Na mira
Amélia chegou em seguida. E logo foi levada para sala de interrogatório. Ao passar por Victoria, a olhou amedrontada, recebendo um sorriso enigmático como resposta.
Lá dentro o tempo pareceu se arrastar. Amélia média suas palavras com cuidado. Dizendo exatamente o que Victoria havia lhe mandado, afinal foram as perguntas que ela havia lhe dito que seria.
Apenas se perguntava como ela sabia com tanta antecedência?
Apesar da tremedeira que lhe acometeu durante todo o processo. Acreditava ter se saído bem. Ao ouvir o nome de Lucas, não conseguiu conter as lágrimas o que deu mais credibilidade ao seu testemunho.
Quando ela saiu, Victoria entrou acompanhada de sua mãe. Se acomodou na cadeira a frente da mesa de madeira.
Diferente dos filmes, não havia espelho falso na sala. Apenas o delegado e um escrivão que filmavam o interrogatório transmitindo ao vivo para outra sala onde Lion e sua cunhada estavam.
-- Victoria Hills Bruks e Srs Helena Hills Bruks, correto? -- o delegado perguntou.
-- Porque estamos aqui doutor? -- Helena questionou.
-- O celular da sua filha foi encontrada junto ao corpo de uma das vítimas de homicídio, e testemunhas relataram ter visto sua filha na companhia deles na noite passada.
-- Recebi uma mensagem da minha amiga Amélia, me pedindo ajuda -- Vic começou, porém sua mãe sabia bem quem estava no comando. -- mas quando cheguei no local não a encontrei.
-- Você dançou com um dos jovens? -- ele pergunto a olhando nos olhos.
-- Lucas me disse que só me deixaria em paz se assim eu fizesse. Então dancei com ele. Porém ele passou dos limites e eu fui embora.
-- E para onde você foi? Para casa?
-- Para casa de Amélia, queria saber o que havia acontecido.
-- Ficou a noite toda lá?
-- Não, mas a maior parte.
-- Se importaria de nos fornecer uma amostra de seu sangue?
-- sem nenhuma objeção. -- ela o encarou com um meio sorriso.
O delegado não saberia dizer o que havia de estranho naquela garota, seu olhar era vazio de emoções e lhe trouxe um arrepio que percorreu sua espinha.
Lion a observava também, o corpo ereto e os braços livres do lado do corpo.
-- Ela não está com medo ou mesmo nervosa. -- comentou mais para si.
-- Talvez porque não seja a assassina. -- sua cunhada respondeu.
-- Essa é a questão. Qualquer um estaria nervoso, mas o olhar...
-- Acha que ela é culpada?
-- É cedo para dizer. Para isso faremos o exame.
Vic saiu da sala. E junto de sua mãe caminhou pelos corredores segura de si. Um cheiro familiar e másculo alcançou seu olfato.
-- Yuri... -- sussurrou. -- Porque o cheiro dele está aqui? -- perguntou para criatura. -- deve ter vindo dar o depoimento, afinal era irmão dele.
Seguiram para saída. A criatura sabia que o sangue de Vic não podia ficar em poder da polícia. Principalmente por ter o conhecimento de que não entenderiam o que iriam ver.
Ao chegarem em casa Vic notou o olhar triste de sua mãe, não ousou perguntar, pois, sabia bem que era á causadora daquilo.
-- Porque não posso ser normal como a maioria das pessoas? -- perguntou para voz em sua cabeça, assim que cruzou o limiar da porta de seu quarto.
-- Ser normal é ser superestimado. Ninguém é totalmente normal. -- respondeu com tom sarcástico.
-- Você entendeu. Eu quero muito saber o que você é? O que eu sou? -- se jogou na cama.
-- Sempre lamentando, sinto falta de quando não se lembrava. Era bem mais divertido.
-- Eu odeio isso. -- as lágrimas surgiram em seus olhos.
-- Temos coisas mais importantes para resolver, uma delas recuperar as amostras de sangue.
-- Para que? Seria bem melhor se descobrissem de uma vez. -- falou amargurada.
-- Discordo.
-- Não farei nada a respeito.
-- E quem disse que preciso da sua permissão?
-- Você está no meu corpo...
-- Nosso corpo até onde sei -- disse a interrompendo. -- E já sabe o que posso fazer se não deixar -- sorriu.
-- Porque me odeia tanto? -- a vontade de chorar retornou.
-- Não odeio, apenas estou cuidando de você.
Vic estava exausta e sua cabeça estava confusa, não sabia quem era ou o que era. Mas temia por si e por sua mãe.
O sol se pôs e a lua chegou com todo seu esplendor. Após uma longa ducha, Vic seguiu para sua cama e se aninhou em seus lençóis.
Estava correndo naquele mesmo corredor escuro. O barulho dos trovões a deixavam quase surda.
Seu corpo tremia com a adrenalina em suas veias. Se movia tão rápido quanto na noite em que os rapazes a perseguiram. Quase não sentia o chão sobre seus pés. Era como voar.
Seu coração batia frenético. E as luzes piscavam ofuscando sua visão. Sem contar as misturas de vozes, que não eram claras no que diziam.
Uma dor aguda atingiu seu braço esquerdo e um grunhido escapou de sua garganta. Suas mãos de repente estavam sujas de sangue, e o líquido viscoso desceu pela sua garganta trazendo lhe um prazer mórbido e uma satisfação estranha.
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