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Ele corta seu pulso novamente e me oferece, dessa vez tomo cuidado, apenas alguns poucos goles e paro, eu posso aguentar a fome, mas vê-lo passando mal por eu ter exagerado não está em cogitação aqui

- Não quis mais?

- É claro que quero, mas não te deixarei zonzo novamente.

- Está ficando um pouco tarde, que hora você prometeu voltar pra casa?

- Não disse horário, mas peraí... – Pego meu celular, são oito da noite e não há mensagens de meu pai, ligo pra ele – Oi pai... então, ainda estou com a Jú, vim pra casa dela jantar e não tenho hora pra voltar tá, ela me leva de carro depois

- Filha, melhor você voltar pra casa, tá ficando tarde, você tem certeza de que não vai atrapalhar ela?

Nisso Antônio pega meu celular e fala com uma voz feminina – é super estranho ver um homem falando com a voz de uma mulher, parece que está sendo dublado – Oi seu João, não se preocupa, se ficar muito tarde ela dorme aqui comigo, ela tá me ajudando num trabalho difícil aqui, nem sei o que faria sem ela comigo... – Ele me olha como se realmente quisesse me dizer essa última parte, pego o celular e vou encerrar a ligação

- Eu dormir aqui com você?

- Se você quiser...

- Como se precisasse perguntar...

Eu sei que tenho tesão nele, que o quero mais que tudo, mas ele nunca nem tentou me beijar, fico confusa, e com mais medo ainda de não saber qual vai ser a reação dele se eu tentar. Ele me chama pra ver outro filme, aceito, quero ficar nos seus braços, descobri que é o lugar que mais gosto no mundo.

Ele me puxa para deitar novamente em seu peito, dessa vez assistimos um filme comum, O Conde de Monte Cristo, é triste, ele coloca a vingança acima de qualquer coisa, mas ao mesmo tempo nos ensina a valorizar o que nunca podemos perder, nosso conhecimento, pois nossa liberdade e até mesmo a vida pode ser ceifada. Fico relaxada em seus braços, ele tem esse poder sobre mim, quando olho pra cima, em direção a seu rosto ele também me olha nos olhos, crio coragem e tento beijá-lo, sinto ele paralisar o corpo, fico com vergonha e me levanto, sou puxada novamente, deitada totalmente sobre seu corpo sou beijada, sua mão adentra meus cabelos me puxando contra sua boca, sua outra mão percorre meu corpo, minha temperatura sobe, o quero, quero tudo o que puder ter, não sei o que é isso, até hoje apenas com ele tive essa sensação.

Ele se senta, continuo em seu colo, ele me carrega até seu quarto, me deposita na cama e retira cada peça da minha roupa com cuidado, beija cada pedacinho de pele descoberta, lambe onde está estampada sua marca e ela aquece, entro em uma espécie de frenesi, o quero ainda mais do que antes, ele retira sua roupa devagar pra que eu aprecie cada pedaço de seu corpo, sempre que estamos juntos ele fica em sua forma original, até agora minha favorita, seu corpo é perfeito, sua pele queimada contrasta com a minha branca quase transparente, ele me beija e com uma estocada forte me penetra pela primeira vez, sinto toda a dor, ele acalma meu corpo tensionado pela dor sentida com seus carinhos, busco sua boca e ele me oferece de bom grado, aos poucos vai se movimentando e assim descubro novas formas de prazer.

Ele me dá um banho, me coloca de volta na cama e me abraça pra que eu durma, ele diz não dormir, que não tem o costume, mas quando acordo horas mais tarde ele está ressonando baixinho, coloco minha mão em seu peito e percebo uma marca que antes não havia ali, é em relevo assim como a marca dele em mim, mas exatamente onde é minha marca de nascença, acendo a luz e reconheço sua forma, faço um teste, me lembro que quando ele me lambeu tive reações, tentarei fazer o mesmo, com cuidado passo a língua sobre a marca, ele no mesmo momento acorda e busca minha boca, estamos nus, recomeçamos a busca por nosso prazer.

Mas ainda estou com essa dúvida o que são essas marcas afinal?

Hoje é dia 13 novamente, está fazendo um mês da maior mudança da minha vida, fico a maior parte do tempo com ele, minha mãe sempre trabalhou muito na casa do Bin, e meu pai que estava desempregado conseguiu um emprego bom de vigia em uma fábrica, ele fica apenas sentado olhando os monitores, mas por isso fica muito tempo longe de casa, sendo assim posso evitar dar explicações e quando elas são necessárias Antônio faz a voz da Jú, imagino que uma hora isso ainda vai dar problema, mas deixa pra depois. Como está fazendo um mês, pra finalizar nossa transformação precisamos mergulhar no lago, nos alimentar pela última vez do sangue dele, depois segundo ele passará a ser anual e não sentiremos mais fome. Bin vai primeiro, mergulha até o fundo do lago, bem no local onde o carro afundou, quando ressurge está com uma aparência cadavérica, como se tivesse passado esse mês no fundo do lago, ao tomar algumas gotas de sangue volta ao normal, Antônio o manda embora e diz que agora o castigo acabou, a fome irá passar e que logo receberá as instruções necessárias. Na minha vez, eu não sei o que fazer, nunca aprendi nadar, aquele afogamento que sofri quando criança me traumatizou, ele me pega pela mão e mergulhamos, ele me guia até o fundo, mesmo sendo tão escuro eu posso ver o que tem lá embaixo, vejo os corpos mulheres vítimas em sacrifício, muitas são crianças até, eu ressurjo na superfície diferente de Bin, estou com uma calda preta como a de sereia, meus cabelos aparentam um tom prateado, muito diferente dos negros habituais, meus olhos estão diferentes, sinto que enxergo melhor, Antônio está com uma expressão de surpresa e sorrindo, quando olho ele se transforma, adquire uma calda branca, seus cabelos antes castanhos ficam brancos e seus olhos adquirem um tom verde brilhante, ele corta seu braço e me oferece seu sangue, o lago diz em minha mente que devo fazer o mesmo, desta maneira concluímos nosso ritual. 

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