CAPÍTULO 05


  A noite, assim que cheguei em casa, me joguei no sofá, sentindo os dedos que eram espremidos pelo salto alto ganharem liberdade e meu corpo finalmente relaxar por completo. Uma onda dolorosa constantemente fazia pressão sobre o topo da minha cabeça e por muitas dessas vezes, descansava a mão sobre a região na esperança de aliviar.

— Mamãe! — Escutei minha filha chamar, enquanto os pés corriam sobre as escadas, descendo-as.

— Cuidado ao descer as escadas, Eve. — pedir mas não adiantou muito, quando percebi ela já estava se jogando no sofá ao lado.

— Que bom que chegou, sentir saudades — se jogou sobre mim, me abraçando fortemente. Retribui e tirei alguns fios de cabelo do seu rosto.

— Também sentir saudades de você, como foi o seu dia?

— Foi muito divertido, eu fiz um desenho — se afastou, pegando algo sobre a mesinha e me entregou. Era um desenho eu e ela, no dia de shopping, alguns objetos como os vestidos e o pula-pula me ajudava a identificar.

— Ficou muito bonito, posso guardar pra mim?

— Pode sim — seus olhinhos brilharam, piscando freneticamente. Trouxe ela mais para perto, ouvindo falar sobre como as coisas aconteceram hoje. Mais adiante fui para o meu quarto, onde tomei banho e peguei o notebook para continuar com o trabalho, no entanto, antes que eu continuasse, Eve veio até o quarto, se acomodando e me fazendo companhia.

Os outros dias se passaram como os anteriores, menos com a minha ida ao all night que naquela semana já tinha sido completada, de acordo com o que havia planejado. Todos os dias eu encontrava Taehyung, seja na recepção, no corredor ou em alguma reunião, ele não falava absolutamente nada, mas eu percebia seus olhares, não se importando que eu retribuísse, ainda assim, continuava fazendo o seu trabalho, mostrando novas propostas e o cronograma para as redes sociais, como também as pessoas que iriam divulgar o lançamento. Os produtos já tinham sido fabricados e embalados, assim que anunciamos e as pré-vendas foram abertas, rapidamente se esgotaram, o que era ótimo para todos nós.

Em uma das reuniões, tudo já estava muito bem explicado e todos entendiam, acompanhavam como as coisas aconteciam em tempo real. Todos estavam felizes que todo o nosso esforço estava tendo resultado e que muitas pessoas estavam gostando.

— Emy! — Meg acenou assim que estava indo em direção a minha sala. Nos aproximamos e ela me abraçou. — Assim que saiu eu já estava lá, todos estão comentando, algumas conhecidas minhas estão ansiosas pra testarem.

— Todos aqui estão bem animados também, mas ainda falta muitas coisas pra finalmente cantarmos vitória.

— Não seja tão durona, tá incrível. Já deveriam ter cantado vitória — inspirei e soltei o ar por completo. Querendo ou não, ter todo aquele resultado positivo era algo que queríamos muito. Estávamos planejando a meses e tomando todo cuidado.

— Vou tentar — fiz caretas e comentamos um pouco sobre o lançamento, Meg cumprimentava quem conhecia e também quem não conhecia.

— Espera um momento… — segurou meu braço e me puxou para o lado, olhando para algo atrás de mim. Inevitavelmente também olhei, encontrando o que ela olhava.

O Kim não estava muito longe de nós, conversando com algumas pessoas, assim que nos avistou, acenou.

— Aquele dali não é…

— Sim, é ele mesmo — se voltou para mim.

— E? Imagino que temos muito o que conversar.

Fui em direção a minha sala, esperando ela fechar a porta.

— Foi tudo uma mera coincidência, a minha equipe contratou ele como diretor de marketing.

— Que coincidência delicada — fiz que sim com a cabeça. — e como vocês se tratam aqui?

— Normal Meg, nada diferente.

— Bem, isso é bom. Mas e sobre a boate?

— Até então, separemos as coisas, seremos duas pessoas em lugares diferentes. Ainda estou pensando sobre.

— Até que pode ser divertido, pense pelo lado bom.

— Qual é o lado bom, Meg? — ela via lados bons em tudo o que fosse possível. Me encostei na mesa.

— Isso pode ser ótimo pra intimidade de vocês na sessão, e facilitar muitas coisas.

— Já eu acho que estamos indo bem, separando as coisas e agindo normalmente.

Meg tentou justificar sua opinião sobre como aquela coincidência era um bom sinal, mesmo me conhecendo. Apenas acenei e sorri, acreditando que aquilo não passava de um delírio momentâneo dela.
No mesmo dia, passei o restante da tarde fora do escritório, muitas mídias estavam direcionando sua atenção para o novo lançamento e com contratos muito bem firmes com grandes artistas para não só serem nossos modelos, como também alimentar o público, isso fazia os olhos se focarem em nós.

Quando voltei já era início de noite, o que significava que eu ficaria até um pouco mais tarde, finalizando alguns papéis que precisavam da minha assinatura e supervisão.

— Vai demorar muito pra chegar? — A voz chorosa de Eve cortava meu coração. Raras eram as vezes que eu precisava ficar até de madrugada na empresa, mas em épocas de lançamento era praticamente impossível evitar isso.

— Vou ficar aqui um pouquinho, mas prometo que não vou demorar muito, tá bom? — Com o celular no ouvido, chequei a recepção e algumas salas de longe, notando que devido ao horário todos já tinham ido para suas casas, restando apenas eu.

Entrei na sala.

— Sabe o que precisa fazer, né?

— Ir pra cama e dormir cedo pra crescer forte.

— Isso mesmo — Sorri. — A nana vai ficar aí com você, se cuide querida, quando chegar vou no seu quarto dar um um beijo.

Desliguei o telefone, pondo sobre a mesa e passando a mão contra o rosto, sentindo um peso em meus ombros. Me levantei e fui até a adega, pegando apenas um pouco de bebida pra me ajudar a ficar acordada, voltando ao notebook e começando a digitar.

Olhei para o relógio no cantinho, só haviam se passado trinta minutos desde que comecei. Antes de prosseguir, ouvir alguém bater levemente contra a porta.

— Posso? — A voz do Kim ecoou da porta. Permitir que ele entrasse. — Terminei algumas coisas que ainda estavam em andamento.

Se aproximou o suficiente para inclinar o computador de mão em minha direção, me entregando.

— Eles falaram que a senhora havia saído, e como tinha algumas coisas para terminar, aproveitei a oportunidade.

— Se quisesse, poderia ter deixado para amanhã — olhei para ele e em seguida para a tela. Estranhamente ele tinha algo que era atraente ainda mais ali do que nas sessões, poderia ser o atrevimento em que me cercava com o olhar ou as lembranças em como era agradável tê-lo sobre o meu domínio.

— Achei melhor deixar as coisas prontas, acredito que os demais dias estarei ocupado com outras coisas. — oscilei e observei o que trouxe para mim.

De repente um estalo, seguido de um breu por completo se espalhou por toda sala.

— Que merda — Murmurei, caçando meu celular sobre a mesa e após uma procura sem ver um terço do que acontecia em minha frente, finalmente encontrei, iluminando a passagem até poder abrir as cortinas da parede de vidro que iluminava um pouco melhor a sala.

— Queda de luz? — Virei para ele e fiz careta.

— Poderia até ter sido, mas temos geradores aqui, exatamente pra evitar isso. Caso fosse, já ligavam e nem íamos perceber — comentei, procurando um número específico para ligar. — vou tentar saber o que aconteceu.

Taehyung se moveu de onde estava, dando a volta e parando em frente a bela paisagem da cidade. No telefone, a ligação chamou algumas vezes até que alguém atendeu, questionei e fui informada o que aconteceu.

— Aparentemente eles acharam que não tinham ninguém no prédio e resolveram trocar os geradores.

— Agora a gente vai ter que esperar?

— É a única opção que temos — trocamos um breve olhar e posteriormente também fui para mais perto da visão. Esperava que a luz voltasse logo.

— Pensei que você era diferente quando não tava na boate — Mirou em mim. Arqueei os ombros. — mas é a mesma aqui também.

— A mesma? — um arzinho saiu do meu nariz. Cruzei os braços. — O que você achou que eu era? — Um micro sorriso saiu dos meus lábios.

— Não sei bem, mas quando te encontrei aqui e passaram os dias, notei que sua postura é a mesma, mas nem tão firme. — fixei.

— Preciso me manter firme, apenas isso.

— Eu gosto desse seu jeito, é… — Mirei pelo canto dos olhos. — instigante e fofo. — Precisei conter a vontade de rir ao ouvi-lo dizer " Fofo ", balançando a cabeça. Me acheguei a ele, olhando seus trejeitos e como seu peito se movia calmamente em uma respiração mais profunda.

— Sabe de uma coisa? — Ele suspendeu uma das sobrancelhas. — Deveria se comportar Taehyung, mas isso é tão difícil pra você, não é? — ele oscilou, afirmando e em seguida negando. Mais perto dele, descansei minhas mãos sobre seu terno. — É tão difícil não quebrar as regras?

— Não senhora — seus olhos cintilavam, olhando para minhas mãos. Segurei sua gravata e a defis, envolvendo o pescoço dele.

— Não senhora, o que?

— Não é difícil manter as regras, mas como a senhora disse antes, a gente teria que separar as coisas — ele estava certo. — Pensei que…não precisava mantê-las.

— Mudei de ideia — cruzei os fios e com um puxão, a gravata comprimiu a sua pele e seu corpo inclinou em minha direção à medida que eu o trazia para perto de mim. — Pelo menos, agora eu mudei de ideia.

Improvisei uma coleira, assim como usávamos nas sessões, trazendo ele até minha cadeira e o pondo sentado, galgando sobre seu colo até que estivesse sentado sobre ele. Não estava disposta a me julgar pelo meu ato impróprio agora, caso pensasse demais ao menos a presença dele seria cogitada perto de mim. Só queria parar de pensar enquanto a luz não voltava e me distrair até tudo não parecer apenas um sonho meu.

— Você gosta disso, né? — Perguntei, ele estava muito ocupado olhando para minha boca. Sua garganta oscilou, suas mãos se agarram contra a cadeira.

— Eu gosto quando você faz isso — Veio para frente, tentando uma aproximação mais direta, mas antes de encontrar o seu objetivo, o contive, tocando meus lábios sobre seu queixo, beijando enquanto eu descia e subia. — Eu quero te beijar, Emy, desde que te vi a primeira vez.

Era tentador isso e mesmo que negasse, eu queria deixá-lo me tocar, me beijar. Minha consciência pesava a cada segundo que eu sentia o peso do meu corpo se acostumando com o colo de Taehyung, como nossos narizes se tocavam e por pouco nossas bocas também, como uma súbita vontade de ignorar e quebrar minhas próprias regras.

Então eu beijei Taehyung, sem enrolar, me abstraindo de qualquer pensamento que me fizesse parar. Sentir quando suas mãos subiram pelos meus braços, encontrando meus ombros, deslizando para baixo e com isso fazendo com que o colete que eu usava saísse no que suas mãos me despiram pouco a pouco. Seus lábios eram tão veludosos e vastos que me conduzia a querer mais.

Suas mãos me apertavam e uma sensação de brasa alojou-se pouco a pouco sobre minha pele, até meu peito estremeceu quando o contato mudou para minha pele, pescoço e ombro, beijando com desígnio.

— Não, eu passei do limite  — o interrompi, me afastando do seu colo. Mal sabia o que tinha me acontecido para começar e permitir aquilo.

Cambaleei para trás, repousando a palma sobre o lugar onde antes a boca do Kim estava próxima, sentindo como se ele ainda estivesse me beijando. Observei que alguns dos botões da sua camiseta estavam soltos, em algum momento do meu deslize eu havia feito aquilo.

— Por que não? — ele ficou de pé. O ar estava tão quente entre nós que precisei procurar um ambiente mais fresco.

— Porque eu sou sua chefe — Procurei meu colete, ele estava no chão perto dele e voltei a me aproximar, pegando, sentindo seus braços se envolverem ao redor da minha cintura.

— Já faz trinta minutos que meu expediente acabou Emy, por via das dúvidas, essa desculpa não pesa mais.

— Mesmo assim Taehyung, independentemente disso — O afastei de mim, com meu colete já em mãos, vestindo-o. — Falamos que iríamos separar as coisas, pra isso funcionar.

— E estamos fazendo isso, não? — Seu olhar, juntamente com o sorriso me irritou.

— Não, é isso aqui — apontei para ele e para mim. — É a prova disso.

— Mas, você não quer isso também?

— Tudo isso é muito complicado e não deveríamos falar a respeito aqui. — Assim que terminei de abotoar, fui até minha mesa. No mesmo instante a luz retornou e dei um suspiro de alívio.

Ao meu lado, Taehyung observava meus movimentos enquanto reunia minhas coisas para sair dali.

— É melhor cada um ir para o seu destino agora que a luz voltou. — disse, sem olhar para ele.

— Tudo bem — Murmurou, pegando seu notebook e o que havia trazido.

Ele se distanciou da minha mesa, caminhando até a saída, não olhei para ele, mas sentia seu olhar, foquei minha atenção em salvar os documentos que por sorte, ainda estavam ali para finalizar depois.

— Tenha uma boa noite, Emma.

— Você também, Taehyung — ouvir a porta abrir e minutos depois, se fechar. Dei um tempo para processar os últimos acontecimentos e o que eu havia feito.

Quanto mais pensava, mais difícil era encontrar razões para pôr um fim naquilo, porque mais que minha eu profissional tivesse falado mais alto, minha eu interior queria continuar aquilo.

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