Capítulo 4- Acidente ou crime?

Uma atendente de roupa verde água se vira para mim e sorri.

—Em que posso ajudar?

—Preciso ver Scott Carter. Deu entrada aqui não dever ter muito tempo vítima de um incêndio.–Digo apreensiva e olhando intercaladamente entre a jovem moça e uma senhora tomando soro.

—Ah sim, deu entrada aqui, mas não sei se tem permissão para visitas.–Ela tecla rapidamente em seu computador volta a olhar para mim—Não tem mesmo. Infelizmente não será possível.

—Olha, deixe-me vê-lo por favor. Sou a única pessoa que estava com ele no momento da explosão. Por favor.–Acho que minha cara de desespero a convenceu. A mesma olha por 5 segundos para o computador de novo.

—Tudo bem. Mas seja discreta e fale com o médico dele antes.–Ela bufa e cola um pequeno papel de visitante em minha jaqueta.—Quarto 203.

—Muito obrigada.–Ela me devolve com um sorriso eu apresso o passo em direção ao elevador.

Aperto compulsivamente o botão e espero cerca de um minuto até o elevador descer e de lá sair um grupo de enfermeiros. Após o mesmo esvaziar, entro e aperto o botão do sétimo andar.

Minhas mãos estão suando, e eu as esfrego uma na outra. O elevador para, mas não no andar que eu coloquei.

As portas abrem e de lá entra quem eu menos esperava.

—Dylan?–Pergunto um pouco surpresa. Me afasto para dar entrada a ele.

—Você por aqui?–Ele sorri—Parece que o destino quer que nos encontremos.

—É...–acabo rindo sem graça—Está tudo bem?

—Comigo sim. Vim visitar um amigo que passou por uma cirurgia. E você? Não estava com seu amigo?

—Ah...é. Ocorreu um acidente e ele veio parar aqui.–Digo e olho para baixo. Não sei o porquê, mas eu fico muito tímida ao seu lado.

—Jura? Mas foi grave?– Sua expressão muda de sereno para assustado.

—É o que estou indo descobrir agora.–Sorrio amarelo e aponto para o ar. Mas acho que acabei parecendo grossa, o que não era minha intenção.

—Ah, claro. –Ele diz e sorri sem graça. Ok, fiz com que ele pensasse que não quero conversa. Não que eu queira, mas...deixa pra lá.—Te deixo ir. Boa sorte lá, nós esbarramos por aí.

Ele sorri calorosamente e as portas do elevador se abrem. Vejo que é meu andar também, e ele como um cavalheiro abre passagem para que eu saia primeiro. Saio quase correndo, mas não quero parecer uma maluca. É só que eu não consigo ficar normal do lado dele e acabo por soltar um suspiro nervoso.

Encontro o quarto de Scott e olho pelo vidro ao lado da porta. Uma enfermeira está mexendo em alguns tubos e eu dou leves toques com as articulações dos dedos. Ela parece se assustar, mas se vira e me pede para esperar.

Observo bem a imagem de Scott deitado nessa cama. É louco como tudo aconteceu tão rápido, em um segundo estávamos almoçando e no outro estamos no hospital. Não consigo não sentir uma grande parcela de culpa. Mas também fico pensando o quão estranho tudo isso é. Ele parecia prever algo, mas talvez se soubesse teria evitado tudo isso. Primeiro aquela conversa estranha na calçada, se eram arquivos tão perigosos por que levá-los à rua? E depois coincidentemente ou não a casa explode e agora estão lá policiais peritos por todo o local. Não faz sentido, se o Scott soubesse ele não teria entrado. Ou não. Eu só consigo as respostas se ouvir da boca dele, mas no estado que se encontra não será tão cedo. A enfermeira corta meus pensamentos quando sai pela porta e se vira em minha direção.

—Posso ajudar?–Ela consegue ser simpática mesmo que eu repare nas olheiras e imagino que tenha feito plantão.

—Eu preciso vê-lo. Sou uma amiga. Como está?–Pergunto um pouco desesperada.

—Não posso te dar muitas informações. Preciso ver com o médico responsável antes, posso ir atrás dele se quiser.–Ela diz num tom agradável e eu agradeço mentalmente por não ter aparecido algum tipo de enfermeira mal-humorada.

—Por favor.–Concordo com a cabeça e ela sai para um corredor ao meu lado.

Olho para a situação de Scott e sinto uma pontada no peito. É tão ruim, ele se aposentou, já parece ter superado a Lauren e eu acabei o trazendo de volta para essa confusão. Consigo imaginar minha irmã sentada em uma poltrona ao lado da cama. Ela não era de chorar ou demonstrar emoções facilmente, era muito forte. Mas nessas circunstâncias estaria fazendo uma cara séria, porém por dentro era de estar desmoronando. Ou então, poderia estar correndo atrás de quem explodiu a casa. Ela provavelmente descobriria.

Sinto uma mão tocar meus ombros e ao virar encaro o grande médico que tem cabelo preto com fios grisalhos. Ele tem uma prancheta na mão e seu jaleco diz "Dr. Smith."

—Olá, sou o médico dele. Precisa de ajuda?–Ele estende a mão no ar e eu a pego, o cumprimentando.

—Preciso vê-lo. Sou amiga dele e estava na hora da explosão.

—Pode me dar seu nome?–Ele pergunta sobre os óculos.

—Madison Campbell.–Ele vira uma folha de sua prancheta e confirma com a cabeça.

—Tudo bem, você está autorizada. Apenas alguns minutos, pois ele está passando por observação. Mas antes, quero lhe avisar que ele entrou em coma profundo, e os sinais vitais estão baixos. Por isso, não poderá conversar com ele.–Ele diz e eu arregalo os olhos. Coma profundo?

—Mas ele vai ficar bem?–Pergunto em desespero. Não consigo imaginar Scott assim.

—Não podemos prever nada. Ele teve muitos problemas internos, que se eu fosse te explicar poderíamos ficar dias. E claro, além dos cortes enormes e uma fratura no tornozelo.–Ao longo que ele pronuncia as palavras eu vou entrando em desespero e uma onda de tontura passa por mim e por um momento preciso me apoiar na parede.

—Oh...–É a única coisa que consigo pronunciar. Não sabia que poderia ser tão grave e agora que ele está de coma não há chances de conversa.

—Enfim, você pode vê-lo até a família chegar.–Ele diz num olhar compreensivo devido meu estado depois da notícia.

—Já os avisaram?–Pergunto e lembro que nunca conheci ninguém da família de Scott. Talvez a Lauren conhecesse. Bom, ela não está aqui para responder.

—Sim, fui informado pela polícia que só há uma irmã e um sobrinho.–Ele diz e eu reparo em um policial por trás do médico, bem no final do corredor. Ele conversa com outro policial e eu me pergunto o que fazem aqui.—Mas talvez eles demorem, estavam passando um tempo na Espanha. De qualquer maneira, pode entrar, só não garanto diálogos.

Ele vira as costas para mim e se afasta. Não sabia que conseguiria com facilidade entrar no quarto, mas provavelmente os policiais informaram que não sou uma ameaça.

Viro a maçaneta devagar, tentando evitar algum tipo de barulho. Entro pela pequena brecha e meu estômago embrulha com a cena. Scott está deitado com muitos aparelhos à sua volta, uma máquina barulhenta e na parede há alguns exames de raio-x. Em seu rosto e braços há cortes e provavelmente também tem nas outras partes do corpo, mas essas são as únicas que consigo ver.

Sento na poltrona branca perto da janela do corredor e observo como o peito de Scott sobe e desce pesadamente por causa da respiração. A máscara presa em volta de seu rosto faz um chiado abafado e junto com a máquina de batimentos cardíacos são os únicos barulhos do quarto.

—Scott...como veio parar aqui? Quer dizer, estávamos tão bem. Por que sinto que tem relação com os documentos que ia me entregar?–Digo, mesmo que em vão. Me aproximo mais da cama e pego na mão gelada dele.—É tão confuso. Agora tenho mais vontade ainda de descobrir tudo. E agora além do assassinato da minha irmã tenho o seu...Quer dizer, oh Deus, esse acidente.

Abano a cabeça e encaro por uns segundos meus sapatos. Ainda tem restos de fuligem e estão bem sujos. A mão que segurava a de Scott agora faz uma linha em cima do pé esquerdo, bem em cima da poeira, criando uma marca.

Me assusto quando há gritos e passos apressados vindo do corredor. Me levanto bruscamente e um policial abre a porta seguido de mais 2 atrás e o médico que conversei minutos atrás com uma cara assustada provavelmente tentando entender a invasão repentina no quarto de seu paciente.

—O que está acontecendo?–Pergunto quando um policial adentra o quarto e começa a conferir o corpo de Scott com uma mão. A outra segura um radio barulhento.

—Os peritos acabaram de nos confirmar que a explosão na casa dele não foi um acidente. Alguém explodiu a casa de Scott propositalmente. Então agora são todos suspeitos, incluindo a senhorita, que era a única com ele na hora do crime.–O policial diz e eu não consigo decifrar a voz dele. Eu estou congelada no meu lugar e ele me empurra levemente pelo braço até a porta.

—Espera–Preciso de um tempo para raciocinar o que acabei de ouvir—Está dizendo que acham que foi eu?

—Não senhorita, estou dizendo que não podemos confiar em ninguém até descobrir a verdade. Por isso, por motivos de segurança, Scott ficará sob vigilância e receberá visitas apenas da família, que está para chegar.–O policial diz e já estamos do lado de fora do quarto. Os outros dois policiais estão lá dentro conversando com o médico, que parece muito assustado.

—Mas eu sou amiga dele! De confiança!–Levanto um pouco meu tom. Talvez eu tenha exagerado, Scott era 100x mais próximo da Lauren, e eu o encontrava nos aniversários dela ou quando ela o levava para jantar em casa. Mas mesmo assim, eu confio nele pois a Lauren confiava. E creio que com ele seja o mesmo.

—Que estava na cena do crime com ele! Por isso, por favor, vá para casa e lhe atualizaremos com as informações dele. Não estamos a acusando, é apenas uma medida de segurança.–Ele diz e eu cedo.

Concordo com a cabeça e ele entra de volta no quarto.

Fico um tempo olhando pelo vidro para ver o que está acontecendo lá dentro. Provavelmente o médico está contando para eles o estado de Scott e percebo que é muita coisa mesmo. Os policias prestam atenção em cada palavra do Dr.Smith e eu fico paralisada do lado fora.

Alguém tentou matar o Scott. E eu espero que não tenha conseguido.

oii ícones!!! espero que estejam gostando, tenho muitos planos para a história, a investigação vai sendo desenrolada ao longo dos capítulos!!!! votem se gostarem e comentem (por favor) o que estão achando, pois é muito importante para mim, preciso das opiniões e se tiverem, críticas construtivas. bj bj

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top