Buscando uma resposta
— Eu não entendo. — Ela fala entre soluços, olhando para o corpo ao lado.
— Mas vai entender. Não acha que é a primeira vez que faz isso?
— Co... como assim?
— Eu sei, agora você está triste, desesperada e confusa. No entanto, eu posso te ajudar e fazer-lhe esquecer tudo isso que aconteceu, como sempre faço. — A criatura sorria macabra, como se tudo não passasse de um jogo.
Victoria respirava com dificuldade o pânico era presente. Pois, segundo a criatura, não era a primeira vez que tirava vidas humanas. O que só ficava cada vez mais evidente ao se lembrar da conversa dos pais.
Sorvendo o ar com os lábios entre abertos, ela encara o ser medonho, e responde:
— Esquecer não fará com que tudo desapareça. Eu não sei o que sou. Mas não voltarei a matar.
— Está tão enganada. Mas seja como preferir. Se quer lembrar e viver com a culpa... — A criatura da de ombros — E você que decide. Só que está esquecendo um ultimo detalhe.
— Que seria? — Ela pergunta se levantando e evitando olhar para os lados, as lágrimas ainda escorriam por sua face.
— Tem uma pessoa que nós sabemos que ajudou a armar essa empreitada.
Victoria tremia de medo do que viria, ao sentir um arrepio de mal agouro que subia por sua coluna ela temeu perguntar, mesmo sabendo não ter escolha. Ela queria correr dali, mas sabia que não tinha como fugir do monstro que era parte dela.
— Eu não sei de quem está falando. — Ela disse por fim.
— A você sabe. Quem te envio a mensagem? Quem te atraiu para aquele lugar? Quem é apaixonada por aquele pervertido?
— Amélia... — Ela sussurou — Não, ela não teria sido capaz de...
— Como pode saber não a conhece. E lembre-se. Sem testemunhas, sem sobreviventes.
— Não...
Tarde demais ela gritou. A criatura novamente se apossou de seu corpo, aprisionado Vic em sua mente.
— Como disse antes, apreciei o show.
Victoria corria com maestria entre as arvores e mesmo com os galhos batendo de encontro ao seu corpo causando uma pequena ardência que era apracada com o vento frio da madrugada, isso em nada a incomodava. Sua versão assassina apreciava a adrenalina e o êxtase da caça. Apenas por imaginar mais uma morte seu corpo vibrava em uma satisfação cinistra.
Ao alcançar a saida da mata, ela correu mais livremente pelas ruas desertas da cidade. Sem se importar com as roupas sujas de sangue e lama, pois, sabia que ninguém a podia ver.
Vic que lutava dentro de seu corpo para se libertar não entendia como a criatura, conseguiria encontrar a casa de Amélia. Visto que nem ela mesma sabia onde ficava.
— Não se preocupe eu sei bem como achar. — A criatura falou com um riso debochado, parando no canto escuro de uma da rua.
Ao empinar o nariz e respirar o ar noturno com a mescla de odores doces, e outros um tanto desagradável como o cheiro de lixo, esgoto, e combustível. Um em particular lhe chamou a atenção. Um cheiro adocicado de jasmim.
— Te achei. — Ela sussurrou enquanto novamente corria.
Victoria sabia que tinha que deter seja lá o que quiser que fosse. Ela não queria e não podia deixar que isso matasse outra pessoa. E não importava se culpada ou inocente.
Logo seu corpo parou de frente para uma casa de dois andares. Quase todas as luzes da residência estavam apagadas, exceto por uma.
A janela do segundo andar estava aberta, apenas as cortinas atrapalhavam a visão nítida do quarto.
Ao apurar seus ouvidos, e ignorar os sons da vizinhança, ela pode escutar o barulho da água que descia do chuveiro e o cheiro intensificado do jasmim que aguçava todos os seus sentidos.
Sua boca salivou ao imaginar o sabor do coração de Amélia. Vic se perturbou, ela sabia que a criatura não iria parar. Mas ela continuava lutando, não só para sair dali. Como também lutava contra o estranho desejo que passou a atormentar seu corpo. Ela poderia não admitir, mas desejava assim como a criatura, provar o sangue de Amélia.
Ela salta de encontro a janela, agarrando-se ao batente se lançando para dentro do quarto iluminado.
Amélia desligou a ducha e se enrolando na toalha abriu a porta do banheiro. Ao cruzar o batente ela tampou a boca para abafar um grito de espanto.
Victoria estava parada de frente para ela, seus olhos vermelhos como tochas de fogo, os dentes pontiagudos amostra. E as roupas manchadas de sangue.
— Victoria o que aconteceu com você? — Amélia perguntou andando de costas em direção a saida do quarto.
Vic se move veloz parando antecipadamente ao lado da porta.
— Foi você. — Victoria fala, e segurando na beirada da cômoda a jogando no meio do quarto, partindo o espelho em centenas de pedaços.
Amélia estremeceu com o barulho do objeto se chocando contra o chão. Um arrepio agourento subiu pela sua espinha.
— Eu... não... sei do que edta falando. — Ela gagueja e agarra firme na borda da toalha.
— Você os ajudou. Ajudou lucas a tentar me ferir. — Ela esbraveja e se aproxima lentamente de Amélia.
— Eu não sei do que está falando. Eu sinto muito. — As lágrimas escorrem pela face rosada.
Victoria a olho curvando um pouco a cabeça para o lado. O coração da moça estava batia em um ritimo alucinante. O cheiro do medo era forte.
— Eles machucaram você? — Amélia perguntou trêmula.
Vic que observava tudo, conseguia ver nos olhos da garota a preocupação sincera.
— Me deixe sair, ela não é culpada. Deixe me falar com ela.
— Não... — A criatura fala com Victoria, deixando Amélia mais confusa.
— Eles não te machucaram. Então de quem é todo esse sangue? — Amélia tentava entender.
— Mas você tem razão. Ela não parece tão boa assim. — A criatura responde, Amélia olha para Vic atônita.
Victoria fecha os olhos para em seguida abri-los, a cor deles agora verde, seus dentes comuns. Vic suspirou e caiu de joelhos.
— Me perdoe. — Vic pede já sentindo as lágrimas brotarem em seus olhos.
— Victoria. — Amélia a chama ajoelhado ao lado dela. — O que fizeram com você?
— Eu recebi uma mesagem sua, dizendo que queria me encontrar. Eu fui até o lugar mas... — Ela chora cobrindo o rosto com as mãos. — Era uma armadilha, Lucas e um outro cara, eles me perseguiram e...
— E o que! O que eles fizeram? — Amélia pergunta em choque, não querendo acreditar no que ouvia.
— Eu os matei. — Ela fala por fim.
Amélia a solta e se afasta. — Você o que? Não como você os matou? — O cheiro do medo misturado com o leve aroma salgado das lágrimas, acendeu um desejo dentro de Vic o que ela lutava a todo custo para controlar.
— Você me viu. Foi facil para mim. — Ela olha para Amélia que estava boquiaberta.
— Eu... — Amélia se levanta de sobre salto e corre na direção da porta.
Victoria segura na maçaneta impedindo que ela saia.
— Por favor fique calma eu não vou te machucar.
Amélia tremia com o choro, ela sofria por ela, por Lucas, e possívelmente por Victoria.
— O que você é? — Amélia perguntou por fim.
— Eu também quero saber. Mas a unica coisa que eu sei agora e que eu preciso da sua ajuda. — Ela pede com desespero.
— Nós temos que chamar a polícia.
Amélia tenta pegar o telefone fixo na sua mesa de cabeceira. Mas Vic o arranca arremessando para longe.
— Por favor não. Se você tentar me entregar o meu outro lado não vai gostar. E acredite e dificil manter ele preso. — Vic fala cerrando os punhos, sentindo sua outra face aflorada lutando para sair.
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