras voavam pelo campo lutando pela posse da goles.

Katie Bell roubou a goles de um dos artilheiros da Lufa-Lufa e partiu em disparada para as balizas. Ela abriu o placar marcando o primeiro gol.

Os gêmeos comemoraram, gritando e aplaudindo.

— Vocês estão mesmo torcendo para a Grifinória? — perguntou uma voz arrastada e fria atrás deles.

Canopus exibiu seu melhor sorriso sarcástico ao encontrar os olhos claros de Malfoy.

— Não, estou comemorando o gol da Grifinória porque foi bonito mesmo — disse. — É claro que estamos. Não estamos jogando por sua culpa, então temos que torcer para alguém.

— E um de nossos melhores amigos está na Grifinória, que além de tudo também foi a Casa do nosso pai, então vamos torcer sim. Fica quietinho aí cuidando desse seu machucado fajuto — falou o outro gêmeo em seguida.

— Se meu braço estivesse melhor, eu jogaria — rebateu Malfoy. — Quero que a Sonserina ganhe aquela Taça tanto quanto vocês.

— Já vai fazer... o quê? Três meses que você está com essa tipóia?

— Muito bem observado, Estrelinha. Aquele monstro com asas inutilizou meu braço por três meses! Sabe como isso é sofrido?

— Deixa de drama, Dragãozinho. E o Bicuço não é um monstro.

— Viu o que ele fez comigo?

— Deveria ter feito pior. Quem sabe assim você parasse de falar tanta besteira.

— Vai pro inferno, Canopus!

— Me mostre o caminho. Tenho certeza que você já tem um cantinho VIP te esperando por lá, Draquinho.

— Não me chame assim!

— Vocês brigam mais que meus pais, cruzes!  — resmungou Merliah, encarando os dois. — Será que podem parar de agir como um casal de velhos rabugentos e prestar atenção no jogo? Quase não dá para ouvir o narrador!

— O que disse?! — Canopus e Draco exclamaram juntos.

— Olha! A Grifinória marcou mais um! — disse ela, ignorando os dois.

Canopus deixou de discutir com Malfoy para voltar sua atenção para o jogo. Grifinória estava saindo na frente na partida, mas logo Lufa-Lufa começou a marcar bem na sua cola.

Harry apenas voava ao redor do campo tentando não ser acertado por um balaço, à procura do pomo de ouro.

— Onde está aquele maldito pomo? — Therion bradou irritado. O placar estava 50 a 40 para a Grifinória.

Lufa-lufa então marcou mais um ponto, e o trio xingou alto. Falaram tantos palavrões durante aquela partida, que Remus ficaria horrorizado e lavaria a boca dos três com sabão.

— JOGA ESSE BALAÇO DIREITO, WEASLEY! — a menina gritou depois de ver um artilheiro desviar de um balaço jogado por George com facilidade.

— Parece que Diggory viu o pomo — apontou Canis, apontando para o garoto que subiu em disparada para o lago.

— VAI HARRY! — os gêmeos gritaram em uníssono.

Potter partiu logo atrás do lufano atrás do pomo, que estava há uns bons metros de altura do campo. Ele esticou sua mão, e embaixo, na arquibancada, os Black observaram a cena aflitos.

Foi então que eles viram formas escuras encapuzadas no céu.

— Merda… — xingou Therion.

— Dementadores.

— Harry está caindo!

A maioria das pessoas não percebeu, mas Harry foi atacado por um dos dementadores e desmaiou, assim como no trem. Diggory pegou o pomo enquanto ele despencava no ar, sem notar o ocorrido, sendo ovacionado por gritos de comemoração dos lufanos.

Até que todos perceberam o que estava acontecendo, incluindo o diretor. Dumbledore saiu de onde estava parecendo furioso, jogando um feitiço que fez Harry desacelerar na queda e conjurando um patrono para afastar os dementadores.

Os gêmeos saíram da arquibancada alvoroçados, preocupados com o amigo.

O diretor não deixou que ninguém se aproximasse e levou ele mesmo o garoto até a ala hospitalar.

Quando Harry acordou na ala hospitalar da escola, havia um grande número de pessoas ao seu redor. Ele nem teve tempo de dizer algo antes de Therion jogar-se sobre ele ao vê-lo acordar.

Potter estava bastante atordoado e levou um tempo para raciocinar direito, mas a primeira coisa em que seus olhos focaram foram nas orbes azuladas de Black, que o encarava com um imenso alívio.

— Ainda bem que acordou!

— O que aconteceu? — perguntou sentando-se rapidamente e ficando tonto. Os irmãos Black seguraram-no pelos ombros, preocupados.

— Você caiu da vassoura — respondeu Fred. — Despencou por uns… doze metros?

— Quinze — corrigiu George.

— Pensamos que tivesse morrido! — exclamou uma das artilheiras do time.

Todo o time de quadribol — com exceção do capitão —, além de Rony, Hermione, Merliah e os gêmeos Black, estavam lá. Os jogadores estavam completamente sujos de lama e pálidos de preocupação. Hermione tinha os olhos vermelhos de tanto chorar preocupada com o amigo.

— Mas… E o jogo?

— Você podia ter morrido e está preocupado com o jogo? — indagou Therion num tom esganiçado de indignação e preocupação. — Só pode tá de brincadeira, Potter!

— E então? Perdemos?

Therion revirou os olhos.

— Cedric pegou o pomo — Merliah quem respondeu, parada ao lado dos gêmeos Weasley.

— Ele não percebeu o que tinha acontecido. Quando te viu até tentou dizer para fazer um novo jogo. Mas foi uma vitória justa — contou Angelina Johnson.

— Até Wood admite isso, o que eu acho uma grande bobagem — disse Canopus. — Eram dementadores! Deveriam remarcar o jogo.

— Onde está Oliver?

— No banho — disse Fred. — Provavelmente tentando se afogar no chuveiro.

— Isso é fisicamente impossível — falou Liah.

— As leis da física não se aplicam ao mundo bruxo, minha querida — rebateu George.

— Mas acho que existem limites para isso. E "minha querida" é sua mãe!

— Nunca duvide de um Oliver chateado com uma derrota no quadribol.

Harry choramingou, abaixando a cabeça. Tinha sido sua culpa.

— Você nunca perdeu um pomo!

— Tinha que ter uma primeira vez, Fred — disse George.

— Vamos perder a taça por minha culpa.

— Não foi sua culpa, Harry — consolou Rony — Foram aqueles dementadores! Você com certeza pegaria o pomo se não fosse por eles.

— Mas eles me afetam mais do que os outros. Ninguém mais desmaia!

— Nós dois também desmaiamos no trem, esqueceu? — lembrou Canis.

— Verdade… Mas ainda assim...

— Mas nem tudo está perdido — começou Fred. — Perdemos por 150 pontos. Se a Lufa-Lufa perder para a Corvinal, e vencermos Corvinal e Sonserina…

— Vocês não vão vencer a Sonserina — retrucou Therion.

— Lufa-lufa teria que perder por uns 250 pontos para vocês terem o mínimo de chance — falou Merliah depois de fazer os cálculos mentalmente.

— Eles não tem chance contra a Corvinal. Mas se a Sonserina perder para a Lufa-Lufa...

Os sonserinos presentes gargalharam.

— Nós não vamos perder, Fred — garantiu Canopus.

— Tudo é uma questão de pontos. Nós ainda podemos levar a Taça da Copa entre Casas.

— Vocês podem se garantir com a Corvinal, mas só em seus sonhos ganharão da Sonserina — Liah rebateu com um sorriso presunçoso no rosto.

— Já estamos sonhando, e esse sonho se tornará realidade — retrucou George.

— Melhor manter os pezinhos bem firmes no chão, Weasley. Quanto mais alto for, maior será o tombo.

— Eu já desci da vassoura há umas três horas, então meus pés estão sim bem firmes no chão, Merliah.

— Vocês serão massacrados se jogarem contra nós.

— Não era para tentarem fazer eu me sentir melhor? — questionou Harry. — Isso não está me animando tanto.

Os Black riram, ambos abraçando o garoto pelos ombros.

— Estamos sendo realistas nesse pequeno ponto, me desculpe — disse Therion com um leve sorriso.

— Nós estávamos tentando te animar com nossas chances ainda existentes, eles que não estão ajudando — reclamou Fred.

— Culpa desse enorme orgulho e ego inflado dos Sonserinos. Sempre acabando com nossa alegr… AU! — dizia George, até receber uma forte cotovelada no estômago da garota ao lado. Curvou-se com dor, cobrindo a barriga com os braços.

— Nós sonserinos somos os orgulhosos, hm? Falaram os leõezinhos indefesos.

— Você é forte — o ruivo disse num gemido dolorido e sem fôlego.

Harry não conteve uma risada, sendo acompanhado por Rony — que adorou ver o irmão assim — e os gêmeos Black.

— Essa é nossa artilheira que nos levará a vitória — Canis disse com um sorriso orgulhoso no rosto.

— Não se preocupe, Hazz. Estaremos torcendo por vocês quando jogarem contra a Corvinal — Therion falou em seguida. — Depois os massacramos na final.

— Muito reconfortante, Therry.

— Amigos são pra isso.

— Alguém apanhou minha vassoura quando caí?

Todos ficaram em silêncio de repente, desviando os olhares, alguns coçando a nuca. Harry olhou para Therion e viu ele morder o lábio, com o olhar fixo em algum ponto longe. Ele só fazia isso quando ficava nervoso.

— O que aconteceu com a minha Nimbus? — perguntou, já esperando o pior.

— O Salgueiro Lutador — o garoto respondeu, sem jeito.

— Ela caiu perto dele e… Você sabe como é — continuou Rony, tirando de um saco os restos do que um dia foi a vassoura de Harry.

Potter quase chorou ao ver o estado de sua amada Nimbus 2000. Restou apenas gravetos quebrados em vários pedaços.

— Pelo menos você ainda está inteiro — Hermione tentou consolá-lo.

Ele jogou-se deitado na cama, choramingando.

Logo chegou Madame Pomfrey para expulsar todo mundo e mandar deixarem Harry em paz. Eles foram forçados a sair, voltando a discutir sobre as chances de quem venceria entre Grifinória e Sonserina, ambos confiando demais na própria capacidade.

A discussão rendeu por bons minutos até o time da Grifinória resolver ir enfim tomar um banho e se livrar de toda a lama.

Mais tarde, depois do jantar, Therion voltou a ala hospitalar para ver Harry, que ficou muito feliz com sua visita. Eles ficaram ali conversando, e Black até mesmo levou uma grande barra de chocolate para ele.

Enquanto isso, Canis ficou na comunal com Merliah para fazer seus deveres. Ele fazia seu dever de Runas Antigas, já ela, a redação de DCAT que Snape pediu.

— Não vai mesmo fazer a redação do Snape? — perguntou Liah.

— Não vou me prestar a isso e gastar meu tempo — respondeu ríspido, molhando a pena no tinteiro e voltando a escrever no pergaminho. — Se eu fosse você, não faria também.

— Eu não vou deixar de fazer nenhuma tarefa. Além de que a pesquisa está sendo bastante interessante — retrucou. — As lendas do mundo trouxa sobre lobisomens são bem diferentes. O avô da minha mãe contava que quando o sétimo filho depois de seis mulheres nascia um homem, ele era um lobisomem.

— Tá brincando? — Canopus gargalhou. — De onde tiraram essa bobagem?

— Não faço ideia, mas é uma lenda bastante popular. E dizia que ele se transformava em toda lua cheia. Isso pelo menos é verdade.

— E devo acrescentar que a transformação é bastante dolorosa. Mas diferente do que muitos dizem, nem todos os lobisomens são ruins. São só pessoas, como nós.

— Nunca ouvi tanta bobagem em toda a minha vida — comentou Draco, sentado próximo a eles fazendo sua própria tarefa de Runas Antigas.

— Ao que exatamente está se referindo, Dragãozinho inxerido que ninguém chamou na conversa?

— Um lobisomem está longe de ser como nós. São monstros cruéis e impiedosos, seja lua cheia ou não.

Canopus revirou os olhos, já habituado com aquele discurso preconceituoso contra lobisomens. Sabia que o pai ouvia muito aquilo e era esse pensamento da sociedade bruxa que o impedia de arranjar um emprego decente que pagasse um salário justo.

— Não me surpreende que pense assim sobre esse assunto, Malfoy. Você não passa de um babaca estúpido e preconceituoso.

— Estou apenas dizendo a verdade. Não se pode confiar em um lobisomem. Ele pode atacar qualquer um que estiver na sua frente e transmitir essa coisa.

— Um licantropo na lua cheia é bem diferente de sua forma fora dela. É uma pessoa como qualquer outra que apenas uma vez no mês se transforma em algo que não pode controlar. Pelo resto do mês eles podem ser uma pessoa de bem que querem apenas ter uma vida normal.

— Não existe normalidade para essa gente! Meu pai diz que todos deveriam ser exterminados e não merecem viver entre os bruxos.

— Exterminados?! — berrou Canis, alterado. A raiva o consumiu e ele se colocou de pé, batendo na mesa onde estavam sentados fazendo as tarefas. — Que culpa eles têm de serem assim? Muitos deles sofrem por terem contraído licantropia! São pessoas que estão doentes. A Poção de Acônito já foi um grande avanço e com mais estudo quem sabe haja uma cura algum dia. Mas eles merecem viver tanto quanto você!

— Isso é besteira. Não deveria defender tanto esses monstros.

— Monstros? Escuta aqui, Dragãozinho estúpido…

— Sou todo ouvidos, Estrelinha! — provocou Malfoy, cruzando os braços e voltando um olhar frio e prepotente para Black. — O que mais tem a dizer o defensor dos lobisomens?

— Continuaria pensando o mesmo se você fosse mordido por um lobisomem? O que faria se você tivesse licantropia?

— Eu preferiria morrer a viver como um lobisomem. Me jogaria da Torre de Astronomia sem pensar duas vezes.

— Você é realmente um imbecil estúpido, Malfoy!

— Está bravinho por quê, Black?

— Porque pessoas como VOCÊ me irritam — disse Canopus apontando para o loiro.

Draco riu com escárnio e se levantou também, caminhando na direção de Black.

— Pessoas como eu?

— Exatamente. Pessoas estúpidas e preconceituosas que acham que o mundo gira em torno delas e tem que ser como elas querem, que apenas elas são perfeitas e sem defeitos — disse Canopus, avançando até ele.

— E você é perfeito, não? A estrelinha brilhante que defende todas as criaturas monstruosas. Você não é melhor que ninguém.

— Melhor que você, com certeza eu sou.

— Melhor que eu? Eu sou um Malfoy! — bradou Malfoy com orgulho.

— E eu sou um Black! Nossas famílias não definem quem é melhor e sim o caráter. Você vive se escorando no nome e dinheiro do seu pai, seguindo os preconceitos ordinários dele. Deveria procurar um exemplo melhor, Malfoy, e não um velho imbecil e preconceituoso que deveria estar em Azkaban tanto quanto Sirius Black!

— Não ouse falar do meu pai!

— Por que não? Não vivem jogando na minha cara tudo sobre o Sirius, você e seus amiguinhos? — rebateu Canopus furiosamente. — Inclusive, Malfoy, não sei se chamaria de amigos. Estão mais para seus cachorrinhos que te seguem para todo lado apenas por causa da sua posição que você tanto se gaba e usa para se sentir superior.

— Cala a boca, Black! Você não sabe do que está falando!

— Não?

Canopus riu, seus olhos brilhando em fúria enquanto encarava o loiro a sua frente. A raiva o consumia, deixando-o sem controle algum do que fazia e dizia.

— Não gosta de ouvir a verdade? Todo mundo apenas finge que gosta de você e te suporta porque senão sabem que o Dragãozinho vai correndo reclamar para o papai pra ele usar a posição e influência dele no Ministério para consolar e satisfazer as vontades do filhotinho dele — esbravejou. Várias pessoas na comunal pararam o que faziam apenas para observar a briga.

— Você não tem direito algum de falar sobre a minha família!

— Uma bela família, hm? Seu pai não foi um dos que alegaram estar sob influência da Imperius na Guerra Bruxa e usou seu nome e dinheiro para continuar livre? E ainda fala de mim por causa do Sirius.

— Pare agora ou eu…

— OU O QUÊ? Vai chamar o papai ex-comensal para resolver a briga? Não negue, você sabe que ele é tão ruim quanto aquele verme que nunca terei o gosto de chamar de pai, porque os dois se aliaram a um louco supremacista que matou pessoas como a minha mãe!

— Canopus, cale-se agora!

— NÃO! Quer brigar? Então venha e aguente!

Num instante, Canis apenas sentiu a forte dor em seu maxilar e cambaleou alguns passos para trás. Foi tão rápido que mal percebeu. Ele olhou na direção Draco, que respirava profundamente com um punho cerrado, o rosto pálido vermelho. Passou a língua por seus lábios e sentiu um gosto ferroso. Tocou sua boca e olhou para os dedos manchados pelo líquido vermelho.

Todos à volta estavam perplexos. Draco Malfoy havia acabado de dar um soco em Canopus Black.

Seguem-se instantes de silêncio, com os dois garotos apenas se encarando friamente. Canis apenas riu e sorriu provocativamente, passando a mão por seus cabelos.

— Belo soco. Pensei que nunca teria coragem.

— Agora estamos quites — retrucou Malfoy, referindo-se ao soco que o Black havia lhe dado no primeiro ano. — Volte a falar da minha família e farei pior.

— No dia que você salvar a minha vida estaremos quites, Malfoy — lembrou Canopus. — Entenda que você é apenas um idiota, mimado, sem noção alguma de uma coisinha simples chamada empatia. E a sua família é tão desgraçada quanto a em que eu nasci.

Malfoy pegou sua varinha e segurou-o pela gola da camisa, apertando a ponta da varinha contra seu pescoço. Canis manteve o olhar fixo nos olhos claros do outro, sem vacilar, a cara fechada, enquanto Draco trincava o maxilar e encarava-o com fúria.

— Cale a merda da boca — rosnou o loiro entredentes.

— Só quando você fizer o mesmo e parar de dizer tanta besteira — Black retrucou friamente, pegando a própria varinha no bolso e pressionando contra o peito de Malfoy. — Vai me atacar com a varinha agora? O que Therion fez com aquele Weasley não se compara ao que posso fazer com você.

— Você está esgotando minha paciência, Estrelinha.

— E você já esgotou a minha há muito tempo, Dragãozinho.

— Conseguiu fazer eu te odiar ainda mais.

— É recíproco — disse Canis e então baixou o olhar para a mão segurando sua gola. Sorriu de canto e voltou a encarar os olhos do outro, aproximando-se ainda mais dele.

Draco hesitou, vacilando o olhar e no aperto de sua varinha.

— E você está me segurando com a mão que supostamente deveria estar imobilizada — falou. Malfoy piscou confuso por alguns instantes até perceber a gafe que cometeu pelo impulso da raiva. — Parece que está curado.

Odeio você... — grunhiu baixo.

Canopus o empurrou com força para se afastar e soltá-lo, então pegando suas coisas sobre a mesa. Lançou um último olhar frio para Malfoy, agarrando seus materiais com força.

— E você não tem ideia do quanto eu realmente te odeio, Malfoy.

——————————

Olá, meus amores!
Tudo bem?

Treta rolando solta mais uma vez entre Draco e Canis. Já faz tempo que eu queria fazer o Draco devolver aquele soco do primeiro ano rsrs só estava esperando uma oportunidade.
Sei que tem Dranis shippers por aqui hehe (ou Stardragon também, achei bonitinho)
Aguardem que no próximo teremos mais desse enemies que a gente gosta

Esse terceiro ano está sendo bem movimentado! O que mais ainda vai acontecer?

Espero que tenham gostado! Não esqueçam de votar e comentar bastante. Adoro ver vários comentários de vocês ao longo dos capítulos, surto por cada um deles.

Até a próxima!
Beijinhos,
Bye bye 😘👋

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