07 - Um dia agitado

"Eu devia ter percebido pelo jeito que você passou por mim
Havia algo no seu olhar, e não estava certo
Eu devia ter saído dessa, mas eu nunca tive a chance
Tudo ficou fora de controle, e eu deixei piorar
Agora eu só posso culpar a mim mesma
por cair nos seus joguinhos idiotas
Eu queria que a minha vida pudesse voltar a ser
do jeito que era antes de eu ter te visto"

- Undo It 
Carrie Underwood

Confesso que me surpreendi com a oferta de Nick para o almoço, embora saiba que ele disse aquilo por pena. Depois de escutá-lo admitir para o amigo que só tinha aceitado me ajudar por conta da insistência do meu irmão, não pude deixar de pensar que estou sendo um estorvo para o cara e dentro de mim, bem lá no fundo, por um milésimo de segundo eu desejei que ele afirmasse estar me ajudando por outros motivos.

Mas o que eu estava esperando afinal de contas? Ele sabe que não o suporto e já deixou bem claro que o sentimento é mútuo, então não adianta ficar batendo na mesma tecla uma e outra vez, pois não vou chegar a lugar nenhum desse jeito.

Eu só preciso que ele me passe todo o seu conhecimento, e uma vez que esteja pronta para abrir meu próprio estúdio, vou desaparecer da sua vida e nunca mais voltar, simples assim. Foi por isso que inventei qualquer desculpa para não ter que ficar próximo dele mais do que o necessário e como resultado, estou dentro do meu carro, comendo um hambúrguer que pedi por um aplicativo e tentando descansar um pouco antes de dar a hora de voltar para o trabalho.

O calor está insuportável e mesmo com o ar ligado, estou literalmente suando por todos os lugares imagináveis. Já estou com os nervos à flor da pele e o fato de que Nick não me deixa fazer nada me irrita cada vez mais, só que não quero me precipitar e acabar explodindo, é só que por mais que estejamos apenas no segundo dia de treinamento, sinto que ele está fazendo todo esse show de propósito apenas para me provocar e quem sabe me fazer desistir de ser tatuadora.

Eu quero colocar a mão na massa, tatuar pessoas e espalhar minha arte por aí, mesmo Nick achando que ainda não estou preparada.

Checo minhas redes sociais e envio uma mensagem para meu irmão avisando que estou bem. Esse foi nosso combinado e se não lhe digo exatamente o que estou fazendo, o maluco é capaz de vir até aqui para saber se não aconteceu algo. Ter um irmão homem já é um saco, agora, ter um irmão gêmeo e ainda por cima, homem, é dez vezes mais cansativo. Jhonny às vezes é super protetor comigo, o que rende uma boa dose de brigas entre nós dois.

Deixo o celular no banco do carona e apoio a cabeça no encosto para tentar dormir um pouco. Acordei tão cedo que minha cabeça começou a doer, contudo, inesperadamente eu dormi em questão de minutos, o que é bem incomum para a minha mente cujas engrenagens não param por um segundo sequer.

Geralmente levo pelo menos uma meia hora para pegar no sono e mesmo assim, acordo várias vezes durante a noite.

Em algum momento, acabo com a cabeça encostada na janela e meu peito sobe e desce compassado enquanto cochilo de leve.

Estou no melhor do meu sono, quando uma batida no vidro me faz pular de susto e quase tenho um mini infarto ali mesmo no estacionamento. Olho para o lado e dou de cara com Nick me encarando com os braços cruzados e uma expressão descontente no rosto. Respiro fundo algumas vezes antes de abrir a porta e colocar uma cara de paisagem.

Então esse era o seu compromisso. -Ele debocha com um sorriso ladino. — Se não queria almoçar comigo, era só ter dito, Olívia. -Afirma com a cabeça inclinada.

— E-eu acabei mais cedo do que o previsto. Além do mais, assim como você mesmo disse, não te devo nenhuma explicação, então... -Tento fechar a porta novamente, no entanto, seus dedos tatuados seguram-na com firmeza me impedindo.

— Por que eu tenho a impressão de que está mentindo? -Sibila com o semblante sério e solto uma risada nervosa. Seus olhos me escrutinam por completo e não consigo pensar em algo coerente quando tenho duas piscinas azuis olhando diretamente para mim desse jeito.

— Qual é, Nick? Você adora me azucrinar, não é mesmo? -Provoco. Suas pálpebras se apertam e sinto meus batimentos cardíacos se acelerando pouco a pouco.

— Escuta, Olívia, para começo de conversa, foi você quem veio até mim. -Diz se afastando alguns centímetros ao perceber que estamos mais próximos do que deveríamos. — Eu só te ofereci um maldito almoço, não te chamei para transar ou algo assim. -Continua e engulo em seco com a imagem de nós dois em cima do seu sofá tomando conta da minha mente traidora.

— Como se eu quisesse trepar com você. -Resmungo baixinho.

Ótimo, Liv, muito maduro da sua parte.

Seus olhos se arregalam segundos antes dele soltar uma gargalhada tão alta que chama a atenção de alguns pedestres e rezo para que ninguém me reconheça.

De repente, Nick curva seu corpo até ficar tão perto do meu rosto que consigo sentir o cheiro do seu perfume amadeirado.

— Se isso acontecesse, tenho certeza de que você pediria por mais. -Declara e engulo em seco. — Mas como eu sou quem não tem o menor interesse em dormir com você, nunca vamos saber realmente. -Sussurra com uma voz estupidamente sensual e novamente fico sem palavras. — Agora, levante essa bunda do banco, tranque seu carro e me acompanhe até o estúdio, pois temos um cliente daqui há pouco. -Conclui antes de se afastar, me deixando com uma expressão assustada e excitada ao mesmo tempo.

Esse idiota vai me pagar e com juros ainda por cima.

Mesmo querendo dar uns tapas naquela sua cara bonita demais para o seu próprio bem, faço o que ele pede e passo pela porta da Bad Blood com uma carranca que por pouco não chega até o chão.

Debby ainda não apareceu, portanto, vou até o depósito para pegar os materiais necessários para tatuar o tal cliente que Nick disse.

Ao chegar na sala com várias estantes repletas de bugigangas, encontro-o com a cabeça baixa, o corpo inclinado em cima de um balcão enquanto procura algo dentro de uma caixa e seus lábios se curvam em um sorriso ao levantar um pedaço de pele artificial.

— Aqui, você vai começar treinando com elas antes de passar para uma pele de verdade. -Explica ao me ver e me entrega o retângulo de uma cor bem parecida com a sua própria pele.

Lembro que quando o tal Pedro esteve aqui, ele tinha essa mesma caixa nas mãos e uma dúvida se instala na minha mente.

— Você por acaso comprou elas para mim? -Pergunto com uma sobrancelha levantada e pela primeira vez na vida, vejo um homem de quase dois metros e com o corpo quase todo coberto por tatuagens ficar com as bochechas enrubescidas.

— Sim, Olívia. Como te disse, não vou me arriscar, então achei melhor você treinar em algo seguro primeiro. -Ele responde se recuperando rapidamente.

— Está bem. -Suspiro sentindo algo estranho na boca do estômago. — Me passe o valor das peles, juntamente com o do material que vou gastar quando começar a treinar para que te pague por tudo. -Murmuro torcendo a pele entre meus dedos estranhando a aspereza característica.

— Não precisa se...

— Nick, é sério. -Insisto sem deixar que ele complete sua frase. Ele desvia o olhar do meu como se não pudesse me ver por mais tempo e sorrio amargamente para mim mesma. — Você não pode gastar seus materiais comigo. Já está fazendo muito ao aceitar esse favor para o meu irmão. -Espeto e seu rosto se vira rapidamente, seus olhos encarando os meus outra vez e seu cenho franzido em confusão.

— Liv... -Ele se aproxima devagar e levanta a mão como se quisesse me tocar, mas acaba desistindo deixando-a cair ao lado do seu corpo.

— Hum, acho que o cliente já vai chegar, então é melhor começarmos a preparar tudo, senão não vai dar tempo. -Solto antes de sair praticamente correndo de dentro da sala que começava a ficar pequena demais para nós dois.

Eu sei, sou uma covarde, mas já fui ferida uma vez por Nick e não pretendo permitir que tudo se repita.

Já se passaram quase três semanas desde que iniciei o treinamento com as peles artificiais e começo a ficar entediada. Nick me mostrou várias técnicas que eu não conhecia durante nossos descansos e embora esteja muito agradecida com sua paciência, cheguei a um momento em que preciso de algo mais... vivo.

Lhe mostrei alguns dos meus desenhos no Ipad e por mais que ele não queira admitir, sei que ficou impressionado com o meu talento.

Ele é muito orgulhoso como para reconhecer que estou pronta para pelo menos começar a tatuar coisas pequenas como flores, estrelas entre outras tatuagens mais comuns entre o público feminino e isso me estressa.

Hoje estou aprendendo como melhorar o sombreado para aproveitar o horário vago já que um dos clientes teve uma emergência e não pôde vir. Como a máquina já estava montada com a tinta preta, Nick resolveu que seria uma ótima ideia treinar para passar o tempo enquanto o próximo cliente não chega.

— Muito bem, agora diminua a pressão. -Sua voz ecoa dentro da minha cabeça e preciso de um esforço enorme para conseguir me concentrar. Acabo tremendo um pouquinho por conta do nervoso. — Assim não, Liv. Já te ensinei como manter o punho firme. -Ele suspira e de repente seus dedos estão sobre os meus, guiando minha mão pelo pedaço de pele e nesse momento começo a tremer ainda mais.

Nick está praticamente em cima de mim e respiro fundo para tentar não me atrapalhar, no entanto, esse é um erro grave, já que seu perfume penetra minhas narinas e fico levemente zonza com o seu cheiro masculino e delicioso.

— Isso, não solte a máquina. Você é quem a comanda e não o contrário. -Sussurra bem próximo ao meu ouvido e engulo em seco.

— Assim? -Engasgo sabendo que é bem provável que ele tenha percebido como sua proximidade me abalou por completo. Droga.

— Arram. -Seus dedos apertam os meus detendo o movimento da máquina e o único que se escuta é o barulhinho constante do motor, além das nossas respirações aceleradas.

— Nick... -Gemo baixinho, porém ele não se move. Sua mão agora cobre a minha por completo, os dedos acariciando os meus fazendo com que minha pele entre em ebulição. Meu coração bate tão rápido que produz um zunido no meu ouvido e o mesmo parece acontecer com ele devido ao fato de que consigo ver sua artéria pulsando descontrolada no seu pescoço.

De repente ele desliza sua mão pelo meu braço subindo até o meu ombro e pressiona minha clavícula fazendo com que eu incline minha cabeça em um movimento quase involuntário.

Não faço ideia do que está acontecendo, o único que sei é que por incrível que pareça, não quero que ele pare.

Meu corpo inteiro se incendeia com seu toque e minha vontade é de fazer coisas com ele das quais possivelmente me arrependeria no dia seguinte. Estou paralisada, não sei porque ele decidiu que esse seria um ótimo momento para brincar comigo dessa maneira e meus pensamentos se alternam entre mandá-lo a merda ou exigir que ele acabe logo com isso. Sinto sua respiração contra o meu pescoço e seus lábios tocam minha pele de um jeito tão sutil que desconfio se não estou imaginando tudo.

Que diabos está acontecendo? O que deu nesse cara hoje?

Ele passa o nariz no meu ombro e puxa uma longa respiração como se estivesse hipnotizado pelo meu perfume e começo a cogitar seriamente a ideia de mudar de aroma.

Estou prestes a girar a cabeça para beijá-lo e acabar logo com essa tortura, quando a porta da sala se abre em um rompante e a última pessoa que queria ver na face da terra nos fuzila com um olhar furioso.

— MAS QUE PORRA É ESSA? -Bárbara grita com sua voz irritante e Nick se afasta tão rápido que é como se tivesse sido arrancado à força do transe no qual nos encontrávamos minutos atrás.

— Que porra digo eu! O que está fazendo aqui? -Ele rosna para a ex-namorada com o rosto transformado pela fúria.

— Eu sabia que você estava comendo essa garota. -Bárbara afirma com convicção e faço uma careta ainda sentada no mesmo lugar. — É por isso que não quer voltar comigo, Nick? -Choraminga, falsa como sempre.

— Não quero voltar com você porque transou com outros enquanto estávamos saindo, sua maluca! -Ele segura seu braço de uma maneira muito diferente da que apertava o meu e a arrasta para fora do estúdio.

Amor, não faz isso! E-eu te perdoo! O que acha? -Bárbara diz e solto uma gargalhada incrédula.

— Ah, você me perdoa? Vejam só, ela me perdoa por ter me traído! -O deboche é evidente na voz de Nick e os olhos de garota se enchem de lágrimas. — Não quero vê-la no meu estúdio Bárbara! E se voltar eu vou cumprir minha promessa de chamar a polícia. -Ameaça, porém a loira nem se abala.

Seus olhos varrem o lugar até me encontrar e ela aponta o dedo para mim.

— Isso é tudo culpa sua! Vai se arrepender por ter nascido, vadia. -Praticamente cospe e cruzo os braços sorrindo.

— Acho que já tivemos essa conversa, loira oxigenada. -Nesse instante, não sei o que me possui que sinto uma vontade gigantesca de provocá-la, então antes mesmo de pensar no que diabos estou fazendo, me aproximo de Nick e passo a língua no seu pescoço pegando a todos de surpresa, incluindo Debby que entra praticamente correndo assustada com o tumulto. — Nick está solteiro, portanto pode comer quem ele quiser. -Digo sorrindo ao ver como sua pele se arrepia e seu pomo de adão sobe e desce em um sinal claro de que ele ou está muito excitado, ou muito bravo.

Seus olhos estão focados em Bárbara e suas mãos se apertam em um punho, os nós dos dedos ficando brancos em segundos.

— Nick me desculpe, eu estava no banheiro e não a vi entrar! -Debby diz preocupada e todos giram a cabeça na sua direção.

— Está tudo bem, mas da próxima vez chame a polícia por favor. -Seu chefe pede com a voz tão sombria que por um breve instante fico com pena de Bárbara.

— Isso não acaba aqui, vocês vão pagar caro por toda essa humilhação. -Declara enquanto é empurrada por Debby até a porta.

— Passe a conta, querida! Pago até o dobro se você quiser! -Grito para as suas costas e Nick me puxa para trás pela cintura me fazendo perceber que estava caminhando até a saída para continuar nossa pequena discussão.

— O que deu na sua cabeça? -Ele exclama me chacoalhando de leve.

Empurro seu corpo desfazendo nosso contato e franzo o cenho confundida.

— O que deu na minha cabeça? Acha mesmo que vou permitir que essa louca me chame de vadia cada vez que me encontre por aí? -Grito com as mãos na cintura e Nick massageia as têmporas exasperado.

— Exatamente, Liv! Bárbara é louca e você acabou de cutucar a fera com vara curta! -Sua voz se suaviza e cruzo os braços, a adrenalina correndo solta pelas minhas veias. — E o que foi tudo isso de passar a língua no meu pescoço? -Sussurra atordoado.

Nesse momento fico consciente da enorme besteira que fiz e tento achar uma justificativa para a forma que agi.

— Eu não sei o que estava pensando, ok? -Me jogo no sofá da recepção. — Só queria provocá-la, e para a sua informação, a lambida não foi intencional, não precisa ficar com nojo. -Todo o meu orgulho escorre pelo ralo ao dizer uma simples frase.

Ele se senta ao meu lado e um sorrisinho ladino enfeita o rosto angulado.

— Nojo? Você não faz ideia de como eu...

— Nick, já avisei Bárbara que ela está vetada do estúdio, novamente peço desculpas pelo ocorrido. -Debby passa pela porta com os olhos cheios de lágrimas e corro até ela aproveitando para escapar da saia justa que eu mesma me coloquei.

Abraço seu corpo por vários minutos e acaricio seus cabelos vermelhos.

— Não precisa se preocupar, se essa vaca aparecer de novo eu mesma vou enxotá-la para fora. -Cochicho no seu ouvido e ela acena devagar com a cabeça. — E tenho certeza de que Nick não está bravo com você. -Consolo a garota que está a ponto de ter um ataque de nervos.

— Obrigada Liv. Eu fiquei tão assustada quando a vi aqui dentro! -Confessa em um soluço. — Bárbara é louca.

— Isso todos já percebemos. -Brinco afagando seus braços e ela suspira mais tranquila.

— Eu acho melhor voltar ao trabalho, senão vou acabar sendo despedida...

— Se Nick fizer isso, ele vai se ver comigo. -Afirmo e ela sorri com cumplicidade.

Cada um volta para o seu lugar e o clima estranho permanece no estúdio mesmo horas depois de Bárbara ter ido embora.

Nick ficou calado pelo resto do dia e não se aproximou mais de mim, o que me deixou aliviada e com um gosto amargo na boca ao mesmo tempo.

Volta e meia ele olhava algo no celular e fazia uma careta cada vez que abria o aplicativo de mensagens.

Queria perguntar se estava tudo bem, mas me contive para evitar outra situação desconfortável.

Já tivemos nossa cota por hoje.

Quando o horário de fechar chega, ajudo rapidamente a limpar tudo e uma vez que terminamos, praticamente fujo para o meu carro, indo embora em seguida sem nem me preocupar em me despedir.

Preciso urgentemente de um banho relaxante para tentar esquecer de tudo o que aconteceu, principalmente de como me senti ao ter Nick tão perto de mim.

Chego em casa e vou direto para o meu quarto. Meus pais provavelmente ainda estão no trabalho e Jhonny deve estar em algum encontro.

Depois de tomar banho, janto algo rápido e me jogo na cama com o celular nas mãos.

Envio uma mensagem para mamãe avisando que já cheguei e deixo o aparelho na mesa de cabeceira.

Fecho os olhos em uma tentativa de pegar no sono, mas descubro da pior maneira que essa vai ser uma tarefa bastante difícil, já que os acontecimentos do dia de hoje dão voltas e voltas na minha cabeça sem parar.

Em algum momento acabo aceitando que não vou conseguir dormir e resgato o celular de volta sorrindo ao ler a mensagem da minha mãe informando que vão chegar mais tarde do que o habitual.

Que se exploda, vou dar uma volta. -Digo para mim mesma me levantando em um pulo.

Preciso de uma bebida e talvez de uma boa transa para esquecer de como é a sensação de ter os lábios de Nick na minha pele. 


NOTA DO AUTOR

Hello amores da minha vida! Sextou e com força kkkkk 
Liv provando mais uma vez que o DNA dos Cross não falha kkkk
O que acharam do cap de hoje?
Espero que tenham gostado.
Não se esqueçam de votar e comentar! 

Amo vcs 😍
Bjinhossss BF 🖤🖤🖤

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