To Get To You.
"Eu tenho corrido pela selva, eu tenho corrido com os lobos para chegar até você. Eu estive nas ruas mais sombrias, vi o lado escuro da lua para chegar até você."
C A P Í T U L O U M
As ruas de Sian estavam calmas naquele horário noturno. As famílias já estavam devidamente acolhidas em suas devidas casas, pontos comerciais fechados e o tráfego de automóveis era quase nulo.
A cidadela era extremamente tranquila para a maioria dos residentes, isso se baseando no notório investimento governamental nas áreas de lazer, saúde, educação e combate ao crime. O número de roubos ou mortes era baixíssimo na pacata cidade. O crime era quase uma lenda, tornando aquele o lugar perfeito para se viver em paz, pois o governo visava o bem estar de todos os seus cidadãos.
Hoseok soltou uma risada amarga enquanto assistia ao jornal local que transmitia a imagem da prefeita elegantemente vestida dando uma entrevista sobre as melhorias incessáveis para o seu povo.
— Os hospitais receberam mais cinquenta leitos que serão capazes de acolher com mais conforto nossos entes enfermos — respondeu, após ser questionada por um repórter a respeito da ameaça de falta de instalações necessárias no Hospital Geral. — Enquanto estiver no poder, estarei priorizando o conforto de todos.
— Engraçado, porque a gente que mora na periferia não 'tamo vendo essa prioridade toda — o rapaz resmungou sozinho.
Tudo o que fazia era sozinho, em absoluta solidão.
Não tinha ninguém. Amigos, família ou sequer um vizinho intimamente próximo.
Nunca conheceu aquela que o pôs no mundo, mas seu pai o contava sobre como a mulher o amou tanto a ponto de dar a vida em leito de parto, para que o mundo recepcionasse o fruto de uma paixão genuína.
Mas sem ela por perto.
Durante a adolescência, Hoseok a odiou por fazer tanta questão e esforço para lhe conceber se, no final, não estaria com ele. Foi nessa época que a abandonada Região Norte — como o distrito periférico de Sian era conhecido — foi assolada por um surto de uma doença desconhecida, mas certamente causada pela falta de saneamento básico.
Muitas famílias sentiram o luto, enquanto o governo demorou a oferecer a ajuda necessária e, só após a desgraça em escala, se prontificou a enviar equipes médicas à periferia, já que aquelas pessoas não poderiam ir para o Hospital Geral e causar o risco de espalhar a doença para os demais cidadãos, era o que as autoridades diziam.
Casas pequenas e em situações calamitosas guardaram em seu interior famílias quebradas com a perda de seus entes queridos. Mas, mesmo com tanta dor e descaso governamental, permaneciam juntas e lutavam diariamente pela sobrevivência em uma realidade tão miserável.
Hoseok, no entanto, não tinha ninguém a quem se amparar.
Seu pai foi um dos primeiros a falecer no distrito, quando não havia nenhum sinal de ajuda das autoridades. Não podia contar com os vizinhos, pois eles igualmente tentavam escapar do vírus. Então, era ele e Hojoon, pai e filho, até o último suspiro da única pessoa que Hoseok tinha como família.
Enterrou o pai num terreno baldio, ao lado de mais duzentas valas que guardava o corpo sem vida de homens, mulheres e crianças negligenciadas.
Abandonou os estudos no último ano do ensino médio, trocando as horas com o rosto enfiado em livros gastos — que Hojoon conseguia com muito sacrifício para que o filho tivesse a chance de um futuro decente — por trabalhos pesados em troca de merrecas que mal ajudavam a comprar comida.
Perdeu a conta de quantas vezes passou fome e frio, afinal, os cortes de energia no lugar eram corriqueiros e o Jung não conseguiu se safar daquela realidade trágica.
Sua vida teve uma leve melhora ao conhecer Changbin, um ladrãozinho descarado que um dia foi uma criança cheia de sonhos, mas que não pôde mantê-los ao ser um morador da Região Norte. Quatro anos mais velho e com uma personalidade atrativa para almas solitárias e perdidas, Bin se auto denominava patrão de Hoseok, lhe determinando serviços nada cultos em troca de uma boa quantia em dinheiro.
O Jung não tinha nada a perder mesmo, era o que o rapaz dizia, porque não?
No final, mesmo que sentisse a culpa por participar de assaltos e cobranças violentas, Hoseok não via outra saída. Ninguém lhe daria um emprego seguro e honroso, e quando trabalhou dignamente foi enganado e surrupiado pelos próprios empregadores.
Então, da mesma forma que aquela gente deixou de se importar consigo e com os demais da periferia, tratou de engolir qualquer empatia que sentia por eles.
Seus pais são estariam felizes com isso, certamente, mas não estavam ali para lhe dizer aquilo, então foda-se.
— Essa porra tá acabando — grunhiu desgostoso, analisando a cartela quase vazia de ovos após decidir preparar algo para o seu jantar.
Há anos não sabia o que era saborear uma boa carne, independente se branca ou vermelha. Vivia de enlatados, conservas e ovos, já que eram mais baratos e cabiam no seu miserável orçamento. Sua alimentação era precária, mas não reclamava muito, pois a fome era mil vezes pior.
Ao fundo, o canal transmitia a novela das oito, fato que fez o platinado aguçar sua audição para entender o que os personagens falavam enquanto ele se concentrava na tarefa de fazer uma farofa com os dois últimos ovos restantes.
Ao terminar, agitou a garrafa de café, sorrindo satisfeito ao escutar o líquido balançando dentro do recipiente térmico. Despejou uma boa quantidade dentro de uma xícara e correu para o único sofá da residência, se acomodando ali no momento exato em que bateram em sua porta.
Olhou para o local, intercalando entre o visor da tevê, o alimento em seu colo e a porta novamente. Deu de ombros, disposto a fingir que não ouviu as batidas mais preocupado com sua refeição e o capítulo inédito de Nossa História.
Um soco mais forte foi desferido na madeira já gasta e Hoseok bufou, começando a se irritar com a pessoa insistente que atrapalhava seu momento sagrado.
— Eu tô ouvindo aqui de fora os barulhos aí dentro, Jung! — Hoseok rolou os olhos, identificando a voz de Félix, um dos ajudantes de Changbin. — Abre logo essa merda!
— Mas que porra… — resmungou, tomando um gole do café antes de se levantar e ir atender o rapaz impaciente. — Que é, mano? Tá me atrapalhando aqui.
— Ih, tá fodendo? — o mais novo indagou, malicioso, tentando espiar por cima do ombro do platinado carrancudo.
— Não, tô tentando assistir minha novela — respondeu, sendo encarado com incrédula pelo moreno.
— Ah, se foder, Hoseok! Pensei que era coisa séria — retrucou, revirando as orbes. — Bin tá querendo falar contigo, pediu pra eu vir te buscar.
— Avisa que amanhã eu passo lá com ele — disse, se preparando para fechar a porta ao escutar as vozes alteradas de Maria Helena e Vitor na televisão, mas o menor o impediu.
— É agora, mano — refutou, sério. — Tem trabalho novo, pra já.
— Porra, hem! — exclamou. Só queria ficar em casa naquela noite. Todavia, a lembrança de que não tinha nada pra comer no dia seguinte o fez respirar fundo e gesticular pro Lee entrar na casa. — Entra aí, vou só fechar as coisas aqui, rapidão.
Fez como dito e, após enfiar uma colherada da farofa na boca — guardando o restante dentro do forno do fogão, porque estragar comida não estava nos seus planos — e solver mais um pouco do líquido cafeinado, acompanhou o menor até onde Changbin estaria.
Se encolheu dentro da jaqueta ao notar que estavam indo em direção aos limites da cidade, que ficava próxima ao início da floresta densa. A Região Norte foi construída ali justamente para fazer uma barreira da cidade contra a mata, e os moradores que tinham de lidar com ataques de animais, com uma frequência preocupante.
Ursos, cobras, aranhas e diversos outros animais peçonhentos costumavam invadir casas. Inocentes o suficiente para não distinguirem que aquela parte era habitada por humanos e que agora não poderiam trafegar por ali como vizinhos.
Uma ameaça para os animais que eram uma ameaça para os humanos.
O destino final foi uma via atrás de uma construção abandonada, lugar escolhido pelo baixinho que, ao ver o Jung, abriu um sorriso ladino e se aproximou lhe dando um abraço amigável.
Changbin e Félix eram o mais próximo de um amigo que Hoseok tinha ali, mas aquela fraternidade ia até a certeza que todos sabiam que se Changbin precisasse usar Hoseok para livrar sua própria pele, ele não pensaria duas vezes antes de o fazer.
Aquilo era uma selva, cada um por si, o Seo dizia.
— E aí, mano, desculpa atrapalhar tua novela — falou, arrastando o platinado para mais perto do grupo de oito jovens embriagados e entorpecidos por alguma droga que Hoseok não se preocupou em identificar qual. — Mas eu vou precisar da tua ajuda num servicinho — riu de forma idiota, trocando um olhar com Félix.
— Que serviço? — Hoseok indagou, negando a latinha de cerveja que Félix lhe ofereceu.
— Vai ser no centro, uma joalheria nova — informou, arrancando uma expressão pesada do loiro.
— Mano, tu sabe que eu tô sujo no centro — refutou. — Minha cara tá estampada em tudo quanto é lugar! Tu tá querendo me enviar pra morte.
Em Sian, a pena para furtos era a sentença de morte, o que justificava a baixa criminalidade e as celas praticamente vazias.
— Mas isso é coisa grande, maninho — Changbin contrapôs, disposto a convencer o mais novo. — Eu não consigo pensar em mais ninguém capaz de entrar e sair da joalheria e voar pra Região Norte sem ser pego.
— Semana passada, eu consegui passar a mão na bolsa de uma mocreia que tava saindo de lá — o Lee contou, atraindo a atenção dos dois para si, ainda que Changbin já soubesse da história. — A bolsa cheia de pedraria da boa, Hobi! Me tremi todinho tocando em tanto ouro, esmeralda e rubi.
Os olhos do Jung brilharam interessado, nunca viu tanta preciosidade ao vivo e a cores, só pela televisão. Tinha tanta coisa no mundo que o rapaz sabia que só seria capaz de ver através de uma tela e aquilo muitas vezes lhe deixava cabisbaixo.
Era ainda mais triste saber que enquanto muitos ali chegavam a morrer de fome por falta de verba, pessoas dos outros distritos esbanjavam riqueza e dinheiro com futilidades.
— Sei que tu não gosta muito dessa parte suja do trabalho — Changbin voltou a falar —, mas é isso ou morrer de fome, mano. Não temos outra escolha, tu sabe. — As mãos bateram com força contra o ombro tenso de Hoseok, num conforto agressivo, antes de descerem até o bolso do moletom azul e puxar dali uma correntinha tão brilhosa quanto as íris do Jung ao ver a peça delicada. — Toma, teu adiantamento — soprou risonho, estendendo a jóia para o mais novo.
— Isso é um rubi? — indagou, abobalhado, roçando os dígitos no pingente em um formato de coração pequeno, tão delicado que Hoseok o tocou com medo de acabar estragando.
— E a corrente é de ouro puro — Félix respondeu, se apoiando confortável contra o loiro encantado com o adorno.
— E eu tô te mandando buscar muito mais dessas — o líder do grupo completou, satisfeito ao ver que conseguiria convencer Hoseok mais uma vez a se pôr em risco por outro serviço seu. — Tu vai ficar tranquilo por muito tempo, maninho, sem precisar se preocupar com a conta de energia ou com a comida, porque vai tá coberto de ouro.
— Eu tenho que ir hoje?
— Sim, de madrugada. O Félix vai contigo e te mostra o lugar.
— Somos a melhor dupla — o Lee afirmou, estufando o peito e abrindo um sorriso petulante.
— Então eu vou indo me organizar — Hoseok disse, guardando o colar dentro do bolso da jaqueta jeans com o máximo de cuidado possível. — Vou ficar te esperando lá em casa, Fe.
— Porque tu não fica mais um pouco, maninho? — Changbin tentou, puxando Félix pela cintura num abraço íntimo. — Quase não curte com a gente.
O Jung olhou ao redor. Os jovens estavam espalhados, mas riam alto numa conversa animada. Uma caixinha de som foi conectada a algum celular que tocava uma música pop. Copos descartáveis, latinhas de cerveja e garrafas de bebidas alcoólicas estavam espalhados tanto nas mãos do grupo quanto pelo chão.
Além, claro, do baseado que estava circulando de mão em mão pelos oito.
Hoseok às vezes gostaria de se sentir confortável ali com aqueles jovens e até mesmo adolescentes, mas a experiência foi horrível nas três contadas vezes em que tentou. Gostaria de ter amigos e fazer parte de um grupo, mas as opções não eram as melhores e seu pai o "corrompeu" com muitos valores morais e éticos — como o casal a sua frente vivia dizendo — antes de morrer, então acabava sendo forçado a optar pela solidão.
Seu contato social era ainda mais restrito por não possuir algum aparelho de comunicação, pois preferia usar do dinheiro para comprar comida e manter a conta de luz e água paga.
— Foi mal, gente, vocês sabem que eu prefiro ficar em casa, assistindo minha novela e meus animes.
— Chato — Félix respondeu, esticando a palavra num tom tedioso, se virando para depositar beijos contra o pescoço do namorado.
— De boas, Seok, mas caso mude de ideia, é só varar aqui com a gente.
— Valeu, Bin — disse, fazendo um toque de mãos com o menor antes de se virar para ir embora.
Observou o céu numa apreciação rápida, acabando por fixar o olhar na lua cheia que se juntava às estrelas em dar brilho e beleza para o espetáculo celeste. Nunca foi o tipo de pessoa devota ao globo noturno, ainda que sempre que a olhava sentisse uma eletricidade estranha percorrendo suas veias e tocando seu interior num alento gostoso.
Como uma mãe confortando um filho machucado.
Desviou o olhar do astro ao ouvir um grito que reconheceu ser de Félix, sorrindo antes mesmo de mirar o garoto que naturalmente era escandaloso até com coisas banais, entretanto, o sorriso sumiu dos lábios e a sensação de alegria foi substituída pela de terror ao olhar para trás.
Sete passos foram dados antes do Jung estagnar no lugar após observar com assombro a construção ser cercada por policiais.
— Não se movam! — um dos homens fardados bradou, mas a voz estava distante pela percepção de Hoseok.
Sua cabeça girou pelo espaço, observando os policiais jogarem os amigos contra o chão, algemando as mãos numa violência desnecessária. Estava mais afastado, mas conseguiu captar com exatidão o olhar de Changbin sobre o seu, tão assustado quanto. Pôde identificar em meio a névoa de nervosismo o perfil quase apagado do garotinho que o Seo era, e que agora se encontrava amedrontado.
Eles sabiam o que aconteceria, sabiam qual seria o destino aguardado quando aqueles guardas o levassem para o distrito Central.
A morte.
Eles eram tratados como os ratos da cidade, que deveriam ser exterminados para não incomodar os demais. A sujeira que deveria ser limpa o mais breve e discretamente possível, para que Sian pudesse se manter harmonizada.
Hoseok engoliu a seco, dando passos vagarosos para trás, mas não silenciosos o suficiente para passar despercebido pelos oficiais da justiça, que logo notaram sua presença. Entretanto, o Jung estava disposto a, ao menos, tentar fugir ao invés de se deixar ser capturado.
Não havia nada que pudesse fazer pelos companheiros, ainda assim se viu hesitando por um breve momento. Nesse meio tempo, seu olhar cruzou com o de Félix, que silabou um "foge" antes de ser arrastado por um dos oficiais.
E foi isso que Hoseok fez.
Girou o corpo enfim reagindo à situação em que se encontrava, correndo em disparada para o abraço da floresta que cercava aquela parte da periferia. Não era burro a ponto de fugir para sua casa, onde seria encontrado facilmente, então tentaria despistar os policiais antes de retornar ao seu abrigo.
Torcia para que os policiais desistissem de lhe seguir temendo os animais selvagens que habitavam o bioma, assim como ele mesmo temia, mas acreditava ter mais chances de sobrevivência.
Se estava certo ou não, esperava descobrir inteiro — de preferência — no final daquela noite.
— Parado aí, ladrão miserável!
Os brados às suas costas só lhe causavam mais adrenalina, resultando na aceleração da corrida desenfreada mata adentro. No momento, não estava se preocupando muito em notar, mas seu corpo atingiu uma velocidade impressionante assim como a facilidade com a qual desviava dos obstáculos naturais à sua frente.
Olhou para trás, ainda conseguindo ver os guardas, mesmo distantes. Era incrível como, pela primeira vez na vida, as leis do Estado estariam lhe ajudando, pois a polícia não podia executar o alvo durante uma captura, já que o acusado precisava ser julgado antes de receber sua sentença.
Um sistema tão fodido que sequer sabia sancionar leis funcionais.
Sorriu vitorioso com aquilo, desmanchando o gesto logo em seguida para puxar o ar por entre os lábios trêmulos entreabertos. Suas pernas ardiam como o inferno e a fome apertava seu estômago, indicando o porquê de estar perdendo as forças e, automaticamente, o ritmo rápido da corrida.
Checou novamente seus perseguidores, não os avistando. Voltou seu olhar para adiante, erguendo pela pedra gigante que formava uma curiosa montanha bonita. Mais acima, a lua brilhava intensamente iluminando a área agora menos densa sem o excesso de árvores e suas copas robustas.
Rodeou a pedreira, parando os passos ligeiros para se escorar contra a área grosseira. Exasperou na tentativa de recuperar o fôlego, analisando se se esconderia em alguma árvore até o amanhecer, para poder voltar pra casa ou se faria uma longa volta na floresta, mesmo sabendo que já estava tão longe da cidade que provavelmente estaria perdido.
Bom, não tinha ninguém lhe esperando ou que se preocupasse com seu sumiço, então não importava, pensou, sentindo as pernas querendo perder as forças após correr tanto e sem pausa.
No entanto, um barulho alto há bons metros de distância o assustou o suficiente para lhe alarmar novamente. Tinha certeza que escutou um rugido brutal, um animal feroz não estava muito longe e Hoseok não havia fugido de sua espécie para morrer nas garras de animais.
Olhou ao seu redor na busca de um bom esconderijo, qualquer coisa que lhe mantivesse seguro até a manhã seguinte, pois não transitaria a vulso pela floresta com o risco de se deparar com um urso.
Seus lumes buscaram com desespero, até se erguerem novamente pelo monumento de pedra. Observou relevos discretos na estrutura, como se alguém tivesse o feito como uma escadaria.
Então Hoseok escalou.
Ficar ali em cima seria perfeito, longe dos bichos e dos policiais que estavam lhe procurando.
Tentou não olhar para baixo quando já havia atingido uma altura considerável, sentindo que as pernas queriam lhe abandonar naquela escalada de tão fracas e doloridas que estavam. Os degraus tinham um formato encaracolado, como uma escadaria circular, lhe propondo uma vista ampla de toda a floresta.
Na metade do caminho, passou a usar as mãos para ajudar no apoio da subida, a face baixa concentrada onde pisava para não ter nenhum deslize, senão seria o último que daria.
Riu baixinho com o pensamento, notando ter chegado ao topo. Ao levantar a cabeça e jogar o corpo para frente, se assustou com a imagem de um rapaz sentado enquanto lhe encarava.
Hoseok piscou lentamente, achando estar numa espécie de sonho ou algo do tipo.
Não se sentiu minimamente ameaçado pela criatura que lhe observava com bochechas vermelhas e mãos inquietas sobre o colo, por mais que tenha vivido o suficiente para saber que tamanho não era documento e que o belo — não pôde deixar de reparar — desconhecido poderia, sim, lhe atacar se estivesse com más intenções.
Ainda que não parecesse esse o caso.
Percepção essa totalmente correta, pois Yoongi estava ali cumprindo uma tradição de seu povoado.
Após vinte e duas primaveras, os ômegas eram preparados para desposar e o companheiro era escolhido durante uma lua cheia, onde iriam lutar para chegar primeiro no alto da montanha pedrosa que guardava um banquete feito pelo próprio ômega presente.
Era como uma linha de chegada e o vencedor ganharia a mão de Yoongi em casamento.
Ou seja: Jung Hoseok.
🐺
Vou ficando por aqui 👀 até a próxima!
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