"Prisioneira, prisioneira, trancada
Não consigo tirar você da minha mente,
da minha mente
Deus sabe que tentei um milhão de vezes
Um milhão de vezes, oh-woah
[...]
Por que você simplesmente não me deixa em paz?"

- Prisoner 
Miley Cirus feat. Dua Lipa

— E aí, como foi? -Jhonatan pergunta se jogando na minha cama me fazendo pular com o impacto.

— Cansativo. -Apoio a cabeça no seu ombro. — E embora não tenha de fato tatuado nenhuma pessoa, consegui aprender bastante apenas por observar Nick. -Suspiro. Meu corpo inteiro dói por ter ficado na mesma posição durante várias horas e começo a reconhecer que basicamente essa será minha vida quando finalmente me torne uma tatuadora profissional.

— Então você e ele se entenderam?

Levanto uma sobrancelha para o meu irmão e solto uma risada debochada.

— Que eu não tenha lhe dado uns tapas, não significa que magicamente virei amiga do babaca do seu amigo. -Afirmo e agora é Jhonny quem cai na risada.

— Afinal de contas, qual é o motivo de toda essa raiva? Porque até onde me lembro, ele não fez nada para você. Pelo menos é o que Nick me disse tipo... um milhão de vezes.

Como sempre, Jhonny sai em defesa do amigo e me controlo para não girar os olhos.

— Ok, primeiramente, você e Nick conversam sobre mim? -Me levanto para poder ver qual será a sua reação. — E segundo, não é da sua conta. -Resmungo irritada só de lembrar de uma eu do passado que era muito boba para o meu próprio bem e de como me senti humilhada ao escutá-lo dizer aquelas palavras sobre mim.

— Hum, nós meio que... tivemos uma briga há muito tempo atrás por conta disso, e Nick me garantiu que não tentou se meter entre as suas pernas e que nunca te faltou com o respeito.

Agora sim estou rindo com força e incredulidade. Meu corpo inteiro se eriça como um gato quando se sente ameaçado e me sento na cama olhando fixamente para o rosto do meu irmão que por sua vez alterna o olhar entre mim e a porta, quem sabe calculando o momento certo para fugir.

— Não acredito que ele te disse isso. -Digo com a voz sombria, mais parecida a um rosnado.

— Calma, Liv. -Meu irmão pede com as mãos em um sinal de rendição.

— Eu não estou brava. -Minto. — Só... chateada. Vocês falaram sobre mim como se eu fosse um objeto e não gosto disso. Além do mais, quem o Nick pensa que é ao achar que tem alguma chance comigo? -Zombo sentindo o gosto amargo da rejeição outra vez na minha boca.

— Escuta, o que quer que tenha acontecido entre vocês dois, eu realmente não vou me meter. Mas saiba que por mais que Nick seja meu melhor amigo, se ele chegar a te machucar de verdade, quero que saiba que eu sempre vou estar do seu lado, irmã. -Jhonatan promete e meus olhos se enchem de lágrimas no mesmo instante.

Acredito em cada palavra que ele diz. A vida inteira tivemos essa conexão e sei que ele jamais permitiria que nada acontecesse comigo, assim como eu a ele.

— Obrigada maninho. -Afago seu rosto sentindo a aspereza da sua barba fazendo cócegas na minha mão. — Agora dê o fora do meu quarto, que quero descansar. -Beijo sua bochecha antes de empurrar seu corpo com os pés fazendo com que ele despenque no chão.

— Baita agradecimento esse, viu! -Murmura alisando a calça jeans e sorrio divertida. — Nos vemos mais tarde para jantar?

— Sim! Pode ir... -Mando um beijo no ar e balanço a mão para que ele saia.

Uma vez que finalmente estou sozinha, aproveito para tomar um banho demorado e esfrego com delicadeza cada parte do meu corpo, dando uma atenção especial para uma zona bastante... sensível.

Depois de me secar e vestir uma roupa confortável, me deito outra vez na cama e pego meu tablet para desenhar algumas coisas que pensei enquanto estava no estúdio mais cedo.

O primeiro desenho é uma mão que segura um pescoço de uma forma bastante sugestiva. Não consigo evitar copiar algumas das tatuagens que adornam as mãos de Nick e me obrigo a apagar tudo imediatamente. Onde diabos estou com a cabeça? Não quero nem pensar no que ele acharia se encontrasse o desenho.

Nego com a cabeça e começo outro imediatamente. Uma garota bem parecida com a que fez a tatuagem de flor de lótus no pulso ganha forma pouco a pouco e sorrio ao lembrar de como ela é fofa. Coloco-a como uma personagem mística, algo como uma fada em cima de uma enorme flor idêntica à que agora está gravada na sua pele. Ela está com as pernas dobradas uma sobre a outra e seus olhos incandescentes observam tudo ao seu redor como se fosse onisciente.

Levo quase duas horas para finalizar o desenho e meus olhos se arregalam com o resultado. Ficou perfeito.

Preciso mostrá-lo para Nick, quem sabe assim ele percebe como sou talentosa e me deixa tatuar alguém. Sei que ele só está se prevenindo para que nenhum processo ou algo parecido caia nas suas costas por minha culpa, mas mesmo assim, me sinto triste ao saber que ele não confia em mim o suficiente. De todas formas, eu vou provar como posso ser capaz e tão profissional como ele.

Minha barriga ronca e esse é o meu sinal para salvar a foto e deixar o Ipad de lado para ir comer algo.

Ajudo meu irmão a preparar uma comida rápida para o jantar e servimos nossos pratos na mesa da cozinha mesmo, já que nossos pais só chegam mais tarde do trabalho.

Enquanto jantamos, conversamos sobre coisas aleatórias e Jhonny me conta as novidades que aconteceram quando eu não estava na faculdade embora só tenha faltado um dia.

Escuto tudo atenta, no entanto, é como se apesar de estar sentada bem ali na sua frente, minha mente estivesse em outro lugar. Sem querer, começo a lembrar de como Nick tatua e franzo o cenho ao perceber que por mais que não queira admitir, ele está fazendo um esforço que não precisava em me ter ali enchendo o seu saco e sem receber nada em troca.

Retiro o celular do bolso do pijama e abro o aplicativo de mensagens antes que me arrependa. Procuro o seu nome nos meus contatos e começo a escrever uma mensagem. Apago várias vezes o conteúdo, sem ter coragem de enviar nada. O que está acontecendo comigo? É só uma maldita mensagem.

"Obrigada por me ajudar hoje."

"Obs. é a Olívia." - Aperto o botão para enviar com os olhos fechados e coloco o aparelho em cima da mesa com a tela virada para baixo.

Meu irmão observa tudo atentamente e sorri balançando a cabeça.

— O que foi? -Grunho levando o garfo até a boca.

— Nada, irmãzinha... nada. -Ele sorri mordendo um enorme pedaço de bisteca.

— Só estava enviando uma mensagem para agradecer ao babaca do seu amigo, afinal de contas, ainda tenho educação. -Explico e seus lábios se abrem ainda mais.

— Ok. -Diz simplista.

— Qual é, Jhonny? - Cruzo os braços e ele deixa escapar uma gargalhada.

— Eu não disse nada, Liv! - Encosta na cadeira e me lança um olhar com a sobrancelha levantada.

— É bom mesmo. -Ralho me sentindo envergonhada como quando alguém é pego em flagrante fazendo o que não deve.

Termino de comer o que resta no meu prato e colocamos toda a louça suja na máquina de lavar.

Sugiro vermos um filme para nos distrair, porém meu irmão recusa a oferta, já que aparentemente ele tem um encontro.

Grande novidade.

Se algum dia uma fila de garotas aparecer na porta do nosso apartamento em busca da cabeça do meu irmão, eu juro que não vou me surpreender.

Jhonatan vai até o seu quarto para tomar banho e eu me jogo no sofá procurando um filme legal para ver.

Abro a Netflix e navego pelo aplicativo por um bom tempo antes de encontrar algo que chame minha atenção. Dou play na história de uma assassina que é envenenada e tem poucas horas para encontrar quem fez isso e assim poder matá-lo.

Meu irmão sai minutos depois me deixando sozinha em casa e tento prestar atenção no filme.

Pelo menos meia hora se passa quando meu celular vibra e produz um som específico para a chegada de mensagens novas. Estico a mão para pegá-lo e arregalo os olhos ao ver do que se trata.

"De nada." - Demônio tatuado.

As poucas palavras me surpreendem, por mais que eu esteja acostumada com seu jeito frio.

"É só isso? Caramba, não sabia que você era sério até por mensagem... " -Provoco com um sorriso ladino no rosto e a resposta dessa vez vem logo em seguida.

"E eu não pensei que fosse me importunar até por mensagem, estou ocupado agora, Olívia, nos vemos amanhã." - Demônio tatuado.

"Oh mil perdões se te atrapalhei com o que quer que esteja fazendo. Se bem que é bastante provável que esteja deitado olhando para o teto."

Mordo a cutícula da unha enquanto Nick não responde, e sinto meu coração bater rapidamente.

"Só para que saiba, embora não te deva nenhuma satisfação, estou com alguém. Então... adeus." - Demônio tatuado.

Confesso que a resposta me pegou desprevenida. Pensei que Nick demoraria algum tempo antes de voltar a sair depois de ter terminado com Bárbara.

De todas formas, isso realmente não é da minha conta.

Fico sem saber o que responder de modo que deixo o telefone de lado e procuro outro filme para ver.

Mais algumas horas se passam e eventualmente pego no sono ali mesmo na sala.

Meus pais chegam em algum momento e me sacodem levemente para que acorde.

— Meu amor, o que acha de ir dormir na cama? Vai ficar toda torta desse jeito. -Mamãe acaricia meu rosto com delicadeza e esfrego os olhos para focar a vista.

— Quanto tempo dormi? -Sussurro com a voz rouca.

Me sento no sofá franzindo o cenho para o relógio e quase levo um susto ao ver que já passa da meia noite. Papai se senta ao meu lado e seus olhos astutos me observam atentamente.

— Está tudo bem, filha? -Indaga baixinho e balanço a cabeça positivamente. — Tem certeza? -Insiste. Seus lábios se apertam em uma linha fina e o maxilar anguloso parece se enrijecer em preocupação.

Por um milésimo de segundo, fico com medo de que ele tenha descoberto tudo, no entanto, Angel Cross é assim. Ele está sempre se certificando de que nada esteja errado e isso vale não só para mim.

Amo ver como ele cuida da minha mãe como se ela fosse a razão da sua existência. E talvez ela seja exatamente isso.

Pelo que meu tio me contou, eles tiveram que superar um enorme obstáculo antes de finalmente ficar juntos e tenho quase certeza de que tem a ver com mamão escondendo alguma informação dele, por isso ele é tão atento com todos.

— Sabe que se algo estiver acontecendo, pode me contar, não é mesmo? -Seus dedos seguram meu queixo com carinho me sinto péssima por mentir assim na sua cara.

Eu deveria lhes contar tudo, dizer que quero seguir o meu sonho em vez de fazer faculdade, mas sinto muito medo de como ambos irão reagir diante dessa notícia. Por isso prefiro não dizer nada.

Quero me convencer de que isso é o melhor por enquanto, mas é difícil quando se tem meu pai me olhando desse jeito.

— Pode deixar, pai. -Asseguro sorrindo carinhosamente e ele move a cabeça para cima e para baixo parecendo convencido com o meu teatro de quinta categoria.

Mamãe reaparece minutos depois e caio na risada quando ela é puxada de supetão desabando no colo do marido.

— Anjinho! -Grita divertida, aquele brilho no olhar que ela só tem quando está com meu pai. No momento em que os dois começam a se beijar, sinto que é minha deixa para sair de fininho e ir até o meu quarto para tentar dormir outra vez.

Me jogo na cama e fecho os olhos me esforçando para impedir que as imagens do dia de hoje invadam minha mente e me impeçam de pegar no sono.

Depois de quase vinte minutos tentando, sinto que isso vai ser uma missão impossível.

NOTA DO AUTOR

A segunda chegou rápido, não é mesmo?
Como está sendo esse começo de semana sem
whats, face e sem vida social? kkkkkkkkkkk
Brincadeirinha meu povo!
O que estão achando dos caps? Estão gostando do avance e tal?
Desculpem essa minha chatice com as perguntas, é que ultimamente
ando tendo a impressão de que minha escrita está piorando kkkkkkkkkk 

Espero que tenham gostado do cap, 
Não se esqueçam de votar e comentar! 

Amo vcs,😍
Bjinhossss BF🖤🖤🖤