O começo

Jeon Jungkook

— PEGUEM-NO! — Ouviu um alfa gritar, porém sua voz soava distante enquanto corria.

Estava cansado — exausto na verdade — de tanto correr, descer a montanha e correr pela floresta não era uma atividade ao qual estava acostumado, aquilo exigiu mais de seu corpo do que imaginou. Por conta da névoa que cobria a floresta, podia ver uma fumaça densa sair de seus lábios sempre que expirava ao tentar ganhar fôlego, podia ouvir os passos atrás dele, pareciam longe. Seus músculos ardiam e sentia que não iria conseguir manter aquele ritmo por muito mais, por isso decidiu aproveitar a névoa para se esconder atrás de uma das árvores. Assim que suas costas bateram contra o tronco da árvore, seu corpo amoleceu, correu por quase dois dias, não aguentava dar mais um passo sequer, se estivesse com seu arco, poderia ganhar algum tempo para fugir. Pôde ouvir os passos se aproximarem e apesar de extremamente ofegante, tentou prender a respiração, pois se não, o ouviriam.

Ouviu vozes bem próximas, perguntavam se tinham visto-o, se ele havia saído da trilha ou se havia conseguido escapar, não conseguiu conter a respiração por muito tempo, então tentou buscar fôlego sem fazer muito barulho. Seu plano de permanecer escondido deu certo, mas não sabia até quando, por isso preparou-se para correr a qualquer momento, manteve-se alerta a qualquer som próximo a ele que não fosse dos homens atrás da imensa árvore ao qual estava escondido. Porém o medo o tomou quando ouviu um uivo, os lobos com certeza iriam encontrá-lo, bastava farejar o ar e o encontrariam em segundos, tinha que sair dali o mais rápido possível, mas para onde? Continuar escondido não era uma opção, mas correr também não era, porque além de cansado, os lobos eram mais rápidos que ele. Enquanto pensava em uma rota de fuga, se assustou com uma flecha, que acertou a árvore que estava escondido, a centímetros de seu rosto.

— ENCONTREI ELE! — Um homem gritou há alguns metros.

Jungkook estava com o coração acelerado, mas não conseguiu correr, seu olfato foi tomado por um cheiro extremamente forte e nauseante, uma fumaça amarelada cobriu sua visão e notou que havia uma pequena bolsa de pano na lâmina da flecha, ao qual saía um pó estranho. Levantou-se com dificuldade, pois aquele pó amarelado tapou suas vias respiratórias e o fez tossir, por isso cambaleou para longe, para tentar respirar entre a tosse incessante que o tomou. Uma tontura extrema o atingiu e teve de se segurar na árvore para não cair, o som das vozes aumentaram e soube que estavam muito próximos dele, mas quando levantou o olhar, sua visão estava turva, apesar de conseguir enxergar as silhuetas, elas duplicavam e borravam a medida que a tontura o tomava. Ouviu risos e os passos se aproximaram ainda mais, porém, mesmo letárgico, não se entregaria facilmente, por isso se afastou.

— Vamos gracinha, facilite um pouco o trabalho, se conseguirmos entregá-lo inteiro será melhor — um dos homens disse com sua voz asquerosa e Jungkook cambaleou para longe.

Não iria deixar fosse capturado, por isso mesmo atordoado, deixou que seu lobo assumisse, sentiu seus ossos estalarem e esticarem, a dor tão conhecida por ele parecia ter sido anestesiada por conta do alucinógeno que jogaram nele. Quando sentiu suas patas tocarem as folhas secas, tentou usar seus sentidos torpes pela droga para se concentrar, já que não podia confiar em sua visão turva, ouviu pegadas próximo a ele e sabia que o cercavam, não pôde distinguir se eram humanos ou lobos. Rosnou quando ouviu uma aproximação muito perto e mostrou as presas em direção ao que causou o barulho, ouviu que a pessoa recuou e Jungkook acabou por cambalear um pouco, pois ainda não tinha estabilidade alguma por conta da tontura. Sentiu um lobo tentar mordê-lo e conseguiu afastar seu focinho a tempo, rosnou novamente e tentou recuar, mas não adiantou.

Um lobo mordeu sua pata traseira e Jungkook uivou por causa da dor, sentiu as presas do lobo adentrarem sua pele e chorou, mas infelizmente, não havia acabado, pois outros lobos fizeram o mesmo, quatro deles morderam suas patas para imobilizá-lo. A dor foi tanta que seu lobo chorou junto a ele quando as presas perfuraram sua pele, tentou se manter de pé, mas não conseguiu, porque sentiu várias cordas circularem seu focinho de maneira dolorosa, além de prenderem também suas patas machucadas, o que o levou ao chão. Quando sua pelagem tocou a terra úmida, ouviu um coro de comemorações, sentiu várias mãos tocarem seu corpo e prendê-lo as cordas, sem dar-lhe qualquer chance de fugir. Estava exausto, ferido e atordoado, sequer conseguia distinguir suas silhuetas, não conseguia acompanhar seus movimentos, estava completamente drogado.

— Bem que ele podia voltar à forma humana agora que suas roupas rasgaram, não é? — Um deles disse e sua voz soou turva a seus ouvidos, mas mesmo tonto, Jungkook entendia o que suas palavras significavam.

— Você viu o rosto lindo que ele tem, nos daria uma bela visão — outro riu e seus companheiros concordaram.

— Se ele voltar a forma humana vamos brincar com ele? — A voz à sua esquerda perguntou novamente. — Faz tempo que não encontro um ômega macho, principalmente um tão bonito.

— Já iremos receber menos por tê-lo machucado — um homem bufou irritado a sua frente. — Se tocarmos nele, nossas cabeças vão rolar.

— Mas nada impede de apreciar de longe né? Não precisamos tocá-lo para sentir prazer, basta uma bela visão — o homem à sua direita respondeu e os outros concordaram.

Aquilo fez seu estômago se revirar.

Jungkook foi arrastado pelo chão sem qualquer delicadeza, disseram-lhe que seriam mais delicados se voltasse a forma humana, mas jamais faria aquilo, preferia viver o resto da sua vida sobre quatro patas se aquilo lhe garantisse um pouco de segurança. Ele foi colocado dentro de uma jaula e as cordas não deixaram seu corpo, ainda se sentia zonzo e tinha certeza de que viajaram por um bom tempo, mas sua cabeça ainda girava e tudo parecia um grande borrão. Não soube dizer quanto tempo se passou enquanto estava amarrado, mas foi o bastante para a droga perder um pouco de seu efeito, depois um tempo conseguia ouvir as vozes sem o eco e a dor em suas patas triplicou, além das dores musculares, sentia as feridas causadas pelas presas dos lobos, pela dor, sabia que eram profundas.

Estava quase adormecido novamente quando ouviu gritos e sons de espadas, o que o fez despertar e notar que as cordas já não estavam tão firmes em seu corpo, então ergueu a cabeça a tempo de ver um homem ser atravessado pela espada de outro. Jungkook arregalou os olhos e se encolheu quando o olhar do homem que o apunhalou encontrou o seu, mas ele não o encarou por muito tempo, logo sua atenção foi para outra pessoa, que corria em sua direção. Ouviu um uivo atrás dele e se assustou, um lobo marrom correu até um homem mordeu seu pescoço e se seu estômago não estivesse vazio, teria vomitado com a cena da cabeça do homem ao cair no chão, longe de seu corpo. A luta entre eles durou alguns minutos, até que após um homem agonizar ao ter sua garganta cortada, tudo acabou e eles comemoraram, mas quando a comemoração passou, todos encararam Jungkook, que apesar de não estar mais preso às cordas, ainda estava engaiolado.

— Um lobo branco? — Um homem perguntou ao se aproximar. — Há lobos brancos no sul?

— Não… — Outro homem respondeu enquanto o encarava. Jungkook se encolheu e rosnava quando se aproximavam da gaiola, mas estava cercado novamente. — O que faremos? O matamos?

— Não! — Um homem disse ao se aproximar, ele tinha um brasão no peito, com a imagem de um lobo uivando cravejado em prata. — Vamos levá-lo para Canis.

— Mas senhor, tem certeza? E se for um Delta? — Outro homem perguntou contrariado.

— Por que iriam ferir e enjaular um lobo da própria alcateia? — O homem com o brasão perguntou. — Vamos levá-lo e interrogá-lo, Taehyung saberá o que fazer com ele.

(...)

Jungkook estava angustiado, estava deitado sobre o chão com a respiração irregular e com os ferimentos ainda doloridos, o sangue ainda manchava o chão do calabouço onde havia sido jogado. E embora o efeito da droga tenha passado, não conseguia se mover, a dor em suas patas era demais para aguentar, então não conseguia se levantar, por alguns instantes desejou que ainda estivesse drogado, doía menos quando estava. Os homens que o levaram não fizeram nenhum comentário maldoso quanto a seu corpo como os outros que eles mataram, mas ainda assim, não se sentia seguro em volta a sua forma humana, até porque, se recuperaria mais rápido em sua forma lupina. Sua pelagem antes branca agora estava manchada de vermelho e marrom, graças a seu sangue e a terra que sujaram seus pelos.

“Que Unàh me dê forças…” Sussurrou em seus pensamentos e assustou-se ao ouvir passos próximos às grades da cela.

Rosnou quando notou a presença de pessoas do lado de fora de sua cela, os homens deram um passos para trás, assustados com seu rosnado, como se um ômega ferido fosse uma enorme ameaça. Porém, dentre todos os homens, apenas um deles não recuou, assim que seus olhos fixaram aos dele, sentiu um arrepio em todo seu corpo, era como se estivesse diante de um ser que não era humano, olhar para ele despertou um misto de sensações em seu corpo. Os olhos dele tomaram uma coloração avermelhada e soube que estava diante de um alfa, pela intensidade de seus feromônios, um lúpus, uma espécie de lobo que só ouvira histórias em sua alcatéia, por isso ele não recuou, não era uma ameaça a ele. Um ômega, ferido como estava, sequer seria um oponente digno de uma brincadeira junto a ele.

O alfa pareceu atordoado ao vê-lo, mas logo a expressão dele voltou à seriedade de antes.

— Pode voltar a sua forma humana ômega? — Perguntou e Jungkook rosnou, jamais se transformaria diante de um alfa. — Apenas quero conversar com você, não irei tocá-lo, tem minha palavra. — Jungkook bufou, por que confiaria na palavra dele? Nem o conhecia. Podia estar ferido, mas se ele ousasse se aproximar, afundaria suas presas no pescoço dele.

— Ele não vai ceder Taehyung — um homem ao lado dele falou, parecia mais velho e era parecido com o alfa a sua frente. — Ele pode ser um espião.

— Não saberemos até ele voltar a forma humana e nos contar — o alfa respondeu e foi então que Jungkook assimilou, ele era o tal Taehyung do qual já haviam mencionado.

— Não podemos nos dar ao luxo de esperar que ele fale! — O mesmo homem voltou a repetir. — Olhe a pelagem, ele é de Presa com certeza, um filho de Unàh!

Aquilo fez Jungkook franzir o cenho, não estava no norte? O quão longe o levaram, onde estava?

— Preciso pedir orientação a Salìk — o alfa disse ainda com os olhos fixos aos seus e aquilo o fez arregalar os olhos. Estava em uma alcatéia regida por Salìk, uma alcatéia inimiga.

Se descobrissem o motivo pelo qual estava a ser perseguido, seria morto imediatamente.

— Irei ao templo — Taehyung anunciou ao se virar. — Não cheguem perto dele, mesmo ferido está óbvio que ele vai machucá-los.

— Sim alfa — todos disseram em uníssono e notou que o mesmo homem com o brasão de antes o seguiu, junto ao outro que queria que o matasse.

Antes de caminhar para longe, Taehyung virou-se uma última vez para encará-lo antes de partir, seu cenho estava franzido e lhe encarava com curiosidade antes de virar-se novamente e caminhar para fora. Todos os outros o seguiram e os deixaram sozinho naquela cela, então não demorou a cair novamente, não conseguia sustentar nem mesmo seu pescoço levantado por muito tempo. A exaustão e dor o deixaram sonolento, a ponto de simplesmente desabar, sua respiração ainda permanecia entrecortada e tinha certeza que a droga que lhe deram não lhe fez bem, mas não ficou consciente por muito tempo para pensar sobre. Quando despertou, sentiu uma dor aguda em sua pata dianteira e a recolheu, foi quando notou que alguém tentava tocá-lo, por reflexo, arreganhou a boca e mordeu quem quer que estivesse a tentar fazer algo com ele.

Ouviu a pessoa grunhir em dor ao ter o antebraço entre suas presas e o encarou, notou que era Taehyung, o mesmo alfa de antes, ele olhava em seus olhos como anteriormente, suas íris estavam castanhas, mas adquiriram o tom intenso de vermelho novamente ao manter o contato visual. Sua atitude pareceu irritar os outros que estavam atrás do alfa e eles ameaçaram entrar na sala, todos estavam com suas espadas em punho, o que o fez rosnar, ainda sem soltar o braço dele. Taehyung fez um sinal com a mão livre para que não se aproximassem, tudo isso sem desviar o olhar do seu nem mesmo por um mísero instante, porém podia sentir o gosto do sangue dele em contato com sua língua, sabia que suas presas haviam feito uma ferida profunda, que provavelmente doía muito, até porque suas feridas também foram causadas pela mordida de lobos.

— Nos deixem a sós — Taehyung pediu, sem desviar o olhar.

— Está louco?! Olha o que ele fez a você alfa! — Um homem disse exasperado. Seu olfato ainda estava afetado pela droga, não sabia dizer se era um alfa ou não.

— Façam o que eu estou mandando, saiam! — Taehyung ordenou e mesmo a contragosto, eles obedeceram. Quando estavam a sós, Jungkook voltou a encará-lo. — Eu não irei feri-lo. — Sua resposta foi um rosnado baixo, pois ainda não acreditava nele. — Se quisesse machucá-lo, teria feito isso enquanto estava inconsciente.

Os olhos de Jungkook caíram para uma bolsa de couro que estava ao lado do alfa, havia ataduras e frascos dentro dela. Além de uma bacia com água e um pano sujo de sangue.

— Deixe-me cuidar de suas feridas — ele pediu, o que atraiu seu olhar novamente. — Por favor ômega, elas podem infeccionar, deixe-me cuidar delas.

Jungkook ainda estava hesitante, era verdade que se o alfa quisesse machucá-lo poderia ter feito quando estava inconsciente, mas e se fosse um truque para enganá-lo? Tinha medo de confiar no alfa e se ferir ainda mais. Ainda com os olhos conectados ao dele, de repente Jungkook sentiu um cheiro forte e gostoso de café, como se os grãos fossem torrados bem a sua frente, o cheiro o abraçou como uma manta, aquilo lhe trouxe uma sensação de conforto que jamais sentiu antes. Soltou o braço do alfa para suspirar, era um cheiro forte que em vez de incomodar seu olfato sensibilizado pela droga, o relaxou, era como um forte e eficaz calmante. Taehyung sorriu em sua direção e ergueu as mãos, para mostrar que não iria tocá-lo, por conta de seu ato pôde ver o sangue de sua ferida escorrer para dentro de seu casaco.

— Viu só? Não vou machucá-lo — respondeu com um sorriso singelo no rosto. Jungkook apenas se afastou, mas sibilou de dor por conta de suas patas. — Deixe-me cuidar de suas feridas?

Jungkook não tinha forças para evitar que o alfa fizesse alguma coisa, apesar de desarmado, se ele se transformasse, seria trucidado sem piedade e sequer conseguiria se defender no estado que estava, por isso apenas deitou a cabeça no chão e deixou que o alfa fizesse o que quisesse. Ouviu de olhos fechados o alfa mexer na bolsa de couro e o som da água da tigela, ao sentir uma ardência em sua pata se encolheu novamente, mas o ouviu dizer que em breve acabaria. Ele limpou suas feridas por alguns minutos em silêncio, enquanto Jungkook chorava baixinho, seu corpo todo doía, mas as feridas lhe deixavam agoniado, a dor era tanta que sequer conseguia conter os espasmos sempre que o alfa as tocava, ardiam com o mínimo e mais delicado toque, temeu ter machucado a ponto de comprometer seus movimentos permanentemente.

— Ômega… — Taehyung o chamou baixinho, mas estava sem forças para sequer virar-se em sua direção. — Transforme-se… Sua pelagem me impede de ver os ferimentos, será mais fácil de colocar as ataduras. — Jungkook queria poder dizer que recusaria, mas que diferença fazia? Estava tão cansado de lutar…

Jungkook olhou nos olhos do alfa uma última vez, sentia muita dor, queria que aquele tormento acabasse, mas também não queria que seus esforços para sobreviver fossem em vão. Unàh, por favor, que ele seja um bom alfa… Pediu desesperadamente antes de deixar que seu lobo se recolhesse dentro de si novamente. O alfa pareceu surpreso ao escutar o estalar de seus ossos e retirou o grande casaco que usava rapidamente, ele o usou para cobri-lo quando estava novamente em sua forma humana. Se possível suas feridas doeram ainda mais agora que era humano novamente, o chão estava mais frio e as lágrimas que banhavam sua bochecha eram mais nítidas. O alfa ficou em silêncio por alguns segundos e direcionou seu olhar até ele novamente, notou que seus olhos estavam vermelhos, mas não olhava em direção a seu corpo, já que estava coberto pelo casaco dele, mas sim para suas feridas.

— Estão pior do que eu pensei — disse a si mesmo, estranhamente, ele parecia com raiva. — Vou limpar o máximo que eu conseguir e o levarei para ser tratado devidamente.

— Por que? — Perguntou e os olhos do alfa encontraram os seus. Ele permaneceu em silêncio por alguns segundos enquanto olhava para seu rosto, parecia perdido.

— Por… Por que preciso de respostas e não as conseguirei se estiver nesse estado — pareceu se recompor e encarou suas feridas novamente. — Aguente só mais um pouco.

Jungkook apenas assentiu e voltou a fechar os olhos enquanto o alfa cuidava de suas feridas, aquele momento pareceu durar uma eternidade, conteve o choro o máximo que pôde e quando finalmente a tortura acabou, o alfa delicadamente enfaixou seus ferimentos com ataduras. Seus braços e suas pernas estavam enfaixados e depois que seus ferimentos não estavam expostos, não estavam tão doloridos quanto antes. Quando abriu os olhos novamente, viu o alfa procurar novas ataduras e enfaixou o próprio braço, sem limpar as feridas antes, talvez porque o pano disponível já estava sujo com seu sangue. Pela feição do alfa, estava dolorido, mas se estivesse dolorido tanto quanto as suas feridas, sabia que ele estava a segurar a careta. Ver o sangue manchar as ataduras o fez se sentir mal, apenas se defendeu do que imaginou ser uma ameaça, não imaginava que o alfa iria ajudá-lo.

— Me desculpe alfa… — Pediu baixinho e Taehyung o encarou surpreso. — Por feri-lo.

— Não é nada, já estive em condições piores — ele sorriu gentilmente em sua direção quando amarrou as pontas da atadura. — Irei ajudá-lo a se erguer agora, acha que consegue?

— N-Não tenho certeza — respondeu ao sentir o medo correr por suas veias somente em imaginar a dor que iria sentir ao se erguer.

— Eu vou ajudá-lo, não tema — o alfa respondeu e Jungkook assentiu.

Assim como disse que faria, Taehyung o ajudou a se sentar e desviou o olhar quando o casaco deslizou por seus ombros, Jungkook conteve um gemido de dor quando se sentou, foi então que conseguiu ver o estados de seus braços e pernas. Assim como a ferida de Taehyung, haviam manchas vermelhas nas ataduras, apesar de não tão intensas como a do alfa, já que seu machucado tinha algumas horas e já havia sangrado o suficiente na viagem. Sem olhar em sua direção Taehyung o ajudou a vestir o casaco e Jungkook o abotoou, era tão grande que escondia seu corpo inteiro sem qualquer problema, o que o deixou mais aliviado. Quando abotoou o último botão, disse a Taehyung que já havia terminado e o alfa assentiu, ele levou o olhar em sua direção novamente, notou que o olhar dele se demorou em seu rosto, mas logo desviou a atenção. Ele aproximou-se devagar e anunciou que iria pegá-lo em seus braços.

Jungkook apenas deixou, o alfa já havia o ajudado muito e o coberto, se iria levá-lo para longe daquela cela, aceitaria que ele o carregasse sem protestar, por isso quando estava nos braços dele respirou fundo, envergonhado. Taehyung tinha um cheiro forte de café, trazia um sentimento gostoso de proteção, o que era perigoso, tinha medo de ser manipulado por aquele cheiro a acreditar que o alfa era uma boa pessoa, quando na verdade ele poderia ser o oposto. Quando saíram da cela, Jungkook viu os outros homens à espera de Taehyung no corredor, todos o encaravam com curiosidade e se encolheu, detestava quando havia tantos olhares sobre ele, se sentia uma peça de carne em exposição. O alfa pareceu notar seu desconforto, pois pediu licença aos homens e os dispensou pelo restante do dia.

— Irei levá-lo ao templo — anunciou aos homens. — Não quero ser incomodado.

— O que fará com ele depois? — Um homem perguntou e Jungkook temeu a resposta do alfa.

— Pensarei depois que minha avó conhecê-lo — respondeu simplório. Jungkook não sabia dizer se sentia felicidade ou insegurança, seu destino dependia da aprovação da avó do alfa? — Namjoon, quero que trate adequadamente os ferimentos dos soldados que se feriram e veja se o próximo grupo já está pronto.

— Sim alfa — o homem com o brasão se curvou e se afastou. Jungkook nem notara a presença dele ali, pois estava encostado na parede, atrás de uma viga de madeira.

Taehyung caminhou com ele nos braços e subiu alguns lances de escadas, quando saíram da parte mais baixa do calabouço viu mais alguns homens que o encararam, notou algumas mulheres ao canto, elas estavam com os braços cruzados e ergueram a sobrancelhas quando o viram. Agradeceu mentalmente que o alfa não ficou para cumprimentar ninguém, apenas caminhou para fora do lugar rapidamente, porém Jungkook se encolheu quando o sol forte apareceu diante de suas vistas, aquilo o fez fechar os olhos e suspirar com o calor intenso dos raios em seu corpo. Estava acostumado com temperaturas extremamente frias, então ser atingido por um calor tão intenso era uma quebra muito grande de temperaturas, seu corpo encolheu ainda mais. Como conseguiam sobreviver daquela maneira? Os filhos de Salìk eram agraciados com o poder de aguentar altas temperaturas também?

— Está tudo bem ômega? — Taehyung perguntou sem parar de caminhar.

— O sol… É intenso demais pra mim — respondeu sem conseguir abrir os olhos, o sol estava sobre sua cabeça, iria cegá-lo.

— Aguente só mais um pouco, em poucos minutos estará sob um lugar coberto — pediu e tudo o que pôde fazer foi assentir, ainda com os olhos fechados.

Apesar de ter dito para aguentar, o sol o castigava a cada passo que eu o alfa dava em direção ao lugar que disse que iria levá-lo, será que Salìk se ressentia com ele por ser um filho de Unàh e tentava turturá-lo? Sentia seu corpo suar como nunca antes, era tão raro o suor aparecer em seu corpo quando estava nas montanhas devido a baixa temperatura, que sentia que seu corpo estava a derreter nos braços do alfa. O valor era tanto que sua garganta ardia de tão seca, não sabia se era coisa de sua cabeça, mas estava com falta de ar, uma moleza enorme se abateu sobre seu corpo e sentia-se pesado, como se houvessem colocado uma carroça sobre ele. Notou que o alfa havia apressado o passo e optou por caminhar por debaixo das árvores, para evitar que os raios viessem diretamente em seu rosto, o que o fez espiar levemente ao abrir um pouco os olhos. Quando olhou para cima, suspirou com a visão.

Os raios de sol passavam por cada folha verde das imensas árvores que o cercavam, nunca em sua vida tinha visto uma vegetação tão vivida, em tons tão fortes de verde, quando saía para caçar com seu pai, as árvores estavam tomadas pela neve e escondiam tamanha beleza. Olhar para o brilho do sol por debaixo das árvores era lindo, cada mínimo espaço que tinha entre os galhos e as folhas a luz passava e criava imagens cintilantes, era tão bonito quanto observar os cristais de gelo ao nascer do sol nas montanhas, talvez até mais. A belíssima visão o fez esquecer do calor intenso que sentia por alguns segundos, acordou de seu deslumbre quando o alfa anunciou o fim do bosque e que o sol iria novamente cobri-los, por isso fechou os olhos novamente, ainda com a imagem das árvores gravadas em sua memória. O sol novamente beijou seu rosto com seu calor, mas não durou tanto quanto antes, pois novamente ele se foi e ao abrir os olhos viu um enorme paredão de pedra.

Jungkook arfou com a beleza e a imponência daquela enorme rocha, tinha o tamanho de uma montanha, apesar de não tão grande quanto a que vivia com sua família, mas ainda assim, grande. Porém o que realmente chamou a sua atenção, foi uma imensa cachoeira, a água caia de uma altura absurda e despencava até um riacho rodeado por pedras, estava tão absorto em seu mundinho que não ouviu o som da água? Ou seus sentidos ainda estavam anestesiados por conta da droga? Apesar dos raios de sol não baterem diretamente na água que caía do imenso paredão, ela brilhava como se fossem milhares de cristais, era tão lindo, vívido e colorido ali, não havia o branco monótono do gelo do qual estava tão acostumado. O alfa caminhou pela beirada do riacho e adentrou um espaço entre as pedras e a água que caía, pela força, será que ela o machucaria se tentasse tocá-la?

Sorriu quando gotículas de água tocaram seu rosto quando passaram por debaixo da cortina de água, ela estava fria e somente o mínimo toque dela em sua pele aliviou o calor excessivo que sentia. Ao olhar em volta, notou que estavam dentro de uma gruta, parecida com as cavernas que tinham na montanha que viviam, porém, muito maior e iluminada, havia uma piscina natural com uma água azul e cristalina próxima de uma construção de madeira, a piscina corria por todas as extremidades da gruta, havia apenas um caminho de pedras até a entrada do lugar, caminho esse que era o único que não estava submerso pela água límpida e azul da piscina. O alfa caminhou pela trilha de pedras até subir nas escadas e assim que os pés dele pisaram na entrada do templo Jungkook sentiu um arrepio, seus pelos se eriçaram imediatamente e sentiu alguma coisa grande naquele lugar, uma presença.

Taehyung pareceu notar seu desconforto, pois Jungkook abraçou o próprio corpo e se encolheu nos braços do alfa novamente, aquilo fez o olhar dele cair sobre seu rosto, mas não desviou o olhar das próprias mãos, que estavam escondidas ao segurar o casaco que o cobria. Não sabia explicar o que era aquilo que sentia, mas seu coração acelerou em seu peito, era como se estivesse prestes a se aproximar de alguma coisa ou alguém com uma carga muito pesada, não sabia o que esperar. Eles passaram por algumas pessoas, homens e mulheres, todos jovens, que apesar não pararem o que faziam, os olhares curiosos o seguiram até que entrasse em uma sala ao final do corredor. Jungkook sentiu um frio na barriga assim que viu uma imagem do sol desenhada na parede e então entendeu onde estava, era um templo de Salìk, aquilo o deixou assustado, como puderam levar ele, um filho de Unàh a um templo de outra divindade?

— Vovó eu o trouxe, como a senhora pediu — Taehyung disse e só então Jungkook notou uma terceira presença na sala. Era uma senhora, ela estava em pé ao lado de uma janela e virou-se para encará-lo, assim que seus olhos se encontraram seu coração quase pulou para fora do peito.

Taehyung deu alguns passos a frente e delicadamente o colocou sobre o chão, sentado em uma almofada, sequer reclamou de dor, apesar de suas feridas latejarem somente com o toque sutil com a superfície de madeira, seus olhos estavam fixos ao da senhora. Ela vestia uma túnica grande e dourada que cobria todo seu corpo, ela estava com as mãos juntas sobre suas costas e o encarava com curiosidade antes de se aproximar, o que o fez arfar em medo e tentou se afastar, mas o alfa ainda estava atrás dele e segurou seus ombros. Sequer precisava de muito para saber que aquela mulher era Najin Arik, a escolhida de Salìk, estar diante da presença dela o assustava, pois estava em um território regido por uma divindade que não era sua, uma divindade que provinha força a seus filhos. Mas mesmo que estivesse ferido, não deixaria que o machucassem ainda mais, se fosse aquela a intenção deles.

— Pedi para não assustá-lo — ela disse ao se sentar à sua frente, sem desviar o olhar do seu.

— Ele já estava assustado — Taehyung respondeu. Mas Jungkook não desviou sua atenção da mulher a sua frente, pois temia o que ela era capaz de fazer.

— Está bem longe de casa minha criança — ela disse com um sorriso pequeno. — Qual o seu nome? — Ela perguntou, mas Jungkook manteve-se calado, estar em sua presença o deixava inquieto. — Não se preocupe, não o farei mal, apenas quero entendê-lo.

— Jungkook — respondeu baixinho e a mulher sorriu.

— Jungkook… É um belo nome — ela disse com um um tom suave na voz. Jungkook ouviu passos se aproximarem de maneira apressada e se assustou quando a porta da sala onde estavam foi aberta com força, sequer havia notado que haviam fechado-a.

— Eu sabia que tinha alguma coisa estranha, Namjoon estava muito evasivo em suas respostas — o mesmo homem que estava ao lado de Taehyung falou. — Como pôde trazê-lo até aqui? E se ele ferir sua avó?! — Perguntou alterado e Jungkook sentiu-se ameaçado com sua voz atroz, seu lobo inflou sua presença, pronto para se defender e o olhar de Taehyung rapidamente caiu sobre ele novamente.

— Não se preocupe, ele não irá machucá-lo, tem minha palavra — tentou acalmá-lo, provavelmente sua presença estava aflorada no ambiente. Notou que o alfa fazia promessas demais, seria ele capaz de cumpri-las? — Pai por favor, não o assuste, foi um pedido da vovó que o trouxesse até ela.

— Por que a senhora se arriscou dessa maneira? Ele é um nortista, filho de Unàh! — O homem bradou e Jungkook tentou farejar o ar, para saber se era um alfa também, mas o único cheiro que conseguia sentir era o de Taehyung.

— Taesu sente-se e se não quiser ser expulso do templo, fique em silêncio — a mulher pediu e isso atraiu novamente a atenção de Jungkook para ela. — Desculpe o comportamento mal educado do meu filho, ele não o fará mal. — Ouviu o homem bufar e viu quando ele se sentou sobre uma almofada no canto da sala.

— O que querem comigo? — Perguntou ao encará-la com o cenho franzido. — Por que me trouxeram até aqui?

— Eu queria conhecê-lo pessoalmente, entender sua história — ela respondeu e a encarou com o semblante banhado em confusão. — Sei que é um filho de Unàh, Salìk me revelou sua chegada, mas há coisas em sua revelação que só irei descobrir com você, eu posso? — Ela estendeu a mão em sua direção e aquilo fez o medo consumi-lo por completo.

Se ela o tocasse iria descobrir o motivo pelo qual fugiu e estava a ser perseguido.

— Não! — Ignorou a dor intensa em seus membros e se afastou depressa, sentiu suas costas baterem contra o peito de Taehyung, que o segurou no lugar. Aquilo o deixou em pânico, não queria morrer, mas seria exatamente aquilo que aconteceria se descobrissem a verdade. — Não toque em mim! — Pediu ao sentir as lágrimas banharem sua visão, seu lobo também reagiu, acuado em seu peito, pronto para se defender, mesmo que aquela mulher não representasse uma grande ameaça a ele.

— Estão vendo?! — Taesu bradou irritado. — Ele está escondendo alguma coisa! Trate-o como qualquer outro prisioneiro e arranque a verdade dele à força! — Aquilo fez um bolo ainda maior surgir em sua garganta e não conseguiu conter as lágrimas, sabia que não podia confiar neles.

— Pai! — Taehyung o chamou irritado, o que o fez se encolher por conta de seu timbre grave e ameaçador. Jungkook desvencilhou-se dos toques do alfa e se afastou deles, arrastou-se até o canto da sala e abraçou o próprio corpo.

Tinha medo de se transformar no templo e profaná-lo caso destruísse alguma coisa, tudo o que não precisava naquele momento era a ira de Salìk sobre ele, por isso apenas manteve o olhar atento sobre os três, seu lobo apesar de não estar sob seu controle, estava presente, por isso tinha certeza que suas íris estavam azuladas. Notou que Taesu se colocou sobre os joelhos, pronto para se levantar e Jungkook passou a língua sobre as presas, em sua alcatéia era comum que mesmo em sua forma humana tivessem presas afiadas, desde pequeno suas presas eram afiadas para que pudessem se defender sem depender de sua forma lupina. Por isso que sua alcatéia se chamava Presa, ter presas compridas e afiadas era um símbolo de força, as de Jungkook não eram diferentes, eram o suficiente para que conseguisse rasgar a carne de qualquer um tentasse pegá-lo.

— O que fizeram com você…? — Ouviu a voz da mulher e a encarou, ela tinha um brilho melancólico em seus olhos e sua expressão estava banhada em pena.

— Ômega… — Taehyung o chamou e Jungkook voltou a sua atenção ao alfa. — Não iremos machucá-lo.

— Não é o que parece — respondeu e seu olhar desviou em direção a Taesu, que lhe encarava com raiva.

— Não ligue para ele — a mulher disse e atraiu seu olhar para ela novamente. — Meu nome é Yongok, sou a Najin Arik de Salìk, tudo o que eu quero é conhecê-lo melhor.

— Que garantias eu tenho de que não irão me matar assim que souberem a minha história? — Perguntou com os olhos fixos aos de Yongok.

— Esse garoto está me cansando — Taesu disse ao se levantar. Ele retirou uma adaga da bota e o encarou com raiva, Jungkook tentou se afastar ainda mais, sentiu seu coração bater descompassadamente em seu peito e a vontade de chorar aumentou ao bater as costas na madeira.

Não tinha para onde fugir.

— Pai, por favor! — Taehyung se levantou e segurou o homem, que tentava caminhar em sua direção. — Deixe que a vovó converse com ele! Pare de recorrer a violência quando ele nitidamente já foi machucado o suficiente, pressioná-lo não vai ajudar!

— Ele não vai falar! — Afastou-se do filho e o encarou, Taesu apontou a adaga em sua direção e aquilo o fez tremer. — Preciso de apenas cinco minutos, é o suficiente para arrancar tudo o que a senhora quer saber dele.

— Taesu… — Yongok suspirou cansada e fechou os olhos, como se estivesse decepcionada com as ações do filho. — Ele-

— Eu irei lhe revelar tudo o que quer saber — Jungkook a interrompeu e Yongok o encarou com a expressão banhada em surpresa. — Mas tenho uma condição!

— Você não está em posição de exigir nada garoto — Taesu ralhou e a mulher levantou o indicador para calá-lo, o alfa bufou irritado, mas não voltou a se pronunciar.

— E qual seria? — Ela perguntou com as sobrancelhas seguidas em curiosidade. Jungkook encarou todos antes de seu olhar repousar em Taehyung, que também o encarava.

Se o que iria revelar a ela significasse sua morte, precisaria pensar bem, pois se encontrasse uma saída, sua vida seria poupada, então faria o que imaginava ser a melhor saída e respirou fundo. Jungkook apontou em direção a Taehyung, que franziu o cenho.

— Deixarei que leia-me se ele fizer um laço de sangue comigo — pediu e todos na sala arregalaram os olhos.

Entendia perfeitamente a reação assustada deles, pois um laço de sangue era um ritual proibido há milênios, era considerada uma prática hedionda, porque suas consequências eram terríveis e inevitáveis. Um laço de sangue era um ritual onde duas pessoas misturavam seu sangue e seu destino, uma ligação muito mais forte e perigosa que a marca lupina, um laço de sangue só era quebrado com a morte, porém, se um morresse, o outro também morreria. Uma vez ligados, ambos passavam a sentir tudo o que o outro sentia, desde sentimentos a sensações físicas, com as almas interligadas eles entregavam suas vidas na palma da mão um do outro, então se a vida de um fosse ceifada, a ligação levava o outro junto a ele. Pediu um laço de sangue com Taehyung, porque sabia que mesmo que Najin Arik visse o motivo de sua fuga, se tentassem matá-lo, o alfa morreria junto com ele, era sua melhor aposta de sobrevivência.

Um laço de sangue era feito sempre que queriam compartilhar sua alma com alguém, seja um amante, um amigo, um filho ou um irmão. Era uma ligação que ia além de suas vidas, além de seus destinos, pois mesmo que não estivesse escrito nas estrelas que iriam ficar juntos pela eternidade, era uma maneira que os humanos encontraram de pertencer a um alguém por poder deles mesmos. Havia apenas uma única e importante inconsistência em seu plano, Jungkook sabia da existência do tão temido laço de sangue graças a um livro extremamente antigo que sua mãe tinha em sua escassa coleção, mas não havia escrito em lugar algum qualquer registro onde filhos de divindades diferentes que fizeram um laço de sangue. Não sabia quais eram as consequências de um filho de Unàh e um filho de Salìk enlaçar seus sangues, já que cada divindade lhe atribuía uma benção diferente e exclusiva a seus descendentes, nunca havia sido feito, não poderia prever o resultado. Poderia dar certo.

Ou poderia acabar muito mal.

— Um laço de sangue? Está louco! — Taesu gritou, mas Jungkook não se encolheu novamente. — É uma prática blasfêmica! Não foi criada com a benção de Salìk!

— Essa é minha exigência, se quiser saber meus segredos, quero uma garantia de que não serei morto — Jungkook desviou o olhar para Yongok, que o encarava com a expressão pávida.

— Isso… — Ela parecia sem saber o que dizer.

— Um laço de sangue já é um ritual profano, fazer isso entre filhos de divindades diferentes é um desastre! — Taesu argumentou enquanto o encarava. — Esse garoto é um suicida que quer levar meu filho para rastejar na ira de Salìk junto a ele!

A qualquer custo… — Taehyung sussurrou e Jungkook o encarou, ele parecia em um conflito interno antes de encará-lo.

— Com certeza é algum truque — Taesu disse ao encarar o filho, que também levou o olhar em direção ao pai. — Não caia nessa filho, ele está jogando conosco. — Taehyung encarou sua avó e os dois trocaram olhares cheios de significados.

— Eu aceito — Taehyung respondeu ao virar-se em sua direção e Jungkook ergueu as sobrancelhas em surpresa.

— O que?! Não! — Taesu expressou com raiva. — Sabe-se lá o que pôde acontecer com essa ligação Taehyung, pode enfurecer as divindades!

— Se Salìk fosse contra, teria alertado a Najin Arik — desviou o olhar para sua avó, que não parecia tão segura quanto aquilo, mas assentiu. — Estamos em seu templo, ele irá nos dar um sinal se for realmente uma má ideia.

— Você não pode estar falando sério — Taesu parecia ter entrado em negação enquanto segurava os braços de seu filho com preocupação. — Você é o alfa dessa alcatéia! Se acontecer algo a você, o que faremos?!

— Vamos colocar nossa fé em Salìk pai, dará certo — sorriu para ele e se afastou. Ele caminhou em sua direção e estendeu a mão para Jungkook. — Tem certeza que é isso o que quer?

— Sim, tenho — disse ao segurar a mão do alfa.

~🐺~

Eita como ele é ousado.

O Jungkook dessa fic sofre mais que Jesus Cristo, o bichinho é guerreiro.

Vocês vão deitar muito para o Tae🍷

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top