24 - Conversas e esclarecimentos

"Se nunca tivéssemos nos conhecido
Eu estaria bêbado, acordando na cama de outra pessoa qualquer
Eu estaria perdido em uma roda de amigos falsos
Nem saberia o que é amor
Se nunca tivéssemos nos conhecido"
- If we never met 
John K. ft Kelsea Ballerini

Observo Olívia praticamente escapando para o seu quarto e me deixando sozinho com os seus pais e Jhonny.

Filha da mãe.

Angel e Makenna trocam outro olhar cúmplice e meu estômago se contorce em ansiedade. Eles retiram os ingredientes das sacolas e colocam tudo em cima do balcão ainda em silêncio. Vou até o meu amigo e faço um sinal para que ele mantenha a boca fechada e recebo um sorriso debochado como resposta.

Liv está demorando mais do que o normal para se arrumar e tenho a leve impressão de que ela está atrasando esse momento o máximo que puder.

— Precisam de ajuda? -Ofereço depois de alguns minutos e Kenny faz uma careta enquanto observa todos os ingredientes espalhados pela cozinha.

— Amor, acho que está faltando algo. -Diz golpeando os lábios com os dedos.

Angel se aproxima da esposa e franze o cenho praguejando.

— Sim, está faltando o queijo. -Resmunga cruzando os braços. — Não podemos fazer pizza desse jeito. Terei que ir comprar, já volto. -Diz já pegando a carteira e as chaves.

No momento em que ele passa por mim, seus dedos apertam meu ombro e seus olhos me encaram com nada mais do que um fogo misterioso nas íris castanhas.

O que acha de me acompanhar, Nick? -Oferece com uma sobrancelha levantada. Até poderia recusar o pedido, no entanto, sei que não tenho outra opção senão segui-lo.

— Já volto. -Digo para ninguém em específico e caminhamos lado a lado até o elevador. Todo o trajeto até o estacionamento é feito em um silêncio tenso e me sinto como se estivesse indo direto para a minha execução. O pai de Olívia é enorme, cheio de tatuagens e um dos melhores lutadores de MMA do país, o que por si só já é assustador. Agora adicione o fato de que ele é bastante cuidadoso e protetor com a sua família e temos uma combinação perigosa.

Optamos por ir no seu carro e no momento em que estacionamos no lugar que ele escolheu para comprar o bendito queijo, abro a porta e desço praticamente correndo.

Ele me alcança em segundos e puxo uma longa respiração me preparando para o interrogatório.

— Então quer dizer que você e Liv estão saindo... -Angel murmura conforme entramos no enorme mercado que fica a apenas algumas quadras do seu apartamento. No instante em que ele disse que faltava um ingrediente para a pizza e praticamente me arrastou porta afora, eu sabia que iríamos ter essa conversa. Ele não é bobo e com certeza percebeu o jeito que eu olho para a sua filha ou como ela estava nervosa ao explicar o porquê de ter me ligado em vez de ter chamado qualquer um deles para buscá-la. De todas formas, eu não queria esconder isso dele, principalmente pelo fato de que o respeito como se ele fosse parte da minha família. E embora Olívia tenha pedido para não contar nada, não posso voltar atrás e mentir, porque aí seria mil vezes pior.

— Sim, estamos namorando há algum tempo. -Seus olhos me observam com atenção e suspiro com receio do que ele vá pensar dessa informação. É estranho que eu precise da sua aprovação para o meu relacionamento com a sua filha? É como se o seu apoio significasse que eu sou bom o suficiente para ela.

— Muito bem. Eu sabia que vocês dois iam acabar juntos uma hora ou outra. -Um sorriso genuíno se forma no seu rosto e arregalo os olhos diante da sua afirmação.

— Me desculpe, mas o que quer dizer com isso? -A curiosidade na minha voz é evidente e Angel dá um tapinha de leve no meu ombro antes de responder.

— Você sempre gostou dela, filho. Estava na cara. E minha filha também gostava de você, até que ela começou a te evitar por algum motivo. -Ele pensa consigo mesmo, talvez tentando entender a atitude de Liv..

— Oh...

Não sei como reagir. Saber disso me deixa feliz e nervoso ao mesmo tempo.

Então quer dizer que eu não disfarçava meu sentimento por Olívia tão bem quanto pensava.

— Só quero que saiba que fico muito feliz por ela ter escolhido você. Te conheço da vida toda e sei que vai tratá-la com o respeito que ela merece, caso contrário não viverá para contar a história. -A última frase sai em tom de brincadeira, mas sei bem que ele seria capaz de me quebrar inteiro se fizesse algo contra a sua menininha.

— Eu... -respiro fundo buscando coragem de onde seja — eu amo a sua filha, Angel. Pode ter certeza de que não vou machucá-la. Esperei muito tempo para tê-la só para mim, e não penso estragar tudo.

Ele assente com a cabeça e sorri com carinho.

— Acredito em você. -declara com convicção — Agora, o que achar de comprarmos algo para beber?

Solto uma gargalhada sonora e vamos direto para a ala de bebidas do mercado. Não encontro nenhum vinho que me convença, então sugiro irmos até uma adega que gosto bastante. Durante todo o caminho conversamos sobre várias coisas e o único que eu sinto é uma felicidade gigante por finalmente me sentir como se pertencesse a algum lugar. Chegamos na adega e entramos ainda conversando, ambos mais leves, a animação me fazendo praticamente flutuar.

Escolho um vinho que gosto bastante e depois de pagar, voltamos para o carro.

— Por certo, como você e Olívia se reaproximaram depois de todo esse tempo? -A voz grossa chama a minha atenção de repente e engulo em seco.

Droga.

Chegamos no apartamento e o primeiro que vejo é Liv parada no meio da sala com a cara toda manchada de farinha.

Deus como ela é linda.

— Por que demoraram tanto? -Jhonny resmunga como sempre.

— Aproveitamos para passar em uma adega para comprar algo para beber. -Digo sem deixar de olhar para a garota que me deixa sem ar, ainda mais quando um sorriso se forma nos seus lábios me fazendo ficar com uma vontade insana de beijá-la ali mesmo. — Angel precisa conhecer o que é um vinho de verdade. -Continuo e ele balança a cabeça contrariado.

Kenny faz alguma piada sobre a bebida e em questão de minutos estamos todos rindo e nos divertindo outra vez. Olívia foge para a cozinha depois de ser provocada pelo irmão e não perco tempo em ir atrás dela.

Ela se inclina por cima do balcão enquanto analisa a massa que descansa em uma vasilha e suspiro ao ter a visão maravilhosa da sua bunda empinada. Me aproximo lentamente até ficar bem perto do seu corpo e sorrio ao escutar sua respiração acelerada.

— Acho que já podemos armar as pizzas. -Digo como se nada estivesse acontecendo. — A massa está ótima. E você está linda com a cara toda manchada de farinha. -Sussurro morrendo de vontade e lamber sua pele até que não reste nenhum vestígio de sujeira.

— Nick... -Liv respira fundo outra vez e me controlo para não deixar a excitação falar mais alto.

— Meu pai te perguntou algo sobre nós dois? -Ela pergunta de repente e nego com a cabeça. Pedi a Angel que mantenhamos nossa conversa em segredo por enquanto. Não quero que Olívia fique chateada comigo e muito menos com o pai. Por sorte, ele aceitou não dizer nada e esperar até que ela se abra por conta própria.

— Não, Liv. Nós apenas fomos até o mercado e voltamos. -Minto descaradamente e meu peito se aperta temendo sempre o pior.

— Ok. -Responde aliviada e não consigo evitar fazer uma careta. Não gosto disso, de nos esconder como se estivéssemos fazendo algo errado. E Liv parece perceber exatamente o que sinto pelo sorrisinho que se forma nos seus lábios.

— Já já eles vão ficar sabendo e você vai ter que ir se preparando para o interrogatório de Angel Cross. -Se ela soubesse que acabo de passar por isso.

— Pois saiba que venho fazendo isso há um bom tempo.

As pizzas estavam deliciosas. Como me sentei ao lado de Liv, aproveitei para tocá-la sem medo e provocá-la como castigo. Não deveria fazer isso, eu sei, mas simplesmente não sou capaz de manter as mãos longe dela, ainda mais quando sei que posso fazer isso sem temor a que ela vá me mandar à merda.

Vou aproveitar até o último segundo para tocar sua pele macia.

No momento em que Olívia termina de comer e se levanta para levar o prato até a cozinha, vou atrás dela como um cachorrinho treinado e aperto sua cintura sentindo-a se eriçar com o meu toque.

— Gostou do almoço, amor? -Sussurro contra o seu pescoço e ela dá um pulinho assustado.

— Nick, quer parar de fazer isso, por favor? Meus pais vão nos ver! -Dou uma risadinha rouca e me divirto com sua reação.

— Eles estão distraídos...

Continuo respirando seu perfume delicioso. Caramba, essa garota é viciante como uma droga.

— Sim, mas podem vir aqui a qualquer momento. -Aperto-a ainda mais e um gemidinho escapa pelos seus lábios rosados.

— Isso torna tudo ainda mais divertido, não acha? -Mordo sua orelha de leve e ela respira fundo antes de escapar do meu toque e fugir de volta para a sala. Solto uma risadinha rouca pela sua reação e espero alguns minutos até que meus batimentos fiquem menos acelerados para acompanhá-los outra vez.

Ajudamos a limpar a mesa e guardar o que sobrou de comida e depois escolhemos um filme qualquer para ver na televisão.

Depois de quase duas horas, Kenny e Angel resolvem ir para o quarto descansar e ficamos apenas eu, Jhonny e Liv na sala.

— Nem fodendo vou ficar segurando vela para vocês dois. -Meu amigo resmunga se levantando. — Estou saindo, nos vemos depois, babaca. -Diz olhando para mim e balanço a cabeça para um lado e para o outro.

— Onde pensa que vai, Jhonatan? Não pode nos deixar aqui sozinhos! -Liv solta em um fio de voz.

— Não só posso, como vou! Até mais tarde. -Ele toca a testa em um sinal de continência

— Jhonatan! -Ela quase grita e giro os olhos impaciente e algo entristecido com toda essa situação.

— Acho melhor eu ir embora também... já está tarde. -Murmuro mais para mim mesmo do que para eles e Liv gira a cabeça me encarando de repente.

— O-o que? Você não precisa ir... eu... -Seus olhos estão arregalados e ela me encara sem saber o que fazer.

Me aproximo do seu rosto e beijo seus lábios com suavidade. Ela respira profundamente e aperto seu corpo como se não nos víssemos por vários dias.

— Te espero amanhã no estúdio, ok? -Sussurro e ela chacoalha a cabeça para cima e para baixo sem deixar de olhar nos meus olhos. — Durma bem... Te amo. -Murmuro antes de beijá-la outra vez.

— Também te amo. -Responde baixinho. Seus dedos acariciam meu rosto com carinho e sinto meu corpo inteiro arder de desejo. — Me desculpe por isso... -Suspira envergonhada e sorrio tristonho .

— Está tudo bem, amor, não estou bravo. -afirmo. — De todas formas, preciso dar comida para Bailey e levá-la para passear um pouco. -Beijo sua testa e me levanto antes de que me arrependa e passe o resto da tarde e da noite aqui na sua casa.

Ela me acompanha até a porta e nos beijamos uma última vez antes de eu finalmente ir embora.

Conforme chego no meu carro, não consigo parar de pensar em como estou sendo idiota por não lhe dizer a verdade. Mas ao mesmo tempo, quero me convencer de que por enquanto isso é o certo. Quero que ela se sinta confortável o suficiente para contar aos pais sobre nós dois. Porque com Olívia é assim. Se você forçá-la a algo, ela vai se trancar e não vai se abrir mais.

E esse é o meu medo.

Durante um bom tempo ela me ignorou e confesso que eu me sentia péssimo por isso. Dirijo com a mente borbulhando e penso em várias coisas ao mesmo tempo. No momento em que chego no meu estacionamento, avisto o seu carro com os pneus furados e uma raiva insana me invade. Se a culpada disso for mesmo Bárbara, ela vai me ouvir.

E estou pouco me fodendo se ela é filha de um senador ou até mesmo do maldito presidente. Minha ex não tem o direito de fazer isso e muito menos de se intrometer na minha relação com Olívia.

Me sinto culpado pelo que aconteceu e se for preciso, terei uma conversa com meu pai para que esses dois me deixem em paz de uma vez por todas.

Ligo para um mecânico e marco uma hora para que ele venha trocar os pneus amanhã bem cedinho. Não quero que Liv dependa de táxis ou de caronas por que algum idiota resolveu que seria uma boa ideia se vingar estragando o seu carro.

Depois de encerrar a ligação, subo direto para o meu apartamento e Bailey me recebe animada como sempre. Reponho a ração no seu pote e depois que ela come quase tudo, coloco a correia no seu corpo roliço, preparando-a para o passeio. Vamos até a mesma praça de sempre e caminho sem rumo no ritmo da cachorra que observa tudo e todos ao seu redor.

Imagino o que Olívia estará fazendo, se está pensando em mim como estou pensando nela e sorrio ao perceber que estou parecendo um adolescente. Para ser bem sincero, nunca me senti mais vivo e saber que tudo isso se deve a ela, me deixa ainda mais louco e apaixonado.

NOTA DO AUTOR

Segundouuuuu pessoal! 
E aqui está o capítulo fresquinho pra vcs! 
Espero que tenham uma semana maravilhosa! 
Espero que tenham gostado, 

Não se esqueçam de votar e comentar! 

Amo vcs, 🥰
Bjinhosssss BF🖤🖤🖤

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