VII. End is a just begin
As semanas passaram tão rápido que os alunos mal perceberam. Em um piscar de olhos, já havia chegado a época das provas finais.
Canopus e Therion empenharam-se em estudar muito para conseguirem boas notas. Passavam bastante tempo na biblioteca devorando livros, ou revisando anotações na sala comunal. Também trocaram muitas cartas com o pai, que dizia para não se preocuparem e que tinha certeza que eles iriam se sair bem nos exames.
No momento, os dois estavam no quarto se preparando para a prova de História da Magia. Canopus se encontrava deitado de ponta cabeça na cama, com apenas metade do corpo sobre o colchão e o tronco para fora. Therion estava junto dele na mesma cama, deitado de bruços, apoiado pelos cotovelos e balançando as pernas enquanto tinha um livro à sua frente.
Um de seus colegas de quarto, Blaise Zabini, estava com suas anotações no lado oposto do cômodo, também se preparando para as provas junto deles.
— Quem foi o primeiro Ministro da Magia britânico? — perguntou Therion.
— Ulick Gamp — respondeu Canopus.
— Correto. Blaise — voltou-se para o garoto na cama oposta — Quando Gamp foi nomeado?
— 1707, ano em que também foi formado o Ministério da Magia. Isso é fácil demais.
— É a partir do mais fácil que se aprende o mais difícil, Zabini. Nunca subestime as questões mais simples.
— Manda mais uma, Therry.
— O que antecedeu o Ministério da Magia?
— Conselho dos Bruxos.
Prosseguiram com as perguntas. Logo Theodore Nott entrou no quarto e jogou-se em sua cama, se unindo ao joguinho de perguntas dos gêmeos para estudar o assunto do exame que teriam no dia seguinte.
Canopus permaneceu em sua posição, observando todo o quarto ao contrário e sentindo o sangue descer até a cabeça enquanto respondia todas as perguntas.
— Quando foi instaurado o Estatuto Internacional de Sigilo em Magia?
— Er… Essa me pegou. 1700?
— 1692 — Draco quem corrigiu ao que entrava no quarto com os cabelos molhados após o banho, vestido em seu pijama de seda verde. — Vai acabar quebrando o pescoço desse jeito, Black.
— Dispenso suas preocupações, Malfoy. E a pergunta era pra mim.
— Você errou.
— Não importa.
— Errando coisas tão simples, vai tirar uma péssima nota.
— Ninguém te perguntou nada, Dragãozinho metido. Minha nota vai ser maior que a sua.
— Duvido muito — rebateu presunçoso.
— Pode duvidar, Malfoy. Terei o imenso prazer de esfregar minha nota máxima nessa sua carinha arrogante antes de poder tirar férias de vocês três e ter paz.
— Ei! — Nott reclamou.
Os gêmeos riram. Quando Draco foi passar para sua cama, Canopus esticou o braço propositalmente, o que o fez tropeçar e cair.
Blaise e Theodore riram, mas logo pararam ao receber um olhar mortal do garoto, que se sentava no chão. Levaram a mão à boca e tentaram conter os risos que queriam escapar, enquanto os Black continuavam rindo.
Canopus riu tanto que acabou escorregando pelo colchão e caiu de cabeça no chão. Os outros quatro não contiveram a risada, e ele fez uma careta de dor e levou a mão ao topo da cabeça, ainda no chão. Aquilo havia doído.
— Bem feito, Therion — Malfoy disse e chutou-o de leve no braço ainda sentado.
— Eu sou o Canopus — corrigiu e empurrou o pé garoto.
— Ah… Tanto faz. — Ele desviou o olhar.
— Deveria reconhecer quem salvou sua vida, Malfoy — disse em tom de zoação.
— Cala a boca, Black — retrucou o loiro e pulou para sua cama.
— Levanta, Canis. Vamos continuar.
— Acho que vou continuar aqui. Se eu levantar com certeza vou cair de novo.
Therion riu e continuou com as perguntas.
No dia seguinte, eles fizeram a prova. Assim se seguiu pelo resto da semana. Todos os alunos estavam ansiosos para poderem voltar para casa nas férias e contar para suas famílias suas aventuras no castelo, além do já dito nas cartas.
Canopus sabia que receberia uma grande bronca do pai por não revelar em nenhuma carta sua nova cicatriz no braço direito, resultado do arranhão que ganhou das garras do lobo na floresta meses antes, quando tentou impedir Malfoy de virar picadinho de dragão para os lobinhos da alcatéia. Remus era extremamente protetor, e um mísero arranhão em seus meninos era motivo de alarde.
E ele e Therion poderiam contar sobre como estavam se aproximando de Harry, o filho de seu falecido amigo James.
Por falar no menino-que-sobreviveu, o ano letivo dele terminou bastante agitado. Ele e os dois amigos grifinórios foram atrás da Pedra Filosofal e as coisas não acabaram exatamente bem.
Harry ficou desacordado durante três dias.
— Deveria ter deixado nós irmos junto — Therion disse, parado ao lado da cama do garoto de olhos verdes na ala hospitalar. — Eu teria acabado aquele xadrez bruxo em menos de dez movimentos.
Rony e Hermione haviam acabado de deixar o local após conversarem com Harry. Os gêmeos se aproximaram logo em seguida para ver como ele estava.
Ao lado da cama, havia vários doces que ganhara de presente.
— Rony foi muito bem. Ele é ótimo em xadrez.
— Você realmente queimou as mãos derretendo o Você-Sabe-Quem na cabeça do Quirrel com um simples toque? Isso é bizarro! — perguntou Canis com uma expressão de descrença olhando para as mãos enfaixadas de Harry.
— Dumbledore disse que tinha algo a ver com a proteção que minha mãe fez para mim quando morreu — explicou, também parecendo não entender direito o que havia acontecido. — Deveria ser segredo, então não contem a ninguém.
— Pode deixar. Somos ótimos em guardar segredo.
— Mas você está bem, não está?
— Estou ótimo.
— Temos uma coisinha para você — Therion disse e sorriu.
O gêmeo mais novo entregou um grande álbum em capa dura. Quando Potter abriu, encontrou várias fotos e recortes que se movimentavam. Sorrindo para ele, estava uma foto de sua mãe. O garoto olhava para a imagem paralisado.
Um sorriso bobo surgiu por entre os lábios de Harry depois de alguns instantes absorvendo tudo, e os olhos verdes voltaram-se para os garotos.
— Nós e Hagrid enviamos algumas corujas para velhos amigos dos seus pais para reunir fotos deles, já que você não tinha nenhuma — explicou Canopus.
— Muitas fotos nós pedimos ao nosso pai. Ele ficou feliz em poder compartilhá-las com você.
— Ele os conhecia mesmo? — perguntou, sabendo que eles se referiam ao pai adotivo.
— Conhecia. Seu pai foi um grande amigo dele.
— Obrigado — Potter agradeceu. — Obrigado mesmo.
— Não precisa agradecer — disse Canis.
— Nós não temos muitas fotos da nossa mãe. Gostaríamos que fizessem isso por nós se pudessem.
Harry sorriu sincero para eles. Aquele certamente fora o melhor presente que havia recebido na vida, muito melhor que a capa de invisibilidade que ganhara no Natal de Dumbledore, a qual na verdade havia pertencido ao seu pai. Ter algo de seus pais era tudo o que ele mais queria na vida.
Nunca agradeceria o suficiente por isso a eles. Guardaria aquele gesto com um imenso carinho até o fim de seus dias.
— Espero que possamos trocar cartas nas férias — disse Therion.
— Vou tentar manter contato.
— Depois de amanhã, enfim poderemos voltar para casa.
— Estou ansioso para chegar em casa.
— É… Voltar para casa...
Toda a alegria fugiu dos olhos de Harry ao ser lembrado que voltaria para casa em poucos dias. Os Black não entenderam o motivo, mas ele também não quis dizer com detalhes o porquê. Não sabia de nem metade da vida dele no mundo trouxa.
No dia seguinte, chegou o último dia em Hogwarts, e um grande banquete de despedida foi feito. O diretor fez todos os agradecimentos finais e anúncios de encerramento do ano letivo.
E assim chegou a hora de anunciar a pontuação final das casas.
— Em quarto lugar, Grifinória com 312 pontos — declarou Dumbledore — Em terceiro, Lufa-Lufa, com 352 pontos; Corvinal, com 422.
A mesa da Sonserina imediatamente se alegrou.
— E em primeiro, Sonserina, com 472 pontos.
A mesa irrompeu em gritos e aplausos. Therion e Canopus assobiaram alto em meio a bagunça e abraçaram Merliah, os três pulando juntos e rodando em alegria pela vitória. A festa feita pelos sonserinos ecoava por todo o salão, e as outras mesas observavam não muito felizes, com palmas fracas.
Os Black até mesmo abraçaram dois de seus colegas de quarto, Blaise e Theodore, para comemorar. Só não o fizeram com o terceiro companheiro de dormitório por motivos óbvios.
Infelizmente, essa alegria não durou muito.
— Parabéns, senhores sonserinos. No entanto, temos que levar em consideração os eventos recentes.
A sala mergulhou num silêncio profundo instantaneamente, e os alunos que comemoravam encararam o diretor sem entender.
— Tenho alguns pontos de última hora para computar.
— E isso vale? — Merliah perguntou aos amigos num sussurro — Por que não computou logo antes?
— Não sei — Therion respondeu sem entender.
Eles ouviram o diretor computar mais 160 pontos para a Grifinória, colocando-a à frente da Sonserina. Cinquenta para Harry e cada um dos amigos e mais dez para Neville Longbottom.
Enquanto os grifinórios comemoravam e faziam a festa, os sonserinos encararam a cena com expressões de descrença e indignação. Logo começaram a reclamar entre si sobre o quanto achavam a situação injusta.
— Esse velho só pode estar biruta!
— Não é justo!
— Computador 160 pontos de última hora? Precisava esperar agora pra isso?
— Isso foi uma humilhação! — reclamou Merliah, de braços cruzados e cara fechada. — Eu já contei da gincana na minha antiga escola que roubaram na cara dura? Vou mandar o Bastet arranhar as roupas daquele velho!
Quando os ânimos se acalmaram, o banquete continuou. Todos os alunos foram mandados para seus dormitórios para se prepararem para a partida no dia seguinte.
Foi a última noite daquele ano letivo dos garotos no quarto, e eles não poderiam estar mais felizes por isso. Ao amanhecer, eles foram os primeiros a acordar e não puderam deixar de fazer uma última travessura antes de ir.
Deixaram todo o piso do quarto e dos corredores escorregadios e diminuíram os malões de seus companheiros e esconderam em um dos armários. Uma última brincadeirinha leve.
Observaram rindo das escadas os sonserinos saindo de seus quartos e escorregando direto para o chão um sobre os outros. Até fariam o mesmo com a escada, mas não queriam acabar ferindo alguém gravemente.
— BLACK! — vários alunos gritaram em uníssono, incluindo Malfoy, Zabini e Nott no quarto.
Os gêmeos caíram na gargalhada e desceram as escadas correndo com seus malões. Receberam olhares mortais de todos os garotos de sua casa enquanto iam para a estação de trem.
Caminhavam ao lado da melhor amiga, que puxava sua mala enquanto seu gato, Bastet, estava deitado tranquilamente sobre ela lambendo suas patas. Combinavam de trocar muitas cartas durante as férias e de quem sabe um dia os garotos visitarem a loja de sua família na Londres trouxa.
Embarcaram no Expresso de Hogwarts junto com Harry, Rony e Hermione e conversaram por todo o caminho, comendo os chocolates dos gêmeos e alguns doces que compraram no caminho.
Quando todos desceram na plataforma 9¾, um guarda bem melhor os aguardava e deixava pequenos grupos atravessarem para o lado trouxa da estação. Muitos que passavam falavam com Harry para se despedir, deixando-o sem jeito por ainda não estar acostumado com a fama.
Os dois trios passam um atrás do outro pela parede e saem por entre os trouxas na estação King's Cross. As famílias já aguardavam os alunos e os levavam de volta para casa.
A irmãzinha de Rony começou a apontar para eles agitada e o ruivo choramingou, pois ela estava daquela forma por ver o famoso Harry Potter. A mãe a repreendeu rapidamente por isso, enquanto eles se aproximavam.
Merliah correu até um senhor de cabelos grisalhos em vestes trouxas, e abraçou-o com força, quase derrubando o pobre velho no chão. Ele retribuiu com a mesma intensidade e beijou sua testa.
Os gêmeos Black olharam ao redor, mas não avistaram Remus em nenhum lugar por perto. Apertaram as alças dos malões, apreensivos, enquanto viam os outros alunos com suas famílias.
— Obrigado pelo suéter e os chocolates no Natal, Sra. Weasley — Harry agradeceu a mulher junto da menininha ruiva.
— De nada, querido. Espero que tenha gostado — disse e olhou para os Black. — Oh, olá, meninos. São amigos do Ron também?
— Mais ou menos, mamãe — Ron quem respondeu, coçando a nuca.
— Olá, Sra. Weasley — eles disseram em uníssono.
— Acho que podemos dizer que Ron não se dá muito bem com sonserinos — provocou Canopus e viu o garoto ficar tão vermelho quanto o seu cabelo. — Canopus Black.
— Therion Black — o outro gêmeo se apresentou.
A expressão surpresa que passou pelo rosto da mulher por um milissegundo não passou despercebida pelos gêmeos. Eles forçaram sorrisos leves, já acostumados com isso. Porém, a Sra. Weasley logo sorriu com uma imensa doçura em sua direção.
— É um prazer conhecê-los, queridos.
— Está pronto, garoto?
Um homem com uma carranca no rosto se aproximou. Harry olhou para ele.
— Sim, Tio Valter.
— Vamos logo, menino! Não temos o dia todo.
Ele se afastou e Harry suspirou.
— Nos vemos durante as férias então.
— Espero que… Tenha boas férias, Harry — disse Hermione, observando o tio de Potter se afastar. Ele tinha uma cara assustadora.
— Claro que sim — Harry sorriu maroto, deixando todos curiosos com a felicidade repentina com as férias em casa. — Eles não sabem que não posso fazer magia em casa. Vou me divertir bastante com o Duda neste verão.
Canopus e Therion riram, com sorrisos travessos no rosto, e pousaram suas mãos nos ombros de Harry.
— É assim que se fala, Mini Prongs! — Therion falou.
— Nos mande uma coruja contando sobre o divertido verão com seu primo.
— Pode deixar. Tchau!
Eles se despediram e Potter se afastou, correndo até os tios e o primo, que o aguardavam na saída da estação.
Hermione se despediu e foi até os pais. Merliah abraçou os gêmeos e acenou para Rony antes de também ir embora, junto de seu avô, que havia ido buscá-la já que os pais estavam ocupados trabalhando.
Fred, George e Percy Weasley saíram pela parede pouco depois e cumprimentaram a mãe e a irmãzinha. Os Black suspiraram ao não ver o pai ainda.
Então, poucos instantes depois, avistaram Remus caminhando às pressas em sua direção. Eles largaram as malas para trás para correr e jogar-se nos braços do homem, que ajoelha-se no chão e aperta-os com força. Deixa vários beijos pelos rostos dos meninos, fazendo-os rir.
— Senti tanta falta de vocês — disse — Desculpa, desculpa! Por favor, me perdoem por demorar. Eu não queria deixar vocês esperando muito… Por Merlin! Me perdoem mesmo.
Lupin se desculpava desesperado enquanto abraçava os filhos. Realmente não queria ter demorado e se culpava demais por já não estar a espera para recebê-los quando saíssem do expresso depois de seu primeiro ano em Hogwarts.
— Está tudo bem, pai — Canis tranquilizou-o.
— Nem demorou tanto assim.
— Merlin… Desculpa mesmo.
— O senhor está bem? — Therion olhou-o preocupado.
Remus possuía uma aparência cansada e alguns curativos no rosto. Haviam se passado alguns dias da última lua cheia, e ele havia dito em uma carta que estaria procurando outra casa porque já começaram a desconfiar outra vez. Era o que andava fazendo por toda a última semana, para que seus filhos tivessem um lar para o qual voltar, sem risco de perguntas dos vizinhos pelo pai sumir nas últimas luas cheias e os uivos que ouviram próximo nesses períodos.
Por essa razão se atrasou. Tem sido difícil encontrar outra casa e um novo emprego. E não passou despercebido pelos meninos que ele havia chorado na noite anterior. Mas ele fez de tudo para suas estrelas terem uma casa quando fosse buscá-los.
— Estou ótimo — respondeu.
Claramente era uma mentira, mas tinha sua ponta de verdade. Ver seus filhos bem sempre melhorava seu ânimo. O fazia sentir- se bem. Dizia a si mesmo que estava fazendo um bom trabalho como pai.
— E o que dizem sobre o fim do primeiro ano em Hogwarts?
Os gêmeos sorriram de canto, encarando o pai. Disseram em uníssono:
— Malfeito feito.
***
Chegou Agosto de 1992. Compras para o segundo ano em Hogwarts, e novamente Lupin e os filhos estavam no Beco Diagonal.
As férias estavam sendo divertidas. Diversas vezes os gêmeos praticaram feitiços escondidos do pai — e receberam muitas broncas quando foram descobertos — e trocaram muitas cartas com os amigos, principalmente com Merliah. Infelizmente, já faz muito tempo que Harry não respondia uma carta, mas pelo menos puderam falar com ele no início das férias.
Combinaram com a melhor amiga por carta para irem fazer as compras no mesmo dia, para poderem se ver. Eles a encontraram junto da mãe no meio do caminho para a parte norte do Beco.
Os garotos largaram as mãos de Remus para correrem até ela, fazendo-o correr atrás para não perdê-los em meio às pessoas que caminhavam pelas ruelas.
— Quantas vezes eu já falei para não se afastarem assim de mim? — repreendeu-os.
Eles o ignoraram para abraçar a amiga e levantá-la do chão.
— Também senti falta de vocês — ela disse rindo. — Mamãe, esses são meus amigos da escola que eu falei.
— Olá, meninos.
— Olá, Sra. Stuart.
Tanto os gêmeos quanto Remus cumprimentaram a mulher de volta. A Sra. Stuart tinha uma aparência incrivelmente jovial, com longos cabelos loiros, pele bronzeada e um sorriso gentil no rosto em seu vestido rodado verde. Os meninos se surpreenderam com a semelhança entre ela e a filha, quase como irmãs.
Merliah não estava exagerando quando comentou que sua mãe era jovem.
— Olá, Sr. Lupin. Fico feliz em finalmente conhecê-lo, os meninos sempre falam muito do senhor — a garota disse com uma feição meiga e sorriso fofo.
Canopus e Therion sorriram de canto, pois sabiam que toda aquela fofura enganava a todos, mas que poderia se desmanchar em um segundo e se transformar em um verdadeiro demônio. Ela era quase uma veela.
— Eles também falaram muito de você. Merliah, certo?
Ela assentiu.
— Não se engane com esse rostinho bonito, papai — disse Canopus.
— Ela é pior que um bicho-papão.
— Eu li sobre algumas azarações novas e adoraria testar em vocês se não calarem a boca.
— Não disse?
Eles acabaram seguindo juntos em direção ao norte, até a Floreios e Borrões para comprar novos livros. O trio ia na frente, com Merliah no meio com os braços enganchados nos dos garotos, e os pais seguiam logo atrás apenas observando eles conversarem e discutirem por todo o caminho.
Já na entrada da loja, eles puderam ouvir a confusão rolar solta no lado de dentro. Entraram no estabelecimento e encontraram dois homens discutindo, chegando bem a tempo de ver o senhor ruivo dar um soco na cara do homem de longos cabelos platinados.
— Chegamos em boa hora — comentou a Sra. Stuart com riso contido. — O mundo bruxo é mais animado do que eu imaginava.
— Ali não é o Malfoy? — Canopus apontou para o garoto que observava a cena, aterrorizado.
— Sim. E os Weasley logo ali. O ruivo deve ser o Sr. Weasley — notou Therion.
— A Barbie com certeza deve ser o pai do Malfoy — Merliah disse, enquanto os cinco caminhavam devagar até onde algumas pessoas observavam a briga, tentando não serem acertados.
— Barbie? — os gêmeos a encararam confusos.
— É uma boneca trouxa. Mostro a minha para vocês depois.
A briga estava bem feia. O Sr. Weasley sabia muito bem como usar os punhos e batia no homem sem dó.
— Rony — Canopus chamou e correu até ele com Therion e Merliah — É o seu pai?
— Sim. O Sr. Malfoy disse algumas coisas não muito legais sobre a minha família.
— VAI, PAPAI! BATE NELE! BATE NELE! — Fred e George colocam mais lenha na fogueira, incentivando o pai.
— ISSO AÍ, SR. WEASLEY!
— Therion! — Remus o repreendeu.
— O que foi, papai? Ele está ganhando!
— VAI COM TUDO, SR. WEASLEY! — Canopus gritou.
— PAPAI! — Draco chamava pelo pai, em vão, pois ele estava muito ocupado apanhando e tentando revidar.
— ARTHUR WEASLEY! — Sra. Weasley repreendia o marido.
— Molly! O que houve?
— Remus, querido! Quanto tempo não o vejo — ela sorriu de forma doce. — Houve uma pequena desavença entre meu marido e o Lucius. ARTHUR, PARE JÁ COM ISSO!
— CONTINUA, PAPAI! — Fred gritou logo em seguida.
— PEGA ELE! — George continuou a incentivar o pai junto do irmão gêmeo.
— Arthur! — Lupin tentou chamá-lo.
Arthur continuou batendo e xingando Lucius Malfoy de todos os nomes possíveis e inimagináveis, enquanto o outro revidava.
Quando mais pessoas começaram a se juntar para ver a cena, Merliah subiu nas costas de Therion para poder ver melhor a briga em meio à multidão, e o garoto segurou-a com firmeza. Sua mãe deu-lhe algumas balas que guardava em sua bolsa e as duas começaram a comer enquanto assistiam como se estivessem vendo uma luta de boxe na televisão.
— Merlin… PAPAI!
— Parece que você puxou do seu pai a habilidade de falar merda e apanhar, hein Malfoy? — caçoou Canopus.
— Calado, Black. PAPAI, VAMOS EMBORA!
— Pelo jeito, acho que vocês vão embora para o St. Mungus — riu Therion, enquanto ainda sustentava Merliah em suas costas.
— E o Weasley para Azkaban como o seu pai por atacá-lo!
— O meu pai está bem ali, idiota — o gêmeo mais velho vociferou.
— O das cicatrizes? É sério?
— Uma palavrinha sobre ele, e eu te jogo naquela floresta para aquele lobo terminar o que começou.
— Está me ameaçando, Black?
— O que você acha?
— Não precisa ficar bravinho. Ele nem é seu pai de verdade.
— Liah, desce rapidinho, por favor.
Therion deixou a amiga no chão sob protestos e segurou Malfoy pelo colarinho da roupa junto do irmão, ambos com olhares mortais direcionados ao garoto. Draco não vacilou, encarando-os com a mesma fúria.
Harry, que até então estava ao lado de Ginny, a caçula dos Weasley, tentou acalmar a situação.
— Hey, não vamos brigar também. A loja já está bem movimentada.
— Ele é muito mais pai para nós do que aquele verme sujo em Azkaban que tanto insistem lembrar nosso parentesco — Therion disse irritado, ignorando Potter.
— E se você ousar falar um "a" sobre ele, vai sair daqui pior que o seu pai — Canopus completou.
— Por Merlin, vocês também, não. Venham aqui. — Remus parou de tentar apartar a briga com Molly e puxou os filhos para longe de Draco ao vê-los quase partir para cima do garoto.
— Mas pai, ele…
— Mas nada, Therion. Nada de brigas.
Os gêmeos bufaram.
Hagrid chegou e conseguiu separar a briga entre Arthur e Lucius. Malfoy estava com um olho rosto e sangue escorrendo do nariz, enquanto Weasley tinha apenas um filete de sangue saindo pelo canto da boca.
Lucius recompôs sua postura, com o mesmo ar superior e soberbo que o filho sempre demonstrava. Apoiou-se sobre sua bengala e direcionou o olhar para Draco.
— Vamos, Draco.
— Espero não precisar olhar na sua cara até setembro, Malfoy.
— Canis, pare.
— Digo o mesmo, Black — cuspiu Malfoy com escárnio e seguiu para junto do pai, que empurrou-o com a bengala para fora da loja apressadamente.
Os gêmeos cruzaram os braços ao mesmo tempo, em perfeita sincronia.
— Odeio esse garoto.
— Odiamos, Canis — Therion disse, compartilhando da raiva do irmão.
— Aff acabou a diversão — lamentou Merliah. — Queria ver mais alguns socos.
— Você é maluca — Harry comentou risonho ao ouvir a fala da garota.
— As melhores pessoas são assim. Não é, mamãe?
— Sim, querida. Exatamente.
Somente naquele momento, ao ouvir a voz de Potter, que os olhos de Lupin pousaram sobre ele. O ar faltou-lhe por alguns instantes ao visualizar ali próximo uma perfeita cópia de James Potter aos 12 anos, com exceção dos olhos, que eram extremamente verdes, como os de Lilian.
Nenhuma palavra saiu de sua boca no momento, atordoado demais para dizer algo.
— Veio com seus tios, Potter?
— Eles abominam magia, não viriam nem arrastados. Estou com os Weasley.
— Seu óculos está quebrado.
— Eu sei… — O garoto riu baixo, envergonhado, e deu de ombros.
— Por Merlin! Você é um bruxo, Harry.
— Eu já sei dis...
Therion segurou-o pelos ombros e colocou-o de frente para si de repente, deixando-o sem reação. Ele pegou sua varinha e agitou-a levemente em frente ao rosto de Harry enquanto dizia um feitiço.
Os óculos rapidamente se consertaram, em um passe de mágica — literalmente. O garoto riu e exibiu um sorriso largo ao perceber que estava inteiro e novinho em folha.
— Viu? É fácil.
— Obrigado.
Naquele momento, Remus sentiu-se num verdadeiro déjà vu, relembrando de quando James vivia quebrando os óculos em suas empreitadas pelo castelo. Ver Harry, que era tão parecido com James, perto de Therion, que, querendo ou não, lembrava muito Sirius, foi como ver seus dois amigos na juventude outra vez.
E perceber a amizade que existia entre Potter e os filhos aqueceu seu coração, ao mesmo tempo que doeu como uma facada. Eles poderiam ter convivido muito mais tempo juntos se Sirius não tivesse feito o que fez.
Merlin! Remus odiava Black por isso quase tanto quanto o amou um dia.
O destino ainda possuía muitas coisas guardadas para o futuro com relação àquelas crianças e o legado que carregavam de seus pais. Algumas muito boas, como o crescimento de laços tão fortes quanto aqueles que uniam os Marotos; outras… Nem tanto.
E um ano mais tarde, tudo começou a realmente acontecer, e ninguém estava preparado para isso.
______________________
Olá, meus amores!
Tudo bem?
A partir de agora as coisas vão ficar mais movimentadas e interessantes por aqui rsrs
Ansiosos?
Remus viu o Harry 🥺
Fiquei soft imaginando a cena
E o barraco rolou solto na Floreios e Borrões 🗣️🗣️🗣️
Sr. Weasley Supremacy!
Estão gostando? Não esqueçam de votar e comentar!
Em breve retorno com mais.
Até a próxima!
Beijinhos,
Bye bye 😘👋
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